Catherine e Apolo estavam aconchegados no sofá, os corpos entrelaçados sob um cobertor macio, enquanto a luz suave do sol filtrava-se pelas cortinas.
O ambiente estava impregnado com o cheiro da intimidade que apenas naquela manhã de amor poderia proporcionar.
As marcas da paixão ainda estavam presentes em suas peles, e o calor de seus corpos se misturava, criando um refúgio seguro e acolhedor.
Apolo virou-se para Catherine, seus olhos profundos refletindo uma mistura de vulnerabilidade e determinação.
Ele lançou a pergunta que pairava no ar, quase hesitante:
— Você acha que nosso casamento pode ser restaurado? Eu sei que você disse para não envolver sentimentos e eu aceito isso, mas podemos parar de brigar e nos esforçar para sermos um casal de verdade?
O coração de Catherine deu um pulo.
Um turbilhão de emoções a envolveu enquanto ela processava suas palavras. A esperança e o medo entrelaçavam-se dentro dela. Com um olhar intenso, ela respondeu:
— Você consegue? Quero dizer, porque você não vem para casa todos os dias.
Apolo a encarou diretamente, como se estivesse pesando cada palavra. Ele confessou:
— Quando você me disse para não desenvolvermos sentimentos um pelo outro, eu imaginei que se eu ficasse muito tempo perto, isso poderia acontecer. Me manter distante evitaria que um de nós se apaixonasse pelo outro.
Catherine assentiu, ressentida.
A lembrança da foto que Kimberly enviara a atormentava; uma sombra de dúvida surgiu no seu olhar. Levantou-se rapidamente para pegar o seu celular na mesa ao lado, mas ao desbloquear a tela, percebeu que a mensagem havia sido apagada.
Kimberly era muito esperta.
Apolo, percebendo sua inquietação, perguntou curioso:
— O que aconteceu? Eu disse algo errado?
Ela o encarou com uma intensidade diferente e perguntou:
— Se eu te dissesse que a Kimberly enviou uma foto nua com você dormindo em um sofá, você acreditaria em mim?
A expressão dele mudou por um momento enquanto pensava na situação. Então, com firmeza e confiança, ele respondeu:
— Eu conheço bem a Kimberly. Então sim, eu acredito em você! Sente aqui.
Ele puxou Catherine para mais perto.
Ela cobriu-se com o uniforme dele, sentindo o conforto da peça familiar sobre sua própria pele exposta. Sentou-se ao seu lado novamente, buscando o calor dele.
Apolo continuou a falar sobre Kimberly, suas palavras fluindo com uma naturalidade surpreendente:
— Eu sei que ela e Tom não estavam bem; o casamento deles ia mal. Tom me disse que eles estavam com problemas.
Os olhos de Catherine arregalaram-se à medida que ele revelava algo tão íntimo sobre o amigo falecido como se fosse apenas mais uma conversa casual. A gravidade das palavras dele pesavam no ar entre eles.
Ele prosseguiu:
— Por um tempo, Tom aguentou muito pela Hazel, até que ele pediu o divórcio dela.
Catherine ainda estava surpresa e perguntou:
— Quando ele pediu o divórcio?
Apolo encarou-a profundamente, ele não sabia se poderia confiar nela, sobre esse assunto. Ela segurou sua mão firmemente e disse:
— Pode confiar em mim, Apolo.
Ele assentiu lentamente antes de responder:
— No dia que ele morreu.
A atmosfera ficou pesada após essa revelação chocante.
Catherine sentiu seu coração acelerar com a gravidade do que ouviu; era um momento decisivo entre eles.
Ela estava visivelmente nervosa, os seus olhos brilhando com uma mistura de preocupação e hesitação.
O ambiente ao redor parecia se desvanecer enquanto ela tentava formular a pergunta que a consumia.
A tensão pairava no ar, e a sua voz falhou quando ela começou:
— Você acha que ela.... - As palavras ficaram presas na sua garganta, como se um peso invisível as impedisse de sair.
Apolo, compreendendo a profundidade das dúvidas dela, respondeu com uma firmeza que buscava acalmar o turbilhão de emoções.
— Não tem como ela ter planejado aquela viga cair sobre mim, e ele me proteger. - Ele fez uma pausa, lembrando-se do carinho que Tom tinha por Catherine: — Tom gostava muito de você; ele vivia me dizendo para ser mais presente na sua vida com Alyssa. - Havia uma tristeza na sua voz, como se ele estivesse lamentando: — Mas eu tinha que respeitar a sua decisão de não me ter por perto.
