BERENICE VOLUME 01 - UMA NOVA JORNADA
**Capítulo: Uma Nova Jornada**
Quando a senhora me disse que eu tinha sido adotada, uma alegria inesperada tomou conta de mim. Eu não precisei dos três meses de teste para me decidir. Aceitei a adoção com um sorriso no rosto e, em pouco tempo, já estava morando na casa dela e do senhor. Eles me tratavam como se eu fosse uma princesa, e, por sentir tanto carinho, eu fazia questão de ajudar em tudo o que podia na casa.
Os dias passaram tranquilos, e eu me sentia segura e feliz. Até que, numa tarde, os sacerdotes apareceram novamente na casa da senhora para tomar um chá e conversar. Quando vi aqueles dois entrando, senti meu coração acelerar. Eu sabia que, de alguma forma, a conversa acabaria voltando para o templo.
Enquanto servíamos o chá, um dos sacerdotes, o mais sério, perguntou:
"Então, Berenice, o que te fez recusar a oferta de servir à deusa Água no templo?"
Eu olhei para a senhora, esperando que ela respondesse por mim. Ela pousou a xícara de chá e falou com sua voz calma:
"Berenice tem um sonho, e esse sonho é seguir os passos da nossa família e se tornar uma comerciante. Ela teme que a vida religiosa possa impedir isso."
O sacerdote virou-se para mim, seus olhos cheios de curiosidade.
"Isso é verdade, Berenice? Esse é o motivo de você hesitar?"
Eu me senti um pouco tímida, mas sabia que devia ser honesta. "Sim, é isso. Eu… eu quero ter o meu próprio comércio. Sempre foi o meu sonho."
O sacerdote sorriu, compreensivo, e inclinou-se um pouco mais para frente. "Sabe, Berenice, você pode sim dedicar sua vida à deusa e, ao mesmo tempo, perseguir seu sonho de ter um comércio. Desde que você mantenha a honra do templo e não se envolva em nada imoral, sua devoção não será um obstáculo."
Minhas mãos começaram a suar de empolgação. "Como… como isso seria possível?"
"Você só precisa dedicar seu tempo ao templo do pôr do sol ao nascer do sol," explicou o sacerdote, "O resto do dia e os finais de semana seriam livres para você. E se chegar a ser uma sacerdotisa, o último pilar da hierarquia, terá ainda mais tempo livre, podendo se dedicar mais ao seu comércio."
Olhei para a senhora, buscando algum tipo de aprovação. Ela me devolveu um sorriso encorajador e disse: "Não vejo motivo para você não tentar, querida. Você não tem nada a perder."
O outro sacerdote, que havia permanecido em silêncio até então, sorriu e fez uma oferta que me pegou de surpresa. "E, para mostrar que estamos realmente interessados no seu potencial, em vez de 3 moedas de bronze ao dia, oferecemos 3 moedas de prata."
Meus olhos se arregalaram. Três moedas de prata? Era muito mais do que eu jamais sonhara ganhar. Olhei para a senhora e perguntei, quase sem acreditar: "A senhora… me deixaria ir?"
Ela assentiu com um sorriso gentil. "Se é isso que você deseja, Berenice, então você tem a minha bênção. Eu ficarei bem."
"Mas… e o trabalho? A senhora não vai ficar sobrecarregada?" Perguntei, preocupada.
"Não se preocupe com isso," respondeu ela, ainda sorrindo. "O importante é que você esteja feliz e realize seus sonhos."
Com o coração cheio de excitação e um pouco de nervosismo, aceitei a oferta. No dia seguinte, entrei na carruagem que me levaria ao templo, despedindo-me da senhora com um aceno de mão. Eu estava ansiosa pelo que viria, mas, acima de tudo, sentia que estava prestes a começar uma nova e emocionante jornada.