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A Saga de Lunizs - Livro 3: O Florescer

🇧🇷SirDanHL2
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Synopsis
Após a profecia do espírito das trevas ser quebrada, um novo florescer surge através das terras de Urhian. A paz, antes um sonho distante, finalmente se instala, e a esperança floresce como uma aurora eterna. Vários impérios se erguem, cada um com seus próprios costumes e segredos. Mas uma nova profecia paira no ar e, com ela, a chegada de três aventureiros na misteriosa Floresta Bosque das terras a leste. O que esses desbravadores estão fazendo tão longe de casa? Como foram parar em outro mundo tão diferente do seu? Quais problemas terão que resolver? Prepare-se para a Saga de Lunizs - O Florescer!
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Chapter 1 - Um Reencontro Emocionante

Naquela noite de lua cheia, uma mulher com aparência de vinte anos escorria ladeira abaixo. Caminhando desesperadamente sob o brilho das estrelas, ela usava um manto real que realçava sua beleza natural (um símbolo de herança que recebera de seu pai). Ao quase tropeçar na descida do declive de pedras, ela chegou ao local exato que ansiava há anos.

Sua respiração minava o ambiente, misturando-se ao hálito de medo que emanava de seu corpo. Ela tinha a sensação de ter sido perseguida de alguma forma, mas queria acreditar fielmente que havia despistado quaisquer olhares curiosos que a viram sair apressadamente.

— Ótimo! Consegui chegar a tempo. — Abaixando-se para estudar o solo barrento, ela passou a ter certeza de que aquele era o local certo do encontro.

Seu coração palpitava de ansiedade com aquele momento; os segundos passavam como uma longa temporada de estações do ano, causando na moça uma sensação de ansiedade extrema dentro de seu estômago. Sua boca, ressecada pela falta de líquido nas últimas horas de estrada, a fazia ter uma expressão cansada e enfraquecida.

— Espero que Coldbreath não sonhe a respeito desse dia; seria o fim de tudo se soubesse a verdade. Vamos, gente, apareçam. É quase meia-noite.

Aguardando pacientemente a vinda de algumas pessoas importantes, ela não aguentava mais ficar parada sem nenhum evento acontecer. Quando, de repente, surgiu uma luminosidade intensa no alto das nuvens, e um clarão amplo invadiu a área onde ela estava.

Levantando-se ligeiramente sobre seus pés, seus joelhos ficaram firmes, sua cabeça erguida para cima e seu olhar fixo na visão, fazendo-a engolir em seco a pouca saliva que restava em seus lábios macios de cor cereja.

Suas mãos, ainda trêmulas, suavam, e a linha serpenteando entre seus dedos de suor deitava suavemente sobre a terra, banhando a areia com a magia do seu interior, gerando um clima agradável para os corpos que iriam cair sobre o campo verdejante de capim fino.

— Nossa! O céu foi rasgado com a aparição deles três; agora posso trazê-los até o chão. Temo ainda que nosso inimigo possa surgir a qualquer instante; temos que ser rápidos. — Mastigando um doce morango (sua fruta favorita de infância), ela usou seus poderes de levitação para abaixar os cadáveres vivos dos três familiares. — Agora sim, há salvação para os dois mundos. Só preciso esperar até que vocês acordem.

Seus pensamentos, expressos em suas palavras desde que começou a falar, declaravam sua animação misturada com uma sensação de nervosismo. Lunizs e Urhian agora não estavam mais tão distantes um do outro; agora seriam unidos como um só mundo em um mesmo espaço.

Coldbreath, o inimigo declarado de todos, o mais sombrio e cruel dos vilões, amedrontava qualquer um que ouvisse o som do seu nome. Um legado que corria entre os séculos da pior criatura que podia existir nos dois mundos. Kamélia agora pensava apenas na possibilidade de vitória no fim de toda a jornada que viveria a partir deste ocorrido, pois não havia mais volta.

A prisão no tempo causou a chegada de seus conhecidos, depois de tê-los separado por longos anos, mas as lembranças do passado ainda estavam vivas em sua amada alma, onde ela guardava as melhores situações felizes e cativantes que viveu ao lado de sua querida família.

