"Eu.. Eu não consigo". Ela sussurrou, braços tremendo no ar.
Ele deu de ombros casualmente, um olhar indiferente e frio em seus olhos.
"Por quê? Vou virar pedra ou alguma coisa assim".
"Eu simplesmente... não consigo". Ela disse com voz monocórdica, olhos bem fechados.
Kelvin de repente rosnou, se debatendo ruidosamente na mente de Daniel à medida que o cheiro dela ficava mais forte; muito além do seu limite.
"Eu não acho que ela sente a ligação... então fica quieto". Ele sibilou para ele em voz baixa e Kelvin relutantemente se acalmou.
"Eu não posso sentir o lobo dela. Duvido muito que ela possa se transformar".
"Isso explica. Ótimo. Minha companheira é uma Ômega sem lobo". Ele murmurou novamente.
Naomi devagar abriu os olhos e piscou.
Ela não podia ouvi-lo claramente, mas ele definitivamente estava dizendo algo. Ele estava falando sozinho? Meu Deus? Ele era um lunático agora?
Se Marcy ou qualquer outra pessoa entrasse, ela não iria querer que nenhum deles visse ela e o Alfa em uma situação tão comprometedora.
Enquanto seus olhos iam de um lado para o outro, ela finalmente viu o interruptor da cozinha ao lado da torneira na parede. Por que ela não havia pensado nisso?
Daniel revirou os olhos para algo que Kelvin disse e esticou a mão, prestes a girá-la, quando Naomi se moveu como um lagarto rápido e escorregadio.
Ela se inclinou sobre a pia e acionou o interruptor, deixando a cozinha completamente na escuridão.
Naquele momento, ele a girou mesmo assim e puxou-a pelos dois pulsos para que seu corpo batesse com força contra o dele, não deixando barreira entre eles além do linho macio de suas roupas.
Noami ofegou, seu coração batendo rápido e alto, tão alto, que ecoava nos ouvidos do Alfa, quase destruindo seus tímpanos.
O respirar quente e trêmulo dela soprava em seu rosto e ele se excitava apenas pelo cheiro dela.
Agora, ele e Kelvin estavam divididos entre pegá-la aqui e agora e considerar o fato de que ela estava totalmente assustada e poderia gritar a qualquer movimento mal calculado.
"Shhhhhhh". Ele colocou um dedo nos lábios, a outra mão segurando seguramente ambos pulsos dela levantados no ar diante de seu rosto.
Noami apertou os lábios e seus olhos se arregalaram com o nível de proximidade entre eles. O único homem a quem ela já havia chegado tão perto era ele, mas isso foi anos atrás.
Quando ele não tinha um peito largo e duro ou olhos azuis frios e penetrantes. E quando ela definitivamente não se preocupava em revelar sua identidade para ele.
As coisas haviam mudado e as coisas não deveriam ser mais como eram.
"Solte-me". Ela sussurou em voz alta, olhando para ele feio.
"Boa jogada". Ele estava se referindo ao interruptor que ela acabara de acionar. "Estou considerando arrancar sua cabeça do pescoço". Ele inclinou-se lentamente e ela, subconscientemente, fechou os olhos, os lábios tremendo enquanto ele dizia. "E já que você é sem lobo, será fácil. Como. Quebrar. Um. Palito".
Ele recuou um pouco, perto o suficiente para olhar para o rosto dela, seu hálito a assustando quando ela percebeu o quão próximo ele estava.
Ela agradeceu à deusa da lua pela escuridão total.
Lobisomens tinham sentidos muito aguçados, quase dez vezes mais agudos que qualquer criatura. No entanto, a escuridão era muito densa e a luz da lua, que encontrava seu caminho pelas frestas da janela, concedia a ele uma visão dos lábios rubi dela e seus belos olhos de cristal levantados.
Sem piscar, ela olhava de volta no silêncio do quarto, quase como se estivesse hipnotizada por seus olhos, incapaz de mover uma única parte de seu corpo, um único músculo.
