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Chapter 5 - 5 - Conflicts

Ronan desembainhou sua espada, fixando seus olhos no vazio do campo de treinamento. Ele revisitou mentalmente os movimentos que Aegis havia demonstrado para a técnica "Ira do Vazio". A energia bruta daquela demonstração ainda pulsava em sua memória. Ele firmou os pés no chão, inspirou profundamente e iniciou o primeiro movimento.

Assim que começou, seus olhos se tornaram vermelhos como sangue. Uma fúria primitiva, acompanhada por uma dor brutal, tomou conta de seu corpo. Era como se sua aura tentasse escapar de dentro dele, rebelando-se contra seu controle. Seus músculos pareciam queimar, enquanto sua mente lutava para manter o foco.

Garoto! — A voz de Aegis soou, cortando o caos. — Controle sua mente! Essa técnica exige mais do que força. Você precisa de equilíbrio entre corpo e mente. A dor é inevitável, mas é um teste. Supere-a! Foque no nada. Sinta o fluxo da aura e alinhe-se com ele.

Ronan cerrou os dentes, tentando domar a fúria e a dor que o assolavam. Ele respirou profundamente, tentando seguir as instruções de Aegis. Lentamente, ele ajustou sua postura, reduziu a amplitude de seus movimentos e, com passos curtos e cuidadosos, começou a sentir o fluxo de sua aura. Aos poucos, a dor diminuiu, substituída por uma sensação de controle crescente.

DING!

Uma mensagem translúcida apareceu diante de seus olhos:

"Você aprendeu uma nova habilidade: Ira do Vazio."

"Recompensas: +2 VIT, +1 FOR, +2 INT, +100 XP."

Ronan caiu de joelhos, sua respiração pesada e o corpo encharcado de suor. Ele murmurou para si mesmo:

— Pelo menos, um pequeno progresso.

Enquanto isso, a figura de Aegis se desmaterializou, mas não antes de sussurrar em sua mente:

Parabéns pela sua pequena conquista, garoto. Com disciplina e esforço contínuo, você alcançará a grandeza.

Ronan verificou seu relógio digital. Faltavam apenas 20 minutos para o início da aula. Ele suspirou, pegou suas coisas e se dirigiu rapidamente à cantina para sua refeição.

No caminho, enquanto passava pelos corredores silenciosos, Ronan ouviu sons vindos de um canto perto do banheiro. Curioso, ele se aproximou silenciosamente e espiou por trás de uma parede. Lá estava Edward Gardner, segurando Tomas Greaves pelo colarinho e empurrando-o contra a parede.

— Seu plebeu imundo! — Edward vociferava. — Ronan pode ter me humilhado, mas você vai pagar por isso. No torneio de classes, ele vai aprender o preço de me enfrentar, e você também!

Tomas, com lágrimas nos olhos, suplicava:

— Por favor, eu não fiz nada! Apenas pare!

Um dos capangas de Edward, um aluno da Classe B, tentou intervir:

— Edward, já chega. Você vai matá-lo se continuar.

Edward o encarou com fúria:

— Cale a boca! Quem você pensa que é para me dar ordens?

Ele soltou Tomas, que caiu ao chão, tremendo. Edward cuspiu nele antes de sair, murmurando:

— Sorte sua que não posso matá-lo aqui, ou você já estaria morto.

Ronan, escondido, observava com um olhar frio. "Veremos quem será humilhado no torneio," ele murmurou para si mesmo, sua intenção assassina crescendo momentaneamente antes de ser controlada. Ele continuou seu caminho até a cantina.

Ronan pegou sua bandeja e esperou na fila. Enquanto isso, os murmúrios sobre sua luta com Edward e o torneio de classes em quatro meses dominavam as conversas.

Na mesa dos Doze Heróis, Cedric Wolff expressava seu desdém:

— Esse torneio será um desperdício. Qual é a graça de lutar contra fracos?

Lucinda Dracwell respondeu com um sorriso tranquilo:

— Pelo menos, você poderá mostrar sua força e provar o quão longe estamos dos outros.

Elena von Sieghart concordou:

— É uma oportunidade para reafirmarmos nossa superioridade.

Raiden Stormrider riu:

— Exatamente. Vamos mostrar a todos o quanto estamos acima deles.

Ronan, em sua mesa, terminou sua refeição, perdido em pensamentos. Ele murmurou para si mesmo:

— Pessoas cegas pelo próprio ego são as primeiras a cair.

Sem perceber, ele falou alto o suficiente para que Cedric ouvisse. Irritado, Cedric levantou-se e caminhou até a mesa de Ronan.

