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Chapter 7 - Capítulo 7

Catherine e Apolo entraram no carro dele, um sedã prateado que reluzia sob a luz do sol da tarde.

O interior era aconchegante, com um aroma leve de lavanda que Catherine amava. Ele ligou o motor e, enquanto a música suave preenchia o espaço, ela olhou pela janela, perdida em pensamentos sobre o dia agitado que tiveram.

Enquanto isso, na casa de Kimberly, ela estava sentada na beirada da cama da filha, observando-a dormir tranquilamente.

A frustração a consumia.

Ela pegou seu celular e digitou rapidamente uma mensagem para uma pessoa desconhecida, um contato que guardava em segredo. A conversa começou:

Kimberly: O plano está dando certo?

Desconhecida: Sim, tudo está em andamento. Logo ele vai pagar.

Kimberly: Tome cuidado! O plano precisa ser perfeito.

Desconhecida: Confie em mim. Se não confiar, a nossa vingança nunca será completa. E de nós duas, eu sou a mais racional. Não entre tanto em contato. Lembre que essa conversa tem que ser apenas o necessário. Até logo, Kim. 😘

Após receber a confirmação de que tudo estava sob controle, Kimberly sorriu ao olhar para sua filha dormindo.

Um sorriso que misturava uma sombra de segredos obscuros.

"Ah, meu amor. Se você soubesse", ela sussurrou.

Com um último olhar, fechou a porta do quarto e se dirigiu à sala para beber um vinho, ignorando as coisas quebradas no chão que haviam sido deixadas de lado em meio ao seu frenesi emocional.

.....

No carro, Catherine guardou seu celular na bolsa ao receber uma resposta de alguém importante — provavelmente do emprego que tanto desejava.

Ela encarou Apolo, que dirigia com concentração, o olhar firme na estrada à frente.

Enquanto ele se concentrava no trânsito, Catherine se permitiu divagar sobre suas próprias lembranças desconhecidas, pensando em como poderia mudar sua vida com essa nova oportunidade.

Apolo dirigia calmamente, quando, de repente, ele lançou um olhar curioso para Catherine e perguntou:

Cathy, você nunca me contou sobre sua vida.

A pergunta pairou no ar, carregada de interesse e uma pitada de preocupação.

Catherine, tocando gentilmente a mão dele que segurava o volante, sentiu uma onda de vulnerabilidade e confiança ao mesmo tempo.

Na verdade.. - Ela começou, sua voz suave: — Você sabe que eu sou órfã. Perdi minha mãe e uma irmã e depois fui para um orfanato... Até o dia em que salvei seu avô. - Ao mencionar seu avô, um brilho nostálgico surgiu em seus olhos.

Apolo sorriu com ternura e disse:

Meu avô diz que você é a neta que ele tanto desejou.

As palavras dele aqueceram o coração de Catherine.

Sim. - Ela respondeu com um sorriso genuíno: — Eu também gosto muito dele.

— E o que aconteceu com seu pai, Apolo? - Ela perguntou.

Apolo hesitou por um tempo antes de dizer:

Morreu depois que minha mãe faleceu. Não gosto de falar sobre isso. É doloroso.

Catherine entendeu.

Ela então encostou a cabeça no ombro dele, desfrutando do momento de conexão. O carro continuou seu trajeto até a escola, enquanto as lembranças de sua infância se entrelaçavam com o presente.

Finalmente chegaram à escola.

Catherine foi a primeira a sair do carro, sentindo uma mistura de ansiedade e alegria ao ver o ambiente escolar. Enquanto Apolo permaneceu dentro do veículo, ela se preparou para encontrar Alyssa.

Quando o sinal tocou e as crianças começaram a sair da sala, Catherine avistou Alyssa correndo em sua direção.

Mamãe! - A pequena gritou com um brilho nos olhos.

Catherine se abaixou e abraçou a filha com força, sentindo seu coração transbordar de amor.

