O silêncio na arena ainda era palpável mesmo após a saída de Ronan. Cada passo seu parecia ecoar pelo caminho vazio, como se a própria academia estivesse reagindo ao que havia testemunhado. Os olhares dos estudantes eram mistos — admiração, medo e, em alguns casos, pura hostilidade.
Enquanto Ronan caminhava em direção ao dormitório, uma notificação piscou em seu relógio digital:
DING!
Aviso do Sistema:
Sua conduta durante o duelo foi classificada como excessiva. A ativação descontrolada de "Ira do Vazio" resultou em danos irreversíveis ao oponente. Penalidade aplicada: -100 Pontos de Classe.
Ronan leu a mensagem com uma expressão fria. Ele entendia as consequências de suas ações, mas para ele, a perda de pontos era insignificante comparada à lição que havia ensinado a Edward.
De volta ao campo de treinamento de esgrima, Ronan refletia sobre o duelo enquanto praticava. Ele sentia o peso de seus olhos vermelhos e da intenção assassina que havia liberado. A voz de Aegis ecoou em sua mente:
— Você está deixando a "Ira do Vazio" consumi-lo. Se não aprender a controlá-la, ela o destruirá.
Ronan respondeu mentalmente:
— Não é a técnica que me consome, é o mundo que exige isso de mim.
Aegis permaneceu em silêncio por um momento antes de responder:
— Então prove que você pode dominar o caos. Apenas sobreviver não é suficiente.
Enquanto Ronan mergulhava nos movimentos precisos da esgrima, a tensão em seu corpo parecia dissipar-se gradualmente. Cada golpe, cada desvio, era como uma dança meticulosamente planejada. A brisa fria do campo de treinamento fazia sua camisa leve ondular, mas sua mente estava focada em um único objetivo: controle.
Os ecos das palavras de Aegis ainda pairavam em sua mente. O duelo com Edward fora um lembrete brutal de que, mesmo com todo seu progresso, ele estava longe de dominar completamente a "Ira do Vazio". No entanto, ele via isso como um estímulo. A dor, o sangue e o medo eram os caminhos para a força que ele almejava.
Seus pensamentos foram interrompidos por passos firmes que se aproximavam. Ele girou rapidamente, sua mão instintivamente indo para a espada. No entanto, quando viu quem era, relaxou — parcialmente.
Selene Valkyria estava ali, acompanhada por dois outros membros do conselho estudantil: Lucinda e Elena. A presença de Selene era imponente como sempre, com seus cabelos pretos brilhando sob a luz pálida e seus olhos verdes fixos em Ronan. Lucinda mantinha seu sorriso provocador de sempre, enquanto Cedric parecia mais contido, seus braços cruzados e o olhar analítico.
— Ronan Blake — começou Selene, sua voz firme cortando o silêncio do campo. — Não achou que a penalidade aplicada seria o fim disso, achou?
Ronan a encarou por um momento antes de responder, sua voz tão fria quanto o vento ao redor:
— Não me importo com os pontos ou com o que vocês pensam.
Lucinda soltou uma risada baixa, quebrando a tensão momentaneamente.
— Ele é direto, vou dar isso a ele. — Comentou ela, olhando para Selene.
Elena no entanto, franziu o cenho.
— Você pode não se importar, Ronan, mas sua conduta não reflete apenas em você. Esta academia é um sistema, e aqueles que não seguem as regras enfrentam as consequências.
Ronan estreitou os olhos, sua paciência começando a se esgotar. Ele sabia que a conversa não era apenas uma repreensão, mas uma tentativa de testá-lo.
— Se vocês vieram até aqui apenas para pregar sobre regras, estão perdendo tempo. Eu tenho coisas mais importantes para fazer.
Selene lançou um último olhar para Ronan antes de se virar, seus cabelos pretos balançando enquanto caminhava com os outros membros do conselho estudantil. Sua postura era firme, e sua voz cortou o silêncio do campo de treinamento como uma lâmina afiada.
— Esteja avisado, Ronan. — Disse ela com frieza, sua entonação carregada de uma autoridade inquestionável.
