A madrugada ainda estava em sua fase mais profunda quando Alexander retornou com as informações que eu precisava para dar o próximo passo. Ele entrou na sala com uma expressão ainda mais grave do que o normal, e não era difícil adivinhar que algo grande estava prestes a acontecer. O jogo, agora, estava em um ponto de não retorno.
— Alteza, a reunião do Conselho será em duas noites. Eles se reunirão na caverna de Elstrad, um local escondido, protegido por magia antiga — disse ele, entregando-me uma carta com mais detalhes sobre o plano de Malrik.
Eu examinei o mapa da caverna, que mostrava a localização exata. Elstrad era uma fortaleza natural, um labirinto de passagens secretas e câmaras ocultas, onde até mesmo os mais habilidosos espiões poderiam perder o rastro. Mas eu sabia que tinha a vantagem. A magia que protegiam aquele lugar poderia ser poderosa, mas eu tinha algo que ninguém mais tinha: o conhecimento das sombras.
— Prepararemos a ação para amanhã ao cair da noite. — Meu tom era firme. — Vamos reunir uma força de ataque rápida, mas discreta. Nenhuma falha, Alexander. Eu não posso me dar ao luxo de ser pega de surpresa.
Ele assentiu, reconhecendo a gravidade de minha ordem.
— Como desejar, Alteza.
As horas seguintes passaram em um turbilhão de preparativos. Eu reuni os capitães da guarda em um salão secreto, longe dos olhares curiosos do resto do castelo. A missão seria arriscada, mas necessária. A chave para o sucesso seria garantir a surpresa, uma vantagem que não podíamos desperdiçar.
— A reunião de Malrik será uma oportunidade para desestabilizar todo o Conselho — comecei, dirigindo-me aos capitães com uma confiança que tentava não esconder. — A caverna de Elstrad não é um lugar comum. O terreno é traiçoeiro, e as passagens secretas podem ser fatais para quem não as conhece. Mas, para nós, será a nossa vantagem. As sombras, o silêncio, a velocidade. Isso é o que usaremos para atacar.
Eu olhei para cada um dos capitães, analisando suas expressões. Eles sabiam o risco que estavam correndo. Sabiam que uma falha significaria um golpe fatal para o reino, e talvez até para as nossas próprias vidas.
— Precisamos invadir sem deixar rastro, sem levantar qualquer suspeita. O primeiro objetivo é capturar Malrik e os traidores do Conselho vivos, para que possamos usar suas informações depois. O segundo é garantir que nenhum dos lobisomens escape. Eles podem ser poderosos, mas estão longe de ser invencíveis. O terceiro e mais importante: ninguém deve saber que fomos nós.
Os capitães assentiram em uníssono. Eu podia ver em seus olhos a determinação e o medo. Sabiam que a guerra que se aproximava não seria apenas política, mas algo muito mais sombrio, onde não haveria espaço para erros.
— Agora, vamos partir amanhã ao entardecer. — Eu deixei que minha voz ficasse mais baixa, mais firme. — Não voltaremos sem completar nossa missão. Preparem-se para agir rápido. A vida de todos nós depende disso.
Com a reunião concluída, fui para meus aposentos. A noite estava avançando, e eu sabia que precisava estar pronta para a batalha. Olhei para o espelho e vi a mulher que me tornara, alguém diferente da jovem inexperiente que havia chegado a esse castelo. O poder que eu agora controlava era imenso, mas também o peso de cada decisão.
Quando o dia seguinte chegou, o clima no castelo era tenso. As tropas estavam prontas, os espiões haviam retornado com mais informações sobre a localização exata da reunião, e eu sabia que era hora de agir. Quando a noite caiu, Alexander e os capitães estavam à minha porta, esperando que eu desse a última ordem.
— Vamos garantir que Elstrad seja o último lugar onde Malrik e seus aliados se sentirão seguros — disse eu, segurando *Ravenclaw* com firmeza. A espada agora parecia mais do que uma ferramenta de combate. Era o símbolo de minha determinação.
Partimos em silêncio, os cavalos troteando suavemente pela estrada escura. O vento cortava minha pele, e a escuridão da noite parecia conspirar ao nosso redor. A caverna de Elstrad estava a algumas horas de distância, e a tensão aumentava a cada passo que dávamos.