Oi meu amor. Vamos pra casa? - Perguntou ela com um sorriso caloroso.

Alyssa acenou entusiasmada:

Tá bom!

Mas antes que pudessem ir embora, Apolo saiu do carro e exclamou:

E meu abraço, amor?

A pequena arregalou os olhos em surpresa.

O sorriso se alargou em seu rosto enquanto ela se sacudia para que sua mãe a soltasse rapidamente.

Com as suas perninhas pequenas e ágeis, Alyssa correu para os braços do pai.

A felicidade dela era palpável; seus olhos brilhavam como estrelas quando ela finalmente se aninhou contra Apolo.

Era raras as vezes que seu pai vinha buscá-la na escola, e isso significava muito para Alyssa.

Ela estava radiante; sentia-se especial por ter ambos os pais ali com ela naquele momento mágico.

O coração dela pulava de alegria ao perceber que não só teria um dia divertido pela frente, mas também que aquele era um novo capítulo em sua vida — um capítulo cheio de amor e segurança que apenas uma família poderia oferecer.

Catherine observava a cena com um sorriso largo no rosto, sentindo-se grata por aquele momento de união familiar. Era como se todos os desafios do passado tivessem desaparecido por alguns instantes, substituídos pela promessa de novos começos e momentos felizes juntos.

Eles entraram no carro, e Apolo sentou atrás com a filha.

A atmosfera dentro do carro era leve e alegre enquanto a família retornava para casa. Apolo, olhou para Alyssa com um sorriso carinhoso e perguntou:

Meu amor, o que você quer fazer hoje?

A pequena, com seus olhos brilhantes e um sorriso doce, respondeu com entusiasmo:

Eu quero conhecer seu trabalho, papai!

O coração de Apolo se encheu de alegria ao ouvir isso.

Ele se virou para Catherine, que estava dirigindo, e disse:

Se a mamãe quiser, você pode ir conhecer o quartel de bombeiros onde o papai trabalha.

Ela olhou para ele com um sorriso compreensivo e respondeu:

Claro. Depois do almoço, podemos ir lá.

A ideia de levar Alyssa ao seu trabalho parecia perfeita, uma oportunidade não apenas para a menina explorar um novo mundo, mas também para fortalecer os laços familiares.

No entanto, o clima leve foi interrompido quando o telefone de Apolo tocou.

Ele olhou a tela e viu que era Kimberly ligando.

Instantaneamente, uma sombra passou pelo rosto de Catherine.

Apolo desligou o celular rapidamente.

Quem era? Era aquela mulher novamente? - Catherine perguntou com um tom tenso na voz.

Apolo murmurou algo em resposta que soou como um sim.

Enquanto isso, Alyssa continuava animada, contando sobre seu dia na escola. Ela falava sobre seus amigos e as brincadeiras que teve durante o intervalo, completamente alheia à tensão que pairava no ar entre os adultos.

.....

Do outro lado da cidade, no apartamento de Kimberly, a situação era bem diferente.

Ela rugiu de frustração ao perceber que a sua ligação havia sido ignorada. Abrindo a porta do quarto da filha com pressa, chamou rudemente:

Ei, monstrenga, acorda! Tá bom de fingir.

A menina acordou lentamente, esfregando os olhos e bocejando.

A senhora quem pediu para usar minha doença. Então não reclame. - Ela respondeu sonolenta.

Hazel sentiu a sua bochecha esquentar com o tapa que recebeu.

Kimberly deu uma forte bofetada ao ouvir a resposta da filha. Com uma voz raivosa que ecoava pela sala, disse:

Então atue melhor! Acha que ele vai ficar com a gente se você se recuperar?

A menina emburrou-se ainda mais diante da pressão da mãe.

Desfaz essa cara ridícula! - Kimberly continuou, sua frustração transparecendo em cada palavra.

Seu pai inútil deixou a gente com pouca economia. Apolo é o único que pode e vai nos sustentar, não antes de pagar pelo que fez. Só precisamos tirar a mãe e filha do caminho.