— Repita o que disse, se tiver coragem! — exigiu Cedric.

Ronan olhou para ele com frieza e respondeu enquanto se levantava:

— Parece que meus pensamentos foram altos demais. Você é surdo ou algo do tipo?

Furioso, Cedric desferiu um soco rápido e feroz. Sem agilidade suficiente para desviar, Ronan decidiu bloquear o golpe. O impacto o lançou a cerca de 15 metros, até ele colidir com uma parede. Mesmo assim, Ronan se levantou lentamente, um sorriso frio nos lábios.

— É só isso que você tem? Você bate como uma vadia.

Cedric avançou, mas antes que pudesse fazer algo, os membros do conselho estudantil intervieram, lançando runas protetoras para separá-los. A líder do grupo, a mesma garota de cabelos negros e olhos verdes intensos, encarou Ronan.

— Você novamente causando problemas?

Ronan deu de ombros, com um sorriso frio:

— Não tenho culpa se o ego dele é frágil. Só me defendi.

Ele olhou diretamente para Cedric e acrescentou:

— No torneio, eu vou quebrar todos os ossos do seu corpo.

Sem esperar resposta, Ronan deixou a cantina, ignorando os murmúrios e olhares chocados.

Enquanto Ronan deixava a cantina após seu confronto verbal com Cedric, os Doze Heróis observavam, alguns perplexos, outros irritados. Cedric ainda estava sentado, mas seu punho cerrado indicava sua frustração.

— Quem esse bastardo pensa que é? — rosnou Cedric, batendo com o punho na mesa.

Elena von Sieghart, sempre calma e analítica, respondeu com um tom ligeiramente provocador:

— Parece que ele tem mais coragem do que você imaginava, Cedric. Ele desafiou você, e saiu sem olhar para trás.

— Coragem ou estupidez? — interveio Raiden Stormrider, cruzando os braços enquanto exibia seu habitual sorriso presunçoso. — Ele é só mais um fraco tentando se provar. Quando o torneio chegar, Cedric, você vai esmagá-lo como deveria ter feito agora.

Lucinda Dracwell, com um olhar crítico, acrescentou:

— Vocês não perceberam? Ele não tem medo. Mesmo sabendo que está abaixo de nós em termos de status e habilidade, ele fala como se estivesse no mesmo nível. Isso é… incomum.

Cedric bufou:

— Eu não preciso de análises psicológicas, Lucinda. No torneio, ele vai aprender o que significa enfrentar alguém como eu.

Elena deu um leve sorriso e cruzou os braços:

— Não subestime pessoas como ele. O tipo que já enfrentou a humilhação e a rejeição muitas vezes geralmente tem algo que os outros não têm: uma determinação insana. Se você não for cuidadoso, Cedric, ele pode te surpreender.

A conversa continuou, mas o grupo logo mudou de assunto, discutindo suas estratégias para o torneio.

Assim que Ronan entrou na sala, todos os alunos estavam em seus lugares. Ele foi o último a chegar, atraindo olhares curiosos e sussurros abafados. Alguns notaram sua postura firme e o olhar frio, mas preferiram manter suas observações para si mesmos.

Logo em seguida, passos firmes ecoaram pelo corredor. A porta se abriu, revelando um homem imponente. Ele era alto, quase dois metros, com cabelos longos e barba espessa. Uma cicatriz marcava seu olho esquerdo, e seus olhos castanhos escuros transmitiam uma intensidade assustadora. Ele carregava um grande saco nas costas, que parecia pesado, mas ele o segurava com facilidade.

Com uma voz profunda e autoritária, ele se apresentou:

— Meu nome é Ivar Ragnarsson. Sou o professor responsável pela disciplina de Duelos e Treinamento Físico. Para alguns, isso pode parecer apenas mais uma aula, mas para mim, é onde os fracos são separados dos fortes. Se quiserem sobreviver nesta academia, aprendam agora: fraqueza não será tolerada.

Seu olhar percorreu a sala, avaliando cada aluno como se pudesse ver através deles.

— Vocês vieram aqui para aprender, mas antes de mais nada, precisam provar que merecem estar aqui. Hoje, vamos começar com algo simples: correr 50 voltas na pista. Parece fácil? Quem fraquejar terá 30 pontos descontados do total de sua classe. Vocês são da Classe C, considerada mediana, mas eu acredito que podem ser mais. Agora, formem uma fila para receberem seus dispositivos digitais.

