Iskren pairava no centro da destruição em um bloco de metal, seus olhos múltiplos girando como engrenagens em uma máquina infernal. Cada um deles via algo diferente: o brilho crescente de Elys, a calmaria calculada de Kaelos, e a devastação ao seu redor. Apesar de sua aparência monstruosa, sua mente era um oceano de lógica fria.
"A luz está crescendo... Mas por quê? Não é só força, é algo mais. Esse corpo... tem algo de errado. Ela se move de uma forma estranha, quase... bizarra. O que isso significa? Não sei. O que importa é que, a cada segundo, ela fica mais perigosa. Se eu esperar, vou acabar morrendo."
Ele analisava Elys como um predador estudando sua presa, mas Kaelos o incomodava mais.
"Kaelos... Você está escondendo algo. Nunca foi tão paciente assim. O que você sabe que eu não sei? Por que não avança? E essa espada? Eu fiz, fiz uma porcaria pra você, como uma zombaria, mas você a segura como se fosse algo importante. Ela é mais que isso, não é? Ela carrega algo... algo que pode me matar."
Iskren se forçava a focar na luz. Ele sabia que Elys crescia rapidamente e que não tinha tempo a perder.
"Se eu me concentrar nela, posso matá-la antes que fique mais forte. Mas Kaelos sabe das minhas fraquezas. Ele me pegaria assim que eu vacilasse. Porra! Isso é uma armadilha, né? Eles sabem que tenho que escolher. Mas... e se eu não escolher? E se eu jogar com o tempo? Eles são mais fracos que eu. Só preciso que um deles erre."
Elys permanecia imóvel, mas dentro dela a luz pulsava como uma estrela à beira de explodir. Ela entendia que o tempo estava contra ela, mas isso era irrelevante. Cada segundo significava poder. Cada batida de energia a tornava menos vulnerável, menos limitada.
"Iskren está observando, esse tolo. Ele não percebe que este corpo já está morto, e só descobrirá quando for tarde demais. Minha prioridade é eliminá-lo antes que sua escuridão me consuma. Mas... há Kaelos. Ele está esperando algo. Por que não avança? Por que não ataca? Não é de seu feitio ser tão paciente. Nunca foi."
A luz dentro dela fervilhava, quase queimando o próprio corpo.
Kaelos tem algo em mente. Ele sabe que estou morrendo, mas não parece preocupado. Isso significa que ele acredita que pode me derrotar depois de Iskren. Arrogância ou confiança? Não importa. Ele é imprevisível. Preciso forçá-lo a agir. Se ele usar todo o seu poder para lutar contra mim ou contra Iskren, ficará vulnerável. A espada que ele carrega pode ser o maior problema para mim, mas também pode ser minha arma contra ele. Preciso atrair Iskren para um ataque total, usar Kaelos como distração e destruí-los juntos.
Seu novo braço de luz brilhou intensamente, uma ameaça silenciosa.
"Ele me subestima porque este corpo está morrendo. Mas é justamente isso que me torna mais perigosa; posso até mesmo me matar se quiser. Antes que ele desmorone, eu os destruirei. Mesmo que precise queimá-los até as cinzas."
Kaelos era uma estátua em meio ao caos, seus olhos fixos nos dois adversários. A espada em suas mãos pulsava com uma energia que ele entendia apenas em partes. Ele sentia o poder da luz, um paradoxo em seu ser sombrio. Mas isso não o preocupava. O que o preocupava eram as variáveis diante dele.
"Elys está morrendo, isso é óbvio, cada movimento dela grita isso, mas Iskren não percebe, está obcecado com o crescimento dela, sem saber que é temporário, isso me dá uma vantagem, posso esperar, deixá-la fazer o trabalho sujo, mas se Iskren cair, a luz vai se voltar para mim, e aí todo o foco será meu."
Kaelos apertou a espada, sentindo seu peso aumentar.