A menina assentiu em silêncio, seu rosto vermelho e marcado pelas cinco impressões dos dedos da mãe em sua pele pálida e branca.

...

Enquanto isso, no carro, Apolo e Catherine, estavam em um clima tenso devido à presença constante da figura ameaçadora de Kimberly nas vidas deles.

Mas Alyssa estava feliz por estar perto do pai e da mãe; ela não tinha ideia do conflito que existia entre eles. O amor inocente da criança contrastava fortemente com as sombras da vida adulta que teimavam em invadir momentos felizes como aquele.

A família logo chegou em casa; Alyssa desejava que aquele dia fosse apenas sobre eles três — uma família unida desfrutando dos pequenos momentos juntos.

...

Apolo entrou na cozinha com um olhar curioso e preocupado. Ele viu Catherine de costas, concentrada em cortar alguns legumes. A atmosfera estava tensa, e ele não pôde deixar de sentir que algo estava errado. Com um tom gentil, ele perguntou:

Precisa de ajuda?

Catherine não se virou, mas sua expressão no rosto endureceu, e respondeu de forma rude:

Está vendo que não?!

A resposta o surpreendeu.

Ele aproximou-se dela cautelosamente, tentando entender a fonte daquela irritação.

Ainda está chateada pela ligação? Eu não atendi e desliguei o telefone. Cathy, eu estou tentando. - Ele disse, tentando acalmá-la.

Catherine virou-se completamente para encará-lo, a sua frustração transparecendo em cada palavra.

Tentando agora? Eu sei que disse que iria aceitar, mas não é fácil, Apolo. E a culpa é sua por trazer essa mulher para as nossas vidas. Quem mandou prometer algo tão complicado? Agora ela e aquela filha dela vivem como urubus na nossa família.

As palavras dela cortaram como uma faca, e Apolo sentiu um aperto no peito. Ele tentou amenizar a situação:

Não prometemos evitar brigas perto da Alyssa? Eu vou tentar evitar as ligações dela quando estiver em casa. Prometo.

Mas sua tentativa de manter a paz apenas pareceu alimentar mais a ira dela.

Catherine, num movimento brusco, jogou a faca na pia com força.

O barulho ecoou pela cozinha e fez Apolo dar um passo para trás.

Faz você mesmo o almoço! Se acha que eu vou engolir quieta essa mulher barata na nossa vida, então não. - A frustração dela era palpável, e Apolo percebeu que as emoções estavam à flor da pele.

Ela continuou, sua voz carregada de ressentimento:

E sobre o que houve de manhã entre nós dois, é melhor evitarmos. Assim, você evita recaídas ao tentar consertar os seus erros e burradas com sexo.

Com essas palavras cortantes, Catherine subiu as escadas rapidamente, deixando Apolo ali, atônito e confuso com a mudança repentina no comportamento dela.

Ele ficou parado por um momento, processando tudo o que havia acontecido. Não havia atendido à ligação; não entendia por que Catherine estava tão abalada.

Contudo, seu pensamento logo se voltou para Alyssa, que estava na sala brincando tranquilamente.

Ele sabia que precisava manter a calma por causa da pequena.

Decidido a não deixar que a tensão afetasse o dia da filha, Apolo respirou fundo e se dirigiu à cozinha para preparar o almoço ele mesmo.

Enquanto cortava os legumes e aquecia uma panela no fogão, ele pensava em como poderia lidar com toda essa situação complicada.

O desejo de proteger sua filha daquela situação era forte; ele queria encontrar uma solução que pudesse reunir todos eles sem conflitos.

Enquanto mexia os ingredientes na panela, Apolo refletia sobre como poderia abordar Catherine mais tarde e tentar esclarecer as coisas entre eles.

Afinal, o bem-estar de Alyssa era sua prioridade máxima — mesmo que isso significasse enfrentar os desafios trazidos pela presença indesejada de Kimberly em suas vidas.