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Earth - A resistência

Ana_Adachinari
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Chapter 1 - Capítulo 1

(...)

Dentro dos seis primeiros anos de dominação a raça humana adaptou-se como pode aos trabalhos para os shisen. Tudo parecia sob o controle deles, exceto pelas crianças, que pareciam lhe escapar entre os dedos.

—Venha logo Aylla— sussurra Eleonora.

—Não deveríamos espionar a iniciação deles…—Aylla fala cautelosamente—... se nos pegarem vamos ter que trabalhar naquela fábrica até sermos velhas caindo aos pedaços!

—Relaxa, eles não vão nos achar aqui em cima— confirmava Eleonora, uma garotinha peralta, a sua prima mais nova e mais prudente— Olhe aquele garoto Aylla!— Eleonora exclama.

—Qual? São muitos!—afirma confusa Aylla.

—Aquele vestido de verde ele é igual um humano!—Eleonora se espanta.

—Será que ele é aquele Meio Humano que a Magda falou?—ela se interroga.

—Achei que era mentira daquela bobona!—comenta Eleonora encarando o menino com mais atenção—Eu casaria com ele!

—Que nojo! Ele é um alienígena, Elly!—exclama Aylla.

—Se falar assim vai se casar com um deles!—a garota brinca.

—Todos sabem que eles não gostam de morenas!—Aylla diz irritada.

—Tá vendo o Meio Humano—ela pergunta.

─Tô sim!─ afirma Aylla desgostosa.

—A mãe dele era negra—diz Eleonora─Dizem que ele é filho perdido da princesa!

─Aquela que fugiu?─Aylla pergunta assustada.

—OLHA O QUE ENCONTREI AQUI—disse um sentinela vindo por trás das duas meninas.

—Corre Aylla!!— diz Eleonora correndo e puxando a prima pelo braço.

As duas fogem do sentinela por uma entrada pequena que havia no muro e por sorte ele era grande demais para passar.

—MALDITAS CRIAS HUMANAS!—gritou enfurecido pela fuga das garotas.

—Nunca mais eu faço isso!!—diz Aylla apavorada.

—Tudo bem, foi uma péssima ideia!—afirma Eleonora—Vamos naquela usina abandonada?

—A usina de carvão?—Aylla indaga.

—É de carvão?—Eleonora pergunta.

—Acho que sim!

—Amanhã a gente passa por lá!—Eleonora diz—Você vai?

—Vou pensar—diz Aylla─As duas meninas distraídas não viram que por trás delas alguém se aproximava para as repreender.

—O que as mocinhas estão fazendo neste lado da cidade?—Magda, a irmã mais velha de Aylla indaga e as duas permanecem andando e caladas junto a ela aguardando o sermão da garota—Deviam estar na escola!

—A professora foi tirada da sala por um sentinela!—explica Eleonora tentando se defender e vê a prima mais velha respirar fundo.

—O que vai acontecer com a professora Magda?—pergunta Aylla preocupada.

—Deve ter sido convocada para alguma reunião—Magda tenta aliviar o clima, ela sabia que a professora não voltaria a dar aulas─ Sabe que os shisens não sabem ser educados─as garotas são de ombros.

Elas voltam para casa todas três juntas e na entrada da comunidade Eleonora se despede das primas.

—Tchau! Amanhã a gente se vê!—Eleonora diz enquanto se distancia das duas e acenando. Magda e Aylla acenam e se despedem da garota.

—Será que o papai voltou para casa?—pergunta Aylla para Magda enquanto elas caminhavam dentro da comunidade de casas de madeira.

—Só vamos saber quando chegarmos lá—ela responde enquanto faziam a caminhada lentamente.

A comunidade onde elas moravam era conhecido como distrito mental, chamava-se assim pois havia um boato que a área era influenciada por ondas eletromagnéticas que modificaram a capacidade intelectual de quem morava ali e assim a Elite shinsen mantinham uma colheita de superdotados para servi-los com trabalhos intelectuais mais avançados do que o padrão comum para os humanos, como o pai das garotas. Casimir, mantinha alguns vínculos com a Elite e prestava serviço de espião, por isso comumente não estava em casa.

—Magda, o que você tava fazendo na ala oeste?—pergunta Aylla.

—Você percebeu, né?—Magda sorri, Aylla estava cada vez mais inteligente e cada dia mais parecia ser difícil esconder algo dela—Fui fazer teste para admissão onde o papai trabalha!

