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A Guardiã dos Anéis

🇧🇷CroweWriter
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Synopsis
Helena vivia uma rotina tranquila, cercada por livros antigos e relíquias esquecidas no antiquário de sua avó, Dália. Mas tudo muda quando estranhos sonhos começam a atormentá-la, trazendo visões de anéis brilhantes e sussurros de um poder antigo. Uma noite, enquanto volta para casa, ela encontra algo que não deveria existir - uma criatura saída das sombras. Desse encontro, um segredo há muito guardado vem à tona: Helena é a escolhida para proteger os Anéis do Poder, artefatos capazes de manter o equilíbrio entre mundos. Agora, sua vida pacata desmorona enquanto ela é lançada em um universo onde magia e escuridão estão em guerra. No entanto, a ameaça não está apenas lá fora. Alistair, um inimigo implacável, esconde mais do que intenções sombrias - há algo em seu passado que o conecta diretamente a Helena, algo que pode destruir tudo o que ela acredita saber sobre si mesma. Entre escolhas impossíveis, traições inesperadas e segredos que ameaçam consumi-la, Helena precisa descobrir: quem realmente é... e até onde irá para proteger um mundo que ela mal começou a entender. Os anéis a escolheram. Mas será que ela pode confiar em si mesma? A Guardiã dos Anéis mergulha em uma jornada de mistério, poder e sacrifício, onde cada decisão pode significar o fim ou um novo começo.
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Chapter 1 - O Chamado das Sombras

O antiquário era um mundo à parte, uma caverna de tesouros esquecidos, onde o passado parecia respirar em cada canto. O cheiro de madeira antiga misturava-se ao perfume de incenso que sua avó, Dália, queimava diariamente. O sol da tarde entrava pelas janelas cobertas de poeira, iluminando os livros empilhados em prateleiras tortuosas e as vitrines repletas de joias desgastadas, objetos de arte e relíquias cujas histórias Helena nunca havia conhecido por completo.Helena passava boa parte de seus dias ali, ajudando a organizar os itens antigos, catalogar os novos e conversar com os raros clientes que entravam na loja. Dália lhe ensinara a importância de cada peça, de cada livro, como se tudo naquele lugar carregasse uma energia invisível. E, de certa forma, carregava. O antiquário tinha vida própria, uma personalidade que Helena sempre respeitara, mas nunca questionara. Era o tipo de vida que ela acreditava que seguiria para sempre — simples, previsível e, acima de tudo, segura.Dália era o oposto da vida frenética que Helena via quando olhava pelas janelas do antiquário para as ruas movimentadas da cidade. As pessoas corriam de um lado para o outro, sempre apressadas, com rostos preocupados. No antiquário, o tempo parecia desacelerar, e a calma de Dália era uma âncora para Helena. Ela admirava a avó profundamente. Havia algo intangível em Dália, uma força tranquila que comandava respeito e confiança.A própria Dália era uma figura impressionante. Apesar da idade avançada, seus olhos eram cheios de energia e conhecimento. Seu cabelo grisalho, sempre preso em um coque elegante, e as mãos que passavam gentilmente pelos livros antigos ou manuseavam relíquias frágeis, mostravam uma mulher que havia vivido muito, mas nunca deixara a chama da curiosidade apagar. Mesmo assim, havia algo de misterioso em sua avó que Helena nunca conseguira entender completamente. Era como se Dália carregasse um segredo que se escondia nas sombras de seu olhar.Por mais que Helena estivesse confortável naquele ambiente, nos últimos dias, algo estava mudando. Tudo começou com os sonhos. No início, eram vagos, como sombras dançando na periferia de sua mente. Fragmentos de lugares que ela não conhecia, corredores escuros e vozes distantes que murmuravam seu nome. No centro desses sonhos, sempre havia um conjunto de anéis. Não eram anéis comuns — eles brilhavam com uma luz que parecia vir de dentro, como se tivessem uma vida própria. Era como se estivessem chamando por ela.Helena tentava ignorar os sonhos, convencida de que eram apenas reflexos de sua