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Milagres em um mundo esquecido pelos Deuses

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Chapter 1 - O início - A chegada a clareira (1)

O verão estava quente como sempre, apesar do ar-condicionado e do ventilador ligados, se minha mãe visse isso diria que eu sou sócio da companhia de energia, mas era isso ou suar como um porco.

A televisão não passava nada útil fazia muito tempo, guerras por lá, doenças novas, conflitos políticos sem sentido, só baboseira, mas mesmo assim eu a deixava ligada, talvez apenas para não me sentir sozinho em casa, ou talvez simplesmente por costume, tem sido estranho ficar sozinho, mas a essa altura eu já devia ter me acostumado.

Uma mensagem chegou no telefone e Artur se sentou no sofá enquanto o sol iluminava a sala e ele desbloqueava o celular. Alguém tinha mandado um áudio no app de mensagens, o que ele detestava, mas sabia que ele não podia ignorar quem mandou, seria uma dor de cabeça bem irritante, então sem enrolar muito ele desligou a tv e escutou o áudio. Uma voz levemente irritada e e talvez um pouco... triste? Começou a falar:

"Ei Art, sei que combinamos as 16 horas, mas a gente não podia sair antes? Aconteceram algumas coisas um pouco chatas por aqui e eu realmente não estou afim de ficar em casa..."

Emi tinha saído de férias do seu trabalho de meio período a poucos dias e tinha combinado de sair com Artur hoje para visitar um parque novo que foi aberto recentemente, alguns idiotas poderiam pensar que era um encontro, mas para o bem de Art, ela o via apenas como um amigo, e ele realmente não queria alguém com aquela personalidade como uma possível parceira. 

Um pouco irritado e também preocupado, Artur começou a se arrumar e mandou uma mensagem para Emi, dizendo que sairia nos próximos 15 minutos 'Ela deveria evitar essas confusões, que saco'. Ele trocou de roupa rapidamente, a maioria das pessoas iria detestar ficar de calças nesse calor, mas Art detestava ficar de shorts, então apesar do calor, ele colocou uma calça preta e uma camisa branca, seu senso de moda era quanto mais simples melhor, e logo após pegou uma mochila que já estava preparada e saiu.

Se a mãe dele visse que ele deixou o ar-condicionado ligado... Bem, ele vai ter uma surpresa bem desagradável quando chegar em casa, talvez uma chinelada? Quem sabe...

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 Com o calor insuportável que estava fazendo hoje, muitas pessoas estavam procurando sombras para, ao menos, escapar do sol escaldante, quem diria que poluir seus rios, desmatar suas florestas e lançar toneladas de CO² na atmosfera iria causar isso não é mesmo?

Emi estava sentada em uma sobra de uma das poucas árvores restantes a beira da rua, ela usava um vestido simples e uma presilha de borboleta azul em seu cabelo castanho claro, era levemente infantil, mas dava um ar de pureza a sua aparência que a deixava estranhamente bela, se um rapaz a olhasse brevemente ele seria capaz até de corar... se não fosse pela raiva estampada em seu rosto e pela quantidade de palavras de baixo calão que ela sussurrava contra algum infeliz que pelo visto estava atrasado "Quando eu por minhas mãos naquele filho da pu..."

Antes dela terminar sua ofensa contra o pobre rapaz, um garoto falou com uma voz animada: "Oi Emi, esperou muito?"

"Como assim esperei muito? Você disse que estaria aqui em 15 minutos!"

"Calma lá, eu disse que sairia nos próximos 15 minutos, não que estaria aqui"

"Não, você disse claramente que estaria aqui em 15 minutos sim!"

"Bem, se você diz..."

Art já estava bem acostumado com essa personalidade, mas isso não quer dizer que isso não o deixasse incomodado, então ele sacou o celular e começou a ler em voz alta: "Oi Emi, já te falei para não me mandar mensagens de voz, sabe que eu detesto, ta tudo bem, vou sair de casa em 15 minutos, acho que até as 15 eu chego ai, até"

Emi estava abrindo sua boca para retrucar quando Artur colocou o dedo em sua boca e com um sorriso um pouco maligno falou: "Fica quietinha que você perdeu dessa vez"

O que lhe rendeu um belo chute na sua canela que fez Artur soltar um grito de dor e exclamar com um pouco de ódio "Tu me paga, pirralha!"

 Claro, ela não era realmente uma pirralha de acordo com sua idade, mas Art rotineiramente a chamava assim devido a suas atitudes infantis para uma pessoa de sua idade, não que ela fosse velha, mas a maioria das pessoas da sua idade tem atitudes um pouco mais maduras."Ja falei pra não me chamar assim imbecíl, e você também mereceu esse chute, desde quando você pode colocar a mão na minha boca assim?"

