Sem aviso, o carrinho foi empurrado para a frente pelas cortinas, revelando que estavam do lado do palco. Ele foi levado ao centro do palco, e então sua gaiola foi colocada no chão.
Caspian ficou momentaneamente cegado pelas luzes do palco, o flash dissipando-se para revelar um mar de escuridão à sua frente.
Ele não conseguia ver a plateia por causa do brilho das luzes, e não ajudava o fato de várias delas brilharem diretamente sobre ele.
Agora que conseguia enxergar melhor, percebeu que estava usando uma peruca preta, as mechas de cabelo sintético balançando em sua visão.
"...com um lance inicial de cinquenta mil!" O leiloeiro gritou entusiasmado, o som ressoante do martelo batendo na madeira ensurdecedoramente.
Caspian teve que se virar para o leiloeiro então, um homem robusto com o rosto reluzente que claramente gostava do seu trabalho.
Esperava que o choque de sua situação atual o fizesse ouvir errado porque não havia maneira de alguém comprá-lo por cinquenta mil dóla-
"Indo por cinquenta... Sessenta e cinco! Temos sessenta e cinco- Setenta! Noventa! Cento e cinquenta!" O leiloeiro falava rápido como metralhadora, limpando seu rosto suado e brilhante com um lenço amarrotado.
"Senhores, temos aqui uma competição acirrada..." Ele riu, caminhando mais perto da gaiola.
Caspian desejava que seus ouvidos estivessem sangrando, e que essa fosse a razão para ele estar ouvindo todas as coisas erradas, estremecendo quando o leiloeiro passou a mão pelas barras para segurar seu rosto, mostrando-o melhor para a audiência.
"Olhos azuis grandes, cabelo preto de cetim... vejo dois e cinquenta- Um milhão de dólares!" O leiloeiro interrompeu a si mesmo, sua entrega anteriormente suave tremendo um pouco.
Caspian ficou aliviado quando o leiloeiro soltou seu rosto, a conversa com Jenny surgindo em seus pensamentos enquanto seu lance subia mais e mais.
Não havia maneira dele ser liberado quando fosse comprado por mais de dez milhões de dólares. Mas ele não estaria basicamente fazendo um idiota da pessoa que ganhasse o lance? Por fingir ser alguém que não era?
Estava armado contra ele desde o início, ele tinha sido sequestrado para ser leiloado então duvidava que alguém se importaria se fosse morto por quem o comprasse.
Isso significava que ele tinha que tentar escapar a qualquer custo. Se ele terminaria morto de qualquer jeito, pelo menos poderia escolher de certa forma o jeito que isso aconteceria.
Ele mal prestou atenção no leilão mesmo quando o lance vencedor foi anunciado vigorosamente pelo leiloeiro, já planejando sua fuga mesmo estando sentado na gaiola no palco.
Talvez fosse porque ele tinha ouvido somas enormes serem mencionadas casualmente em questão de poucos minutos, mas Caspian estava menos abalado do que deveria pelo lance vencedor de vinte e cinco milhões.
Sua gaiola foi colocada novamente no carrinho e ele foi empurrado pelas cortinas outra vez. Não o levaram de volta ao quarto de espera onde ele tinha estado antes, o homem que tinha cuidado da mudança trouxe um molho de chaves.
A gaiola não era grande o suficiente para ficar em pé, então ele permaneceu sentado de joelhos mesmo depois que a porta da gaiola se abriu, não acreditando que realmente estava sendo permitido sair.
"Sai daí," o homem ordenou silenciosamente.
Caspian quase esfolou as palmas das mãos no chão sujo e áspero de tão apressado, alguém fora de sua visão o ajudando a se levantar pelo braço em tempo.
"O Rei da Máfia Asher não ficaria feliz se a mercadoria chegasse danificada," um homem que ele não tinha visto antes repreendeu os outros.
Ele podia ver o homem que havia destrancado sua gaiola encolher-se, pedindo desculpas prontamente antes de se afastar com os outros dois a reboque.
O homem que o ajudou a se levantar e falou por ele estava vestido como um homem da classe trabalhadora comum, e se não fosse pelas armas de fogo visíveis no cruzamento de coldres pendurados em seu peito, ele estaria convencido de que o Beta estava no lugar errado.
Além disso, estava acontecendo muita coisa, mas ele tinha certeza de que não imaginou o Beta mencionando um Rei do Crime.
"Qual é o seu nome?" O Beta perguntou, olhando-o intensamente.
Caspian estava aterrorizado de falar, seus olhos arregalados. Este homem estava claramente aqui para levá-lo, o que aconteceria se descobrissem imediatamente que ele não era uma mulher?
O homem soltou seu braço para deslizar dois dedos por baixo da coleira em seu pescoço, "Isso está impedindo você de falar?"
Não estava, mas Caspian não o corrigiu, sua vida piscando diante de seus olhos quando o homem sacou uma faca e sem esforço cortou o couro.
Ele teria preferido que as chaves de suas algemas fossem procuradas, mas em poucos segundos, ele se viu livre de suas amarras sem um único arranhão, então dificilmente poderia reclamar.
"Ca-Caspian," ele falou tão suave e baixo quanto sua garganta arranhada permitia.
O homem franziu a testa com isso, "Nome estranho para uma menina."
Caspian desejava que o chão se abrisse e o engolisse naquele momento, como ele havia esquecido esse pequeno detalhe?
"Você pode me chamar de Jael," o Beta continuou, ignorando seu estranho nome. Ele segurou seu braço novamente, sua carranca nunca amenizando. "Você usa drogas?"
Caspian balançou a cabeça negativamente, sem planos de falar novamente com o quão mal havia ido da primeira vez.
"Vou descobrir se você está mentindo." Jael o avisou, a ameaça em suas palavras clara.
Caspian podia ver como suas alegações poderiam ser inacreditáveis, ele estava magro como um relógio e pálido, sua voz rouca. Ele não tinha exatamente muitos pontos a seu favor.
"Eu tenho o seu relatório médico, no entanto, e ele diz que você não é," Jael soltou seu braço, "Venha comigo."
Caspian fez como foi instruído, grato por estar usando shorts por baixo do vestido que tinha.
Ele não se lembrava de ter ido a um médico para um relatório médico, e isso fez com que ele se encolhesse pensando em quanto poderia ter acontecido a ele enquanto estava desacordado.