Owena's P.O.V.
Londres, 18 de Dezembro de 2026, 14:47.
- Finalmente! - Digo quando finalmente chegamos em nossa sala de treino. Esperei o dia todo pra estar aqui, ainda mais hoje que as aulas serão com tio Luke e meu pai, Louis.
- Owe estava louca pra treinar hoje. - Blake diz prendendo seu cabelo em um coque como sempre costuma fazer. Apenas sorrio e continuo ajeitando minhas coisas.
- Normal, né? Essa garota é obcecada! - Arch fala.
- Eu nunca vou entender vocês. Uma ômega que é obcecada por lutas e aventuras, e um alfa medroso. - Tio Luke ri e cacheado fica indignado.
- Hey! Eu não sou medroso! - Rosna.
- E eu sou um garoto. - Falo, e ele me dá dedo do meio. - Super maduro, Arnold.
- ARCHIE!
- Parem de brigar! - Papai Louis diz chegando com suas inseparáveis adagas. - Vamos treinar, amores, e nada de matar o irmãozinho! Eu não tenho mais corpo e nem tempo pra gerar um filhote novo pra colocar no lugar de um de vocês! Harry acaba comigo!
- Sim, pai! - Nós três dizemos em uníssono.
Vamos até a mesa de armas escolher as que iremos usar. Archie pega um arco e flecha e uma faca pequena, esta que ele coloca em sua bota. Blake pega dois prendedores de cabelo/agulhas que ele coloca em seu coque, e seu inseparável chicote. As agulhas eu até entendo, são enormes, de grafeno maciço, extremamente resistentes e letais, podendo perfurar alguém facilmente e são fáceis de esconder quando se tem o cabelo longo igual o dele... Mas nunca soube qual é a do chicote.
- Juro que nunca vou entender a obsessão desse garoto por esse chicote. - Penso alto e os meninos riem.
- E eu nunca vou entender sua obsessão por luta! - Murmura. - Olha, eu gosto da leveza. A suavidade do chicote é inigualável, porém, mesmo sendo leve e suave, o impacto é bem forte, tanto que pode rasgar a carne facilmente. Também gosto de sentir quando ele corta o ar, quebrando a barreira do som e...
- Ok, ok, já entendi, Blaac. Chicotes são legais. - O interrompo, até porque se deixar ele fica falando desse chicote até amanhã.
Olho para a mesa e penso no que escolher. Mesmo eu sendo a que mais gosta dos nossos treinos e tal, sou a única que ainda não tem uma arma fixa, então a cada treino escolho uma pra ver com qual eu me identifico mais. Eu nunca senti que havia encontrado algo que me representasse, que fosse meu de verdade.
Ao menos não até agora...
- Que armas são essas? Elas são novas? - Pergunto pegando duas adagas que nunca tinha visto antes.
- Sim. Essas são adagas "sai". Eu as achei ontem no depósito e coloquei junto com as outras armas. - Tio Luke fala se aproximando de mim. - Você gostou delas, Owe?
- Muito! - Sorrio.
- Não me surpreendo por ter gostado das adagas sai. Você é como o Louis, depois que ele usou aqueles adagas nunca mais largou, porém as adagas sai não são como as outras. Elas são únicas, versáteis, podendo ser usadas de várias maneiras numa luta. Acho que combinam muito com você, amor.
- Eu também, tio... - Digo olhando para as armas. Duas adagas pratas de três pontas com o cabo negro e com detalhes entalhados em vermelho, minha cor favorita.
- Ui, gostei delas, maninha.
- Finalmente achamos uma oponente pro papai, não é, Archie? - Ri.
- Você não vai se arrepender, bebê. - Papai fala beijando minha testa. - Vamos começar!