Os alunos se levantaram em silêncio, formando uma fila enquanto Ivar distribuía os dispositivos. Ele explicou brevemente:

— Esses dispositivos não são apenas um relógio. Eles rastreiam seu desempenho, notificam suas metas e permitem que vocês comprem itens usando os pontos da classe. Classe C tem 100 pontos mensais. Lembrem-se, trabalho duro supera privilégio. Agora, sigam-me até a pista.

No campo de treinamento, a pista de corrida se estendia ao redor de uma vasta área com setores destinados a diferentes tipos de treino. Ivar apontou para a pista e gritou:

— Cinquenta voltas. Sem parar. Reclamações ou desistências resultam em punição. Façam agora, ou saiam da minha aula para sempre.

Os alunos começaram a correr. Nos primeiros 10 minutos, muitos ainda mantinham um ritmo constante, mas conforme as voltas aumentavam, alguns já demonstravam sinais de cansaço. Ronan, que havia treinado arduamente nos últimos dias, sentia a fadiga crescer, mas sua determinação não permitia que ele desistisse. Seus passos eram firmes, mesmo quando o calor escaldante fazia o suor escorrer pelo rosto.

Ao completar a 50ª volta, cinco alunos se destacaram por manterem o ritmo: Ronan, Arwin Hale, Marla Vinter, Edric Thornfield e Celine Faerwood. Tomas Greaves, embora esforçado, não conseguiu acompanhar o grupo, ficando para trás.

Ivar observou os cinco primeiros com um leve sorriso de satisfação.

— Vocês cinco, parabéns. Dois minutos de descanso antes dos duelos. Para os demais, continuem correndo até completar as voltas. Não tolero preguiça.

Ronan se sentou na arquibancada, tentando controlar sua respiração. Enquanto isso, os outros quatro também aproveitaram para se apresentar.

— Sou Arwin Hale. Minha família é conhecida por criar artefatos mágicos — disse o jovem de cabelo loiro e olhos verdes.

— Marla Vinter. Filha de um general de Althea — falou a garota de olhar afiado.

— Edric Thornfield. Comerciantes ricos. Nada demais — comentou Edric, com um sorriso despreocupado.

— Celine Faerwood. Prefiro não falar sobre minha família — disse a última, com um tom neutro.

Todos olharam para Ronan, esperando sua apresentação.

— Ronan Blake. Apenas isso — respondeu friamente, ignorando os olhares curiosos.

O grupo trocou olhares curiosos, mas antes que qualquer um pudesse perguntar mais, a voz autoritária de Ivar ecoou:

Formem pares. Duas pessoas por duelo. Quero combates sérios e mostrem o que aprenderam! Não me decepcionem.

Arwin se aproximou de Ronan enquanto se dirigia para Arena de duelo.

— Vamos lutar?

Ronan assentiu, enquanto segurava sua espada com firmeza enquanto analisava Arwin Hale, o primeiro adversário no duelo designado por Ivar. Ao redor deles, os outros estudantes da Classe C se aglomeravam, ansiosos por assistir à luta. A tensão era palpável no ar, e o silêncio no campo de treinamento amplificava cada movimento.

Arwin, um jovem de porte atlético com cabelos loiros e olhos verde-claros, exalava confiança. Ele segurava uma espada leve, claramente encantada com runas que brilhavam em um tom esverdeado. A leve brisa ao redor de seu corpo era uma indicação clara de seu elemento mágico: vento.

— Não leve para o lado pessoal, Ronan. Mas não vou pegar leve — disse Arwin, ajustando sua postura com um sorriso confiante. — Quero ver do que você é capaz antes de você ser derrotado.

Ronan manteve sua expressão fria. Com a espada em posição de guarda, respondeu em um tom baixo, mas afiado:

— Só verá se conseguir me forçar a isso.

Antes do duelo de Ronan e Arwin, Ivar fez questão de observar as lutas dos outros pares. Ele analisava cada detalhe, apontando falhas e elogiando os poucos méritos dos estudantes.

A primeira dupla foi Marla Vinter e Celine Faerwood. 

No centro do campo de treinamento, Marla Vinter e Celine Faerwood se posicionaram frente a frente. O ambiente estava carregado de expectativa, com os demais alunos formando um círculo ao redor para assistir ao embate.

Marla, de postura imponente, segurava sua espada larga com confiança. Seu cabelo preto curto balançava levemente na brisa. Seus olhos, afiados e analíticos, estavam fixos em Celine. Ela era conhecida por sua habilidade com magia de fogo, que combinava com sua agressividade natural em combate.

Celine, por outro lado, era mais reservada. Sua espada curta brilhava com encantamentos defensivos, e ela segurava um pequeno escudo reforçado com runas mágicas. Seus olhos azul-acinzentados refletiam calma e determinação. Sua especialidade era a magia de terra, uma habilidade menos ofensiva, mas extremamente eficaz para defesa e controle de campo.