"Iskren sabe que a espada é uma ameaça, mas não faz ideia do porquê, ele deve me ver como o mais fraco aqui, mas eu não preciso que ele morra agora, se ele cair, minhas limitações vão começar a desaparecer, isso é bom... mas não agora, se eu recuperar meu poder muito cedo, Elys vai perceber e me destruir antes de Iskren, não posso deixar isso acontecer, preciso que eles se destruam o máximo possível entre si.'
Seus olhos se estreitaram, observando Iskren criar mais olhos, mais formas.
"Iskren está hesitando, sabe que não pode ignorar nenhum de nós, Elys está ficando mais forte e ele está desesperado para detê-la, mas isso significa que ele não está pensando em mim, não ainda, preciso jogar com isso, fazer com que ele se concentre nela completamente, assim eu terei espaço para agir."
Kaelos sorriu, um sorriso fino e cruel.
"Nah, eu vou vencer. Eles acham que estou esperando porque sou fraco, mas estou esperando porque já venci. Quando eles estiverem exaustos, à beira da destruição, eu os finalizo."
A tensão no ar era palpável. Nenhum deles se movia, mas a batalha já havia começado.
Iskren avançou alguns passos, seus olhos fixos em Elys. Ele sabia que precisava agir, mas cada fibra de sua existência o alertava sobre Kaelos.
Elys ergueu o braço de luz, brilhando como um farol. Ela precisava atrair Iskren, forçá-lo a se expor.
Kaelos manteve sua postura calma, mas dentro dele, as engrenagens giravam. Ele esperaria o momento perfeito. Quando ambos estivessem vulneráveis, ele tomaria o controle.
O ar era carregado, pesado como um manto de ferro, enquanto o confronto finalmente começava. Iskren foi o primeiro a avançar. Seus múltiplos olhos se fundiam e moldavam novas extremidades de sombra líquida, estendendo-se como lanças serrilhadas em direção a Elys e Kaelos. Cada uma movia-se com precisão absurda, cortando o ar com um som agudo que lembrava um grito de angústia.
Elys, com o braço de luz brilhando como uma lâmina divina, saltou para trás, desviando de duas lanças. Uma terceira a atingiu de raspão no ombro, arrancando carne e deixando um rastro fumegante. Ela não gritou. Apenas avançou, sua luz queimando como ácido ao tocar os tentáculos de Iskren, dissolvendo-os em vapor.
Kaelos não perdeu tempo. Em um movimento rápido, ele ergueu a espada, que pulsava como um coração batendo fora do peito. Ele avançou contra Iskren, mas antes que pudesse desferir um golpe, Elys se lançou entre os dois.
— "Você quer minha luz, Kaelos?" ela sussurrou com um sorriso insano, enquanto um feixe irrompia de seu braço, ofuscando o campo de batalha.
Kaelos foi jogado para trás, batendo contra um dos destroços flutuantes da cidade. Ele cuspiu sangue negro, suas entranhas pulsando em agonia. Mas ele não parou. Com uma gargalhada sombria, ele usou o poder de Azegoth que absorveu para manipular os destroços de metais ao redor, lançando-os como projéteis contra Elys.
Ela desviou da maioria, mas uma viga atravessou seu abdômen. Luz vazou como um líquido sagrado, escorrendo pelo chão e iluminando a cena grotesca. Mesmo assim, ela arrancou a viga e a usou como arma, arremessando-a contra Kaelos.
Iskren, observando os dois se desgastarem, moldou suas mãos em lâminas cortantes e avançou contra Elys. Sua velocidade era surreal, e ele a pegou desprevenida, cortando profundamente seu braço de luz. O brilho diminuiu por um instante, mas logo voltou mais forte.
Elys, irritada, concentrou um feixe de luz na cabeça de Iskren, queimando parte de seus olhos. Ele urrou, um som gutural que ecoou por toda a cidade destruída, enquanto sua carne negra derretia e reformava.
Mas Kaelos aproveitou a distração. Ele surgiu das sombras atrás de Iskren, sua espada perfurando um dos poucos pedaços de carne verdadeira que Iskren ainda possuía: seu ombro. Iskren gritou, mas em vez de retaliar Kaelos, ele estendeu um braço para bloquear outro ataque de Elys, que tentava perfurá-lo com uma lança de luz.