Então nós saímos da sala e vamos direto para a floresta que fica ao lado do depósito onde fazemos nossos treinos. Formamos dois times, sendo eu, Arch e B em um, e tio Luke e meu pai no outro. Não passam das três da tarde então ainda está consideravelmente claro, porém como está nevando há alguns dias isso pode dificultar um pouco as coisas. Luke apita e logo nos distanciamos do ponto principal. Cada grupo corre para um lado para que depois comecemos a procurar.
- Eu odeio não ser resistente ao frio como vocês! - O beta diz com suas bochechas vermelhas por conta do frio.
- Você fala isso mas sempre se sai melhor do que nós dois. - Lembro, já que ele sempre consegue ganhar.
- Eu não sou alfa e nem ômega, tenho que ser melhor em algo pra poder ficar no mesmo nível que vocês. - Blake tira uma das agulhas de seu cabelo e a lança com força e velocidade, fazendo o objeto se cravar no alvo exposto em uma árvore. - Ponto pra mim!
- Me lembre de nunca brigar com você enquanto usa essas coisas. - O cacheado diz vendo que B acertou um alvo com precisão, mesmo o alvo estando a uns dez metros do chão.
- Meninos, vamos manter o foco. - Digo.
Por ser ômega e a única menina eu sempre me esforcei ainda mais pra estar no nível de qualquer um deles. Ainda assim não é um sacrifício. Eu amo lutar, amo desafios, amo essas "aventuras"... E pra ser sincera nunca entendi porque taxam os ômegas de fracos, sendo que não somos assim! Somos fortes como qualquer alfa ou beta!
Continuamos caminhando pela floresta. As vezes esse lugar parece tão vazio e silencioso. Tem dias que nem mesmo os pássaros cantam, sequer o vento faz algum som. Por mais que eu ame isso, as vezes me dá agonia. Eu quero logo a ação! Contudo, sempre que nossos treinos são ao ar livre, ainda mais com o tio Luke, fica essa tensão estranha no ar. Ele consegue ser bem silencioso quando quer, disfarça seus rastros muito bem, e além disso consegue se aproximar sem suspeitas, o que faz tudo uma eterna agonia. Nunca sabemos quando vamos ser atacados e isso me deixa ansiosa!
- E lá vamos nós... - Arch diz quando finalmente encontramos nossos oponentes, o que significa que o treino de verdade está prestes a começar!
- Prontos, meninos? - O loiro olha para meu pai e logo os dois avançam.
- Sem duvidas! - Sorrio.
(...)
- Owe, pode me emprestar sua calça preta e aquela blusa que eu acho linda? - O beta pergunta chegando no meu quarto só de cueca. Típico.
- Porque não compra roupas femininas pra você? Sempre pega as minhas. - Digo sem tirar meus olhos do espelho enquanto termino de me maquiar.
- Porque eu só gosto de usar suas roupas as vezes, então não vejo sentido em comprar algo que não vou usar com frequência. - Ele dá de ombros. - Vai me emprestar ou não?
- Pega, garoto. - Falo e ele sorri vitorioso. Depois do longo treino, tio Dylan veio nos visitar e acabamos resolvendo ir ao cinema. Agora estamos nos arrumando.
- Archie realmente não vai?
- Pelo visto não, ele ainda não se recuperou da lesão de mais cedo. - Suspiro.
- Você pode... Sabe... - Ele chacoalha a cabeça e com isso já até sei o que esse folgado quer.
- Vem aqui. - Reviro os olhos porém sorrio. Até que gosto quando penteio o cabelo dele.
Levanto da cadeira e me sento na cama, e logo o mais velho (por dois minutos) vem até mim, se sentando ao meu lado. Pego a escova e começo a pentear calmamente os longos cabelos negros de Blake.
- Já te falei o quanto o seu cabelo é lindo? - Questiono e B ri.
- Já, toda vez que você penteia ele. - Diz. O garoto fica em silêncio por alguns minutos, mas logo volta a falar. - Faltam quatro dias pro nosso aniversário de quinze anos, não?