imaginação, talvez alimentados pelos objetos antigos que cercavam seu cotidiano. Mas eles não iam embora. Pelo contrário, tornavam-se mais nítidos a cada noite, mais insistentes. E, ao longo dos dias, começava a sentir uma inquietação crescente, como se algo estivesse à espreita, esperando para emergir.Naquela noite, após um longo dia no antiquário, Helena fechou a loja sozinha. Dália tinha saído mais cedo, e, como de costume, Helena ficou encarregada de trancar o local. As ruas estavam vazias, e o ar noturno estava mais pesado do que o normal, quase sufocante. Havia algo diferente naquela noite, mas Helena não conseguia identificar o que era. Sentia-se desconfortável, uma sensação de que algo não estava certo.Enquanto caminhava pela rua estreita em direção à sua casa, ouviu o som distante de passos. Não era incomum encontrar outros pedestres à noite, mas desta vez, o som parecia estar mais próximo, ainda que a rua estivesse vazia. Helena sentiu o estômago se revirar, e a sensação de ser observada tornou-se inegável. Ela acelerou o passo, tentando ignorar o calafrio que subia pela espinha.Foi quando virou uma esquina que viu.Uma figura estava parada no meio da rua, envolta em sombras. A luz amarelada dos postes da rua parecia se desviar daquela forma, como se a escuridão ao seu redor fosse mais densa, mais sólida do que deveria ser. No começo, Helena pensou que era apenas alguém encapuzado, talvez um morador ou um vagabundo. Mas havia algo errado. A forma não era totalmente humana. Era alta e encurvada, como se estivesse distorcida. E então, os olhos. Dois pontos de luz amarela brilhavam na escuridão, encarando Helena com uma intensidade que fez seu coração disparar.Helena congelou. Sua mente tentava encontrar uma explicação racional, mas o medo começou a dominá-la. A figura não se movia, apenas a observava. Seus pés pareciam grudados no chão, e o ar ao seu redor se tornava mais espesso, mais difícil de respirar. O medo crescia dentro dela como um nó, mas ela não conseguia gritar, não conseguia se mover.De repente, a figura deu um passo à frente. E foi nesse momento que Helena recobrou o controle de seu corpo. Ela girou nos calcanhares e começou a correr, sem olhar para trás. O som de seus passos ecoava pelas ruas desertas, e tudo o que ela conseguia pensar era em chegar em casa, em um lugar seguro. A adrenalina a impulsionava, e o frio da noite cortava sua pele, mas ela não parava. O pânico crescia a cada segundo.Quando finalmente chegou à porta do antiquário, suas mãos tremiam tanto que teve dificuldade para encontrar a chave. Ela forçou a chave na fechadura e entrou rapidamente, fechando a porta atrás de si com força. Encostou-se contra a madeira, tentando recuperar o fôlego, o coração batendo descompassado em seu peito.Foi quando ela viu Dália, sentada atrás do balcão, olhando para ela com uma calma que contrastava com o terror de Helena. Sua expressão era firme, como se soubesse exatamente o que havia acontecido."Você encontrou uma criatura, não foi?" A voz de Dália era suave, mas havia um peso em suas palavras que fez Helena estremecer.Helena, ofegante, olhou para a avó, surpresa e ainda assustada. "Como você... como você sabe?"Dália se levantou lentamente, cruzando o antiquário com passos tranquilos. "Eu sabia que esse dia chegaria. Só não esperava que fosse tão cedo." Ela pegou um livro antigo de uma prateleira atrás do balcão. A capa de couro estava desgastada, com símbolos que Helena nunca havia visto antes. "Há algo que você precisa saber, Helena."Helena ainda estava tentando processar o que havia visto na rua. "O que... o que era aquilo?"Dália abriu o livro lentamente, revelando páginas repletas de ilustrações intricadas. Em uma das páginas, havia desenhos de anéis, circulares, com luzes estranhas emanando deles. Eram os mesmos que Helena havia visto em seus sonhos. "Esses são os Anéis do Poder," disse Dália, a voz grave. "E você, minha querida, está destinada a ser sua guardiã."Helena piscou, confusa. " ?"Dália fechou o livro, seus olhos sérios fixos em Helena. "Esses anéis foram criados para manter o