Ronan permaneceu impassível, observando enquanto Selene e seus acompanhantes desapareciam pelo corredor. Arwin, que havia permanecido em silêncio até então, finalmente quebrou o momento, sua curiosidade evidente.
— Quem eram eles? E o que foi isso?
Ronan desviou o olhar lentamente, sua expressão fria não dando margem a interpretações.
— Nada com que se preocupar.
Arwin franziu o cenho, claramente insatisfeito com a resposta vaga, mas decidiu não insistir. Ele respirou fundo e tentou mudar o foco.
— Certo, então... Vamos ao treino?
Ronan assentiu com um movimento curto de cabeça, pegando sua espada e se posicionando no centro do campo. Arwin o seguiu, e os dois começaram uma sessão intensa. Enquanto Arwin praticava os fundamentos, melhorando sua postura e precisão, Ronan estava focado em refinar suas técnicas avançadas, incluindo a "Ira do Vazio" e a "Lâmina Tempestuosa".
O som de espadas colidindo ecoava pelo campo, misturando-se com os comandos curtos e incisivos que Ronan oferecia a Arwin. Apesar de sua exaustão, Arwin estava determinado a acompanhar o ritmo de Ronan.
Quando faltavam vinte minutos para o início da próxima aula, Ronan parou abruptamente, baixando sua espada e limpando o suor da testa.
— Vou ao refeitório fazer minha refeição. Depois da aula, continuamos.
Arwin assentiu, ofegante. — Certo. Vou para o meu dormitório por enquanto.
Ronan seguiu em direção ao refeitório. O ambiente estava movimentado, com estudantes rindo e conversando, mas o burburinho mudou de tom assim que ele entrou. Olhares discretos se voltaram para ele, e os sussurros começaram. Palavras como "monstro", "intenção assassina" e "duelo com Edward" pairavam pelo ar.
Entre os grupos, o dos 12 Heróis era o mais notório. Lucinda, sempre com seu sorriso provocador, foi a primeira a comentar:
— Ele parece nem se importar com o que aconteceu. É assustador, de certa forma.
Elena, no entanto, permaneceu em silêncio, seus olhos verdes seguindo cada movimento de Ronan enquanto ele pegava sua bandeja e escolhia sua refeição. Sua expressão era difícil de decifrar, mas havia algo em seu olhar — talvez curiosidade, talvez algo mais profundo.
Ronan ignorou os olhares e os murmúrios, movendo-se com a mesma calma calculada de sempre. Ele se sentou em uma mesa isolada, comeu rapidamente e, verificando o relógio digital, percebeu que tinha apenas alguns minutos antes da próxima aula. Sem perder tempo, levantou-se e seguiu para sua sala de aula.
Ao entrar na sala, Ronan percebeu que os olhares continuavam. Alguns estudantes cochichavam entre si, enquanto outros simplesmente o observavam com expressões mistas de medo e respeito. Ele ignorou todos, caminhando para seu lugar habitual no fundo da sala.
Poucos minutos depois, a professora entrou. Ela era uma mulher alta, de cabelos curtos e brancos como neve. Seus olhos eram de um azul intenso, quase brilhante, e sua presença imediatamente impôs silêncio na sala. Sua voz era calma, mas carregada de autoridade.
— Bom dia, turma. Meu nome é Astrid Lerna, e sou a responsável por ensinar-lhes sobre o fascinante e complexo mundo das Runas Mágicas.
Ela caminhou lentamente até a frente da sala, parando para encarar os estudantes antes de continuar.
— As runas são mais do que símbolos gravados. Elas são a manifestação do poder mágico em sua forma mais pura e podem ser utilizadas de diversas maneiras. Hoje, vamos focar nos dois tipos principais: Runas de Defesa e Runas de Artefato.
Astrid fez um gesto com a mão, e um círculo mágico brilhante apareceu no chão, envolvendo-a.
— As Runas de Defesa — explicou ela, apontando para o círculo — são usadas para criar barreiras mágicas que protegem o conjurador ou um local específico. Elas são indispensáveis em combates, principalmente contra ataques mágicos.
Com outro movimento, ela fez um pequeno artefato surgir em sua mão — um pingente gravado com símbolos complexos que brilhavam levemente.