- Eu juro que nunca vou conseguir me acostumar com isso. Fazer aniversário duas vezes ao ano é tão... Bizarro. Mas ao menos ganhamos presentes duas vezes. - Rio.
- Você não tem medo, Owe? - Sua pergunta me surpreende.
- De que?
- Disso. Nós não somos como os outros, envelhecemos mais rápido... Não tem medo de nunca conseguir achar alguém, ou de... Bem... Morrer antes de todos que você ama?
- Blake, olha pra mim. - O faço se virar para me olhar, e noto que ele está quase chorando? - Você se sente assim?
- É meio inevitável, não é? Pensar que talvez a gente morra antes dos nossos pais me deixa tão angustiado. E também eu conheci o Nicholas e o Theo, mas não sei se devo me aproximar deles e deixar que sejam meus amigos, porque eu... Eu posso não estar mais aqui em pouco tempo, daí se eu me apegar a eles vai ser tão... Doloroso... - Uma lágrima solitária escorre por seu rosto, porém ele a limpa rapidamente. Como sempre tentando não demostrar o que está sentindo. - Eu já nem sei mais o que eu estou falando, me desculpe.
- Hey, está tudo bem se abrir as vezes, sabia? Eu sou sua irmã gêmea, sua melhor amiga, e eu sempre vou estar aqui. Eu e o Archie! Está tudo bem sentir medo! Confesso que eu me sinto exatamente da mesma forma só que eu sei que nossos pais estão fazendo de tudo pra encontrar uma maneira de normalizar nossa condição e isso me faz ficar tranquila. Vocês dois me fazem ficar calma o tempo inteiro porque sempre me lembram que estão comigo, então agora é a minha vez de lembrar que estou aqui com você, certo? - Dou meu melhor sorriso e ele sorri também. - Agora vai terminar de se arrumar, quero você lindo como sempre!
- Muito obrigado, Owe! Você é maravilhosa! - O beta beija minha bochecha e sai correndo do quarto. Decido terminar logo de me arrumar, em pouco tempo tio Dylan e tio Tyler irão chegar, e eles dois, vulgo O'brien, não costumam ser pacientes.
(...)
- Owe, vamos, por favor! Eu nunca te peço nada! - Blake me pede pela décima vez pra ir com ele na livraria, só que não estou nem um pouco afim.
- Já disse que não, Blake! E também, logo os tios vão voltar e eles não vão saber onde estamos. - Falo e ele revira os olhos.
- Sabe, você é péssima dando desculpas esfarrapadas. Nós podemos muito bem mandar mensagem pra um deles dizendo onde vamos e eles nos encontram lá. Liga pro Dylan, ou sei lá... - Bufa. - Seria mais fácil dizer logo que não quer ir.
- É, você tem razão. Não quero ir. - Dou de ombros. O beta se levanta de repente da mesa e começa a andar. - Hey, onde você vai?
- Onde você acha que eu vou?
- Vai me deixar sozinha?
- Você vai sobreviver. - Dá de ombros.
E então ele some em meio as várias pessoas andando para lá e pra cá. Típico do Blake, não para até ter o que quer.
- Argh, que garoto idiota!
Me levanto para ir atrás do que eu chamo de irmão. De uma hora pra outra eu me sinto muito tonta, fraca, e tudo a minha volta parece girar. Sinto quando meu corpo esquenta tanto que parece que vou queimar mas, assim como isso começou, para. Simplesmente para.
- Ok... Isso foi estranho...
Balanço a cabeça algumas vezes até voltar ao normal, o que parece funcionar. Mesmo tendo sido bastante estranho eu só ignoro e vou atrás de Blake.
~*~
Narrador's P.O.V.
No dia seguinte os irmãos foram ao colégio normalmente como nos outros dias, contudo a ômega ainda se sentia estranha. Seu corpo estava quente. Por várias vezes durante a noite ela sentiu como se fosse entrar em combustão. Seus braços e pernas formigavam, mas em todas as vezes os sintomas paravam assim como começavam.