— "Fracos e desesperados, ambos." Iskren rugiu, sua voz ecoando como trovões.
Kaelos sorriu.
— "Desespero é só o começo do caos."
Elys, sem palavras, usou sua luz para aumentar o calor ao redor, forçando tanto Iskren quanto Kaelos a recuarem. Mas Iskren se adaptou. Ele moldou sua forma em uma espiral, como uma serpente gigante, e cercou Elys, tentando esmagá-la.
Ela gritou, um grito não humano, enquanto seu corpo era comprimido. Mas a luz brilhou mais uma vez, queimando os tentáculos ao redor e libertando-a.
Kaelos, aproveitando o momento, lançou uma onda de escuridão em forma de lâminas em todas as direções. O impacto atingiu ambos os inimigos, cortando Elys no peito e arrancando pedaços do líquido escuro de Iskren.
Os três estavam desgastados. Elys mancava, seu braço de luz tremulando como uma vela ao vento. Iskren se reformava lentamente, cada golpe da luz ou da espada de Kaelos tornando mais difícil sua regeneração. Kaelos sangrava das várias feridas pelo corpo, mas ainda sorria, como se tivesse tudo sob controle.
Elys, em um movimento desesperado, concentrou toda sua energia em um único ataque, uma esfera de luz intensa que ameaçava obliterar tudo.
Kaelos e Iskren, em um raro momento de sincronia, lançaram ataques combinados para impedir o golpe. Tentáculos negros se enrolaram na esfera enquanto Kaelos perfurava sua base com a espada. A explosão foi devastadora, lançando os três para longe.
Quando a poeira baixou, os três estavam em pé, mas mal. Iskren estava fragmentado, com buracos onde outrora havia sua carne sombria. Elys, com um braço completamente destruído, agora dependia apenas de sua luz para se mover. Kaelos, arfando, segurava a espada como se fosse sua única âncora à realidade.
Os três guerreiros estavam de pé, seus corpos marcados pelo caos que crescia ao redor. O campo de batalha estava em ruínas – um cemitério de destroços flutuantes, gritos ecoando de almas presas no ar. Os olhos múltiplos de Iskren giravam como lanternas macabras, iluminando a destruição enquanto ele avançava com velocidade absurda.
Kaelos viu a movimentação e usou as sombras ao seu redor para criar estacas pontiagudas, lançando-as em direção a Iskren como uma chuva negra. As estacas rasgaram o ar com um som de ossos quebrando, algumas acertando o corpo líquido do inimigo, enquanto outras eram desviadas por movimentos rápidos e quase dançantes.
— "Você ainda está se segurando, Iskren. Por que não acaba logo com isso?" Kaelos provocou, embora sua voz denunciasse o cansaço.
— "O mesmo serve para você, verme." Iskren respondeu, sua voz ecoando como mil sussurros. Ele então girou o corpo em um redemoinho de escuridão pura, varrendo Kaelos e Elys para lados opostos.
Elys, observando o combate, mantinha-se em movimento, desviando dos ataques como uma serpente de luz. Seu braço brilhava cada vez mais, mas ela sentia o peso do esforço – este corpo, ela sabia, estava chegando ao limite.
"Esse corpo está morrendo…" Cuspiu sangue vermelho.
Ela parou por um instante e olhou para seus dois oponentes. Kaelos estava começando a lutar como se não se importasse em sobreviver – seus ataques eram suicidas, rápidos e brutais, quase como se ele quisesse forçar uma abertura para se sacrificar. Iskren, por outro lado, parecia ter mudado sua estratégia: seus ataques eram mais metódicos, como se estivesse estudando cada movimento.
"Ambos estão pensando o mesmo que eu: como acabar com isso antes que seja tarde demais."
Elys concentrou-se, segurando seu poder. Ela estendeu a mão e começou a formar uma esfera de luz gigantesca, densa como um pequeno sol. Cada fragmento de energia parecia gritar em agonia enquanto se reunia, criando uma pressão esmagadora ao seu redor. Ela sabia que aquele ataque seria um divisor de águas – mas o momento certo era crucial, ela deixou tal esfera camuflada, refletindo a luz.