Catherine fixou o seu olhar nos olhos de Apolo, buscando respostas em meio à confusão.
— Tom era um bom homem. Ele sempre vinha visitar nossa filha. - Disse ela, com a voz carregada de nostalgia e dor.
O silêncio entre eles era pesado, repleto de sentimentos não ditos.
— Esse é o motivo de você proteger tanto a filha dele? - A pergunta escapuliu dela como um sussurro: — Você fica perto delas para descobrir se a Kimberly teve algo a ver com a morte dele de forma indireta?
Ela notou o desconforto que se instalou no rosto de Apolo, como se ele estivesse lutando contra uma maré de lembranças dolorosas.
— Na verdade.. - Ele disse lentamente: — O pedido dele vai além da Hazel. - Havia uma sombra de mistério nas suas palavras, algo que Catherine sabia que ele hesitava em revelar.
O tom dele mudou levemente; havia uma determinação subjacente.
Catherine percebeu que havia algo nas palavras dele que ele não queria compartilhar.
Isso a magoou profundamente.
— Enfim, voltando à minha pergunta inicial...
A dor e a frustração a invadiram, e ela ousou perguntar:
— Você se apaixonaria por mim?
A resposta foi direta e desprovida de rodeios.
— Não. - A sinceridade de Apolo cortou o ar entre eles: — Eu tive um péssimo exemplo do casamento dos meus pais. - Ele continuou, seu olhar distante enquanto as memórias surgiam à tona: — Minha mãe tratava o meu pai feito lixo quando ele se apaixonou por ela. - As palavras saíam pesadas, cada sílaba carregada com o peso do passado: — Eu via os dois discutindo enquanto ela jogava na cara dele que o sentimento dele era lixo; ela casou com ele obrigada.
O tom melancólico aumentou quando ele mencionou a sua mãe:
— Até ela estar naquele maldito lugar onde morreu e eu não pude salvá-la. - A vulnerabilidade em sua voz era palpável: — Minha mãe morreu nos meus braços. - Ele confessou, os olhos agora brilhando com lágrimas não derramadas: — Dizendo que eu era como o meu pai, incapaz de alguém se apaixonar por mim e que eu também iria ser obrigado a casar sem amor e viver infeliz.
Catherine ouviu atentamente suas palavras e notou o quanto suas exigências no passado moldaram as crenças atuais dele.
Ele parecia preso em um ciclo de dor e auto-sabotagem.
— Eu queria ter salvado ela. - Disse Apolo com fervor: — Para mostrar que ela estava enganada. Mas veja nos dois... - Ele gesticulou levemente para o espaço entre eles: — Casamos sem amor, mas nossa filha é a única pessoa que eu realmente amo.
O peso da confissão pairava no ar; Catherine sentiu-se esmagada pela realidade da situação.
Ela queria dizer que estava apaixonada por ele, mas sabia que isso seria mais um fardo para Apolo carregar.
Em vez disso, decidiu silenciar seus sentimentos e simplesmente se deixou levar pela necessidade de conforto.
Com um gesto suave, ela repousou a cabeça no peito dele. Apolo imediatamente a abraçou, envolvendo-a em seus braços como se estivesse tentando protegê-la do mundo exterior e das verdades dolorosas que os cercavam.
Catherine estava nervosa, suas mãos tremiam levemente enquanto ela olhava nos olhos de Apolo. A confissão que estava prestes a fazer pesava em seu coração, mas ela sabia que era hora de ser honesta.
Ela hesitou por um momento, sua voz quase um sussurro enquanto reunia toda a coragem que pôde encontrar dentro dela.
Ela olhou profundamente nos olhos de Apolo, procurando uma conexão, uma promessa de que ela poderia confiar nele antes de finalmente falar.
— Eu quero tentar, Apolo. - Catherine começou, sua voz sacudindo ligeiramente: — Eu não sei o motivo de você estar sempre perto dela, mas eu vou aceitar. Desde que você saiba o que está fazendo e não machuque você ou nossa família.
Apolo ouviu os seus termos calmamente, o seu rosto permanecendo impassível até que um pequeno sorriso gentil tocou a sua boca.
Seu olhar carinhoso encontrou o dela, seus olhos verdes a fixando com ternura e compreensão.