O cheiro dela fazia sua boca salivar.
Ele estava decidido a rejeitá-la naquela noite e ter sua maneira na cama com ela, mas esta mulher que nem mesmo revelava algo tão pequeno quanto o rosto a ele se tornou a coisa mais interessante que ele já havia encontrado.
O dedo contra os lábios dele de repente se moveu e pousou nos dela, o polegar esparramado no lábio inferior dela.
Os olhos de Naomi se arregalaram com o toque dele, mas por alguma razão, ela estava chocada demais para se mover. Ela nem mesmo podia sentir as mesmas faíscas que percorriam seus dedos até o pulso quando ele a tocava.
Ela engoliu em silêncio, não ousando respirar e assistiu enquanto ele lentamente retirava o polegar, colocando-o em sua boca e sugando, sem tirar os olhos dos dela.
Os lábios dela se entreabriram enquanto eles se encaravam novamente, o polegar dele molhado em sua boca.
No entanto, aquele único ato de repente a tirou do transe em que estava e ela se moveu reflexivamente, empurrando o joelho para cima em sua virilha muito forte e rápido.
"O que foi..!!!". Ele xingou e amaldiçoou enquanto caía para trás no balcão da cozinha, as mãos abaixando para cobrir a dor latejante entre suas pernas.
"Me desculpe.. realmente... muito desculpe". Ela sussurrou, fugindo sem pensar duas vezes.
"Eu gostaria de agradecer pessoalmente à deusa da lua pelo maravilhoso par que ela criou para um Cérebro de Esponja como você... você realmente achou que poderia seduzir alguém assim no primeiro encontro? Ela é especial, seu idiota. Ela não é como aquelas vadias com quem você anda".
"Ah, cala a boca, Kelvin". Daniel sibilou para ele; com um gemido.
Ele encarou a porta que bateu após a saída dela, diferentes tons de azul girando em seus olhos.
Chegou a manhã. Naomi parou diante do espelho, estudando a máscara que tinha. Era preto meia-noite com fendas azuis brilhantes para estrelas.
A máscara foi feita para esconder parte do rosto dela, começando da ponte do nariz até o queixo.
Isso seria perfeito. Um capuz não garantiria sua identidade secreta. Ela só esperava que ele não a importunasse por causa do que aconteceu na noite passada.
O que aconteceu na noite passada foi um erro. Seu rosto ficou surpreendentemente vermelho e quente enquanto os eventos da noite passada se desenrolavam em sua cabeça como um filme.
Chacoalhando a cabeça, afastando os pensamentos, ela se virou do espelho para se preparar para o longo dia que a aguardava.
Por que Daniel faria uma jogada assim nela...
Ele se tornou um homem promíscuo desse jeito?
Oh, céus. Eles teriam se beijado na noite passada. Oh, céus. Ela inconscientemente agarrou um punhado dos cobertores e enterrou o rosto neles, ficando vermelha novamente.
Uma batida na porta de repente a pegou desprevenida e toda a cor drenou de seu rosto quando ela largou os cobertores e foi em direção à porta.
Ela segurava sua máscara em uma mão e usava a outra para abrir a porta sem pensar duas vezes. Seus olhos e mandíbula caíram no chão.
Marcy estava sorrindo para ela na porta, as mãos juntas à frente enquanto Daniel estava a poucas polegadas de distância dela, olhando para o relógio caro no pulso com impaciência e tédio.
Seus olhos se arregalaram e seu coração bateu mais rápido do que nunca.
Daniel inalou ligeiramente, as narinas bem abertas enquanto aquele cheiro familiar se espalhava pelo seu nariz, fazendo sua boca salivar como se o gosto real estivesse na ponta de sua língua.
Seu lobo lutava nas confinências de sua mente, seus sentidos e poder sendo a única restrição mantendo-o dentro.
Ele levantou a cabeça.