"Deixem eles se destruírem mais um pouco... Então, quando ambos estiverem vulneráveis, eu explodirei isso e acabarei com tudo."
Kaelos avançou novamente, dessa vez com uma risada insana que ecoava pelas ruínas. Ele mergulhou diretamente em Iskren, usando sua espada para canalizar tanto a escuridão quanto a luz absorvida.
— "Vamos ver o que você realmente aguenta, Iskren!"
Iskren ergueu uma barreira de sombras, mas Kaelos a perfurou como uma lança em brasa atravessando gelo fino. A espada atravessou o torso líquido de Iskren, arrancando um rugido que fez as pedras flutuantes ao redor vibrarem. Mas antes que Kaelos pudesse seguir com o golpe, Iskren o agarrou com uma mão gigantesca de trevas, esmagando-o contra o chão.
O impacto foi brutal. Ossos estalaram e sangue negro escorreu pela boca de Kaelos, mas ele usou a oportunidade para atacar. Uma explosão de escuridão emanou de seu corpo, forçando Iskren a recuar enquanto uma linha de tentáculos derretia no processo.
Elys aproveitou a abertura. Seu braço de luz transformou-se em uma lâmina longa e flamejante, que ela brandiu contra Iskren com uma fúria sobrenatural. O golpe cortou parte da carne restante de Iskren, expondo mais de sua forma sombria.
Mas, em vez de contra-atacar, Iskren recuou momentaneamente. Ele parecia estar se ajustando novamente, moldando seu corpo de maneira mais compacta, mais eficiente.
"Eles estão aprendendo," Elys pensou. "Kaelos se tornou imprevisível, atacando como um animal selvagem. Iskren está mais defensivo, tentando me estudar. Mas nenhum dos dois está preparado para o que estou guardando."
Kaelos, vendo que Elys estava focada em Iskren, decidiu mudar o ritmo. Ele correu em direção a ela, sua espada emanando uma luz negra e pulsante.
Elys mal teve tempo de reagir. A lâmina de Kaelos passou rente ao seu rosto, cortando parte de sua bochecha e deixando uma trilha de luz sangrenta. Ela gritou, mas ao invés de recuar, usou o momento para girar e desferir um chute direto no peito de Kaelos, lançando-o para trás.
Iskren viu a abertura e atacou ambos ao mesmo tempo. Dezenas de tentáculos surgiram do chão, agarrando Elys e Kaelos. As garras escuras perfuraram o corpo de Elys, rasgando carne e expondo ossos enquanto ela gritava de dor. Kaelos foi levantado no ar, esmagado como um brinquedo quebrado.
Mas, surpreendentemente, os dois reagiram ao mesmo tempo. Elys, com um grito gutural, canalizou toda sua luz para quebrar os tentáculos ao seu redor, enquanto Kaelos, rindo, usou as sombras para contra-atacar, transformando os tentáculos de Iskren em lâminas que cortavam o próprio corpo do inimigo.
O som era grotesco: carne sendo rasgada, ossos estalando, sangue negro e dourado espalhado por toda parte.
Iskren rugiu, furioso.
— "Vocês acham que podem se aliar contra mim? Ilusão patética!"
Ele ergueu ambos no ar com um gesto, esmagando-os juntos como se fossem bonecos de pano. Mas, por um instante, Kaelos e Elys trocaram um olhar.
Em um movimento sincronizado, Kaelos usou suas sombras para proteger Elys momentaneamente, enquanto ela desferia um golpe direto no rosto de Iskren, queimando metade de seus olhos. O inimigo urrou, largando os dois, mas imediatamente se recompondo.
A batalha havia apenas começado, mas os três já estavam destruídos. A cada golpe, mais sangue e energia eram derramados, e cada segundo que passava os aproximava do limite.
Elys olhou para a esfera de luz crescente em suas mãos. "Ainda não."
