Chereads / A Esposa Roubada do Rei Oculto / Chapter 4 - Anulação

Chapter 4 - Anulação

"Um casamento?" Princesa Soleia ecoou, avançando. Ela passou por Ralph e parou na frente de Orion, que encarou seu olhar sem vacilar. "Que casamento?"

Soleia sentiu seu sangue ferver ao lembrar de seu próprio casamento com o Duque. Havia sido tão apressado, organizado no próprio dia em que seu pai, o Rei, propôs que o Duque a desposasse.

Mesmo até hoje, Soleia conseguia se lembrar da relutância fria nos olhos de Orion Elsher quando pronunciaram seus votos. Ele estava tão relutante, afirmando que só se casaria por amor, sem saber que aquele casamento era a única razão pela qual o pai de Soleia ainda não havia matado ele ou seus entes queridos.

"Esqueceu que já é casado, General?" Soleia perguntou, a raiva borbulhando em seu peito rapidamente. Ela lançou um olhar feroz para a mulher — Elowyn, disseram que era seu nome — antes de voltar seus olhos para Orion. "Ou agora você não é melhor que um peixinho dourado?"

"Entendo que deve estar confusa, Minha Senhora, mas essa não é forma de falar com seu marido, muito menos com um duque," Elowyn interveio, sua voz pequena e frágil.

Quando Soleia a encarou, ela deu um gritinho e se escondeu mais atrás de Orion, que avançou para protegê-la como se Soleia fosse começar a cuspir fogo como o dragão que ele abateu com sua espada.

"Não preciso que me diga como devo falar com meu marido," Soleia rosnou, segurando sua saia tão apertada que rugas começaram a se formar no tecido áspero.

Ela havia sofrido por dois longos anos neste lugar esquecido por Deus, arranhando cada último centavo para manter esta propriedade dilapidada e seus moradores à tona. Os servos eram poucos e raros, e todos os afazeres domésticos haviam sido feitos por Lily e a própria Soleia. Na maioria dos dias, elas até serviam os ingratos parentes de Orion que as ordenavam como se fossem escravas.

Se não fosse pela aparição de Elowyn, Soleia poderia até ter esquecido quem ela era. Soleia estava tão absorvida pela tarefa dada por seu pai de agradar Orion Elsher e sua família que ela havia esquecido — ela ainda era uma princesa.

"Quem é você para me dizer o que fazer?" Soleia continuou, seu corpo tremendo visivelmente enquanto tentava suprimir sua raiva.

"Minha Senhora―"

"É 'Sua Alteza' para você," Soleia disse, praticamente cuspindo as palavras.

"Chega!" Orion finalmente rugiu, ganhando a atenção de ambas as mulheres.

Soleia arregalou os olhos. "Orion..."

"Não fale meu nome," o homem sussurrou ameaçadoramente. Ele deu um passo adiante, envolvendo sua mão firmemente em torno do pescoço dela.

Soleia imediatamente ofegou, suas mãos voando para seu pescoço enquanto tentava se libertar. Manchas escuras começaram a turvar sua visão. As unhas dela cravaram na pele dele, o suficiente para fazer sangrar. No entanto, quanto mais dor ele sentia, mais os brincos de jade brilhavam.

Orion se alimentava da ferida, sua força aumentando à medida que Soleia resistia.

"Orion, chega!"

Soleia nem tinha percebido que tinha sido levantada do chão até o momento em que se desabou em um monte. Ela tossiu e tossiu, suas mãos enroladas em volta do pescoço. As pontas dos dedos estavam frias, perfeitas para ajudar a suavizar a dor ardente que Orion deixou em sua pele.

Orion foi repentinamente empurrado para trás, e um par de botas de couro desgastadas entrou em sua visão, bloqueando sua visão.

"Você está louco?" Ralph questionou. "Sei que você sofreu alguns ferimentos, mas isso é desnecessário!"

"Não preciso de um estranho na minha casa," Orion respondeu friamente.

"Um estranho?" Ralph ecoou. "Você não ouviu nada do que foi dito agora? Essa é a Princesa Soleia — sua esposa legalmente casada! Ela é a verdadeira duquesa de Drakenmire."

"Bem então," Orion disse. "A partir de hoje, ela não é mais a Duquesa. Estou anulando este casamento."

Num único instante, Soleia esqueceu completamente como respirar apesar de seus pulmões implorarem por uma lufada de ar. Ela sentiu como se tivesse sido socada enquanto olhava para o chão, seu sangue gelando em suas veias.

Eles não podiam se divorciar. Seu pai a mataria.

"Só me casarei com Elowyn," ele disse. "Já trocamos nossos votos. Não há como mudar esse fato."

"Não havia um oficial para seu casamento de brincadeira," Ralph disse através de dentes cerrados; até Soleia podia ouvir a frustração em sua voz. "Enquanto isso, seu casamento com Sua Alteza foi testemunhado por centenas de convidados e pelo próprio Rei. Você entende o que vai acontecer se você anular esse casamento?"

O silêncio se instalou entre os quatro por um momento. Então, Ralph falou novamente.

"Rei Godwin vai mandar matar você," Ralph cuspiu.

"Que seja," veio a resposta de Orion.

"Oh, não é tão simples," Ralph disse com uma risada sarcástica e fria. "Com seu temperamento, ele também vai mandar matar sua mãe e irmã junto com você. E quando ele descobrir que Miss Elowyn é a razão pela qual você decidiu se divorciar de sua filha..."

Ralph parou, mas foi o bastante para a intenção de sua frase ser compreendida.

Não era só Orion que enfrentaria punição por desrespeitar a família real. O Rei garantiria que todos os entes queridos de Orion o acompanhassem até o túmulo. E isso se ele estivesse generoso o suficiente para não alimentar seus corpos aos monstros nas florestas vizinhas.

"Orion..." a voz tímida de Elowyn disse, doce demais. "Está tudo bem. Não preciso de um título."

Houve uma pausa carregada enquanto Ralph se afastava e ajudava Soleia a se levantar. Ela pegou a mão dele, lentamente se levantando até sua altura total, apesar de ainda se sentir como se tivesse sido mergulhada nos lagos congelados de Vramid e jogada fora na nevasca.

"Você está bem, Sua Alteza?" Ralph sussurrou, inclinando-se um pouco para alcançar o nível dos olhos de Soleia.

Ela franziu os lábios e deu um aceno fraco enquanto Elowyn continuava a falar.

"Desde que eu possa estar ao seu lado, isso é o suficiente para mim," ela disse para Orion. "Não preciso ser a Duquesa, ou mesmo sua esposa ou concubina."

Então, sua mão segurou gentilmente a de Orion, guiando suas mãos maiores para acariciar seu ventre inferior.

"Desde que nosso filho possa crescer ao seu lado, estou contente."