— Já as Runas de Artefato são gravadas em objetos para imbuí-los com poderes específicos. Desde armas encantadas até itens utilitários, como este pingente, que permite ao portador respirar debaixo d'água por tempo limitado.
Os estudantes estavam fascinados, alguns anotando freneticamente enquanto Astrid falava. Edric levantou a mão.
— Professora, há limites para o número de runas que podem ser gravadas em um único objeto?
Astrid assentiu.
— Sim. O número depende da capacidade do material e da habilidade do runólogo. Materiais de baixa qualidade não suportam runas complexas, e até mesmo mestres enfrentam desafios para gravar múltiplas runas sem causar instabilidade.
Outro aluno, Tomas, ergueu a mão.
— E quanto às barreiras? Há algo que as runas de defesa não conseguem bloquear?
Astrid sorriu levemente, apreciando o interesse.
— Runas de Defesa são extremamente versáteis, mas não invulneráveis. Ataques de alta intensidade ou com propriedades específicas podem sobrecarregar ou até romper uma barreira mágica.
Celine, que estava sentada ao lado de Marla, ergueu a mão com um olhar curioso.
— Professora, runas podem ser usadas em combate direto?
— Sim, Celine. — Respondeu Astrid, pegando um pequeno pergaminho. — Por exemplo, pergaminhos mágicos com runas gravadas podem ser ativados instantaneamente, liberando feitiços poderosos. Esses pergaminhos são classificados por níveis:
Nível 1: Eficaz contra monstros de classe F e E.Nível 2: D e C.Nível 3: B e A.Nível 5: Classe S.
Marla, com um olhar intrigado, perguntou:
— Professora, existe alguma energia além da mana que pode ser usada em runas?
A sala ficou em silêncio. Astrid hesitou por um momento antes de responder.
— Tecnicamente, não. Runas dependem exclusivamente da manipulação de mana para funcionar.
Nesse momento, Ronan ergueu a mão, quebrando o silêncio. Astrid indicou que ele falasse.
— E quanto à integração com aura? — Ele perguntou, sua voz firme e direta.
Os estudantes na sala franziram o cenho, confusos. Aura? A maioria nunca tinha ouvido falar disso. Astrid pareceu momentaneamente surpresa, mas respondeu com cautela.
— Aura é algo raro e pouco documentado. Alguns teóricos dizem que é possível integrar aura em runas, mas essa técnica não foi amplamente explorada. Combinar duas fontes de energia pode ser incrivelmente poderoso, mas também perigosamente instável.
Os olhares agora estavam voltados para Ronan, a curiosidade evidente. Ele, no entanto, não parecia se importar com a atenção. Sua mente já trabalhava em como aplicar o conceito em sua espada.
A aula continuou com atividades práticas, mas os murmúrios sobre a pergunta de Ronan e sua menção à aura ecoaram pela sala até o final do período.
Após o término da aula, Ronan se levantou de sua cadeira com a mesma postura firme e fria que sempre mantinha. Ele se dirigiu para a saída com passos calculados, enquanto outros alunos trocavam olhares e sussurros ao vê-lo passar. A cada passo, seu foco estava em uma única coisa: aprimorar suas habilidades. No entanto, quando estava prestes a sair do corredor principal, uma voz familiar o interrompeu.
— Então, vamos ao treino? — Arwin apareceu ao seu lado, com um leve sorriso que denunciava sua animação.
Ronan assentiu brevemente, sem mudar sua expressão. Ambos seguiram pelos caminhos sinuosos que levavam aos campos de treinamento, onde a luz do final da tarde pintava o céu em tons alaranjados. Ao chegarem ao local combinado, Ronan retirou sua espada e a segurou com firmeza, seu olhar fixo e determinado.
— Hoje, vamos trabalhar em aprimorar as bases, mas também testarei a fluidez em combate com sua esgrima — disse Ronan, sua voz carregada de autoridade, mesmo em sua juventude.
Arwin assentiu, posicionando-se. — Estou pronto.
Ronan deu uma rápida olhada na notificação antes de focar novamente no treinamento. Seu progresso era evidente, e Arwin, mesmo ofegante, não pôde deixar de notar.