—Você conseguiu passar?—ela pergunta pesarosa.

—Não sei! Mas se não passar vou tentar no próximo ano—Magda responde com um sorriso que alivia a expressão da pequena. Ao chegarem em casa, as duas têm uma surpresa.

—Papai!—grita Aylla se jogando nos braços de Casimir.

—Bem vindo de volta pai—diz Magda.

—É bom ver vocês meninas!—ele abraça as duas ao mesmo tempo.

—Estão mais cedo em casa, o que houve?—pergunta Helena.

—A professora foi levada por um sentinela a uma reunião!—Aylla diz deixando um ar pesado que foi quebrado por Magda.

—E eu fui levada para o teste vocacional!—todos param e a fitam.

—E como foi?—Helena a pergunta com seu ar materno preocupado.

—Eles fizeram alguns testes, fizeram perguntas!—ela dá de ombros—Nada demais!

—Que… bom!—Casimir respira aliviado. A única esperança para que as filhas não tivessem que se submeter a um casamento interracial forçado era prestando serviços na inteligência dos Supremos ou para a Elite, dois grupos de muito prestígio com o rei. Por não poderem estar envolvidas com as coisas rotineiras, as mulheres eram impedidas pelo trabalho de casar e considerando o possível óbito proveniente de um casamento entre as raças Casimir exigia que as filhas se esforçassem mais que o necessário para assim garantir sua segurança.

—Vamos jantar!—Helena chama todos para a cozinha. Helena os serve.—Antes que eu me esqueça—Helena exclama—Aquele garoto… como é mesmo o nome dele?

—O Léo!─Aylla exclama de boca cheia.

—Não fale de boca cheia mocinha!—Helena a corrige.

—O que tem ele?—pergunta Casimir.

—Ele passou aqui para falar com você Magda—ela responde.

—Comigo?—a garota indaga.

—Só tem você com esse nome nesse distrito!—Aylla diz caçoando da irmã.

—E o que ele falou?—Casimir interroga.

—Nada demais apenas perguntou sobre Magda—ela dá de ombros—Apenas disse que estava na escola.

—De onde você o conhece?—Casimir pergunta.

—Ele estava na mesma sala de teste que eu no mês passado!—ela explica.

—Ele não é do nosso distrito!—Casimir afirma.

—Não, tem razão!—Magda confirma sob o olhar desconfiado do pai.

—Como é que ele estava no mesmo teste da Magda?—pergunta Aylla.

—Você está mais inteligente em pequenininha—ele afaga a cabeça de Aylla—Deve ser um caso à parte! ─ Ele continua a fitar a filha mais velha─ Não quero muita proximidade entre vocês e outros garotos, isso chama a atenção dos abutres e…

─… Nos impede de ter um trabalho seguro!─Magda recita o sermão sempre presente nas conversas com o pai─Já sabemos!─Casimir fita a filha com um olhar de prevalência e Helena para evitar que uma discussão surgisse não deixa o silêncio se alongar.

—Terminem logo isso!—Helena pede—E você mocinha terminando direto para o banho!

—Mas…—Aylla reclama—… eu já limpei meus pés hoje!

—Sem argumentos!—Helena diz—Você está imunda!

—Poxa vida!

Terminando todo o jantar, estavam todos prontos para dormir e Aylla conversava com Magda.

—Magda!?—Aylla a chama.

—O que foi...?—Magda já meio sonolenta indaga.

—É verdade que as morenas não são escolhidas para casar com os supremos!?—pergunta.

—Eu já te contei sobre isso!

—Mas a Eleonora disse que teve uma que foi escolhida!—afirmou—O que aconteceu com ela!?

—Ela morreu!—disse Magda sem arrodeios—Morreu dando à luz!

—Ela sobreviveu ao matrimônio?—Aylla corre até a cama de Magda— É por isso que eles não escolhem as morenas!?

—Ei ei ei!—Magda pede calma—Talvez sim, nem negras ou morenas! Mas ela foi a única escolhida então não se sabe muito já que ela morreu também, mesmo sendo uma princesa!

—Magda!? Só mais uma pergunta!

—Diz!

—Se você for escolhida para o matrimônio você vai sobreviver mesmo não sendo negra ou morena!?

—Não!—Magda afirma—É por isso que…─Ela ia citar o pai, mas desistiu─…que eu e você vamos fazer serviços para a Elite!—Magda respira fundo—Pra não precisar casar com nenhum dos shinsens!

─Eu sei!

—Vamos dormir tá legal!?