Um lençol nevoento de ventos fortes rasantes cobriu a pele pálida dos adormecidos sobre o capim amarelado, queimado pela intensa aura espiritual da prisão. O clima gélido no ar começou a congelar rapidamente as partes sensíveis, como a ponta do nariz, as orelhas e os dedos. Quando a subordinada de Coldbreath percebeu que eles se mexiam aos poucos e contorciam os olhos, além de moverem as outras partes dos membros, ela disse:

— Pai! — Gritou em um som grave e de ruído quase inaudível aos ouvidos, levando de imediato as mãos à boca, tampando sua precipitação exagerada.

— Pelos magos pesqueiros, o que foi que houve? — Disse um homem belo e de presença juvenil, entre vinte e poucos anos de idade. Sua mão, levando até a cabeça, coçava os fiapos de seus cabelos emaranhados em fios grudentos de uma gosma irreconhecível.

— Vilkus? De onde você tirou esse ditado tão natural? Parece que você veio de outra época. — comentou a novinha de dezenove anos, rangendo os dentes por sentir sua mente confusa, com choques vindo da testa, provavelmente efeito do tempo que passou presa.

Kamélia apenas sorria, derramando lágrimas de felicidade intensa; era notório o sorriso em seus lábios crescendo gradualmente a cada palavra ouvida que saía das bocas dos dois que falaram.

— Quanto sofri longe de vocês... — pensou consigo mesma, ao depositar um sentimento profundo de esperança em cada um deles como uma pessoa importante.

— Onde estamos? E quem é você? — Perguntou um homem alto e de porte físico invejável. Sua sobrancelha erguida e comprida fitava o rosto de Kamélia com desdém e reprovação, enxergando apenas uma menina assustada e de aspecto fugitivo.

— Senhor Kelvisk, senhorita Halayna, caro Vilkus, quero dizer que é um enorme prazer revê-los bem. Chamo-me Kamélia; venho esperando anos pelo retorno de vocês três até as terras de Urhian. — Disse, sorridente e com empolgação contagiante, vindo do brilho luminoso de suas pupilas, descrevendo sua agitação com aquele reencontro.

Os três conhecidos se olharam, estranhando cada palavra que entrava em seus ouvidos. O mais velho, franzindo a testa, passou a desconfiar com firmeza e questionar a garota de roupas sujas. Mas Halayna, curiosa, se adiantou e disse:

— Você falou "terras de Urhian"? Eu ouvi bem? Não estamos mais nas terras de Lunizs? — Arqueando os movimentos do rosto, ela indagou, surpresa e ainda mais curiosa.

— Como sabe os nossos nomes? De onde nos conhecemos? E o que aconteceu com a gente? Como viemos parar nessas terras? — Questionou o forte e imponente rapaz de barba bem feita e semblante sério. Sua mão procurou a espada que estava com ele desde o último resquício de memória que teve da cena final contra Arkadius. Mas nada havia ao seu redor, nem de seus amigos.

— Você é bem respeitosa com as pessoas. Quando nos encontramos pela primeira vez? — Sugeriu a pergunta ao vento, que chegou aos ouvidos de Kamélia, mas não chamou sua atenção.

Com passos ligeiros, ele andou rápido, erguendo os braços para apoiar o corpo dela em seu colo, devido ao desmaio que sofreu com o choque de tantas perguntas em sua mente.

— Precisamos achar um lugar para passar a noite; não sabemos se esse lugar é seguro — disse Kelvisk, vasculhando a vista de uma estrada. — Acho que ali na frente deve ser uma trilha para sairmos da floresta. Vamos!

— Poderia entregá-la ao Kelvisk, Vilkus. Ele é mais velho que você — comentou Halayna, com uma estranha expressão.

— Não seja por isso, pois sou forte como ele também; além do mais, preciso ser útil de alguma maneira de vez em quando — retrucou, com um longo sorriso nos lábios.

— Não gosto de carregar estranhos; agradeço pelo favor — diz Kelvisk, expressando sua opinião sobre seu gosto particular em relação à sua intimidade. Não era do seu agrado ter que ficar com o odor de outras pessoas em seu corpo. — Vamos!