equilíbrio entre o nosso mundo e outros. Cada um carrega um poder antigo, e sua missão é garantir que eles não caiam nas mãos erradas." Ela fez uma pausa, deixando o peso de suas palavras pairar no ar. "Você foi escolhida, Helena."Helena olhou para a avó, atordoada, tentando processar tudo o que acabara de ouvir. A criatura, os sonhos, os anéis — nada disso fazia sentido. E, ao mesmo tempo, ela sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.Helena sentia seu coração acelerado enquanto olhava para o livro antigo que Dália havia colocado à sua frente. As imagens dos anéis, tão familiares dos seus sonhos, pareciam brilhar levemente sob a luz fraca do antiquário. Ela estava tentando processar as palavras de Dália, mas sua mente estava uma confusão.Ela sabia que magia existia. O mundo em que viviam era peculiar. Criaturas mágicas, seres de outros planos, e até feitiços eram reais, mas sempre lhe pareceram algo distante, como histórias contadas de longe, pertencentes a pessoas e lugares com os quais ela jamais teria contato. Como se magia fosse algo que existisse em um plano separado de sua própria vida — algo fascinante, mas que não tinha qualquer impacto direto sobre ela.Até agora."Isso não faz sentido," disse Helena, sua voz rouca e incrédula. "Eu sabia que magia existia, mas... eu nunca imaginei que estaria envolvida de alguma forma." Ela balançou a cabeça, como se estivesse tentando afastar a ideia. "Sempre foi algo... distante. Algo que acontecia com outras pessoas, em outras partes do mundo."Dália assentiu, compreensiva. "Eu entendo como se sente, Helena. Durante muito tempo, tentei manter você afastada dessa realidade, para que pudesse viver sua vida sem carregar esse fardo. Mas agora, as coisas estão mudando. E você foi escolhida.""Escolhida por quem?" Helena perguntou, com um misto de ceticismo e irritação. "Como alguém pode simplesmente me escolher sem eu sequer saber disso?"Dália suspirou, claramente esperando a reação de Helena. "Os anéis possuem uma consciência própria. Eles não são apenas objetos mágicos; têm um propósito. Há muito tempo, foram criados para manter o equilíbrio entre os mundos. E, por gerações, os guardiões foram designados para protegê-los, garantir que esse equilíbrio nunca fosse quebrado."Helena cruzou os braços, recuando um pouco, sentindo a pressão da responsabilidade que começava a pesar sobre ela. "E agora, quer que eu acredite que sou a próxima nessa linhagem de guardiões? Eu não... eu não sei nada sobre isso! Não sou uma feiticeira, não sou uma guerreira, e definitivamente não sou uma heroína."Dália olhou para Helena com ternura, mas também com uma firmeza que Helena raramente via nela. "Eu sei que parece injusto. Mas você tem mais força do que acredita. Sempre teve. Por isso os anéis a escolheram."Helena afastou o olhar, o peito apertado. Ela não queria acreditar que aquilo era verdade. Não queria ser arrastada para um mundo que até então existia apenas nas margens de sua realidade. Magia, seres de outros planos, guardiões de anéis — tudo isso parecia demais para ela absorver."Isso não pode ser real," murmurou Helena, mais para si mesma do que para Dália."Eu gostaria que não fosse," disse Dália, com a voz suave, "mas é. Eu mantive esse segredo de você porque pensei que, se tivesse tempo, poderia viver sua vida sem se envolver. Mas a magia tem um jeito de nos encontrar, Helena. E agora, ela encontrou você."Helena deu um passo para trás, como se quisesse fugir da responsabilidade que estava sendo jogada sobre seus ombros. Seu corpo estava tenso, e sua mente se recusava a aceitar que seu destino estava ligado a algo tão perigoso e desconhecido. "Eu não posso fazer isso. Eu não sou... não sou nada disso.""Você é," respondeu Dália, com uma convicção que Helena não compreendia. "E você será. Porque você não está sozinha, Helena. Eu estou com você, assim como outros estarão."Helena respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos que girava em sua mente. Ela se sentia pressionada de todas as direções — como se, de repente, o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. O