Ivar, o professor, deu alguns passos à frente e ergueu a voz:

— O duelo começa agora. Mostrem o que aprenderam, mas mantenham-se dentro das regras.

Ele então deu um passo para trás, sinalizando o início da luta.

Marla não perdeu tempo. Com um movimento rápido, ela canalizou mana em sua espada, que começou a brilhar em um tom alaranjado. Chamas dançavam ao longo da lâmina, aumentando seu alcance e potencial destrutivo. Ela avançou com um golpe direto, visando romper a guarda de Celine.

Celine reagiu com precisão. Ela ergueu o escudo, canalizando mana de terra. Uma camada de pedras surgiu na superfície do escudo, reforçando-o contra o impacto. Quando a lâmina de fogo de Marla colidiu, uma explosão de faíscas e fragmentos de pedra iluminou o campo.

— Boa defesa, mas quanto tempo você pode aguentar? — provocou Marla, recuando apenas o suficiente para preparar outro ataque.

Celine não respondeu. Em vez disso, tocou o chão com a ponta de sua espada curta e canalizou mana. O solo ao redor de Marla tremeu, e estacas de pedra emergiram rapidamente, forçando-a a recuar para evitar ser atingida.

— Interessante — comentou Marla, desviando habilmente e avançando novamente.

Desta vez, Marla atacou com uma série de golpes rápidos, cada um acompanhado de pequenas explosões de fogo. Celine moveu-se com cuidado, bloqueando os ataques com seu escudo e utilizando sua magia para criar barreiras de terra em pontos estratégicos. Uma dessas barreiras absorveu um golpe direto, rachando sob o impacto, mas cumprindo seu propósito de atrasar Marla.

Celine finalmente contra-atacou. Após bloquear mais um golpe, ela canalizou uma grande quantidade de mana e pisou no chão com força. O impacto criou uma onda sísmica que desequilibrou Marla, obrigando-a a dar um passo para trás.

— Você não é só defensiva, afinal — admitiu Marla, sorrindo.

Celine aproveitou a abertura e avançou com sua espada curta. Embora suas habilidades ofensivas fossem limitadas, ela usou sua precisão para desferir um golpe rápido contra o flanco de Marla, que desviou por pouco.

Marla, agora em desvantagem momentânea, concentrou sua mana em um único golpe. Sua espada flamejante brilhou intensamente, e ela desferiu um corte poderoso em direção ao chão. A explosão resultante criou um círculo de chamas que afastou Celine, queimando parte das barreiras de terra que a protegiam.

Ambas estavam ofegantes, mas Marla percebeu que sua magia de fogo estava consumindo mais energia do que ela esperava. Por outro lado, Celine ainda parecia relativamente estável, sua magia de terra fornecendo resistência natural contra o desgaste.

Marla decidiu que precisava encerrar a luta rapidamente. Ela canalizou o resto de sua mana em um golpe final, envolvendo sua espada em chamas intensas. Avançando com toda a sua força, ela desferiu um golpe vertical que visava quebrar o escudo de Celine.

Celine, percebendo a ameaça, canalizou mana para formar uma última barreira de terra reforçada. Quando a lâmina de Marla atingiu o escudo, uma explosão de energia ecoou pelo campo. A barreira rachou, mas o impacto desestabilizou Marla, que tropeçou para trás.

Aproveitando a oportunidade, Celine girou sua espada curta e desarmou Marla com um golpe rápido, fazendo a lâmina flamejante cair no chão.

Ivar ergueu a mão, encerrando o duelo:

— Celine Faerwood é a vencedora.

Enquanto Marla recuperava a espada, visivelmente frustrada, Ivar começou sua avaliação:

— Marla, sua ofensiva é poderosa, mas você confia demais em sua magia. Contra um oponente que saiba controlar o campo, como Celine, isso pode ser um problema. Celine, sua defesa é impressionante, mas sua ofensiva é mínima. Trabalhe em usar sua magia de terra para criar oportunidades de ataque, não apenas para se proteger.

Ambas as garotas assentiram, absorvendo as críticas. Enquanto os espectadores murmuravam sobre a luta equilibrada, Ronan, que assistia de braços cruzados, analisava em silêncio. Ele entendia que o controle da mana era essencial, mas sabia que sua aura era algo único—uma vantagem que poderia superar essas limitações.

O professor Ivar ergueu sua voz severa, chamando os próximos combatentes.