Iskren se movia como uma tempestade viva, sua forma líquida e escura tornando-o um alvo difícil de acertar. Enquanto atacava, ele observava cada detalhe da batalha, estudando os padrões e comportamentos de Elys e Kaelos. Apesar da dor e da destruição, sua mente trabalhava como uma máquina fria, calculando possibilidades.
"Kaelos está se arriscando mais. Ele se atira como um louco, como se o tempo estivesse contra ele. Já a luz... está esperando algo. Não é uma luta que ela quer prolongar, mas também não parece ansiosa em me enfrentar diretamente. Há algo por trás disso."
Ele desviou de mais um ataque, desta vez de Elys, que quase cortou seu braço líquido com sua lâmina de luz. Suas sombras responderam automaticamente, envolvendo o braço de Elys em tentáculos e arremessando-a contra Kaelos, que tentou usar as sombras para amortecer o impacto.
"Interessante. Eles estão começando a se proteger um do outro momentaneamente. Estratégia ou desespero?"
Enquanto lutava, Iskren começou a moldar um plano. Ele sabia que Elys estava ganhando força rapidamente – luz sempre crescia com o tempo, especialmente em um ambiente de escuridão densa como aquele. Mas ele também percebeu que algo estava errado com ela: seu corpo era frágil, instável. "Ela está morrendo. Este corpo não vai durar muito. O que ela está esperando? E por que Kaelos ainda não usou todo o poder que roubou dela?"
Iskren sabia que precisava virar a batalha a seu favor antes que o equilíbrio de poder mudasse completamente. Sua mente percorreu possibilidades, considerando suas opções e os recursos limitados que tinha:
— "Ela é a luz encarnada, mas está presa em um corpo morto. Se eu mantiver a pressão e forçá-la a usar mais energia para manter esse cadáver funcionando, ela se desgastará rapidamente. Mesmo que ela tenha um ataque final planejado, posso manipulá-la para usar isso antes do tempo."
Iskren decidiu que provocaria Elys, forçando-a a gastar energia em ataques desesperados. Ele sabia que, se ela explodisse cedo demais, a batalha se inclinaria a seu favor.
— "Kaelos está em uma posição delicada. Ele possui luz dentro da espada agora, mas sua escuridão ainda domina. Se eu puder pressioná-lo o suficiente para usar mais luz, ele se queimará por dentro e ficará mais fraco, no entanto, forçá-lo a usar mais luz pode liberá-lo de algumas maldições. Eu preciso manter esse equilíbrio instável e usar isso contra ele." Iskren decidiu alternar entre atacar Kaelos e Elys, mas nunca diretamente. Ele usaria o caos da batalha para manipular os dois a lutarem entre si, enquanto ele os enfraquecia pouco a pouco. Iskren começou a reunir pequenas porções de sua energia escura ao longo da batalha. Ele sabia que, no momento certo, poderia usar isso para criar uma armadilha massiva: um vórtice de escuridão que não apenas sugaria toda a energia ao redor, mas também destruiria qualquer vestígio de luz ou sombra, deixando apenas vazio.
"Deixe-os pensarem que estão no controle. Quando eles estiverem exaustos, quando Elys lançar seu ataque final e Kaelos for obrigado a usar tudo o que tem, eu os puxarei para o vazio. Ambos desaparecerão, e eu sairei como o único sobrevivente."
Enquanto planejava, Iskren continuava a lutar. Ele criou garras afiadas de escuridão, que cortavam o ar com sons de lamentos. Uma dessas garras quase arrancou a perna de Kaelos, que apenas escapou ao se lançar para trás com um salto acrobático.
Elys, percebendo o aumento de intensidade, respondeu com uma rajada de luz que iluminou todo o campo de batalha. A explosão cegou temporariamente Kaelos e Iskren, mas Iskren usou o momento para recuar e continuar moldando seu plano.
"Eles acham que estão lutando comigo. Mal sabem que estou apenas guiando a batalha para onde eu quero kekekek." Iskren sentiu uma onda de satisfação. Sua estratégia estava tomando forma, mas ele sabia que precisava de paciência. A luz e a escuridão estavam se consumindo mutuamente, e ele estava no meio disso, pronto para brutalizar o que restasse.
