"Você está bem?". Nathan perguntou também quando percebeu que ele havia parado repentinamente.
Marcy virou ao ouvir a voz do Gamma. Seu sorriso havia desaparecido, substituído por uma expressão preocupada.
"Danny? Está tudo bem?".
Assim como ele queria, o aroma se desvaneceu até que ele não conseguisse mais sentir o cheiro dela. Ele conseguiu sorrir para eles.
"Estou bem. Apenas... contemplando a vista deslumbrante de casa. Faz... tanto tempo". Ele mentiu.
Todos sorriram para ele e seguiram para dentro.
Imaginando Kelvin como humano, seu queixo teria caído com o que acabara de acontecer.
Ninguém na história dos lobisomens jamais foi capaz de controlar seus impulsos ao ver sua companheira pela primeira vez quando sentia o aroma dela. Mas Daniel agiu tão casualmente como se ela não existisse ou seu cheiro não o enlouquecesse.
"Idiota. Continue assim e você só vai se machucar. Não sei como você fez isso, mas você não será capaz de resistir a ela na próxima vez".
Daniel apenas sorriu maliciosamente, sem dizer nada, deixando Kelvin imaginando quem era sua companheira. Ela não sentia o laço de companheiro também? Ela teria pelo menos feito algo, mas ela apenas parecia se afastar ainda mais.
Estranho...
Barton e Nathan foram para seus respectivos lugares enquanto Marcy caminhava ao lado de Daniel até se encontrarem em pé na entrada do quarto dele.
"Bem-vindo em casa... Alfa". Marcy anunciou suavemente com genuíno orgulho em seus olhos enquanto segurava seu braço.
"Obrigado Tia Marcy. É... realmente bom estar de volta". Daniel respondeu com um leve sorriso. Ele olhou ao redor do quarto e uma onda de nostalgia o envolveu quando percebeu que nada no quarto havia mudado.
Seus brinquedos favoritos, especialmente seu ursinho azul que foi presente de Naomi, ainda estavam colocados na prateleira junto com histórias de dormir que Noami costumava ler para ele toda noite.
As pinturas mirradas e desenhos que ele fez e colou por toda a parede sorriram para ele em resposta, as bordas do papel desbotando.
Até o tapete que Naomi comprou para ele ainda estava lá. Os lençóis haviam sido trocados e os cobertores eram novos e macios. O guarda-roupa estava vazio esperando ser preenchido com roupas de um jovem de dezoito anos, e não de oito.
"Você gostou?". Marcy perguntou, observando suas sobrancelhas se contraírem enquanto muitas emoções giravam dentro dele.
Cada coisa neste quarto o lembrava dela.
As pinturas. Cada desenho e pintura, ele sempre mostrava a ela e colocava na parede depois de receber um beijo na cabeça por seu 'bom trabalho'.
Ele se lembrava das vezes que corria escada abaixo até a cozinha. Sua mão estaria coberta de espuma enquanto ela lavava a louça tarde da noite. Mas não importava o que, ela nunca o afastava ou ficava irritada com como ele sempre a arrastava para olhar os desenhos. Ela o abraçaria com um sorriso e um abraço quente e daria uma risadinha para seus desenhos. De qualquer forma, ela elogiava com um beijo na cabeça.
Um sorriso doloroso surgiu em seus lábios.
Olhando para eles agora, eles realmente pareciam tão infantis e horríveis. Como ela poderia ter gostado dessas coisas?
Os brinquedos. Mesmo cansada, ela sempre passava tempo brincando com ele. Os livros de histórias. Toda noite ela sempre lia histórias de dormir para ele. Ele gostava tanto da companhia dela que a convencia a ficar ao lado dele na cama até que ele dormisse, e ele adorava abraçá-la.
Ele suspirou e olhou para baixo.
Kelvin sentia muitas emoções girando dentro de si. Ele podia ver todas suas lembranças por dentro e sua alma caía ao ver o que via.
Noami era tudo. A mãe que ele nunca teve. Sua melhor amiga. Sua única amiga. A irmã que ele sempre quis. Ela prometeu que estaria aqui para ele. Prometeu que nunca o deixaria. Mas, como todos, como seu pai, ela o decepcionou e o abandonou.
Daniel virou quando sentiu pressão em sua mão. Marcy estava apertando-a com um pequeno sorriso. Ele conseguiu sorrir de volta.
"Vai ficar tudo bem, tá bom, querido?".
Ele assentiu e colocou a mão dela contra sua bochecha.
"Que loção você usa. Sua mão é tão macia, tia". Ele disse em uma tentativa de mudar de assunto e aliviar a atmosfera tensa.
Marcy riu, jogando o rosto para cima em direção ao lustre brilhante no quarto. Sua risada alta e jovial fez ele sorrir.
"Quando formos comprar algumas roupas novas, eu escolherei para você. Já que você quer que sua mão seja macia como a de uma mulher". Ela riu novamente.
"Qual o problema com minhas roupas". Ele choramingou, a ideia de fazer compras lhe dando arrepios. Ele odeia fazer compras!!!
"Parecem que foram atropeladas por um caminhão em um terreno lamacento. Você realmente perdeu a linha, Daniel". Com isso, ela agarrou suas orelhas e o puxou para baixo até o nível dos olhos dela.
"Ai ai ai ai ai".
"Shh. Quem disse que você podia furar sua orelha, hein? E olha o que você fez com seu cabelo... seu moleque. Querido. Quando formos às compras juntos, vou garantir que escolha roupas razoáveis para você. E depois vamos a um salão".
"Tia Marcy...". Ele choramingou quando ela o soltou.
"Não, não... o Alfa da Ascendentes Sombrios definitivamente não vai se vestir como um criminoso e me lembre de matriculá-lo na escola esta semana. Barton disse que você tinha mais um ano no ensino médio, mas não pôde terminar por causa de seu treinamento na matilha Uivador Lunar".
Daniel gemeu com a menção à escola.
"Arrume-se e organize suas coisas... depois desça para o jantar".
"Ok". Ele suspirou e observou enquanto ela saía do quarto.
Assim que ela saiu, ele literalmente desabou na cama com mais um grande suspiro.
Ele deitou por um tempo, pensando sobre sua cerimônia de nomeação de Alfa. Por alguma razão, ele estava nervoso. Ele nunca teve um relacionamento próximo com seu pai então não sabia as dicas sobre como liderar uma matilha. Ele aprendeu algumas lições cruciais e formas de resolver problemas comunitários e ataques de lobisomens renegados com o Alfa dos Uivadores Lunares, mas ainda havia algumas coisas, algumas medidas diferentes a tomar quando se tratava de liderar a matilha Ascendentes Sombrios.
Depois de um tempo, ele se levantou, mãos nos botões, pronto para tomar um banho quando um forte e agradável aroma de cítricos e licor de chocolate atingiu suas narinas e ele de repente notou alguém parado na porta e olhou para cima.