Quando finalmente chegamos à entrada da caverna, o ar estava pesado com a energia de algo antigo. Eu sabia que o que estávamos prestes a fazer mudaria o curso de nossa história. A caverna era mais do que um simples esconderijo; era o centro de uma rede de traições e alianças sombrias. Lá, em meio às sombras, nos esconderíamos até o momento certo de atacar.
Ao entrarmos nas passagens secretas, cada som parecia amplificado, cada passo ressoando com uma intensidade que quase me fez hesitar. Mas eu não podia. Não mais. Não quando o futuro do meu reino estava em jogo.
— Fiquem alertas — murmurei, antes de nos espalharmos pelas sombras da caverna.
Nosso objetivo estava claro: pegar Malrik de surpresa, capturar as mentes mais traiçoeiras do Conselho e, acima de tudo, garantir que o reino continuasse em minhas mãos. Qualquer passo em falso seria fatal.
E, agora, tudo o que restava era esperar. O confronto estava iminente.
A tensão no ar era palpável enquanto nos movíamos pelas passagens escuras de Elstrad. Cada sombra parecia esconder um perigo, cada curva um novo obstáculo. O silêncio era absoluto, quebrado apenas pelo som suave de nossos passos. O exército que trazíamos, composto por homens treinados nas artes mais discretas do combate, estava pronto para agir, mas também sabia que a surpresa era o único elemento que poderia nos garantir a vitória.
A caverna, embora imponente e natural, tinha um caráter assustador. Suas paredes de pedra pareciam ressoar com a história das antigas batalhas travadas ali, e o eco de nossos movimentos se misturava ao murmúrio distante dos lobisomens, cujos uivos podiam ser ouvidos na escuridão. Eu sabia que eles estavam ali, em algum lugar, esperando por algo, ou talvez apenas vigiando os inimigos que agora se aproximavam.
Enquanto seguimos por um corredor estreito, Alexander se aproximou, seu olhar sério, mas carregado de respeito pela missão que estávamos prestes a cumprir.
— Alteza, a sala onde o Conselho se reúne fica à frente — ele disse em um tom baixo, quase sussurrado. — Eles ainda não chegaram, mas não devemos demorar.
Eu assenti, sentindo um frio estranho que não vinha apenas da caverna, mas da crescente sensação de que a noite seria decisiva para tudo o que conhecia. Era um jogo de escuridão, traição e poder, e Malrik havia jogado suas cartas com astúcia. Ele sabia da minha chegada, talvez até soubesse que eu estaria aqui, mas eu estava determinada a virar o tabuleiro a meu favor.
— Preparem-se — ordenei, a voz firme e decidida. — Precisamos ser rápidos. Uma vez dentro da sala do Conselho, neutralizem as ameaças, mas mantenham a integridade dos prisioneiros. Malrik será o primeiro a cair. Ninguém pode sair de lá sem minha ordem.
O grupo se dispersou, cada capitão assumindo sua posição. Eu avancei, com Ravenclaw afiada à minha cintura, pronta para qualquer confronto que surgisse. À medida que nos aproximávamos da sala central, onde Malrik e seus aliados estariam reunidos, o som de murmúrios se intensificou. Eles estavam discutindo, planejando algo — mas o que exatamente, ainda era um mistério.
Então, finalmente, chegamos à entrada da sala. A grande porta de pedra estava entreaberta, e através da fresta, eu consegui ver algumas figuras sombrias sentadas ao redor de uma mesa. Malrik estava entre elas, sua presença imponente, mas suas palavras suaves e calculadas. Ele não esperava um ataque tão cedo.
Eu dei um sinal para os capitães, e como sombras, todos entraram silenciosamente na sala. O choque foi instantâneo. Malrik levantou-se abruptamente, seus olhos se arregalando ao perceber o que estava acontecendo.
— Elizabeth Valmont — sua voz cortou o ar, carregada de desprezo. — Como ousa invadir meu território?
Ele se levantou de sua cadeira, e a sala foi tomada por uma tensão quase palpável. Eu sabia que ele tentaria uma reação, mas o tempo estava do nosso lado. Antes que ele pudesse fazer qualquer movimento, dei a ordem para que os capitães se dispersassem, cercando todos os presentes, incluindo os membros mais influentes do Conselho.
— Não é o seu território, Malrik — disse, caminhando em sua direção com firmeza. — É o meu. E o Conselho é apenas uma fachada para sua traição. Agora, você pagará pelo que tentou fazer.
