Chereads / A Lenda do Rei Esquecido / Chapter 1 - Volume 1 - Prólogo: A Queda de Aldermyst

A Lenda do Rei Esquecido

🇧🇷Jairbasan
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Synopsis

Chapter 1 - Volume 1 - Prólogo: A Queda de Aldermyst

A noite caía rapidamente sobre a vila em ruínas. Ao longe, as chamas já consumiam o que restava das casas e das colheitas. O cheiro de fumaça enchia o ar, enquanto os gritos e sons de batalha se misturavam ao vento. Miguel corria, o coração acelerado e a respiração pesada, seguindo Aron, o velho amigo de seus pais, que lutava para mantê-los vivos.

Cada passo que Miguel dava parecia um adeus à sua vida anterior. Tudo o que ele conhecia, seu lar, seus pais, seus amigos, tudo estava desmoronando. "Por que isso está acontecendo? Por que não pude ficar e lutar ao lado deles?", ele se perguntava, tentando segurar as lágrimas que ardiam em seus olhos.

"Continue correndo, garoto! Não olhe para trás!", gritou Aron, puxando-o pela mão enquanto desviava de ramos e pedras no caminho.

Ao longe, os rugidos bestiais dos demônios se aproximavam, e a floresta densa parecia encolher à medida que o perigo crescia. Miguel podia sentir o desespero à sua volta, e a culpa de não poder fazer nada pesava como uma âncora em seu peito.

Enquanto atravessavam a floresta, Aron parou de repente, seus olhos fixos em uma clareira adiante. Miguel se abaixou ao seu lado, ofegante, e então ouviu. O som de rodas pesadas rangendo. Escondidos entre as árvores, eles observaram uma carruagem velha sendo puxada por criaturas grotescas. Dentro, prisioneiros algemados e feridos eram transportados, e entre eles, um rosto familiar fez o coração de Miguel parar por um momento.

Miguel (pensando, chocado): "Não pode ser… Será que é ela…?"

Seu olhar se fixou em uma garota no meio do grupo. Seus cabelos longos e pretos estavam sujos e emaranhados, e havia sangue em seu rosto. Miguel sentiu o coração apertar. Ele conhecia aquela garota.

Miguel (gritando, em choque): "Elara!"

A voz de Miguel saiu antes que ele pudesse se controlar. Aron o segurou firme, com um olhar sério.

Aron (sussurrando): "Fique calmo, garoto! Não podemos agir por impulso. Se formos agora, seremos mortos antes mesmo de chegar perto dela."

Miguel mordeu o lábio, sentindo uma mistura de raiva e desespero. "Mas eu não posso deixá-la! Eu prometi que a protegeria!"

Aron suspirou, sabendo o quanto aquilo era difícil para ele. "Eu sei, garoto... Eu sei. Mas vamos fazer isso do jeito certo."

Com um plano improvisado, Aron atacou. Os demônios que escoltavam a carruagem foram pegos de surpresa, mas a batalha foi brutal. Miguel observava, tentando ajudar de alguma forma, mas sua pouca força e falta de experiência tornaram qualquer ação sua quase inútil. Um dos demônios se voltou contra ele, e por um instante, Miguel viu a morte se aproximar. A criatura saltou em sua direção, suas garras prestes a rasgar sua pele, quando Aron interveio, derrotando o demônio com um único golpe.

Miguel caiu no chão, suando frio, o medo dominando cada centímetro de seu corpo. Ele não tinha conseguido fazer nada. Sentiu-se inútil, fraco.

Aron, ainda ofegante da batalha, o levantou rapidamente. "Você está bem, garoto? Você precisa ser mais cuidadoso!"

Mas Miguel mal ouviu as palavras. Miguel olhou para as mãos trêmulas, agora manchadas de sangue e sujeira. Elas eram as mesmas mãos que seus pais haviam treinado, mas não serviram para nada. O peso da realidade lhe bateu com força. Ele estava em um campo de batalha agora, e não havia mais espaço para o medo ou a dúvida. Mas ainda sentia como se fosse uma criança, impotente diante da morte e da destruição. Ele se perguntava, naquele momento: 'Será que algum dia serei forte o suficiente para merecer a promessa que fiz a Elara?

Finalmente, conseguiram libertar os prisioneiros. Miguel correu até Elara, que ainda estava em choque. Ele segurou sua mão, agora livre das correntes, enquanto ela soluçava baixinho, tremendo nos braços dele.

Elara, com os olhos cheios de lágrimas, tentou se recompor, mas sua voz falhou. "Miguel... eu pensei que nunca mais iria te ver. Pensei que já tinha perdido tudo." Ela tremia, não apenas pelo medo, mas pela brutalidade de tudo o que havia vivido. O choro dela, embora suave, ecoou como uma melodia de desespero no peito de Miguel.

Miguel a apertou com mais força, tentando segurar as próprias lágrimas. "Eu também... Eu prometi que ia proteger você, mas... não consegui..."

Enquanto Miguel segurava a mão trêmula de Elara, o calor de suas palmas enviou uma onda de lembranças, rápidas e dolorosas."

"Lágrimas... por que só agora? Por que não consegui proteger ela?"

Ele fechou os olhos por um breve instante, e sua mente voltou a um tempo antes do caos.

