A noite estava envolta em uma névoa densa quando Lucas e Ana chegaram à casa de Heitor. A iluminação fraca das ruas parecia refletir a gravidade da missão que estavam prestes a enfrentar. O nome de Heitor, filho de um senador influente, havia surgido de maneira inesperada em suas investigações, e a possibilidade de ele estar envolvido com O Artista os deixava inquietos.
Ao entrarem na residência, foram recebidos por um ambiente que exalava um misto de opulência e desespero. As paredes estavam adornadas com quadros de artistas renomados, mas a atmosfera era pesada, como se algo sombrio estivesse prestes a se revelar. Heitor estava sentado em uma poltrona, com a expressão cansada e um olhar que misturava tristeza e determinação.
"Vocês estão aqui", disse ele, sua voz trêmula. "Eu sabia que viriam."
"Precisamos entender o que está acontecendo, Heitor", Ana respondeu, sentindo a urgência no ar. "Você é O Artista, não é?"
Heitor assentiu lentamente, e uma sombra de dor cruzou seu rosto. "Sim, sou eu. Mas não sou o vilão que muitos pensam. Meu pai lutou contra a corrupção deste país e morreu por isso. Eu não tinha escolha a não ser continuar sua luta, mesmo que de maneira extrema."
"Por que nos contar isso agora?" Lucas perguntou, intrigado.
"Porque... só tenho mais uma hora de vida", Heitor revelou, sua voz quase um sussurro. "O que estou prestes a fazer pode ser a única chance de expor a verdade antes que eu parta."
Ele se levantou com dificuldade e se dirigiu a uma mesa próxima, onde pegou um papel. "Isto é o que eu consegui reunir. Uma lista de todos os suspeitos envolvidos na corrupção que destrói este país. Senadores, deputados, juízes, artistas, empresários... todos eles. Os crimes que cometem vão desde roubo até a venda de crianças para tráfico."
Ana e Lucas olharam para o papel, seus corações disparando ao ler os nomes e os delitos. A gravidade da situação era avassaladora. Era uma rede de corrupção que se estendia por toda a sociedade, envolvendo figuras de poder que deveriam proteger os cidadãos.
"Você não pode deixar que isso morra com você, Heitor", Lucas disse, sua mente correndo com possibilidades. "Precisamos levar isso às autoridades imediatamente."
"Sei que não vão acreditar em vocês", Heitor respondeu, a vulnerabilidade em sua voz ecoando na sala. "Mas é a única chance que vocês têm. Eu confiei em vocês porque sinto que ainda há esperança. Façam a coisa certa."
Com lágrimas nos olhos, Ana pegou a lista. "Nós faremos isso. Prometemos."
Heitor deu um sorriso triste, um último suspiro de alívio antes de sua fragilidade se tornar evidente. "Lutem pela verdade. Não deixem que o medo os vença."
Com isso, Heitor caiu de volta na poltrona, seu corpo fraquejando. Ana e Lucas se apressaram, tentando reanimá-lo, mas sabiam que a luta dele havia chegado ao fim. O silêncio tomou conta do ambiente, enquanto a realidade do que acabavam de presenciar se instalava em seus corações.
"Precisamos ir agora", Lucas disse, tomando a mão de Ana. "Essa lista pode ser a chave para desmantelar essa rede. Ele não morreu em vão."
Saindo da casa, a escuridão da noite parecia mais opressora do que nunca, mas a determinação de Lucas e Ana crescia. Eles tinham uma missão: expor a verdade e levar justiça àqueles que haviam sido prejudicados. A corrida contra o tempo havia se intensificado, e a revelação de Heitor poderia ser a luz que iluminasse o caminho em meio ao caos. A luta contra a corrupção estava longe de acabar, mas agora havia uma nova esperança – uma faísca que poderia acender um fogo de mudança.