Malrik, porém, não parecia intimidado. Ele sorriu, um sorriso frio e cruel, antes de fazer um gesto com a mão. No instante seguinte, as paredes da sala começaram a vibrar, e a atmosfera mudou de forma drástica. Eu senti uma onda de energia mágica se espalhando pela sala, uma magia poderosa que vinha dele.
— Você pode ser uma rainha em seu próprio direito, Elizabeth, mas ainda não é forte o suficiente para me enfrentar — disse ele, os olhos brilhando com uma luz ameaçadora. — Eu sou o futuro deste reino. E você está prestes a descobrir o preço de me desafiar.
Eu balancei a cabeça, ciente de que o confronto seria mais difícil do que eu havia imaginado. Mas, por dentro, eu já sabia que não havia mais volta. Não haveria trégua entre nós. O destino do reino estava em jogo, e eu estava disposta a arriscar tudo para garantir a minha vitória.
— Se você acha que a força está apenas na magia, Malrik, então está completamente enganado — respondi, minha voz firme. — O verdadeiro poder vem de saber como jogar o jogo e de ter o controle total sobre a situação. E, agora, você perdeu.
Nesse momento, dei sinal para os capitães. Eles avançaram, se lançando contra os aliados de Malrik com uma precisão mortal. O caos tomou conta da sala, mas eu me mantive centrada, os olhos fixos em Malrik. Ele estava tentando conjurar mais magia, mas eu sabia que ele não conseguiria escapar.
Com um movimento rápido, tirei Ravenclaw da bainha e, com um golpe preciso, desarmei Malrik, cortando sua mão no processo. Ele gritou de dor, mas não era mais o líder que havia sido tão arrogante antes. Ele estava perdido.
— Você não vai mais me desafiar — disse, com uma frieza imperturbável. — E isso é o fim da sua traição.
Enquanto ele caía de joelhos, rendido, senti a sala quieta em um silêncio mortal. O Conselho estava em minhas mãos agora, e, com isso, eu tomaria o controle completo. Mas havia algo mais, algo que ainda me deixava alerta. A luta ainda não estava completamente vencida, mas essa vitória — essa primeira vitória — me daria o poder necessário para forjar o futuro do reino. E ninguém, nem mesmo Malrik ou os lobisomens, poderiam impedi-la.
A sala estava em completo caos. Os gritos abafados dos aliados de Malrik ecoavam pela caverna, misturados ao som de passos rápidos e pesados enquanto os capitães neutralizavam rapidamente as ameaças. Eu mantinha o olhar fixo em Malrik, agora ajoelhado diante de mim, sua expressão marcada por dor e vergonha. Ele estava desarmado, a magia que antes o cercava agora completamente dissipada.
A tensão no ar era palpável, mas, ao mesmo tempo, havia uma sensação de poder crescente em meu interior. Eu sentia que havia dado um passo decisivo para garantir meu domínio. Malrik havia falhado, e agora o controle estava em minhas mãos. A sala parecia mais silenciosa, mas ainda assim, eu sabia que essa batalha não acabaria sem mais complicações.
— Você não aprendeu nada, Malrik — disse, com a voz fria e cortante. — A sua arrogância te levou à ruína. Agora, será um exemplo para aqueles que ainda acreditam que podem desafiar minha autoridade.
Malrik olhou para mim, os olhos brilhando de raiva e desesperança.
— Você pode ter me derrotado aqui, Elizabeth, mas a guerra não termina assim. Você não pode lutar contra todos — sua voz estava fraca, mas ainda carregava uma ameaça implícita.
Eu o observei por um momento, sem me mover, processando suas palavras. Ele estava certo em uma coisa: a luta estava longe de ser concluída. Esta não era apenas uma batalha contra ele; era uma guerra pelo futuro do reino. Mas isso não me intimidadava. Pelo contrário, me dava ainda mais força. Ele podia estar derrotado fisicamente, mas a verdadeira guerra aconteceria na arena do poder. E era isso que eu estava preparada para enfrentar.
— Eu não estou lutando contra todos — respondi calmamente, deixando minhas palavras pairarem no ar. — Estou lutando por um futuro onde o poder não será mais um jogo de sombras e traições. Onde aqueles que se rebelam contra a ordem estabelecida pagarão o preço.
A cada palavra, meu tom se tornava mais firme, mais impositivo. Era claro que eu tinha mais a perder do que ele, mas também estava ciente de que minha posição agora era mais forte.
— Prendam-no — disse, minha voz finalmente rompia o silêncio tenso da sala. — Leve-o para as masmorras e garanta que ele não tenha mais a oportunidade de manipular ninguém.
