Eve~
Abri meus olhos e havia água. Estava água ao meu redor. Não conseguia romper a superfície, agitei meus braços, mas isso não teve efeito. Uma terrível peso em cima de mim, me prendendo. A água preencheu meus pulmões, queimando-os por dentro, meu ... peito parecia que ia explodir. O pânico arranhava minha garganta enquanto eu tentava desesperadamente alcançar a superfície, mas não importava o quanto eu lutasse, não conseguia me libertar. A água estava por toda parte, fria e sufocante, pressionando contra mim de todos os lados.
Debatia-me e me contorcia, mas era inútil. Meus membros estavam pesados, inúteis, como se estivessem presos por correntes invisíveis. Tentei gritar, mas nenhum som saía—apenas o borbulhar desesperado da água entrando nos meus pulmões. Minha visão embaçava, a escuridão avançando pelas bordas.
Isso não pode ser real. Isso não é real.
Mas parecia real. O peso esmagador da água, o ardor no peito, o frio invadindo meus ossos. Minha mente gritava para eu continuar lutando, mas meu corpo estava desistindo, afundando mais fundo no abismo sem fim. A escuridão começou a arranhar as bordas da minha visão, minhas pálpebras pesando.
Justo quando pensei que não aguentava mais um segundo, rompi a superfície. Fui puxada para cima pelos cabelos.
"Teste vinte e cinco," disse uma voz profissional familiar. "Sucesso,"
Ofegante, ainda desestabilizada, olhei em volta, meu estômago afundou. O quarto era um cinza metálico e frio que penetraria nos meus ossos, mesas e mais mesas abarrotadas de bequer, queimadores e seringas cheias de vários líquidos, todos etiquetados com números que eu não conseguia compreender. O ar era estéril, tingido com o cheiro forte de químicos que revirava meu estômago.
Meu corpo tremia, meus músculos fracos do pesadelo. Os resquícios da sensação de afogamento ainda se agarravam ao meu peito, meus respirações rasas e desiguais. Mas o medo de afogar era nada comparado ao horror que agora apertava meu coração enquanto eu observava meu ambiente.
Este era O Laboratório. Faculdade 13
Eu lutava para focar, meu corpo tremendo enquanto a realidade caía sobre mim. O lugar que eu tinha lutado tanto para esquecer. As paredes metálicas frias, o cheiro forte de químicos—tudo veio à tona como uma onda, me afogando de novo em memórias que eu havia enterrado. Eu tinha sobrevivido uma vez, mas agora estava de volta, torcido, mais aterrorizante do que antes. Não conseguia respirar, não conseguia pensar além do medo sufocante que me cercava.
O instinto entrou em ação. Tentei me mover, fugir do pesadelo. Minhas pernas cederam, mas me forcei a ficar de pé, adrenalina inundando minhas veias enquanto eu corria em direção à porta.
Mas antes que pudesse dar outro passo, mãos rudes me agarraram, puxando-me de volta. Um grito rasgou minha garganta enquanto eu me debatia.
Os homens de branco, nem se mexeram depois de piscar. Eles estavam gravando, analisando, planejando enquanto eu me debatia contra a retenção deles.
"Princesa," uma voz que ecoava em meus pesadelos chamou. Eu me virei para ele. Um homem de cabeça careca, com olhos cruéis e sem fundo olhava para mim. "Temos que testar você. Os Lycans têm cura espontânea, então você deve ficar bem." Ele estava assustadoramente calmo ao falar. Mas nada do que ele pudesse dizer me acalmaria. Porque eu sabia o que vinha a seguir.
Dr. Feinstead virou-se para seus colegas que estavam me segurando. "Vamos começar o teste vinte e seis."
"Não, por favor—" eu ofeguei, debatendo-me contra as amarras. Eu podia ouvir meu pulso nas orelhas, frenético, enquanto o pânico arranhava minha garganta.
Mas eles não ligavam. Nunca ligavam. Eu tinha me tornado nada mais do que um rato de laboratório por causa do Lycan que havia despertado. Mas Rhea nunca falou desde que fui injetada com mata-lobisomem mas isso não os impedia de teorizar que sua essência de Lycan teria contaminado a minha e me dado algumas propriedades de Lycan. O pensamento me enchia de tristeza e um pouco de esperança. Minha loba havia sido perdida, mas uma parte dela havia sido deixada para trás.
Fui arrastada para uma pequena sala transparente, cujas paredes brilhavam sob as luzes artificiais duras. O vidro fechou ao redor de mim, me selando, me prendendo neste inferno. Eu estava presa a uma cadeira e me debati contra as presilhas, meus pulsos crus, minha respiração vindo em arfadas rasas e desesperadas.
Então eu senti o cheiro.
Gasolina.
Os dutos de ventilação chiaram enquanto borrifavam a sala com o cheiro adocicado e pungente de combustível. Meu coração acelerou no peito. Eu sabia o que estava vindo. Eu já havia passado por isso antes. Mas esse conhecimento não tornava nada menos apavorante. O medo rasgava através de mim, cru e real, enquanto a gasolina cobria minha pele, encharcando meu cabelo, grudando em minhas roupas.
Dr. Feinstead e seus colegas ficaram apenas do lado de fora do cubo de vidro com bloco de notas em mãos, prontos para registrar minha miséria.
Fechei meus olhos, desejando que parasse, desejando que terminasse. Mas não acabou. E nunca acabaria.
E então veio o fogo.
As chamas se acenderam instantaneamente, rugindo com fúria que me engoliu por inteiro. Meu grito ecoou pela sala enquanto o fogo me consumia. Estava em todo lugar—em minha pele, em meus pulmões, me devorando de dentro para fora. A dor era inimaginável, muito além de qualquer coisa que eu já tivesse sentido antes. Minha pele borbulhava e rachava, meus nervos em chamas com agonia enquanto o fogo carbonizava cada centímetro do meu corpo.
Eu podia cheirar minha própria carne queimando. Podia ouvir minha pele chiar, o som nauseante, a dor sem fim. O calor era insuportável, sufocante, pressionando contra mim com seu aperto ardente. Não conseguia respirar, pensar, escapar. Estava presa, aprisionada em meu próprio corpo, forçada a suportar cada segundo do tormento sem nenhum alívio à vista.
Me debatia contra a cadeira, meu corpo convulsionando enquanto as chamas me devoravam vivo. Minha garganta estava crua de tanto gritar, mas o fogo não parava. Não me deixava morrer. Estava em todo lugar, consumindo tudo.
Meu corpo tentava se curar, tentava se costurar de volta, mas as chamas não permitiam. Toda vez que minha pele começava a se regenerar, o fogo a queimava novamente, vez após vez, um ciclo interminável de destruição e regeneração. A dor era implacável, estendendo-se para uma eternidade onde não havia escapatoria, nenhum alívio. Minha mente estava se fraturando, despedaçando sob o peso de tudo.
Eu ia morrer.
Eu queria morrer.