Bem, ela tinha um ponto, apesar dele ser próximo de Emi, isso foi um pouco demais "Ta certo, desculpa, mas ninguém manda você ficar surtando comigo por qualquer coisa"

"Hunf... OK, desculpa, tava irritada por causa de um negócio e você faz essas brincadeiras sem graça"

"Ta bom, ta bom, vou deixar passar.. Enfim, vamos lá? Se a gente demorar muito vai ficar muito tarde para ir no parque"

"Ta certo, vamos de Ônibus então"

Eles se dirigiram ao ponto mais próximo enquanto conversavam e então pegaram um dos próximos horários para o parque. Após alguns minutos de uma viagem desconfortável, o ônibus estava bem lotado, eles desembarcaram em um ponto próximo ao parque e caminharam até lá...

"Então seus pais brigaram de novo por que sua mãe não quer deixar você estudar o que você quer, é isso?"

"Sim... meu pai está tentando me ajudar, mas não é como se minha mãe realmente ligasse se eu não quero estudar aquelas matérias chatas de medicina, eu ainda nem me formei no ensino médio e ela parece já ter traçado minha vida até os 40, sei que tem um limite do quanto meu pai pode me ajudar, e eu não quero continuar desgastando o relacionamento deles..." Emi olhou para longe com um olhar irritado "Mas eu realmente não quero passar 8 anos da minha vida em uma faculdade que eu nem tenho vontade de fazer"

Art estava escutando atentamente ela, não que ele já tivesse passado por algo parecido, pelo contrário, a maior parte de suas decisões tinham sido tomadas única e exclusivamente por ele, sem receber a consulta ou os concelhos de ninguém, o que era um pouco triste.

"Bem, não é como se eu tivesse passado por isso, mas você já chegou a sugerir algum outro plano ao invés do dela? Sabe, eu até entendo o lado da sua mãe, é uma profissão que é sucesso quase garantido, então largar isso assim do nada pode ser um pouco preocupante do ponto de vista dela"

Emi ficou em silencio por alguns segundos como se estivesse envergonhada em falar o que ela estava prestes a dizer "Eu já...."

Antes dela terminar sua fala, eles chegaram ao parque, ela não parou de falar por estar envergonhada, mas sim porque era uma vista inacreditável. A entrada do local era relativamente simples, mas a vegetação e o lago situado bem no meio daquelas árvores era muito belo, além de muito raro, paisagens assim foram sendo extintas nos últimos 50 anos, ao ponto das pessoas mais jovens raramente verem árvores ou água limpa sem estar cercadas de guardas, então era realmente uma vista única no meio daquele agito das metrópoles.

Artur não conseguindo conter a empolgação exclamou animado "Eles realmente não estavam brincando quando disseram que o local era bonito, eu até vi umas fotos, mas ver isso com seus próprios olhos é realmente diferente!"

"E pensar que tem gente que detesta lugares assim, até o ar é mais limpo, vamos ver o quanto eles se dedicaram dessa vez"

Ambos adoravam estes espaços verdes, que eram extremamente unicos, fazendo cada experiência em locais deste tipo ser única e inesquecível, não que eles entendessem qualquer coisa de jardinagem ou de botanica, mas quem disse que precisa ser um ótimo escritor para aproveitar uma boa história? Então eles aproveiram e exploraram o local o máximo que conseguiram.

O parque era grande, algo próximo de uns 10 hectares? Não era exatamente isso, mas era o suficiente para acomodar um pequeno riacho e várias trilhas para caminhadas. Mais impressionante era o quão vazio um lugar desses estava apesar do horário, haviam apenas alguns transeuntes, nada mais que dois punhados de pessoas que, ocasionalmente, se esbarravam, apesar do tamanho do local, no fim, os caminhos eram os mesmos.

"Ei Art, você viu aquela senhora com o cachorro dela? Tipo, eles eram a cópia um do outro"

"Fala baixo, ela vai escutar a gente" disse ele tentando segurar a risada.

Eles se apressaram e seguiram em sua caminhada, o destino deles era uma cachoeira que ficava um pouco mais ao fundo no parque, que poucas pessoas ainda sabiam de sua existência, então não estaria muito lotado.

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Chegando lá, eles acharam um espaço perto de uma árvore e se sentaram, ainda era dia, apesar de já ser quase 19 horas, as maravilhas do horário de verão..