Dois dos capitães se aproximaram, segurando Malrik com firmeza, enquanto ele tentava resistir, mas sua força estava quase esgotada. Ele foi levado para fora da sala, sua presença finalmente desaparecendo da minha vista. Eu ainda sentia o peso das suas palavras ecoando na minha mente, mas não permiti que elas me abalassem.
Olhei para o restante do Conselho, que observava, atônito. Alguns estavam visivelmente assustados, outros pareciam mais calculistas, como se estivessem aguardando o próximo movimento. Não havia mais espaço para dúvidas.
— Agora, quem mais tem algo a dizer? — perguntei, minha voz cortante. — Quem mais tenta me desafiar?
Os membros do Conselho se entreolharam, mas ninguém se atreveu a falar. Sabiam que o jogo havia mudado. Eu tinha vencido, e aqueles que ainda desejassem permanecer ao meu lado precisariam provar sua lealdade agora mais do que nunca. Mas eu também sabia que a lealdade seria volúvel, e era apenas uma questão de tempo até que alguém tentasse jogar o mesmo jogo que Malrik.
— Como será, Alteza? — perguntou Alexander, que havia permanecido ao meu lado durante todo o confronto. Seu olhar estava cauteloso, mas ao mesmo tempo cheio de respeito pela vitória que acabávamos de conquistar.
Respirei profundamente, minha mente já projetando os próximos passos. Sabia que o domínio total não viria de uma única ação. Era uma série de movimentos estratégicos, e o primeiro passo tinha sido dado.
— Agora, precisamos estabilizar o Conselho. Convide os membros que ainda são leais para uma reunião imediata. Que eles saibam que qualquer tentativa de deslealdade será tratada com a mesma severidade de Malrik. — Eu dei uma pausa, olhando diretamente para Alexander. — E reúna os espiões. Quero saber quem ainda está jogando o jogo das sombras.
Ele assentiu, antes de sair para cumprir as ordens. O silêncio na sala se tornou mais pesado à medida que os outros membros do Conselho se levantavam lentamente. A derrota de Malrik ainda estava fresca, mas agora, diante de mim, havia uma oportunidade de estabelecer um novo equilíbrio de poder. Eu estava decidida a não deixar que a desconfiança e as traições minassem minha autoridade. O caminho para consolidar meu reinado seria longo, mas agora ele estava em minhas mãos.
Enquanto a sala começava a se esvaziar, olhei para a entrada da caverna, onde a luz da lua começava a filtrar pelas fendas da rocha. O jogo havia mudado, mas a batalha estava apenas começando. Meu destino estava longe de ser selado, e eu estava mais determinada do que nunca a moldá-lo segundo minha própria vontade.
Por qualquer meio necessário.
A reunião com os membros leais ao meu governo foi tensa, mas não havia mais espaço para incertezas. Quando eles entraram na sala, já sabiam que os tempos haviam mudado. O golpe de autoridade contra Malrik havia sido necessário, mas eu também sabia que o verdadeiro desafio era a consolidação do poder.
Sentada à cabeceira da mesa, olhei para cada um dos presentes, medindo suas reações. Alguns ainda estavam atordoados com o que acontecera, outros estavam apenas aguardando a oportunidade de fazer suas movimentações. Eu sabia que os verdadeiros leais não precisavam de palavras. Eles estavam dispostos a agir sem hesitar. Mas eu também tinha em mente os mais ambiciosos, aqueles que achavam que poderiam usar minha vitória como um trampolim para seus próprios interesses.
— A morte de Malrik não é o fim, é apenas o começo — comecei, minha voz ecoando pela sala silenciosa. — Todos que se alinharam com ele têm agora uma escolha: jurar lealdade a mim ou enfrentar as consequências. E, como viram hoje, as consequências podem ser… fatais.
Os olhares de alguns membros vacilaram, mas ninguém ousou interromper. Eu havia demonstrado claramente que minha autoridade não era algo que se pudesse desrespeitar impunemente.
— Agora, vamos falar sobre o futuro — continuei. — O Conselho precisa ser reestruturado, e aqueles que se consideram aptos a servir devem provar sua lealdade. Não haverá espaço para dúvidas. Cada passo daqui em diante será monitorado.
A tensão na sala aumentou, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de controle começou a se instalar. Sabia que ainda havia facções a serem domadas, mas esse não era o momento de dividir forças. A unidade era essencial, e eu não hesitaria em esmagar qualquer tentativa de rebelião.