— Edric Thornfield e Tomas Greaves, aproximem-se do centro da arena!

Edric caminhou até o centro com confiança, seu sorriso arrogante destacando sua superioridade. Ele brandia uma espada longa coberta por runas brilhantes de relâmpagos, sua especialidade. Tomas, por outro lado, mantinha uma expressão séria e focada. Ele segurava sua espada simples e gastada, a humildade de sua origem contrastando com a opulência de Edric.

Edric olhou para Tomas e zombou:

— Um plebeu como você não deveria nem estar aqui. Que vergonha eu ter que me rebaixar a lutar contra alguém tão insignificante.

Tomas apertou o punho em volta da espada, mas respondeu com calma:

— Vamos ver quem é insignificante no final.

Ivar ergueu a mão, sinalizando o início da luta.

— Comecem!

Edric foi o primeiro a atacar, avançando com velocidade enquanto sua espada emitia faíscas intensas. Ele desferiu um golpe horizontal que parecia cortar o ar, mas Tomas reagiu rapidamente. Ele cravou sua espada no chão, canalizando mana para levantar uma barreira de terra sólida que bloqueou o ataque.

— Interessante — comentou Edric, recuando com um sorriso. — Mas barreiras não vão te salvar por muito tempo.

Tomas, sem responder, ergueu a espada novamente. Com um movimento rápido, ele direcionou a mana de terra para o chão, criando pequenas estacas de rocha que dispararam na direção de Edric.

Edric girou sua espada, destruindo as estacas com a energia elétrica que cobria sua lâmina.

— Você acha que pedras podem me parar? Patético! — zombou Edric, avançando novamente.

Tomas manteve a calma. Ele sabia que sua força estava em sua resistência e no controle do terreno. Conforme Edric se aproximava, Tomas concentrou sua mana, endurecendo o solo sob seus pés para criar uma base sólida. Quando Edric desferiu um golpe vertical cheio de energia elétrica, Tomas desviou para o lado e contra-atacou com um poderoso soco no chão.

O impacto criou uma onda de choque que desequilibrou Edric, forçando-o a recuar.

— Então, você sabe usar o terreno a seu favor. Isso é bom, mas ainda não é suficiente! — gritou Edric, canalizando mais mana em sua espada.

Edric ergueu a lâmina, disparando um arco de eletricidade que cruzou a arena. Tomas tentou levantar uma nova barreira de terra, mas o ataque de Edric era rápido demais. A eletricidade atravessou parcialmente a defesa, atingindo o ombro de Tomas e o fazendo cambalear.

Edric viu sua oportunidade e investiu novamente, sua espada reluzindo como um raio. Tomas tentou criar um espinho de pedra sob os pés de Edric para atrasá-lo, mas o ataque foi insuficiente.

Com um golpe horizontal, Edric desarmou Tomas, jogando sua espada no chão. Ele apontou a lâmina brilhante para o peito de Tomas, enquanto pequenas faíscas dançavam ao redor da ponta da espada.

— Admito que você é mais resistente do que eu esperava, mas plebeus sempre perdem no final.

Ivar ergueu a mão para encerrar a luta:

— Edric Thornfield vence!

Tomas, ofegante e com leves queimaduras no ombro, abaixou a cabeça em aceitação. Embora derrotado, ele manteve sua dignidade intacta.

Ivar aproximou-se para comentar a luta:

— Edric, sua vitória foi convincente, mas você depende demais de ataques agressivos e gasta mana de forma imprudente. Em uma batalha mais longa, isso pode ser a sua queda.

Ele se voltou para Tomas:

— Tomas, sua estratégia é boa, e o uso do terreno foi inteligente. No entanto, você precisa trabalhar no tempo de reação. Barreiras e espinhos não são suficientes se não forem rápidas o bastante para deter um ataque.

O público estava dividido. Alguns admiravam a performance imponente de Edric, enquanto outros respeitavam a tenacidade de Tomas. Ronan, observando de longe, pensou consigo mesmo:

— Edric tem força, mas é impetuoso. Tomas tem controle, mas precisa de mais impacto. Nenhum deles está aproveitando todo o potencial de seus elementos.

Edric saiu da arena com um sorriso vitorioso, enquanto Tomas caminhou lentamente para as arquibancadas, exausto, mas com uma centelha de determinação em seus olhos. Ele sabia que essa derrota era apenas o começo de seu caminho para o crescimento.

O restante dos duelos se desenrolaram, mas foi desenteressante para Ronan, até que o momento do seu chegou

O professor Ivar ergueu sua voz severa, chamando os próximos combatentes.