— Estou apenas nisso pela Hazel. - Ele afirmou suavemente, seu tom sincero e gentil: — Kimberly não é importante para mim, confie em mim.
Aquelas palavras simples causaram uma onda de alívio a varrer Catherine, como se uma parte dela finalmente pudesse respirar novamente.
Seu corpo se relaxou visivelmente, e ela encontrou uma pequena risada quase incrédula escapando de sua garganta.
— Certo. - Ela respondeu, um sorriso largo e brilhante se espalhando pelo seu rosto: — Então eu vou confiar em você.
Houve um momento de silêncio entre eles, as palavras pairando no ar, e Catherine pôde sentir a esperança pulsando no seu coração.
Mas, lembrando-se do seu agendamento, ela franziu a testa e o alertou:
— Você está atrasado pro quartel, não está?
Apolo olhou para o relógio, então de volta para ela, e ainda houve um toque de pesar nos seus olhos quando ele respondeu:
— Na verdade, eu decidi ficar em casa hoje para ir com você buscar nossa filha na escola. Você me permite?
A ideia de passar mais tempo com ele, de compartilhar essa experiência de ir buscar Alyssa juntos, fez com que o coração de Catherine disparasse, e ela não conseguisse se conter.
Ela o abraçou com força, seu corpo apertando o dele em um abraço emocionado.
— Ela vai amar. - Catherine sussurrou em seu ouvido, e sentiu uma onda de felicidade florescendo dentro dela.
Quando ela se afastou, percebeu que havia um rubor nas suas bochechas.
Os seus olhos encontraram os dele novamente, e houve algo tão gentil e alegre na expressão de Apolo que fez a sua pele formigar com calor.
Ele se inclinou para frente, pressionando seus lábios contra os dela em um beijo macio e doce, surpreendendo-a.
Quando finalmente se separaram, Catherine podia sentir o calor subindo pelo seu pescoço e então nas suas bochechas.
Ela quase conseguiu ver uma centelha de afeição nos olhos de Apolo, e isso fez o seu coração bater ainda mais rápido.
....
Catherine estava sentada à bancada da cozinha, o aroma do café fresco preenchendo o ar e misturando-se com a luz suave da manhã que entrava pela janela.
O ambiente estava tranquilo, mas seu coração pulsava como se estivesse em um turbilhão.
Ela olhou para Apolo, que estava encostado na pia, lavando a louça. O simples ato de cuidar das tarefas domésticas parecia carregar um peso emocional que ela não conseguia ignorar.
Após um momento de silêncio, Catherine respirou fundo, preparando-se para expor os seus sentimentos.
— Apolo. - Começou ela, sua voz um pouco trêmula: — Você acha que se convivermos mais, podemos nos apaixonar? - As palavras saíram como um sussurro, mas carregavam uma força que reverberou na cozinha silenciosa: — E eu quero que você volte para casa todos os dias.
Ela viu Apolo parar de lavar a louça e se virar para ela, a expressão no seu rosto, uma mistura de curiosidade e preocupação.
— Você quer quebrar a sua exigência?
A cozinha estava quieta, com apenas o som do relógio na parede marcando o passar do tempo. Apolo estava parado na bancada, esperando pela resposta de Catherine.
Os olhos dele estavam fixos nos dela.
Catherine pareceu momentaneamente atordoada pela pergunta, seus olhos se arregalando com surpresa.
— É possível? - Ela finalmente disse, sua voz hesitante, cheia de incerteza.
Apolo se aproximou da bancada e apoiou-se nela, os seus olhos se fixando nos de Catherine.
— Não quero que essa exigência quebrada me torne um homem pior. - Ele disse, sua voz agora mais forte e firme: — Envolver sentimentos trás sofrimento. E se um dia você realmente me deixar, como sempre vem falando, vai doer menos para mim, te deixar ir com nossa filha.
Apolo parou por um momento, examinando o rosto de Catherine à procura de alguma reação.
Ela ainda parecia estar em estado de choque, seus olhos ainda arregalados e fixos em seus.
— Só te peço que, mesmo que me deixe, não separe ela de mim. - Apolo finalizou, sua voz suplicante.
Catherine finalmente piscou e baixou os olhos, tentando entender o que Apolo acabara de dizer.
Ela sabia que havia verdade em suas palavras, mas ainda assim não conseguia imaginar uma vida sem a promessa de fidelidade dele.
A cozinha novamente ficou em silêncio, enquanto Catherine tentava reunir suas emoções e processar tudo o que havia sido dito.