— Alexander, reúna os líderes das famílias mais poderosas e traga-os até mim. — Olhei para ele, que estava de pé ao meu lado. — Não podemos mais permitir que o Conselho se divida em pequenos grupos que jogam uns contra os outros. É hora de unificar o reino sob uma única liderança. A minha.
Ele fez uma reverência silenciosa e saiu sem uma palavra. Eu então voltei minha atenção para os outros membros da reunião.
— E agora, a questão dos lobisomens — falei, minhas palavras carregadas de veneno. — O que sabemos sobre Alaric? Não podemos permitir que ele ameace nossa estabilidade com seus próprios jogos.
Um dos membros mais velhos, um homem de aparência imponente e cabelos prateados, falou finalmente, sua voz grave e cheia de cautela.
— Alaric é astuto, Alteza. Ele sabe jogar com as sombras e manipular as emoções. Não podemos subestimá-lo. No entanto, os lobisomens são divididos. Se conseguirmos enfraquecer a liderança dele, o resto pode se fragmentar.
Eu acenei lentamente, processando suas palavras. Eu já sabia disso. As criaturas não eram unidas por um único desejo, mas sim por uma liderança forte. E Alaric tinha conseguido manter a coesão apenas com sua força e poder. Se isso fosse minado, seria possível separá-los.
— Então vamos enfraquecê-lo — disse com firmeza. — Precisamos de aliados dentro dos lobisomens, informações que possam nos dar vantagem. Quem pode infiltrar-se sem chamar atenção?
Os membros trocaram olhares, alguns hesitando. Finalmente, uma mulher se levantou, seu rosto sombrio, mas decidido.
— Eu conheço alguém que pode ajudar, Alteza. Um lobisomem de baixa patente, mas leal ao nosso interesse. Ele está em um lugar onde Alaric não pode facilmente alcançá-lo. Com isso, podemos começar a desestabilizar a liderança dele.
Eu olhei para ela, avaliando sua sugestão. Alaric era um risco, mas também uma oportunidade. Se os lobisomens começassem a questionar a força de seu líder, isso poderia gerar divisões internas que seriam vantajosas para nós.
— Faça o que for necessário — respondi, minha voz sem misericórdia. — Traga essa informação. Quero saber tudo sobre as fraquezas de Alaric.
A mulher fez uma reverência e saiu rapidamente, e eu voltei a olhar para os outros membros do Conselho, meu olhar agora mais afiado. Eles estavam começando a entender que minha autoridade era inegociável.
O plano estava se formando. O caminho à frente seria repleto de armadilhas e inimigos, mas eu estava preparada para qualquer coisa. Eu tinha que manter o controle, atacar quando fosse preciso e, acima de tudo, nunca mostrar fraqueza. Sabia que o destino do reino estava nas minhas mãos, e eu não iria falhar.
***
A viagem até o território dos lobisomens foi longa, mas necessária. Enquanto cavalgávamos pela noite, eu sentia a tensão crescer. Este seria um confronto que mudaria o curso dos eventos.
— Alteza, se me permite… — disse Alexander, que montava ao meu lado. — O que fará se Alaric não se submeter? E se ele resistir?
Eu sabia que ele estava preocupado, mas também confiava em sua lealdade.
— Então a guerra começará de verdade, Alexander. Não será uma guerra de palavras ou de alianças. Será uma luta pela sobrevivência. E, se necessário, estou pronta para lutar até o fim.
Nós cavalgamos em silêncio por mais alguns minutos, os ventos da noite cortando meu rosto. Eu estava preparada para enfrentar qualquer coisa. Alaric seria apenas mais um obstáculo. E, ao final, ele também perceberia que ninguém desafiaria Elizabeth Valmont e vencesse.
O destino do reino estava se aproximando de uma encruzilhada. Eu tinha minhas armas, minha estratégia e, o mais importante, minha vontade inquebrantável. E nada, nem mesmo os lobisomens poderiam impedir meu reinado.
A jornada pela floresta escura parecia interminável. O som de nossas montarias era abafado pela espessa vegetação, e a luz da lua mal conseguia penetrar entre as árvores densas. Apesar da quietude, o ar estava pesado, carregado de tensão. Algo estava prestes a acontecer, eu podia sentir. Mas nada disso me abalava; a ideia de confrontar Alaric parecia quase… inevitável.