Lá estavam eles, correndo pelo campo de flores douradas. O vento, suave e morno, balançava os cabelos de Elara enquanto ela ria, seus olhos brilhavam como estrelas, enquanto tentavam acertar uns aos outros com bastões de madeira, fingindo ser aventureiros como seus pais. Ele lembrava do brilho nos olhos dela, daquele sorriso largo que iluminava o campo mesmo sob o céu nublado. "Você vai ser o melhor espadachim do mundo, Miguel, e eu a melhor maga! Eu vou ser sua dama! Você vai me proteger de tudo e eu também vou te proteger", ela brincava, e ele a seguia com a mesma energia, jorrando confiança que nunca imaginaria perder.

Mas agora, tudo parecia irremediavelmente perdido. Não havia mais risadas, nem campos dourados. Só o som da chuva batendo na caverna e o peso do mundo sobre seus ombros.

A lembrança do passado foi esmagadora e fugaz, desaparecendo rapidamente diante da dor presente. Mas algo dentro de Miguel se agitou. A promessa que fizera a ela, ainda que fraca e quebrada, não se apagaria. Ele sabia que, no fundo, tinha que fazer mais. Ele precisava ser forte de novo. Mais forte do que jamais fora. Não poderia mais ser o menino que ficava para trás.

Aron observava Miguel com uma mistura de preocupação e dor. Sabia que, apesar de seu treinamento, o garoto ainda não estava pronto para a crueldade do mundo. Mas mais que isso, Aron sentia a responsabilidade de ser a última linha de defesa para Miguel e Elara. Seus próprios fantasmas do passado se misturavam com os gritos do presente, e ele não sabia se sua proteção seria suficiente.

Depois do resgate, eles se esconderam em uma caverna próxima e Elara contou o que havia acontecido. A uma semana, os pais dela, assim como os de Miguel, haviam partido para a capital real, respondendo ao chamado do rei. Segundo informações que sua criada, já falecida, havia reunido antes de fugirem, quando chegaram na capital real, foram rapidamente desdobrados para o campo de batalha na fronteira, para defender o reino contra a invasão do exército das trevas. No entanto, após dois dias de batalha, eles foram totalmente vencidos. Conforme orientação dos pais de Elara, ela e sua criada fugiram da vila com intenção de chegar ao Reino de Lysoria. Tristemente, durante a fuga, encontraram um grupo de demônios inferiores patrulhando as fronteiras. A criada lutou bravamente para protegê-la, mas, por ser apenas uma maga de 2° estágio, foi superada e morta diante de seus olhos.

Elara (em lágrimas, tentando respirar): "Eu… eu perdi minha criada... sniff, sniff"

Enquanto Elara falava sobre a morte de sua criada, suas palavras se embaralhavam entre soluços. Ela sentia a dor da perda, mas também a vergonha de ter sido impotente diante dela. "Eu não pude fazer nada... Ela se sacrificou por mim e eu... não consegui protegê-la", disse Elara, e por um momento, Miguel percebeu que, ao lado dela, suas próprias dúvidas pareciam pequenas.

Miguel (com dor na voz): "Ela era uma heroína. Ela deu a vida por você, Elara. Não podemos deixar isso ser em vão."

Elara (com voz trêmula): "E então eu só me lembro até aí."

Aron (assentindo): "Ela deve ter desmaiado com o choque de presenciar a morte de sua criada."

Elara (ainda em choque): "Quando acordei, estava prisioneira na carruagem. Os outros prisioneiros me disseram que ouviram os demônios falando algo a respeito de nos escravizar, para nos forçar a ajudar na construção de uma base demoníaca no reino."

Aron (com tristeza e raiva): "Então acredito que a essa altura o rei já deve ter sido morto, que droga! Isto é uma tragédia sem precedentes!! Precisamos fugir para Lysoria o mais rápido possível, Elara, antes que eles nos encontrem nesse lugar. Infelizmente, esse não é mais o reino de Aldermyst que conhecemos."

Miguel olhou para o horizonte, as sombras das montanhas ao longe escondendo qualquer esperança de um futuro. Enquanto seguiam caminho, uma promessa silenciosa se formava dentro dele. Ele iria se tornar mais forte. Ele não queria sentir aquela impotência de novo.

Com a ajuda de Aron, Miguel, Elara e os demais prisioneiros começaram a se mover, buscando fugir para o reino de Lysoria.

A jornada foi árdua, após 15 dias na floresta, enfrentando demônios batedores que estavam atrás de sobreviventes... Aron se feriu e o restante do trajeto até Lysoria foi bem duro, pois tiveram que caminhar por mais 3 dias carregando Aron.

Conforme a jornada se arrastava, Miguel observava o horizonte. A imagem dos muros de Lysoria, imponentes e quase místicos à distância, surgiam como um farol de esperança em um mundo consumido pelas sombras. Embora ainda longes, eles prometiam mais do que segurança: ofereciam a possibilidade de recomeçar, de lutar mais uma vez pelo que restava de um futuro que parecia irremediavelmente perdido. Miguel sentia que, ao atravessar aqueles muros, ele e seus companheiros não apenas escapariam, mas ganhariam uma chance de reconstruir, de desafiar o destino que os havia sido imposto.

"Os muros de Lysoria," pensou Miguel, "não são só um abrigo. São uma fronteira entre o que perdemos e o que ainda podemos lutar para salvar. Lá, teremos a chance de reconstruir, de sobreviver. E talvez, um dia, reerguer nosso lar."