— Ronan Blake e Tomas Greaves, aproximem-se do centro da arena!

Sob o sol escaldante, a arena de treino estava cercada por estudantes que se aglomeravam nas arquibancadas, atraídos pela promessa de um duelo emocionante. Ronan Blake e Arwin Hale tomaram seus lugares no centro do campo. Arwin, com seu porte confiante e olhos verdes calculistas, empunhava uma espada longa e bem equilibrada. Ao seu redor, pequenos redemoinhos de vento dançavam, evidenciando seu controle sobre o elemento.

Ronan, por outro lado, mantinha sua postura fria e reservada. Sua espada de treino estava firme em sua mão, mas sua expressão não revelava nenhuma emoção além de um foco inabalável. Enquanto o vento ao redor de Arwin sibilava, a presença de Ronan parecia silenciosa, quase ameaçadoramente calma.

Ivar, com seu olhar feroz, levantou o braço.

— Lutem! — sua voz ecoou pela arena.

Arwin foi o primeiro a atacar, avançando com uma estocada rápida. Ele canalizou mana para seus movimentos, e uma corrente de ar reforçou a velocidade de sua espada. O golpe parecia impossível de desviar para um combatente comum, mas Ronan, sem hesitar, moveu-se ligeiramente para o lado, escapando do ataque por um fio de cabelo.

— Interessante, você é rápido — comentou Arwin, recuando alguns passos e levantando a espada em uma guarda defensiva.

Ronan não respondeu. Em vez disso, ele ajustou sua postura, mantendo seu foco absoluto em Arwin. O silêncio do garoto o tornava ainda mais enigmático, o que começava a incomodar o confiante Arwin.

Decidindo aumentar a intensidade, Arwin ergueu sua espada com uma mão e estendeu a outra. Uma brisa começou a ganhar força ao seu redor, transformando-se em uma rajada de vento. Com um movimento abrupto, ele direcionou a rajada contra Ronan, que foi forçado a recuar para manter o equilíbrio.

— Achei que você fosse mais impressionante — provocou Arwin, enquanto o vento ao seu redor se intensificava.

Ronan finalmente se moveu. Ele correu em direção a Arwin, desviando de uma sequência de cortes impulsionados por vento. Cada golpe de Arwin era acompanhado por uma onda de ar que cortava o espaço como uma lâmina invisível. Ronan, no entanto, não parecia intimidado. Seus movimentos eram calculados, e ele usava o mínimo esforço necessário para evitar os ataques.

Então, algo mudou. Um leve brilho percorreu o corpo de Ronan enquanto ele se firmava no chão. Era sutil, mas quem prestava atenção podia perceber que ele estava canalizando sua aura.

Arwin, notando a mudança, aumentou ainda mais o fluxo de vento. Ele concentrou mana em sua espada, criando um vórtice ao redor da lâmina, e atacou diretamente. Dessa vez, Ronan não tentou desviar. Em vez disso, ele levantou sua espada e bloqueou o golpe.

Quando as lâminas se encontraram, um som ensurdecedor ecoou pela arena, acompanhado de uma onda de choque. Os ventos de Arwin colidiram com a aura de Ronan, criando uma pressão que obrigou os espectadores mais próximos a se protegerem com os braços.

— O quê?! — exclamou Arwin, surpreso com a força inesperada de Ronan.

Ronan o encarou com seus olhos frios, sua voz baixa mas carregada de intenção:

— Você depende demais do seu elemento vento para compensar sua falta de técnica.

A luta ganhou uma nova intensidade. Arwin usava sua magia de vento para aumentar sua mobilidade, movendo-se com velocidade quase sobre-humana. Ele lançava ataques rápidos e precisos de todos os ângulos, tentando sobrecarregar Ronan. Em resposta, Ronan ativava sua aura em pulsos curtos, fortalecendo seus bloqueios e aumentando a força de seus contra-ataques.

Em um momento crítico, Arwin pulou para trás, levantou a mão livre e concentrou mana. Uma corrente de vento começou a se formar, girando em alta velocidade. Ele a lançou como uma lâmina cortante em direção a Ronan.

Ronan respirou fundo, sentindo o fluxo de sua aura intensificar-se. Em vez de tentar desviar, ele canalizou energia para sua espada e golpeou a lâmina de vento diretamente. O impacto gerou uma explosão que levantou poeira e obrigou os espectadores a se protegerem novamente.

Quando a poeira baixou, Ronan estava de pé, ileso. Sua aura agora emanava mais fortemente, e sua presença parecia crescer.

