O som das espadas se chocando contra os corpos gelatinosos dos slimes ecoava pelo campo de treinamento. O grupo, agora oficialmente registrado como aventureiros, estava se acostumando à rotina de combates.
Lucas girou sua lâmina com força, partindo um slime azul ao meio. A criatura se dissolveu em um brilho fraco antes de desaparecer completamente.
— Isso tá começando a ficar fácil. — Ele sorriu, limpando o suor da testa.
— Deixa eu adivinhar, quer enfrentar algo mais forte? — Matheus ironizou, observando os números de experiência subindo em sua interface de status.
— Se não desafiarmos a nós mesmos, não vamos crescer!
— Eu até concordaria... se a última vez que enfrentamos algo forte eu não tivesse sido arremessado por um orc gigante! — Alexandre resmungou, girando sua adaga nas mãos.
Beatriz se aproximou, segurando seu arco.
— De qualquer forma, estamos ganhando mais experiência e recursos. É o que importa agora.
A luz do sol começava a se pôr quando decidiram que já haviam treinado o bastante.
— Ok, antes de voltarmos, temos que distribuir os pontos de status. — Matheus abriu a interface do sistema.
A Distribuição de Status
Matheus cruzou os braços, olhando as opções de atributos.
— Temos que distribuir os pontos com inteligência. Cada um deve fortalecer suas especialidades ao invés de tentar equilibrar tudo.
Lucas sorriu.
— Certo! Então, vou colocar a maior parte em Força e Vigor. Se eu vou ser a linha de frente, preciso resistir mais e bater mais forte!
Ele moveu seus pontos, sentindo um calor percorrer seu corpo à medida que sua resistência e força aumentavam.
Beatriz pensou um pouco antes de decidir.
— Eu dependo da precisão e velocidade. Vou aumentar Destreza e Percepção. Assim, meus tiros serão mais certeiros e poderei reagir melhor no campo de batalha.
Matheus, sem hesitar, escolheu aumentar Inteligência e Controle de Mana.
— Eu sou o mago aqui. Se eu não melhorar minha magia, continuarei tendo que depender da sorte para causar dano.
Por fim, Alexandre sorriu de canto.
— Sou rápido e estratégico, então vou melhorar minha Agilidade e Reflexos. Se um inimigo tentar me prever novamente, ele vai se arrepender.
Cada um confirmou suas escolhas. Assim que fizeram isso, uma leve onda de energia percorreu seus corpos, como se suas habilidades tivessem sido aprimoradas instantaneamente.
— Uau... isso é estranho, mas incrível ao mesmo tempo. — Lucas esticou os braços.
— Agora estamos mais fortes. Vamos treinar mais para testar isso. — Beatriz sugeriu.
— Claro, desde que não inventem de caçar mais orcs tão cedo. — Alexandre brincou.
O grupo riu, mas logo o silêncio se instalou entre eles.
A Saudade de Casa
Enquanto caminhavam de volta à cidade, algo pesava no peito de cada um. Eles estavam se divertindo, crescendo como guerreiros, mas...
— Vocês sentem falta de casa? — Beatriz perguntou de repente, sua voz carregando um tom melancólico.
O grupo parou.
— Sim. — Matheus respondeu primeiro, olhando para o céu avermelhado pelo pôr do sol. — Meus pais, meus irmãos... até os professores chatos da escola. Tudo parece tão distante agora.
— Sinto falta do cheiro do café da manhã da minha mãe. — Alexandre suspirou. — E das noites em que ficávamos jogando até tarde, sem preocupação.
— Eu daria tudo para ver minha família de novo. — Lucas apertou os punhos.
Beatriz abaixou a cabeça, segurando as lágrimas.
— Será que um dia voltaremos?
Silêncio.
— Não sabemos. — Matheus disse, sério. — Mas se tem algo que eu aprendi aqui é que, independentemente de onde estamos, ainda somos nós mesmos.
Lucas olhou para o grupo e sorriu.
— E, mesmo longe de casa, não estamos sozinhos.
Beatriz levantou a cabeça, encontrando os olhares dos amigos.
— Tem razão... nós ainda temos uns aos outros.
— E agora somos uma família também. — Alexandre completou.
O vento soprou suavemente, como se o mundo reconhecesse aquele momento.
Eles ainda sentiam falta de casa, mas, naquele momento, perceberam que tinham um novo propósito.
Eles não eram apenas amigos.
Eles eram irmãos de batalha.