O campo de batalha estava um caos, e Kaelos estava imerso em sua própria tempestade. O que antes parecia um confronto simples com dois inimigos se transformava em um jogo de vida ou morte, onde ele tinha que equilibrar cuidadosamente seus ataques e defesas para não sucumbir ao vazio de sua própria escuridão. Mas ele não era um mero espectador. Ele tinha uma estratégia, uma que estava sendo moldada à medida que a luta se desenrolava. O campo de batalha, repleto de destruição, era seu palco e ele sabia que tudo dependia do momento certo.
"Elys está em ascensão, porra, eu posso sentir isso. Sua luz está se intensificando a cada segundo... Mas ela está presa nesse corpo morto. Ela não pode durar muito. Só preciso esperar."
Kaelos não queria pressa. Ele sabia que, para esmagar Iskren, ele teria que ser astuto, e para isso, precisava observar os dois e entender seus movimentos. Seus olhos estavam atentos a cada detalhe – desde o modo como Iskren parecia estar mais calculista, aproveitando o fato de que Elys estava morrendo lentamente, até a fúria que emanava de Elys, que se via cada vez mais forçada a manter o controle sobre o corpo em que ela estava.
"Iskren... você será útil. No fim, os dois serão."
O sorriso de Kaelos se esticou como uma ferida, cruel e cheia de desgosto. Ele havia sido a força das trevas por tanto tempo, e agora a luz corria em suas veias. Ele sentia a intensidade da batalha, a pressão de sua própria natureza dividida entre o vazio e a pureza. Mas ele também sabia que a sua força era limitada. Se ele usasse todo o poder da escuridão, não só se enfraqueceria, mas também ficaria vulnerável a Elys. Sua única vantagem era a luz que agora corria pela sua espada, um presente estranho que ele ainda não compreendia totalmente. Porém, usá-la era o ideal para o próximo movimento.
Kaelos não podia confiar totalmente na sua escuridão, especialmente sabendo que Elys estava lá para enfraquecê-la, mas ele não podia simplesmente deixar Iskren dominar. Ele precisava forçar os dois a lutar até que se esgotassem. E para isso, ele precisava empurrar seus próprios limites. O que Kaelos faria seria algo que os dois não esperavam. Uma abertura, uma chance de desferir o golpe fatal.
— "Forçar Elys a usar a luz... Forçar Iskren a usar toda a escuridão. Quando ambos se esgotarem, o ataque será meu." Kaelos decidiu aumentar a intensidade de seus ataques. Ele saltava como um espectro, os pilares de sombras em torno dele ganhando vida a cada movimento, fazendo com que o campo de batalha parecesse uma floresta de lâminas e destruição. Seus ataques não eram mais comedidos, mas brutais, visavam atingir o máximo de destruição e desgaste possível, forçando seus oponentes a se defenderem. Cada golpe que ele desferia era um passo mais perto de sua própria ruína, mas também um passo mais perto de fazer Elys e Iskren se destruírem por si mesmos. Kaelos sabia que se usasse a escuridão diretamente contra Elys, ela só se tornaria mais forte. Mas a luz em sua espada? Isso era diferente. Ele precisava usá-la de forma estratégica. A luz em sua lâmina ainda estava quente, mas não o suficiente para irradiar por todo o campo. Ele a usava de forma a manter Iskren sobre pressão, nunca permitindo que ele ficasse confortável. Com o tempo, Kaelos sabia que ele seria forçado a lutar com a luz. Mas o segredo era esse: forçar a luz a consumi-lo, a fazer com que a luz tentasse eliminar a escuridão, enquanto ele se preparava para lançar um ataque mortal. — "Agora, preciso fazer com que os dois usem até a última gota de poder e os engolir." Ele intensificou os ataques contra Iskren, mas sempre com um olhar atento a Elys. Ela estava se preparando para algo. Ele podia sentir a luz se acumulando nela, como uma bomba prestes a explodir. Kaelos então passou a defender Iskren quando necessário, impedindo que a luz o atingisse em momentos cruciais. Seus movimentos eram uma dança de sombras e luz, como um espetáculo de caos. A cada contra-ataque de Elys, ele surgia de novo, desferindo golpes contra Iskren, que tentava se proteger, mas acabava sendo forçado a se mover. Kaelos sentia que não era só a escuridão em si que o movia, mas a estratégia que ele sabia que precisava cumprir.
