As aulas acabaram e eu rapidamente me movi pelos corredores da faculdade, os meus colegas cada um estavam indo para um lugar diferente após se despedirem. Tinha sido uma tarde completamente normal, apenas aulas chatas de matérias que eu não me importava realmente. Era meu primeiro ano na faculdade e eu ainda estava me acostumando ao ritmo novo.
— Tão tedioso. — Falei para mim mesma enquanto caminhava descendo as escadas que davam na entrada da faculdade. — Eu só quero voltar para casa...
Normalmente o meu namorado Leonardo estaria aqui já que ele estudava na mesma turma que eu e me daria carona em sua moto. Infelizmente ele disse que havia um ensaio importante que ele deveria fazer antes do show desta noite e não poderia ir me buscar. Mesmo ele estando na faculdade comigo ele já trabalhava, sendo um cantor de uma banda de rock pequena, mas que era bem popular pela cidade. E foi assim que eu o conheci, eu havia ido em quando os nossos deles em um club, e quando nossos olhares se encontraram enquanto ele cantava as suas melodias ele se tornou meu Leo.
Ele era forte e intenso, um homem que gosta de aventura e que ainda sim decidiu me namorar mesmo eu sendo a "certinha" a princesinha de papai que gostava de fingir ser uma rebelde, e que mesmo assim por influência dos pais entrou em uma faculdade. Eu me surpreendi quando Leo decidiu se matricular na mesma turma que eu, mesmo aquilo não parecendo o que ele queria... Tudo para estar ao meu lado.
Desci pelas ruas movimentadas da cidade, pessoas andando para todos os lados enquanto o céu dourado passva a ter um tom mais escuro conforme o céu se escondia atrás dos prédios que se levantavam como se quisessem tocar os céus.
Fiz uma curva numa esquina e então entrei num prédio que levava até o final descendo as escadas que levavam até o metro, o lugar estava estranhamente vazio. Eu tive até que olhar para meu relógio para confirmar se eu estava no horário certo. Com tantas pessoas andando pelas ruas aquele metro era pra estar tão movimentado quanto. Mas o silêncio pairava sobre o lugar. Até o incrível aconteceu, eu pude me sentar num banco sem ter de esperar pelo trem em pé.
— Ah... Poderia ser sempre assim. — Falei ajeitando meus cabelos loiros e os amarrando, eles haviam ficado bagunçados quando eu caminhei pelas ruas por causa de um vento forte.
Os minutos pareciam durar mais do que devia e o silêncio ficava mais e mais estranho, no entanto, aquele vazio foi quebrado pelos sons de passos que vinham cada vez mais perto de mim, eram passos pesados.
— Aí está você! — A voz ecoou pelo subterrâneo, uma voz que eu reconhecia muito bem.
Assim que eu me virei eu pude ver a mulher, ela estava toda vestida de preto com uma jaqueta de couro que fazia com que seus cabelos ruivos ficassem destacados.
— Elisa? — Perguntei um tanto confusa em ver ela naquele lugar. Ela era da minha turma, mas nós nunca conversávamos mais do que o necessário, nunca tive nada contra ela, mas seu olhar sempre era afiado contra mim e seu tom era de um ódio velado. — O que você está tazendo aqui?
Ela não estava na aula antes, e a forma como ela estava vestida definitivamente não ira igual a de uma estudante, por de baixo da jaqueta de couro ela estava com uma camisa com o nome da banda do Leo estampada...
— Ah... Eu estou indo no show desta noite. — A garota disse, com um sorriso. — Eu ganhei uma entrada VIP de alguém da banda para ficar pertinho do Leonardo. — O sorriso dela ficou maior e ela revelou o ingresso, quase como se aquilo fosse uma arma.
Meu sangue borbulhou em meu corpo quando eu ouvi aquilo, ela estava me provocando... E infelizmente eu estava caindo nas provocações, o sorriso sela estava fazendo de tudo para me deixar insana e a forma que ela balançava o ingresso era quase como um convite para mim pular no pescoço dela.
Era tão obvio para mim antes que ela estava sempre com seus olhos terríveis sobre meu homem, mas eu sempre relevei.
— Leo é meu! — Me levantei.
Elisa apenas riu, uma risada seca e totalmente falsa que ecoou terrivelmente naquele lugar.
— Não mais! — O sorriso da ruiva se afiou ainda mais. — Eu vou garantir que esta noite ele vai te dar um chute na bunda e ver que eu sou muito melhor que você!
— Só por cima do meu cadáver! — Gritei tomada por fúria, e um pouco de desgosto de que aquela garota ter pensado que poderia tirar meu Leo de mim! Não havia como, Leo era um homem aventureiro, mas leal e seu amor por mim era real.
Me joguei sobre a garota, minhas mãos enrolaram-se em volta de seu pescoço e para se defender ela empurrou o meu rosto e tentou me arranhar com suas unhas cobertas em esmalte vermelho. Ela fez uma careta conforme eu apertei minhas mãos com mais forma, e eu dei um grito quando senti ela me dando um chute e puxou meu cabelo.
— Vadia! — Gritei entre minha dor, e revidei o chute com um tapa. Era claro que entre nós duas ela era a mais forte, e aquilo fez meu corpo ferver ainda mais de ódio.
Se houvesse alguém em volta para ver aquela cena deplorável de duas garotas se atacando isso poderia ter acabado de forma rápida, com alguém nos separandoce fazendo cada uma seguir um caminho diferente. O destino tinha algo diferente planejado.
— Vagabunda! — Elisa gritou, usando todas suas forças para arrancar minhas mãos de seu pescoço conforme rolavamos pelo chão. Em algum ponto haviamos tropeçamos quanto estavamos trocando tapas, chutes e arranhões. E nenhuma de nós escutamos o som mecânico que cada vez se tornava mais e mais alto. A cada segundo que passávamos brigando de forma violenta o trem se aproximava.
Era difícil de se admitir, mas era obvio que eu estava sendo a perdedora naquele combate. Meu cabelo estava conoletamente bagunçado, meu rosto estava coberto de cortes e marcas das unas afiadas da garota. Ainda sim, meu amor, minha vontade de acabar com aquela mulher e provar que Leo era meu eu consegui me forçar contra ela a jogando para o lado e então me revirando para começar a acertar.
Eu só não esperei que enquanto ela se virava a garota me seguraria pela minha camisa, me levando junto com ela. Eu senti como se o chão tivesse desaparecido e eu comecei a cair. Nós havíamos brigado e se movido tanto que estavamos super perto dos trilhos do trem, e eu estava agora caindo da plataforma da estação e caindo nos trilhos. Meus olhos se arregalaram, quando a luz forte ofuscou a minha visão e o som do trem tornou-se ensurdecedor ao se aproximar em uma velocidade aterrorizante.
Tudo ficou escuro, de uma forma que não parecia possível.... Minha vida naquele mundo havia se acabado assim... Mas aquele não era meu fim, uma mulher como eu não poderia deixar as coisas assim... Meu ódio se transformou em uma coisa fria, um desejo sombrio, uma sede de vingança que nem a morte iria fazer desaparecer. Uma vingança contra Elisa, que roubou minha vida e meu amor....