— Você melhorou... de novo? Como consegue evoluir tão rápido? — perguntou Arwin, com as mãos nos joelhos enquanto recuperava o fôlego.
Ronan guardou sua espada e respondeu friamente: — Treino consistente e foco absoluto. Só isso.
Arwin apenas balançou a cabeça, um sorriso exausto surgindo em seus lábios. — Você realmente é um monstro.
Após concluírem o treino, ambos seguiram de volta para seus respectivos dormitórios. Ronan caminhava em silêncio pelos corredores, enquanto seu corpo começava a sentir o cansaço do dia intenso. Ao entrar em seu dormitório, ele retirou seu uniforme e deixou a água quente do chuveiro relaxar seus músculos tensionados. O vapor preenchia o banheiro, mas sua mente não desacelerava.
Pensamentos sobre o treino, os olhares na sala de aula e os desafios que ainda estavam por vir preenchiam sua mente. Ele sabia que, para alcançar seus objetivos, precisaria se superar a cada dia.
Após o banho, vestiu roupas leves e se sentou a sua cama, onde ativou sua janela de atributos. A tela brilhante mostrou seus atributos atualizados e os pontos de distribuição disponíveis. Ronan analisou cada estatística com cuidado, ponderando onde investir os novos pontos ganhos.
Pontos de Distribuição Disponíveis: 9 Planejamento de Investimento:+2 em VIT, para melhorar ainda mais sua resistência física.+3 em AGI, visando aumentar sua velocidade e reflexos em combate.+2 em FOR, para aprimorar sua força bruta nos golpes.+2 em INT, para refinar sua capacidade estratégica e manipulação de habilidades mágicas.
Ele confirmou a alocação, sentindo um leve calor percorrer seu corpo enquanto as mudanças eram aplicadas.
JANELA DE STATUS ATUALIZADA
========< JANELA DE STATUS ATUALIZADA >========
Nome: Ronan Blake
Idade: 12
Altura: 172 cm (+2 cm devido ao aumento de VIT)
Classe: Espadachim de Aura
Talento: Rank
Elementos: 8
Habilidades:
Aura:
Nível: 5 {150/3000 EXP}
======< ESTATÍSTICAS DO USUÁRIO >======
VIT: 34 (+2 devido à conclusão de missões e aprimoramento)
FOR: 21 (+2 devido ao treino intenso e duelo)
INT: 25 (+2 devido à adaptação da técnica e cálculo estratégico no duelo)
AGI: 31 (+3 devido à alocação de pontos)
AUR: 20
Resumo das mudanças:
Altura aumentada para 172 cm devido ao acréscimo de VIT.Atributos atualizados com base na alocação recente de pontos e progressos registrados.Ira do Vazio aprimorada para
Ronan olhou para o reflexo em um pequeno espelho próximo, percebendo sutilmente como seu corpo parecia ainda mais forte e definido. Ele sabia que esses números eram apenas uma representação de seu progresso, mas, ao mesmo tempo, eram um lembrete de que estava cada vez mais próximo de seus objetivos.
Ronan olhou para o reflexo em um pequeno espelho próximo, percebendo sutilmente como seu corpo parecia ainda mais forte e definido e sua altura também tinha aumentado. Ele sabia que esses números eram apenas uma representação de seu progresso, mas, ao mesmo tempo, eram um lembrete de que estava cada vez mais próximo de seus objetivos.
Com a mente mais leve e seu corpo relaxado após o banho, Ronan deitou-se em sua cama. O cansaço do dia o envolveu como uma manta, mas antes que seus olhos se fechassem, a voz de Aegis ecoou novamente:
— Você está progredindo, mas não se esqueça, Ronan: o verdadeiro desafio ainda está por vir.
Ronan não respondeu, mas um pequeno sorriso frio surgiu em seus lábios. Ele sabia que Aegis estava certo, mas não havia dúvidas em sua mente de que estava preparado para enfrentar qualquer obstáculo.
Com esses pensamentos, ele adormeceu profundamente, deixando o mundo das preocupações para trás enquanto seu corpo recuperava forças para mais um dia de batalhas e conquistas.