— Alteza, o que acha de confiar na informação dessa mulher? — perguntou Alexander, interrompendo meus pensamentos.
Olhei para ele, a dúvida em seus olhos evidente, mas também a lealdade silenciosa. Ele se importava, não apenas com o reino, mas comigo. Isso me deu uma leve sensação de segurança, algo raro em meu mundo.
— Confio em quem serve ao meu interesse, Alexander — respondi, minha voz fria como a brisa que cortava nosso caminho. — A mulher é leal, e é disso que precisamos neste momento. Ela trouxe resultados até agora, e não vejo razão para duvidar dela agora.
Alexander assentiu, aparentemente satisfeito com a explicação, mas um brilho de preocupação ainda pairava em seu olhar. Não era apenas a guerra que o preocupava; era o que essa guerra significava para nós, para o reino, e talvez até para nossa relação. Mas essas questões não podiam ser prioridade agora. O trono, o poder e a sobrevivência estavam acima de tudo.
Nos aproximávamos do território dos lobisomens. As árvores tornavam-se mais escassas, substituídas por terrenos abertos e uma neblina espessa que pairava sobre o solo. Era como se a própria terra estivesse alerta para nossa chegada. A sensação de estar sendo observada era quase palpável, mas eu não me deixaria intimidar. Eu era Elizabeth Valmont. Eu dominaria esse território, assim como fiz com tantos outros.
Finalmente, chegamos a um pequeno acampamento escondido entre as árvores. Era simples, quase rudimentar, mas havia uma aura de segredo ao redor. O homem que nos esperava estava encapuzado, e seu olhar era desconfiado, mas também curioso.
— Alteza Valmont — disse ele, com uma voz rouca e profunda, ao se aproximar. — Eu sou Viktor. Fui enviado por quem você conhece.
Eu o observei atentamente, sentindo a tensão crescer. Se ele era leal ao meu lado, então ele sabia o risco que corria ao se envolver com alguém como eu. Mas o que me interessava mais eram as informações que ele pudesse fornecer sobre Alaric.
— Onde está Alaric? — perguntei, minha voz baixa, porém autoritária.
Viktor hesitou por um momento, como se ponderasse se deveria revelar ou não. Era um lobisomem de baixa patente, mas tinha o suficiente de sua raça em si para entender o peso de suas palavras.
— Ele está escondido em um lugar que poucos conhecem. — Viktor deu um passo à frente, seu olhar fixo no meu. — Mas o que ele busca não está no controle da terra. O que ele quer, Alteza, é algo que você não pode simplesmente conquistar com força. Ele busca… algo mais.
Meu interesse foi imediatamente despertado. Eu havia subestimado Alaric, pensei. Ele não era apenas um líder de lobisomens, ele tinha um objetivo maior. Algo além da simples supremacia de sua raça.
— O que ele quer, Viktor? — insistiu Alexander, a impaciência evidente em sua voz.
Viktor olhou ao redor antes de responder, como se tivesse medo de ser ouvido por olhos invisíveis.
— Ele quer poder além do físico. Ele busca artefatos, magias antigas, coisas que podem alterar a própria estrutura do reino. Magia negra, Alteza. E ele tem conseguido… até agora.
A revelação caiu como um peso sobre mim. Eu sabia que Alaric não era apenas uma ameaça por ser lobisomem, mas por seu desejo de poder além do natural. Algo que poderia colocar tudo em risco.
— Onde ele está agora? — perguntei, com uma firmeza que fez Viktor hesitar ainda mais.
— Em um antigo templo, ao norte. — Viktor respondeu finalmente. — Um lugar perdido, onde poucos se atrevem a ir.
Eu olhei para Alexander, que parecia estar absorvendo a gravidade da situação, e então voltei meu olhar para Viktor.
— Prepare-se. Iremos até lá. — Minha voz estava cheia de determinação. — Esse poder será meu. Não permitirá que um lobisomem, seja ele qual for, ameace o que é meu.
Viktor parecia surpreso, mas rapidamente se endireitou, reconhecendo que minha decisão estava tomada. Ele fez uma reverência e se afastou, dando ordens para que os homens de confiança dele nos guiassem até o templo.
Eu sabia que a jornada até o templo seria difícil, mas isso não importava. A guerra estava apenas começando. Não seria uma batalha contra um exército ou contra Alaric, mas contra o próprio destino.
E eu estava mais do que pronta para enfrentá-lo.