Sempre soube que a autoconfiança excessiva leva à ruína do homem, mas me descuidei e acabei sendo morto pelos meus próprios aliados, aqueles que eu sempre defendi, que eu sempre trouxe honra e proteção para seus lares. Quem diria que seria tão forte a ponto de ser uma ameaça para meu reino e ser traído para que eles pudessem seguir em paz? Não os culpo; talvez eu faria a mesma coisa para proteger quem amo. Afinal, de que serve um guerreiro em tempos de paz?
Mas essa sensação no meu corpo, não sei o que é. Parece que estou sendo sugado. Calma, uma luz? Será que é o céu? Não, eu matei muita gente inocente pelos meus próprios interesses; então, será que é o inferno?! Bem, é uma visão diferente do que eu esperava. Tem muito fogo por todos os lados, tem muitas criaturas que eu nunca vi também. O que é isso? São chifres?! Então é verdade que há demônios no inferno e que eles possuem chifres. Mas e aquilo voando? Espera, está caindo no mar de chamas. É gigante! Não esperava isso. É um dragão!
Fiquei pasmo com tudo aquilo que eu vi, mas o maior mistério para mim foi que em meu rosto caíam lágrimas sem cessar e berros como se fosse de um recém-nascido saíam de minha boca. Quando olhei para cima, percebi uma mulher linda que me encantou mais do que qualquer uma do meu antigo reino. Sua beleza era tamanha que seus longos chifres não me incomodavam nem um pouco. Ela tinha cabelos prateados como a lua cheia exposta ao meio da noite, um par de olhos vermelhos carmesim olhando para mim com um largo sorriso de felicidade. Mas seus olhos caíam lágrimas, e de sua boca saíam palavras que eu não compreendia no momento.
O mar de chamas não era nada assim que pus meu olhos na face dela. Nada mais chamava minha atenção, nem mesmo os dragões que caíam no mar de chamas, nem toda a barulheira que estava ocorrendo ao nosso redor.
Foi quando vi de repente uma espada cravada no peito daquela mulher. Eu não entendi nada, não sabia quem era aquela mulher, mas de alguma forma, um sentimento de tristeza assolou meu coração, fazendo com que meu olhos derramasse ainda mais lágrimas. Logo vi uma mulher também com chifres, e cabelos cinza e com olhos azuis como o mar. Ela olhava para mim com uma cara de espanto e falsa esperança. Quando logo percebe que saíam asas de suas costas, asas não tão grandes quanto as daqueles dragões que eu estava vendo cair no mar de chamas.
Olhando para baixo, percebi que já estávamos no ar e vi uma grande área pegando fogo. Era literalmente um mar de chamas e dragões caindo sem vida, recebendo ataques. Se passaram 5 minutos de voo, descemos até uma ponte que ligava a uma cidade. Foi onde aquela mulher com asas me deixou enrolado em um pano e dentro de uma cesta. Quando ela se virou e foi em direção ao mar de chamas.
Era noite, a lua estava no ápice no céu, não havia nenhuma nuvem, pois conseguia ver todas as estrelas possíveis no meu campo de visão. Não entendi nada do que se passava naquele momento e naquele mar de chamas, mas eu já estava sonolento e fechei meus olhos, já não me lembrando de mais nada do que ocorreu depois disso.
Acordei em um quarto que, por sinal, era enorme. Continuei sem entender o que estava se passando. Será que existe vida pós-morte? Onde eu estou? Eu reencarnei? Muitas perguntas se fizeram em minha mente, estava completamente confuso, mas meu corpo parecia inapto e minúsculo. Olhei para minha mão e percebi que eu estava em um corpo de um bebê recém-nascido. Foi quando um homem muito bem vestido com roupas elegantes que pareciam ser caras entrou no meu quarto. Ele tinha cabelos vermelhos e olhos castanhos, ele olhava para mim com um sorriso e aceno com uma de suas mãos, e logo atrás dele uma bela moça vestida de empregada com uma mamadeira na mão que parecia estar cheia de leite, logo fui alimentado por aquela mamadeira cheia de leite, mas apenas não foi o suficiente para saciar a minha fome, eles pareciam surpresos olhando para mim e sorrindo falavam algo, porém mais uma vez não fui capaz de compreender o que saia de suas bocas, mas eu tinha total convicção de uma coisa. Sim, eu reencarnei em outro mundo, mas ainda não sei nada do que se passa.