"Ewan, eu quero o divórcio."
Atena falou, encontrando sua voz um minuto depois de ver seu marido, Ewan, e sua autoproclamada melhor amiga, Fiona, em uma posição íntima no sofá longo, preto, felpudo em forma de L, com detalhes dourados na sala de estar.
Que bom marido abandonaria sua esposa no luto hoje? Que bom marido escolheria seu trabalho — ou melhor, agora amante — a passar pelo menos cinco minutos para lamentar com sua esposa pela morte de sua mãe? Que bom marido era tão insensível?
Vê-los trouxe à sua lembrança a imagem nada lisonjeira, porém angustiante, que Fiona havia enviado há dois dias; de Ewan dormindo na casa de Fiona, em sua cama, entrelaçado com ela.
Atena estava além de machucada naquele momento, mas agora ela apenas soltou uma risada sarcástica.
Divórcio?
Atena sempre pensou nisso como um evento abstrato, relegado a certas pessoas, mas não ela. No entanto, naquele momento, essa era a única coisa que ela queria fazer. Oh, as marés da vida!
Ela observou agora enquanto Fiona lhe lançava um olhar fulminante antes de deslizar para fora dos braços de Ewan que tinha se virado preguiçosamente para ver o perturbador de sua paz.
"O que você acabou de dizer, Atena?" Ewan perguntou, ajeitando-se corretamente no sofá, seu semblante, uma tela de indiferença. Um observador pensaria que ele estava perguntando sobre o tempo, ou indagando sobre as horas.
"Cheguei ao meu limite, Ewan. Conceda-me o divórcio." Atena respondeu, reprimindo a dor e a agonia que ameaçavam mascarar seu rosto ao ver Fiona deslizar sua mão direita na palma aberta de Ewan.
Era aquilo um gesto de solidariedade? Atena não tinha certeza, mas isso a doía mais; seu coração se despedaçava mais ainda quando Ewan se fechava e cobria a mão de Fiona com uma atitude que sugeria normalidade.
Atena se sentiu fraca, mesmo assim, se manteve firme, optando por ver o fim daquela questão ali mesmo, antes de desaparecer para lamentar duas perdas. Ela acreditava que não tinha escolha naquele momento.
Vendo que Ewan não se importava com suas emoções, na verdade nunca se importou, seria estúpido da parte dela desabar em lágrimas diante deles. Sua tolice e ingenuidade de três anos acabaram aqui. Ela não tinha mais o desejo de descongelar o gelo que era Ewan Giacometti.
"Eu te disse desde o começo." Ewan começou, fazendo círculos lentos e suaves na palma de Fiona.
Um ato, que Atena engoliu bravamente diante da dor avassaladora que a atacava o coração, sem piscar.
"Não haveria uma saída fácil deste casamento. Não até eu conseguir o que quero de você e esse dia parece estar longe. Infelizmente, por mais clichê que possa parecer, você fez essa cama e nós dois temos que deitar nela."
"Não posso mais viver assim, Ewan. Sim, eu, estúpida, fiz a cama, mas acho que devemos nos livrar da cama agora. Não faz sentido deitar nela outra vez." Atena tentou o humor sombrio com uma risada, encostando-se negligentemente a uma parede, escolhendo adotar a expressão indiferente que seu esposo estava exibindo. Ela sabia que não podia recuar nesse momento.
Em seus lábios havia um sorriso frio que irritava profundamente Fiona, e em seus olhos uma mistura de ódio puro e raiva que perturbava Ewan profundamente.
Ewan se levantou então, tão instantâneo e agressivo — a primeira rachadura em sua expressão indiferente — que a mão direita de Atena voou inconscientemente sobre seu estômago.
Essa ação não passou despercebida por Fiona, cujas engrenagens mentais já estava em movimento.
"Você acha que eu estou feliz em estar com você?" Ewan perguntou, incapaz de disfarçar o tremor em sua voz, ainda em um incrédulo superficial que Atena queria descartá-lo nonchalantly.
O amor dela foi falso todo esse tempo? Bem, ela não era a filha de seu pai?
"Eu também preciso de um divórcio, esposa. Mas primeiro, você precisa dar à luz a um filho para o seu pai, para que ele possa me devolver minha propriedade." Ele diminuiu a distância entre eles enquanto soltava essa bomba.
Atena franziu a testa, não entendendo sobre que propriedade Ewan estava falando. "Do que você está falando, Ewan?"
"A criadora analfabeta finge ignorância."
Atena se irritou com o comentário maldoso de Fiona, mas não mordeu a isca.
Ignorando a provocação sobre seu status educacional, outra crueldade da vida para ela, ela se concentrou nos outros dois fatores perturbadores. Criadora? Propriedade? Sobre que esses dois idiotas estão falando?
Ela pensou que a obsessão de Ewan por um filho tinha sido por causa da manutenção de sua linhagem nobre, e para cimentar ainda mais a união das duas empresas que estavam em desacordo uma com a outra desde sempre. No entanto, ela estava começando a pensar que havia mais na história, mais que seu pai tinha mantido escondido dela.
Este conhecimento a impeliu a apertar sua mão sobre seu estômago, como se para proteger a criança que ela recentemente descobriu ter se abrigado em seu ventre.
Atena recebeu a grande notícia dois dias atrás, mas decidiu mantê-la em segredo até depois do funeral da mãe. Ela, tola, pensou que poderia aquecer o coração frio de Ewan com a notícia, mas com essas novas revelações, ela sabia que isso era impossível.
Ela não sabia do papel de seu pai em seu casamento, apenas que ele havia a persuadido, sua única filha, a casar com Ewan, mas ela não deixaria seu filho nas mãos de dois homens frios.
"Você quer ir embora?" Ela ouviu Ewan perguntar, sua voz recuperando sua qualidade fria e distante.
Ela assentiu lentamente com a cabeça, mantendo o olhar dele, imperturbável quando seus olhos azuis escureceram com raiva por sua resposta.
"Então me dê um filho. Até então, tire esse pensamento de divórcio da cabeça. Esperançosamente, seu ventre estéril terá piedade de nós e conceberá após esta noite."
"De jeito nenhum! Eu nunca nunca-"
Mas antes que Atena pudesse terminar sua declaração, Ewan, com uma velocidade e agilidade insanas, para surpresa das duas mulheres, carregou Atena nos ombros e caminhou irritadamente em direção ao quarto deles.