Hoje, finalmente vou me casar com o homem dos meus sonhos e meu primeiro amor. Não me lembro de quando me apaixonei por ele, mas desde que me conheço por gente, sempre estive apaixonada. Não estava certa se era por pura sorte ou infortúnio que meu amor unilateral e proibido seria realizado hoje, após tantos anos desejando o noivo da minha irmã.

Não sei nem por onde começar para descrever toda a dor, o sofrimento e as desgraças que tive que enfrentar antes de chegar a este momento. Vestida com um caríssimo vestido de casamento de estilista, um véu de renda branca cobrindo meu rosto, apertei levemente o braço do meu pai tentando fazer com que minhas pernas parassem de tremer pela mistura de nervosismo e excitação avassaladora.

Simplesmente não parece real.

Não me atrevi a fechar os olhos por muito tempo, temendo que, ao abri-los novamente, descobriria que tudo sobre este casamento era apenas um doce sonho fantasioso que tive inúmeras vezes antes. Desde pequena, sonhei muitas vezes com o dia do meu casamento. Cada vez, alguns detalhes poderiam ser diferentes, como o vestido que eu estava usando ou o local do nosso casamento, ou como a cerimônia se desenrolaria. No entanto, a única coisa que permaneceu constante em todos os meus sonhos foi a identidade do meu noivo. Sempre me casaria com ele e com mais ninguém.

"Não se atreva a estragar tudo, Dahlia..."

A voz profunda que sussurrou essas palavras para mim com rispidez pertencia a ninguém menos que meu pai. Sem querer, instintivamente levantei os olhos para ver seu rosto, que me encarava com olhos ameaçadores. Sempre odiei o jeito que ele me olhava, como se eu não fosse humano ou simplesmente algo que não deveria ter nascido. Mesmo neste dia, esperava que ele sentisse sequer um pingo de gratidão por eu estar aqui e mais uma vez fazer sua vontade para salvar o nome e a reputação da nossa família.

Antes que meus pensamentos e humor escurecessem, decidi olhar para frente e simplesmente ignorá-lo. Em todos os sonhos que tive com o meu casamento, caminhava orgulhosa pelo corredor até onde meu belo noivo me aguardava sozinho. Meu pai nunca estava ao meu lado, como está agora, e havia mais de alguns bons motivos para isso.

"Faltam trinta segundos e as portas se abrirão. Por favor, não se esqueça de sorrir e não se esqueça de chutar a saia do seu vestido a cada passo que der," um dos funcionários da equipe organizadora do casamento me lembrou antes de me mostrar um sorriso brilhante.

"Obrigada..." respondi num sussurro suave enquanto acenava com a cabeça levemente em reconhecimento.

Claro, a última coisa que eu queria era cair de cara no chão num momento tão crucial como este. Embora soubesse que era um casamento de conveniência e necessidade, não deixei isso pesar demais na minha mente. Para alguém azarada e desafortunada como eu, só de estar aqui com a chance de casar com o homem dos meus sonhos já parecia mais do que eu jamais poderia pedir. Dizem que são necessários dois para dançar tango e isso me fez pensar por um instante se meu futuro noivo estava satisfeito em se casar comigo.

"Eles terão que estar. Com tudo o que fizeram, não terão outra escolha..."

As palavras do meu pai e a raiva em seus olhos voltaram à minha mente ao lembrar de sua resposta quando perguntei se o noivo e sua família realmente estariam bem comigo. Ele não me disse que estariam bem, mas pode ser verdade que, assim como eu, eles também não tinham mais escolha na questão. Sem este casamento, nossas famílias e toda a riqueza e posição que temos podem realmente desmoronar após tantas gerações de sucesso.

Era um casamento pela nossa sobrevivência.

"3...2...1. Boa sorte!" disse o membro da equipe sinalizando minha entrada na igreja.

Saindo dos meus pensamentos profundos, as visões e os sons vívidos da situação ao meu redor me voltaram novamente. Rapidamente percebi que dois homens vestidos com ternos pretos polidos já estavam abrindo as grandes portas duplas luxuosamente decoradas da igreja onde eu faria minha entrada com meu pai. A banda já estava tocando a marcha nupcial para sinalizar a entrada da noiva e essa noiva era eu.

Subitamente, o vestido que eu usava parecia muito apertado no peito e na cintura, e os sapatos de salto alto que eu calçava pareciam tão desconfortáveis. Meu pai puxou levemente meu braço para me incentivar a dar um passo para dentro da igreja, onde todos os convidados honrosos aguardavam para testemunhar meu casamento e a eventual união de nossas famílias.

Isso não é apenas sobre mim. Embora devesse ser, isso não é pela minha família. Isso é pela minha irmã gêmea... e por mim!

Isso é para você, Dina.

Te amo, Dina. Obrigada por sempre me amar e estar lá por mim.

A luz dos holofotes que brilhava em mim para destacar minha entrada na igreja parecia cegante. De uma forma estranha, era um alívio não poder ver os muitos espectadores reunidos na igreja para testemunhar nosso casamento. Parentes que me rejeitaram quase toda a minha vida, parceiros de negócios que só queriam se beneficiar do status social da minha família, e repórteres e membros da imprensa desconhecidos. Os flashes das câmeras disparavam enquanto eu fazia o melhor para manter um belo sorriso no rosto, sentindo-me grata por meu rosto ainda estar parcialmente obscurecido pelo véu que eu usava.

A caminhada pelo corredor parecia irreal, e cada passo parecia que eu estava caminhando sobre as nuvens. A maior parte disso era porque mal conseguia sentir minhas pernas sob mim. Xinguei silenciosamente ao treinar meus olhos para olhar para frente enquanto minha mente se perguntava por que a igreja tinha que ser tão grande e a caminhada até o meu noivo tão longa.

--Continua...