Kaelos também sabia que, se usasse sua escuridão em demasia, acabaria se queimando. Isso fazia parte de sua maldição. A escuridão em seu corpo estava deteriorada, sendo progressivamente suprimida pela luz que ele agora carregava. Mas ele não queria a vitória imediata. Ele queria a destruição. Ele queria o momento perfeito.
Kaelos agora estava em um estado constante de alerta. Seus olhos, observando, calculando, esperando. Ele sentia o peso da batalha em seus ombros, mas também sabia que estava perto. Ele só precisava de um pouco mais de tempo para forçar Elys a explodir com todo o poder da luz que ela acumulava. Ele só precisava que Iskren se desgastasse ainda mais. Quando a hora chegasse, quando tudo estivesse no seu limite, Kaelos estava pronto para mergulhar na própria destruição.
" Eu vou fazer os dois se matarem e depois..."
A lâmina de luz em sua mão começou a brilhar intensamente. Kaelos sentia o poder, mas também sentia a dor da luz, algo que ele nunca havia experimentado. Isso o enfraquecia, mas também o aproximava da vitória. Ele sorriu, um sorriso torto.
A batalha no campo devastado de Nyvern se arrastava como um pesadelo de pura destruição, os sons da carne sendo dilacerada e da terra sendo rasgada pelo poder de duas forças titânicas preenchiam o ar. O solo tremia com cada golpe, os céus se cobriam com uma camada de escuridão que parecia engolir a luz do sol, e os gritos de dor e raiva eram abafados pelo rugido dos trovões e do impacto dos poderes colidindo.
Kaelos havia finalmente atingido o ponto de ruptura. A escuridão, até então uma ferramenta que ele usava com cautela, agora estava se tornando uma extensão selvagem de sua própria existência. Suas veias queimavam com a substância negra, cada célula de seu corpo sendo consumida pela força pura da sombra que ele gerava, não mais uma energia passiva, mas uma força de destruição incontrolável. A escuridão se formava ao redor de Kaelos como uma aura viscosa, suas extremidades se estendendo em tentáculos negros que oscilavam como se tivessem vida própria. Seus olhos brilhavam com uma intensidade insana, o brilho da lâmina de luz na espada tornando-se mais intenso, mas sua escuridão, agora, desafiava qualquer tentativa de opô-la. Seus músculos se expandiram, sua pele se esticou, e cada movimento se tornava mais rápido, mais destrutivo, como se a escuridão estivesse rasgando sua carne e reconstruindo-a a cada segundo. Era um estado de berserk. Ele não estava mais lutando por estratégia ou controle. Ele estava apenas destruindo. Atacava sem pensar, apenas sentindo o impulso de sua própria força, empurrando seus limites. Cada golpe era uma rajada de escuridão imunda, explodindo em um mar de partículas negrume que sugavam a vida ao redor. Os ataques eram furiosos e instintivos, esmagando tudo que tocavam, incluindo a própria terra. Seu corpo se transformava numa máquina de guerra, movendo-se com uma violência brutal, como uma besta faminta de destruição.
Kaelos sentiu uma dor lancinante em sua cabeça, mas isso não o deteve. Ele via Elys e Iskren sendo engolidos por seus próprios ataques, mas isso o alimentava. A dor, o cansaço, a luta interminável... tudo o fazia mais forte.
Elys estava em seu próprio inferno. Seu corpo, já destruído pela luta, se mantinha de pé apenas pela força da luz que agora dominava sua alma. A luz queimava, mas ela não sentia, ou talvez preferisse não sentir. Seu corpo estava uma massa sangrenta, pedaços de carne desfigurados, a lâmina de luz em sua mão agora parecia mais um punhal incandescente de sofrimento. Seus movimentos, exaustos, estavam se tornando mais lentos, mas sua determinação não vacilava.
