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Chapter 2 - O Primeiro Beijo

Lena ainda sentia o calor da mão de Kai em seu braço enquanto caminhava pelos corredores do hotel. Tentava convencer a si mesma de que aquilo não significava nada, mas sua respiração descompassada entregava o contrário. Ele tinha algo. Algo que a fazia querer se aproximar, mesmo sabendo o quanto era perigoso.

O grupo inteiro estava hospedado no último andar de um dos hotéis mais luxuosos de Tóquio, com Lena acomodada em um quarto discreto, dois andares abaixo. Ao entrar no elevador, ela soltou um suspiro, tentando recuperar o controle.

Assim que a porta começou a se fechar, uma mão a impediu de terminar o trajeto. Seu coração disparou. Era ele.

Kai entrou no elevador, sozinho, os ombros relaxados, mas o olhar intenso. Ele estava sem o figurino chamativo do show, usando apenas uma camiseta preta e calças jeans. Ainda assim, ele parecia perigoso.

"Parece que temos o mesmo destino," ele disse, encostando-se à parede oposta.

Lena engoliu em seco. "Duvido que o meu destino seja tão luxuoso quanto o seu."

Ele deu um sorriso enviesado, aquele sorriso que parecia dizer que sabia de algo que ela não sabia. "Talvez seja."

O elevador subia lentamente, e o silêncio entre eles era tão denso quanto a eletricidade que parecia pulsar no ar. Lena desviava o olhar, mas era impossível ignorar como ele a observava, os olhos escuros varrendo cada detalhe de seu rosto, como se estivessem desnudando sua alma.

Então o elevador parou. Não no andar dela. Não no dele. Apenas parou.

"Que ótimo," Lena murmurou, apertando o botão. Nada aconteceu. "Deve ser uma falha."

"Ou destino," ele disse, e a maneira como a palavra saiu de sua boca fez seu estômago se revirar.

"Você sempre é assim?" ela perguntou, cruzando os braços. "Cripticamente insuportável?"

Ele riu. Uma risada baixa e sincera, que a fez sentir coisas que não deveria. "Você é a primeira pessoa que ousa me chamar disso. A maioria só…" Ele hesitou, mas completou. "Faz o que eu quero."

"E você acha que eu vou?"

Kai não respondeu de imediato. Ele deu um passo à frente, reduzindo a distância entre eles. Agora estavam tão próximos que Lena podia sentir o cheiro amadeirado de seu perfume misturado com o suor leve de um dia intenso.

"Eu acho," ele sussurrou, inclinando-se, "que você está tentando fingir que não me quer tanto quanto eu te quero."

O mundo parou. Só existiam os dois naquele espaço apertado e o som de suas respirações ofegantes. Ela deveria dizer algo. Deveria colocar limites. Mas ao invés disso, deixou as palavras morrerem nos lábios quando ele a segurou pela cintura.

"Kai," ela começou, mas foi interrompida pelo toque dos lábios dele.

Era suave no início, quase como uma pergunta, mas quando ela não recuou, ele aprofundou o beijo. Lena sentiu as costas baterem contra a parede do elevador, enquanto as mãos dele exploravam sua cintura com uma intensidade desesperada.

Era errado. Tudo isso era errado. Mas o calor que se espalhava por seu corpo fazia qualquer pensamento de racionalidade desaparecer.

Quando o elevador deu um leve tranco, voltando a funcionar, Kai se afastou lentamente, ainda com os olhos fixos nela. O silêncio entre eles era ensurdecedor.

"Isso… não pode acontecer de novo," Lena disse, mas a fraqueza em sua voz traiu suas palavras.

Kai apenas sorriu, um sorriso perigoso, enquanto saía do elevador no andar seguinte. Antes de a porta fechar, ele olhou para ela mais uma vez. "Veremos."

Lena ficou ali, sozinha, com o coração disparado e os lábios ainda formigando. Ela sabia que tinha acabado de cruzar uma linha da qual não haveria volta.