Arwin, cansado pelo uso contínuo de mana, começou a mostrar sinais de fadiga. Ele tentou mais uma investida, mas Ronan leu seu movimento antes mesmo que ele pudesse concluí-lo. Com um passo rápido, Ronan se posicionou atrás de Arwin, sua aura pulsando como nunca antes.

Arwin virou-se, mas era tarde demais. Ronan desferiu um golpe preciso, desarmando-o. A espada de Arwin voou para o chão, e Ronan encostou a lâmina de sua espada no pescoço de seu oponente.

— Acabou. — A voz de Ronan era baixa, mas carregada de autoridade.

Arwin ficou parado, ofegante, enquanto o público assistia em silêncio atônito. O contraste entre a magia impressionante de Arwin e a força crua e técnica refinada de Ronan era claro. Ivar ergueu a mão, encerrando o duelo.

— Vitória de Ronan Blake! — anunciou o professor, sua voz ecoando pelo campo.

Ronan abaixou a espada e caminhou em direção às arquibancadas sem olhar para trás. Arwin, ainda ofegante, recolheu sua espada e olhou para Ronan com um misto de respeito e frustração.

— Você é diferente, Ronan — admitiu ele, massageando o ombro. — O que foi aquilo?

Ronan não respondeu, limitando-se a um olhar frio antes de se sentar nas arquibancadas.

Ivar, por sua vez, aproximou-se e começou a analisar a luta.

— Arwin, sua magia é impressionante, mas você depende demais dela. Sem o vento, sua técnica de espada é medíocre. Trabalhe nisso. — Ele então voltou-se para Ronan. — Blake, sua habilidade de leitura e antecipação é rara, e sua força surpreendeu até a mim. Continue nesse ritmo, mas cuidado para não se tornar arrogante.

Com isso, a última luta e aula acabou , deixando todos os presentes cientes de que, apesar de estar na Classe C, Ronan não era alguém a ser subestimado.

Quando Ivar finalmente anunciou o fim da aula, o alívio era quase palpável entre os alunos. Muitos se arrastaram para fora do campo, exaustos e ainda tentando processar as lições do dia. Ronan, por outro lado, permaneceu calmo, apesar do cansaço evidente em seus músculos. Ele manteve sua postura firme e saiu do campo com passos controlados, como se cada movimento fosse parte de uma coreografia calculada.

Enquanto outros alunos se dispersavam em grupos ou caminhavam para os dormitórios, Ronan seguiu diretamente para sua área de treinamento habitual. O espaço era uma seção menos frequentada do campo de treinamento, isolada o suficiente para que ele pudesse treinar em paz sem distrações.

Quando a aula terminou, Ivar dispensou os alunos, mas não sem antes deixar palavras duras e inspiradoras.

— Lembrem-se: a força não vem de talentos inatos, mas do esforço contínuo. Quem não está disposto a sangrar e suar, não tem lugar aqui. Estão livres por agora, mas sugiro que usem bem o tempo até a próxima aula.

Ronan, com o olhar frio e determinado, deixou o campo junto aos outros, mas em vez de seguir para a cantina ou os dormitórios como muitos fizeram, dirigiu-se ao setor de treinamento. Ele estava mentalmente exausto pela batalha com Arwin, mas algo dentro dele o impelia a continuar. "Se eu não treinar, estarei desperdiçando a chance de crescer," pensou.

O campo de treinamento estava parcialmente vazio, com apenas alguns alunos praticando em áreas específicas. Ronan escolheu o mesmo espaço que havia usado nos últimos dias, um canto isolado próximo às estantes de armas.

Segurando sua espada de madeira, ele assumiu a posição inicial. Fechou os olhos por um momento, sentindo o peso da arma em suas mãos e o fluxo da aura percorrendo seu corpo. A cada movimento, ele se lembrava das instruções de Aegis e visualizava os passos da técnica "Ira do Vazio."

— Controle sua mente e seu corpo. Sinta o fluxo, mas não se deixe dominar pela raiva — sussurrou para si mesmo.

Cada golpe, cada defesa, e cada deslocamento de pés era feito com precisão e intensidade. A aura pulsava levemente, acompanhando seus movimentos, reforçando cada impacto. Ele repetiu os padrões incansavelmente, alternando entre movimentos básicos e tentativas de integrar os passos mais avançados da "Ira do Vazio."

DING!

De repente, um som familiar ecoou em sua mente. Uma mensagem translúcida apareceu diante de seus olhos:

"Parabéns! Através de treinamento intenso e repetição dedicada, você aprimorou sua habilidade de Esgrima."

"Habilidade 'Esgrima' promovida para . Você ganhou +2 FOR, +1 AGI, +50 EXP."