Ela havia compreendido o que precisava fazer. Com a força da luz reunida em seu corpo, ela preparou sua última carta. Os céus ao redor dela começaram a brilhar com um brilho angelical, mas distorcido, como se o próprio céu estivesse morrendo ao seu redor. A luz se concentrava em sua mão, teleportando a esfera imensa, a maior que ela já havia criado. A pressão no ar aumentava, os raios que saíam da bola de luz estouravam o terreno abaixo, criando crateras profundas. Ela estava se sacrificando, mas aquilo era necessário. A explosão de luz que ela estava prestes a liberar poderia aniquilar tudo.
Iskren estava mais profundo na escuridão do que qualquer um poderia compreender. Seu corpo estava quase irreconhecível, distorcido pela fusão com a entidade escuridão. A forma líquida de seu ser se retorcia e se reconstituía a cada momento, sua carne, ou o que restava dela, se moldava e desintegrava constantemente. Ele absorvia a escuridão ao seu redor como uma esponja, tornando-se mais forte, mais insano. Ele havia atingido o limite. Agora, era um vórtice de pura destruição. Um tornado de escuridão.
Com um grito gutural, Iskren abriu seus braços, um movimento como se estivesse abraçando a própria morte. Sua boca se abriu em uma distorção grotesca, e de dentro de si uma onda de escuridão foi liberada, crescendo em uma massa turva e monstruosa que engolia tudo à sua frente. Era a fonte que ele buscava. Tudo o que havia sido destruído, toda a vida que foi consumida pela escuridão, agora era atraída para dentro dele. Ele estava sugando tudo. Kaelos, Elys, o próprio campo de batalha... Tudo estava sendo tragado para o vazio infinito que ele representava. Mas Iskren não podia prever que isso aconteceria.
O tempo parecia desacelerar à medida que a luz e a escuridão convergiam. Elys, com seu último fôlego, lançou a esfera de luz, seu corpo sendo consumido pelo poder que ela havia acumulado. A explosão foi devastadora. Uma onda de luz tão intensa que rasgou o espaço ao redor, desintegrando qualquer coisa que se aproximasse. Seu corpo se desfez na explosão, mas o impacto foi monstruoso. O som da explosão ecoou como o grito de um deus morrendo, e a terra se partiu sob sua força.
Kaelos, que já estava quase desmaiando, sentiu o calor da explosão lhe atingir, mas a escuridão em seu corpo foi suficiente para protegê-lo parcialmente junto da luz em sua espada que absorveu um pouco da esfera. Ele desabou, seu corpo ensanguentado, tremendo, com os olhos semi-abertos, quase incapaz de se mover.
Iskren, no centro do vórtice que ele havia criado, estava prestes a engolir tudo, mas o azar parecia se divertir com ele. A explosão de Elys não apenas destruiu tudo ao redor, mas de alguma forma, o próprio corpo de Iskren, que se mantinha em sua forma caótica e instável, foi quem acabou protegendo Kaelos de ser completamente aniquilado.
Quando o clarão da explosão se dissipou, o campo de batalha estava irreconhecível. A terra estava rachada e carbonizada, a cidade de Nyvern reduzida a escombros fumegantes. O ar estava impregnado de uma mistura nauseante de escuridão e luz, os ecos das batalhas ainda ressoando.
Elys estava morta. Seu corpo se tornara parte do próprio poder que ela havia lançado, não restando mais nada além da energia residual da explosão. Iskren, embora ainda em pé, estava gravemente ferido. Seu corpo estava distorcido e sangrento, e sua conexão com a escuridão parecia fraca, como se a explosão tivesse drenado uma parte de sua força. Ele havia vencido, mas à custa de sua própria integridade.
Kaelos, quase completamente exaurido, estava caído no chão, o corpo tremendo, mas a escuridão ainda fluía dentro dele. Ele não estava morto, mas a batalha ainda não terminara. O que restava deles agora era apenas a dor, a exaustão.