Vilkus e os outros começaram a caminhar para fora da floresta, levando consigo Kamélia em seus braços. Após alguns minutos andando por um bosque de flores, repleto de árvores grossas e velhas, criava-se uma sensação de calmaria para os três vagantes sob o luar da noite.

Por sua vez, Kelvisk, percebendo a perda das forças de seu amigo, pediu para carregar a destemida de cabelos dourados como o mel de uma bela manhã. Ao fim do percurso da estrada que levava para fora do jardim florido, um pequeno riacho serpenteando pelo meio da mata guiava até uma pequena cabana de madeira.

Um lugar abandonado, mas que ainda servia como abrigo noturno, se fosse preciso. Ao se deslocarem atentamente para o lugar, os três adentraram depois de fazerem uma segunda tocha com a que haviam trazido do minúsculo acampamento que Kamélia havia criado.

— É um bom lugar, uma localidade meio afastada e sem muita visão para a estrada. Vamos passar a noite aqui! — Esbravejou suavemente Kelvisk.

Depois de acender uma mini fogueira de finos gravetos compridos, o maduro rapaz de cabelos loiros sentou-se em uma cadeira que ali estava, encostada ao lado da lareira central dos cômodos. Sua face era de preocupação e receio, observando cada posição vista no cenário que se encontrava. Prestando atenção ao ver Kelvisk depositar a jovem sobre o sofá.

O casebre não possuía muitas coisas, a não ser um quadro antigo de pintura desbotada na parede. Havia uma lareira ao lado, no centro, coberta de poeira, além de dois sofás rasgados, mas que ainda podiam ser usados. E, por fim, uma mesa de madeira ressecada entre as duas poltronas.

Halayna apenas estava em silêncio, pensando consigo mesma sobre aquelas terras totalmente diferentes daquelas que conhecia; sua imaginação estava a mil e seus pensamentos não paravam de subir à sua cabeça a cada novo questionamento vindo à sua mente.

Por outro lado, Kelvisk quebrou o silêncio quando percebeu a heroína despertando do leve sono que a abateu, dizendo:

— Como vai? Beba um pouco da sua água. Estava em sua cintura quando achei. Vai te ajudar a molhar sua língua e garganta para poder falar. — Levando o cantil até ela, ele a ajudou a ingerir o líquido de sabor límpido e refrescante.

— Desculpe-me por ter desmaiado, mas não consegui pensar em tantas respostas de uma só vez. — disse, com os olhos fechados e a cabeça baixa, cerrando os punhos e pensando em algo.

— Vamos com calma; nos precipitamos em te encher de questionamentos. Kelvisk, pergunte a ela apenas uma coisa que queira saber. — Halayna disse, pegando na mão de Kamélia e levantando o queixo dela para que abrisse os olhos.

— Certo. Bem, Kamélia, não é? Como viemos parar aqui? Pode responder… — questionou, retirando uma faca do seu peito e colocando-a em cima de uma mesinha que estava em frente ao sofá.

— Também quero saber e entender o que houve; parece que passei uma eternidade dormindo. Meu corpo parece todo quebrado por dentro. E dói. — Vilkus comentou, resmungando e comendo os morangos que encontrou na bolsa.

Kamélia ficou paralisada por uns segundos, olhando fixamente para o fogo que queimava ardentemente, fazendo a fumaça evaporar pela chaminé, como se levasse seus pensamentos consigo para a neblina que se encontrava do lado de fora.

— Kamélia? — Chamou-a suavemente. Mas vendo que ela não se mexia, Halayna colocou sua mão direita no rosto da jovem, acariciando sua pele. — Você parece muito assustada, como se guardasse um grande segredo…

— Vocês… vocês… ficaram presos no tempo. Coldbreath aprisionou vocês três no tempo, onde ficaram adormecidos por sessenta longos anos. E o pior de tudo isso é que vocês não podem se lembrar da vida que tiveram no passado! — suas palavras saíram como um alívio pesado em forma de uma pena leve e suave. E as lágrimas que estava segurando por duradouros anos saíram suavemente, escorrendo por seu rosto, passando pelo nariz e mergulhando no colo daquela que admirava.