- Owe, está tudo bem? - Archie havia notado que sua irmã estava meio dispersa durante a manhã inteira.
- Eu estou bem... - Respondeu simples.
- Tem certeza? Desde ontem você tá meio estranha, sabia? - O beta frisou. Blake sempre foi analista e perceptivo, e os três se conheciam bem o suficiente para notar com facilidade quando havia algo de errado com algum deles.
- Eu estou bem. É sério! - Sua fala soou quase como um rosnado, o que chocou um pouco os garotos.
- Owena Tomlinson Styles, você rosnou pra gente?! - O alfa estava incrédulo.
- E ainda tem a cara de pau de dizer que está bem! Qual é, Owe, fala com a...
- EU JÁ FALEI QUE ESTOU BEM! - A garota rosnou alto e bateu com força na mesa, tanta força que o objeto se quebrou em vários pedaços. Todos se assustaram, os alfas e ômegas na sala recuaram, menos seus irmãos, isso porque eles estavam chocados demais com a reação da garota pra falar algo. - E... E-Eu...
- Irmã, por favor... Se acalma...
- Não! Só... Me deixa sozinha...
Owena saiu da sala correndo e foi direto para a sala dos professores. A menina não sabia o que fazer, não tinha a mínima ideia de porque havia agido daquela forma, apenas sabia que precivasa de seu pai naquele momento. Seu corpo estava quente, sua cabeça estava girando e parecia que seus sentidos estavam à mil. Aquela sensação estava sendo tão desesperadora que ela sequer percebeu quando já estava em frente a sala. Sem muita enrolação ela entrou e foi correndo até seu pai. Por sorte Harry estava sozinho na sala. O homem se surpreendeu ao ver sua filha, a garota estava tão transtornada que ele não pôde evitar se sentir preocupado.
- Filha?! O que aconteceu? - O alfa apenas abriu seus braços e a garota de cabelos cinzas correu até ele, o abraçando com força.
- E-Eu... Eu não sei, pai! Eu estava com tanta, tanta raiva, mas eu nem sei porque... Eu rosnei pra eles, e quebrei aquela mesa e nem sei porque... - Owena chorava mas sequer entendia o motivo.
- Querida, olha pra mim. - Styles pediu. - Está tudo bem, ok? Eu também tinha dificuldades pra controlar minha raiva, e confesso que já destruí muitas coisas, mas isso é normal. Você não precisa se sentir assustada. Você é uma ômega forte, poderosa, incrível e única!
- Mas pai, eu não estava com raiva, apenas me senti... Irritada... E de repente acabei destruindo aquela mesa com tanta facilidade... E se eu machucasse alguém?
- E você queria machucar alguém?
- Não! Eu só queria que eles parassem d falar! Blake e Archie estavam me irritando! - Ralhou e aquilo fez o cacheado rir.
- Amor, seus irmãos conseguem irritar qualquer um. Mas, olha, você não precisa ficar assim. Sua força é maior do que a de qualquer um, e não precisa temer isso! Você só estava irritada, só isso... Eles vão entender, principalmente o Blaac, ele só vive estressado. - Aquilo fez Owena gargalhar até porque era a mais pura verdade.
- Obrigado, pai. Eu acho que precisava disso. - Disse enquanto secava suas lágrimas. A menina sorriu para o mais velho, um sorriso idêntico ao seu.
- Eu te amo, minha lobinha! - Styles abraçou sua filha com força, cheirando seus cabelos únicos. Um risinho escapou da ômega, ela achava fofa a forma como mesmo sendo o grande alfa lupus, Harry era bem bobalhão quando o assunto era ela, seus irmãos e seu pai. Tinha que adimitir que era ainda mais com Louis.
- Eu também te amo, pai! - Sorri.