"Pontos de Distribuição adquiridos: +3."

Ronan parou por um momento, respirando fundo. Seu corpo estava suado e exausto, mas uma sensação de progresso o impulsionava a continuar. Ele leu a mensagem e murmurou:

— Um pequeno progresso... mas é o suficiente por agora.

De Volta ao Dormitório

Satisfeito com o treinamento, Ronan guardou a espada e voltou ao dormitório. O céu começava a se tingir de laranja enquanto o sol se punha no horizonte. Ele caminhou em silêncio, ignorando os olhares curiosos e murmurinhos de alguns alunos pelo caminho. Ao chegar em seu quarto, retirou as roupas sujas e tomou um banho quente, permitindo que a água lavasse o suor e a tensão acumulada no corpo.

Vestindo roupas limpas, sentou-se na cama e abriu a janela de status. A mensagem do sistema ainda ecoava em sua mente enquanto ele observava os números atualizados.

========< JANELA DE STATUS >======== Nome: Ronan Blake

Idade: 12

Altura: 163 cm

Classe: —

Talento: Rank

Elementos: —

Habilidades:

Aura:

Trabalho de Pés:

Esgrima:

Ira do Vazio:

Nível: 2 {200/1000 EXP}

======< ESTATÍSTICAS DO USUÁRIO >======

VIT: 8

FOR: 12

INT: 14

AGI: 11

MGP:

AUR: 1

Pontos de Distribuição: 3

========================================

Ronan analisou os pontos de distribuição com cuidado. Ele sabia que cada escolha impactaria sua força futura. Após ponderar por alguns minutos, decidiu:

— Força é essencial para minha ofensiva, e agilidade para acompanhar a velocidade dos meus oponentes. Mas eu também preciso de vitalidade para suportar golpes. Vou distribuir os pontos equilibradamente.

Ele alocou os pontos da seguinte forma:

+1 em FOR, +1 em AGI e +1 em VIT.

========< JANELA DE STATUS ATUALIZADA >========

Nome: Ronan Blake

Idade: 12

Altura: 164 cm

Classe: —

Talento: Rank

Elementos: —

Habilidades:

Aura:

Trabalho de Pés:

Esgrima:

Ira do Vazio:

Nível: 2 {200/1000 EXP}

======< ESTATÍSTICAS DO USUÁRIO >======

VIT: 9

FOR: 13

INT: 14

AGI: 12

MGP:

AUR: 1

Pontos de Distribuição: 0

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Ronan analisou as mudanças em seu corpo após alocar os pontos. Sua vitalidade crescente não apenas aumentava sua resistência física, mas também parecia alterar sua estatura. Ele percebeu que sua altura agora era de 164 cm, um centímetro a mais do que no início do dia. Era uma mudança sutil, mas para alguém que treinava intensamente e estava atento a cada detalhe de sua evolução, não passou despercebida.

Ele tocou o próprio braço, sentindo os músculos mais firmes, e percebeu que sua postura estava mais ereta. A melhoria em sua vitalidade não apenas contribuía para sua força física, mas parecia refinar sua estrutura corporal, fortalecendo ossos, pele e músculos.

Deitado em sua cama, ele refletiu sobre o impacto desse crescimento.

— Se minha altura e constituição aumentam conforme minha vitalidade cresce, então, em níveis mais altos, meu corpo será completamente diferente. É como se o sistema estivesse moldando uma versão ideal de mim mesmo.

A voz de Aegis ecoou em sua mente, interrompendo seus pensamentos:

— É exatamente isso, garoto. O sistema responde ao seu progresso. Mas lembre-se, com poder vem responsabilidade. Não deixe que essa transformação nuble sua mente; mantenha o foco em seus objetivos.

Ronan assentiu silenciosamente, um leve sorriso surgindo em seus lábios. Ele sabia que cada esforço o aproximava de algo maior. Fechando os olhos, sentiu o peso do dia em seus músculos, mas também o prazer do progresso.

— Amanhã será outro dia... e eu estarei mais forte.

Ele fechou a janela com um leve sorriso. Embora soubesse que o caminho seria longo, o progresso era um lembrete de que cada esforço valia a pena. Deitou-se na cama, fechando os olhos.

Antes de adormecer, ouviu a voz de Aegis ecoando em sua mente:

— Bem feito, garoto. Com disciplina e perseverança, você está no caminho certo. Lembre-se, a verdadeira força vem da capacidade de suportar a dor e ainda assim seguir em frente.

Ronan murmurou baixinho:

— Hoje foi cansativo... mas estou pronto para o amanhã.