BERENICE VOLUME 01 - CAPÍTULO FINAL
OI AQUI É O AUTOR RSRSRS ESTOU PASSANDO PARA FALAR QUE O CAPITAL CHEGOU AO FIM, MENOS A HISTÓRIA. EU POSTAREI O VOLUME três CASO ESSE VOLUME TENHA BOnS COMENTÁRIOS E MUITA VISUALIZACÃO, CASO GOSTEM E QUEIRAM UM NOVO VOLUME CONTINUANDO A HISTÓRIA NÃO ESQUEÇAM DE CONTRIBUIR CURTINDO E COMENTANDO. OBRIGADO A TODES hahahahahahha-----
** O Segredo das Estacas**
O barulho das rodas da carruagem sobre o cascalho da estrada me acalmava de um jeito estranho. Estava confortável, recostada nos bancos de couro, envolta pelas tapeçarias azuis que cobriam o interior da carruagem. Por fora, os cinco paladinos guiavam a carruagem em silêncio, mantendo seus olhos atentos ao caminho. Já o sacerdote, por ser homem, viajava numa outra carruagem atrás de mim. Isso me dava um tempo sozinha para pensar.
Enquanto olhava pela janela, comecei a perceber coisas que nunca imaginei ver fora dos livros. Lesmas gigantes se arrastavam pelas árvores, sapos enormes croavam junto à beira de pântanos, coelhos com pequenos chifres corriam pelos campos, e slimes, aquelas criaturas viscosas, deslizavam pela terra. Mais distante, vi pessoas trabalhando no campo, moldando a terra com magia como se fosse argila nas mãos de um oleiro.
Aos poucos, conforme nos afastávamos da capital, o céu parecia mudar. As nuvens ficaram mais densas, mais cinzentas, como se estivessem pesando sobre nós. A vegetação ao redor da estrada começava a murchar, amarelando e perdendo vida. Tudo ao meu redor parecia ficar mais frio e chuvoso, como se o próprio mundo estivesse morrendo.
Foram três dias assim, de viagem constante, com poucas paradas e descanso. A estrada se transformou num lamaçal, e o cheiro forte de esterco invadiu meus sentidos. Ratazanas enormes corriam pelas margens da estrada, e aquilo fez meu estômago revirar. Não conseguia evitar lembrar de Zuzu, meu gato, que deixei com a senhora. Por um instante, desejei nunca ter saído de casa.
Quando finalmente chegamos à nova cidade, a visão que me esperava não era exatamente acolhedora. Paramos em frente ao templo, bem menor e mais modesto do que o da capital. As pessoas da cidade estavam todas curiosas, observando nossa chegada. Quando desci da carruagem, ouvi cochichos ao meu redor. "Como ela é bonita!" e "O que será que veio fazer aqui?" eram os murmúrios que chegavam até mim.
Notei o sacerdote descendo cansado, mas não hesitei em falar. "Quero que meu gato seja trazido para cá enquanto estiver aqui."
Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso, e respondeu: "Perdeu a chance de trazê-lo gratuitamente. Agora, se quer algo, terá que pagar."
Antes que eu pudesse responder, um dos paladinos sugeriu: "Voltarei por aqui em alguns dias. Posso fazer o serviço por 30 moedas de prata."
Aceitei a oferta sem pensar duas vezes. Zuzu me traria um pouco de conforto em meio àquele caos que lembrava um cenário de pós-guerra, uma miséria que eu esperava ter deixado para trás.
Ao entrar no templo, fui apresentada a três bispos. Todos eram da minha idade, o que me surpreendeu. Eles explicaram que ganharam aquela posição alta devido à falta de pessoas na cidade. Tudo parecia... vazio, incompleto. Meu quarto, apesar de limpo, era simples e desprovido dos luxos da capital. Senti uma vontade enorme de voltar, mas então lembrei da Baronesa.
No dia seguinte, perguntei ao sacerdote sobre ela, mas ele disse que a Baronesa estava em viagem e logo retornaria. Tentei me distrair com as tarefas do templo. Aqui, só havia uma missa por dia, o que me dava mais tempo para estudar magia e tentar controlar minha mana desobediente. A ideia de me tornar uma curadora me motivava, mas havia algo que não conseguia tirar da cabeça.
Vaguei pelos corredores vazios, até que, ao dobrar uma esquina, ouvi os três bispos cochichando. Fiquei quieta, tentando escutar o que diziam. Quando percebi que falavam sobre mim, algo estalou dentro de mim. Apareci diante deles, exigindo saber o que estavam dizendo. Tentaram mentir, mas eu sabia que escondiam algo.
Segurei o mais velho pela gola da roupa, pressionando-o contra a parede. "Fala logo!" exigi. Um dos outros tentou intervir, mas puxei sua mão e torci seus dedos, ameaçando quebrá-los.
Eles se entreolharam, assustados, e então cochicharam entre si antes de me oferecerem uma proposta: "Vamos te mostrar algo, mas você precisa prometer que não vai... fazer barulho."
Concordei, mantendo-os à vista enquanto caminhávamos para fora do templo. Fomos para longe dali, até um bosque escuro e sombrio. Minhas mãos estavam firmes em torno de um pedaço de pau que havia encontrado, pronta para me defender caso tentassem algo.
Finalmente chegamos a um pequeno cemitério, quase escondido pela escuridão das árvores. Dez estacas brancas se erguiam do chão, mas não havia nomes ou marcas nelas.
"Que diabos é isso?" perguntei, sentindo uma pontada de ansiedade no peito.
Um dos bispos, o mais nervoso, revelou: "Esse cemitério faz parte das terras da Baronesa... Você não é a primeira garota a vir para cá."
Minha mente começou a girar. "O que vocês estão dizendo?" exigi.
Eles continuaram, a voz trêmula: "Garotas como você sempre vinham para cá, mas logo desapareciam. Todas tinham a mesma aparência que a sua. Investigamos e encontramos esse cemitério... só que antes eram nove estacas. A última garota sumiu há alguns meses e, quando voltamos, havia mais uma estaca."
"E o sacerdote? Ele não falou nada sobre isso?"
Eles se entreolharam, confusos. "Ele sempre diz que elas foram promovidas e enviadas para a capital."
"Talvez o sacerdote anterior fosse o culpado, e por isso foi removido," sugeri, tentando racionalizar a situação.
Os três me olharam com um ar confuso. "Que sacerdote anterior? Sempre foi o mesmo que veio com você."
Minha mente escureceu, a ideia de que tudo estava errado se instalando. "Vocês estão mentindo para me assustar. Aposto que isso nem é um cemitério de verdade!"
"Achamos que é," responderam em uníssono. "E acreditamos que a Baronesa seja a responsável, mas não temos certeza."
Olhei para as estacas, e uma sensação de frio tomou conta de mim. Se aquilo tudo fosse verdade... "Desenterrem os túmulos," desafiei. "Vamos ver se o que dizem é verdade."
O ar ficou pesado ao meu redor, o frio mais penetrante, enquanto aguardávamos o que viria a seguir.