As luzes dos postes refletiam no asfalto molhado enquanto Helena caminhava, perdida em pensamentos. O compromisso que fizera para a avó não lhe saía da cabeça. Sentia o peso dos anéis dentro da mochila, cada um vibrando com uma promessa de poder e perigo. As ruas da cidade eram labirintos de sombras e segredos, e Helena sabia que teria de enfrentar mais do que apenas os perigos comuns da vida urbana.Chegou ao apartamento desgastado de Dália, as paredes repletas de relíquias e livros antigos. Dália estava na cozinha, o aroma de chá de ervas perfumando o ar. Seus olhos brilharam quando viu Helena entrar, mas havia uma sombra de preocupação neles."Encontrou alguma coisa?" Helena perguntou, tentando manter a voz firme.Dália acenou com a cabeça, deslizando um envelope manchado de tempo pela mesa. "Recebi isto esta manhã. É um sinal de que nossas suspeitas estavam corretas. Alguém está à procura dos anéis."Helena pegou o envelope com dedos trêmulos. Dentro, havia uma fotografia de um homem sombrio, seus olhos brilhando com uma malícia fria. "Quem é ele?""Seu nome é Alistair," Dália respondeu. "Ele está obcecado pelos anéis, disposto a fazer qualquer coisa para obtê-los."O coração de Helena acelerou. "E se ele nos encontrar?"Dália sorriu suavemente. "Nós estaremos prontas. Mas você precisa começar seu treinamento. Vá ao armazém abandonado na Rua B, lá você encontrará alguém que pode ajudá-la."Helena franziu o cenho, a desconfiança surgindo. "Você tem certeza de que podemos confiar nessa pessoa?""Marco é um velho amigo e aliado," Dália garantiu. "Mas, como sempre, confie em seus instintos."Helena assentiu, embora a hesitação ainda a corroesse. Pegou os anéis e se dirigiu ao armazém. Ao chegar, o local estava escuro e deserto. O som de passos ecoou no corredor enquanto ela avançava cautelosamente."Helena?" uma voz grave chamou, e uma figura emergiu das sombras. Era um homem alto, com cicatrizes no rosto e olhos cheios de histórias. "Sou Marco, um amigo de Dália. Estou aqui para ajudá-la."Helena deu um passo para trás, mantendo uma distância segura. "Como sei que posso confiar em você?"Marco ergueu as mãos em um gesto pacífico. "Entendo sua desconfiança. Dália me enviou para treiná-la. Você pode ir embora agora e confirmar com ela se desejar."Helena hesitou, os olhos fixos em Marco, tentando decifrar suas intenções. Algo em seu olhar parecia sincero, mas ela ainda estava cautelosa."Diga-me algo que só ela saberia," Helena desafiou.Marco sorriu levemente. "Ela coloca uma colher de mel no chá, mas só quando está se sentindo nostálgica."Helena relaxou um pouco, lembrando-se das noites em que Dália fazia exatamente isso. "Tudo bem," ela disse finalmente, ainda com um pouco de hesitação. "O que preciso fazer?"Marco acenou para ela seguir. "Primeiro, você precisa entender os poderes dos anéis e como controlá-los."Ele puxou um anel de prata com uma safira brilhante, a forma de uma espada detalhada na superfície. "Este é o Anel da Defesa. Use-o para criar barreiras protetoras."Helena pegou o anel, sentindo a energia vibrar em seus dedos. "E como eu faço isso?""Concentre-se na pedra, sinta a energia fluir," Marco instruiu. "Defendere Umbra."Helena fechou os olhos, concentrando-se. Sentiu um calor subir pelo braço, a energia do anel se manifestando em uma barreira invisível ao seu redor.Marco sorriu, satisfeito. "Bom começo. Mas há muito mais para aprender."As ruas da cidade fervilhavam de vida lá fora, mas dentro do armazém, Helena dava os primeiros passos em uma jornada que moldaria seu destino e o destino de muitos outros. Com cada lição, ela se aproximava mais do que estava destinada a se tornar....O armazém abandonado na Rua B, com suas janelas quebradas e grafites nas paredes, parecia um lugar improvável para um treinamento mágico. No entanto, ao atravessar o espaço vasto e escuro, Helena sentiu uma eletricidade no ar, um presságio do que estava por vir.Marco, com suas cicatrizes e olhos cheios de histórias, movia-se com uma confiança tranquila. Ele observou Helena enquanto ela tentava se familiarizar com o Anel da Defesa. "Você fez bem com o primeiro anel. Agora, vamos testar outro."Ele apresentou um anel de ouro com uma esmeralda brilhante, suas bordas intrincadamente detalhadas. "Este é o Anel da Concentração. Use-o para invocar escudos protetores."Helena pegou o anel, sentindo o peso da responsabilidade. "Tudo bem, como faço isso?"Marco se aproximou, seu rosto severo, mas encorajador. "Feche os olhos. Sinta a energia fluir através de você. Diga 'Lux Veritas'."Helena fez o que ele instruiu. Fechou os olhos, sentindo o calor subir pelo braço enquanto segurava o anel. A energia parecia borbulhar, pronta para ser liberada. "Lux Veritas," ela murmurou, e uma luz suave se espalhou ao seu redor, formando um escudo brilhante.Marco observou com aprovação, mas também com uma ponta de preocupação. "Bom trabalho. Mas você ainda precisa aprender a controlar essa energia."Helena olhou para ele, seus olhos cheios de perguntas. "Por que você está fazendo isso? O que ganha me ajudando?"Marco suspirou, seus olhos sombrios refletindo um passado doloroso. "Perdi muitas pessoas por causa desses anéis. Dália e seu avô me ajudaram quando eu não tinha mais esperança. Estou aqui para garantir que você não cometa os mesmos erros que eu."Helena sentiu uma conexão inesperada com Marco, uma compreensão mútua do sofrimento e da perda. Ela assentiu, determinada a não decepcionar sua avó e este novo aliado. "Eu não vou falhar. Vou fazer isso por todos nós."As noites se transformaram em dias, e Helena continuou seu treinamento intensivo. Com cada novo anel, ela descobriu diferentes aspectos de si mesma. O anel de ferro com rubi, moldado em forma de um leão, trouxe-lhe uma coragem inesperada. O anel de bronze com âmbar, em forma de uma fênix, permitiu-lhe conjurar chamas azuis-vivas.Entre as sessões de treino, Helena e Marco trocavam histórias. Ela descobriu que ele também havia perdido seus pais cedo, que sua vida havia sido uma série de batalhas, tanto literais quanto metafóricas."Esses anéis podem ser tanto uma bênção quanto uma maldição," Marco disse uma noite, enquanto as luzes da cidade piscavam ao longe. "Depende de como você escolhe usá-los."Helena olhou para a cidade abaixo, sentindo o peso do que estava por vir. "Eu escolho usá-los para proteger," ela declarou, a voz firme. "Pelo meu avô, por Dália, por você. Eu não vou deixar que eles caiam em mãos erradas."Marco sorriu, um sorriso triste mas cheio de esperança. "Então, estamos no caminho certo."As ruas da cidade fervilhavam de vida lá fora, mas dentro do armazém, Helena dava os primeiros passos em uma jornada que moldaria seu destino e o destino de muitos outros. Com cada lição, ela se aproximava mais do que estava destinada a se tornar.