antiquário, que sempre fora seu refúgio, agora parecia apertado, claustrofóbico."Você sabia sobre os anéis o tempo todo?" perguntou Helena, sua voz carregada de emoção. "Desde que eu era criança, você sabia que um dia isso poderia acontecer?"Dália assentiu lentamente. "Sim. Sempre soube. Mas não sabia quando ou como. E não queria que sua vida fosse definida por esse fardo desde o começo. Achei que você merecia uma infância tranquila, sem o peso desse destino."Helena sentiu uma mistura de raiva e alívio. Raiva porque Dália tinha escondido algo tão importante dela por tanto tempo, mas alívio porque, no fundo, entendia que a avó queria protegê-la. "Eu não sei se posso aceitar isso," disse ela, com a voz baixa. "Eu só queria viver minha vida normal, Dália. Trabalhar no antiquário, seguir em paz.""Eu sei," respondeu Dália, a voz cheia de compaixão. "E eu lamento que essa responsabilidade tenha chegado até você. Mas você tem uma escolha, Helena. Sempre tem."Helena olhou para ela, surpresa. "Uma escolha? Como posso ter uma escolha se você está me dizendo que esses anéis já me escolheram?""Você pode escolher não aceitar," disse Dália, com calma. "Você pode ignorar o chamado. Deixar os anéis para outra pessoa, e continuar sua vida. Mas saiba que, se fizer isso, outros irão atrás deles. E as consequências podem ser terríveis."Helena sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A ideia de simplesmente deixar os anéis e seguir sua vida parecia tentadora, mas ao mesmo tempo, a consciência de que algo pior poderia acontecer se ela se recusasse era aterrorizante. Ela queria ser livre, continuar sua vida normal, mas o peso das consequências parecia grande demais para ignorar.Ela olhou para as páginas do livro novamente. Os anéis brilhavam em suas ilustrações, envoltos em luzes que pareciam pulsar com vida. Eles a chamavam, assim como nos seus sonhos."Por que eu?" Helena perguntou, sua voz quase um sussurro. "Por que os anéis me escolheram?"Dália a observou por um momento antes de responder. "Porque você é forte. Mesmo que não veja isso agora, há uma força dentro de você que poucos possuem. Talvez essa força venha de sua compaixão, ou de sua vontade de proteger aqueles que ama. Eu não sei dizer exatamente. Mas os anéis veem o que nós, muitas vezes, não conseguimos ver em nós mesmos."Helena sentiu um nó na garganta. Ela ainda estava relutante, ainda lutando contra a ideia de que sua vida pudesse mudar tão drasticamente. Mas, no fundo, sabia que não poderia fugir para sempre. A sensação de que algo mais estava por vir, algo que precisava de sua ação, estava crescendo dentro dela."Se eu aceitar," disse Helena lentamente, "o que acontece depois? O que eu preciso fazer?"Dália se aproximou e pegou sua mão com gentileza. "Se você aceitar, começaremos a treinar. Eu te ensinarei sobre os anéis, sobre como protegê-los e usá-los, se necessário. Você aprenderá sobre o equilíbrio que deve ser mantido e como lidar com aqueles que tentarão quebrá-lo."Helena fechou os olhos por um momento, deixando o peso de suas palavras assentar sobre ela. Ela não queria isso, não queria ser arrastada para um mundo de magia e perigo. Mas também não conseguia ignorar o que sabia em seu coração: que algo grande estava por vir, e que ela tinha um papel a desempenhar."Eu não sei se estou pronta," disse Helena, com sinceridade."Você nunca estará totalmente pronta," respondeu Dália. "Mas isso não significa que você não possa fazer o que precisa ser feito."Helena respirou fundo, sentindo o aperto no peito aliviar-se um pouco. "Eu vou tentar," disse ela, com a voz firme, mas hesitante. "Eu vou aceitar... esse destino, se é o que realmente precisa ser feito."Dália sorriu, mas havia uma seriedade em seus olhos. "Obrigada, Helena. Eu sei que não é fácil, mas estou aqui com você. E lembre-se, você sempre terá uma escolha."Helena assentiu, ainda incerta, mas determinada. O futuro era incerto, e o medo ainda a consumia. Mas, pela primeira vez, ela começou a aceitar que talvez seu destino estivesse ligado a algo maior do que ela jamais poderia ter imaginado.