Título: Amor Inesperado
Personagens principais:
Lucas: 16 anos, um estudante nerd, introvertido e focado nos estudos. Ele adora matemática e videogames e é conhecido por ser um dos melhores alunos da escola. Seu estilo é simples: óculos, camisas polos e jeans. Não se preocupa muito com sua aparência, e prefere passar despercebido. Lucas tem um talento secreto: toca guitarra, mas nunca mostra esse lado para ninguém.
Kaori: 16 anos, uma gairu, descolada, extrovertida e popular. Ela ama moda, maquiagem e vive nas redes sociais. Sempre com unhas longas pintadas, cabelo tingido e roupas chamativas, ela é conhecida por ser confiante e independente. Embora ela pareça superficial para quem não a conhece bem, Kaori é muito leal aos amigos e tem um lado sensível que poucos veem.
Início da história:
Lucas e Kaori se odeiam. Eles vêm de mundos completamente diferentes, e desde o início da escola, nunca se deram bem. Lucas acha que Kaori é fútil e só pensa em aparência, enquanto Kaori acha Lucas chato e arrogante, sempre preso aos estudos. Eles evitam interações, mas tudo muda quando sua professora de literatura decide colocá-los como dupla para um trabalho importante sobre "Desafios e Crescimento na Adolescência". O trabalho vale boa parte da nota, e, para piorar, precisam fazer uma apresentação juntos.
Desenvolvimento:
Primeiro Encontro: A primeira reunião para o trabalho é um desastre. Eles brigam desde o início, com Lucas querendo seguir uma abordagem lógica e meticulosa, enquanto Kaori acha tudo muito entediante e sugere algo mais criativo e visual. Nenhum dos dois cede, e a reunião acaba sem progresso.
Choque de Mundos:
A professora, percebendo a falta de cooperação, insiste que eles se encontrem mais vezes. Conforme os encontros forçados continuam, pequenas rachaduras em suas personalidades começam a aparecer. Lucas vê que Kaori, apesar de parecer despreocupada, é muito pressionada a manter sua imagem, e Kaori descobre que Lucas é mais que um nerd sem vida social – ele toca guitarra incrivelmente bem, o que a surpreende.
Trabalho em Dupla:
Depois de uma discussão mais intensa, os dois percebem que, se não se ajudarem, vão fracassar. Lucas sugere dividir as responsabilidades: ele cuida da pesquisa e da escrita, enquanto Kaori se encarrega da parte visual e criativa da apresentação. Aos poucos, eles começam a trabalhar juntos e a se conhecerem melhor.
Aproximação:
Durante as reuniões, eles compartilham mais sobre suas vidas pessoais. Kaori revela que se sente pressionada a ser perfeita pelos amigos, enquanto Lucas admite que muitas vezes se sente sozinho e invisível, mesmo sendo bom nos estudos. Essa troca cria uma conexão inesperada, e eles começam a se enxergar com mais empatia.
Sentimentos Crescentes:
Com o tempo, a tensão entre eles muda de irritação para algo mais intrigante. Lucas começa a admirar a criatividade e confiança de Kaori, enquanto Kaori passa a ver Lucas como alguém inteligente e surpreendentemente interessante. Essa mudança de sentimentos os deixa confusos e inseguros sobre o que estão sentindo.
Clímax:
Durante a apresentação do trabalho, Kaori fica nervosa, algo raro para ela, mas Lucas a acalma, mostrando um lado protetor e confiável que ela não esperava. A apresentação é um sucesso, e eles recebem elogios da turma e da professora. Após a apresentação, Kaori convida Lucas para uma festa com seus amigos. Ele hesita, mas acaba aceitando.
Na festa, Lucas se sente deslocado, mas Kaori fica ao lado dele o tempo todo, o que gera ciúmes nos amigos dela. A tensão aumenta quando um garoto popular, que também gosta de Kaori, provoca Lucas, mas Kaori o defende, mostrando que já não vê Lucas como um nerd qualquer.
Depois da festa, Lucas e Kaori têm um momento mais íntimo, conversando sobre tudo o que aconteceu desde que começaram a trabalhar juntos. Eles percebem que, apesar das diferenças, se complementam de maneiras que nunca imaginaram. Um beijo acontece, marcando o início de um relacionamento inesperado.
Nos dias seguintes, Kaori e Lucas continuam enfrentando desafios, como a aceitação de seus amigos e a adaptação à nova dinâmica entre eles, mas decidem que vale a pena tentar, pois descobriram um no outro algo que nunca esperavam: o amor.
Esse enredo pode ser explorado com muito diálogo divertido, cenas cômicas, e uma transformação gradual dos personagens.
Encontros Frequentes:
Lucas e Kaori agora se veem com mais frequência, tanto por causa da amizade em desenvolvimento quanto pelo trabalho escolar. Sempre que se encontram, o contraste entre seus estilos de vida causa cenas hilárias.
Kaori e sua desorganização:
Em um dos encontros para revisar o trabalho, Lucas percebe que a mochila de Kaori está cheia de objetos aleatórios: maquiagem, cadernos amassados, uma meia perdida... Ele fica surpreso e frustrado ao tentar encontrar algo importante no meio da bagunça.Lucas: "Kaori... Como você consegue viver assim? Parece que a sua mochila é um portal para outra dimensão!"Kaori: (rindo) "Relaxa, nerd! Cada coisa tem seu lugar... Mesmo que eu não saiba onde é!"
Primeira Visita à Casa de Kaori:
Eventualmente, Kaori convida Lucas para ir à casa dela, algo que ele nunca imaginaria fazer. Ele aceita, curioso para ver como é a vida fora da escola. Ao chegar, Lucas é imediatamente atingido por uma sensação de vazio.
A casa de Kaori:
O lugar é pequeno e simples, mas está um pouco desarrumado. Lucas fica sem graça e nota que há garrafas de bebida vazias na sala. Kaori, normalmente cheia de energia, parece um pouco mais quieta do que o habitual.Kaori: (tímida) "Bem-vindo... Desculpa pela bagunça. Meu pai não liga muito pra arrumação, e eu... bem, nem sempre tenho tempo."Lucas percebe que a casa é muito diferente da vida que Kaori mostra nas redes sociais. Isso o faz se perguntar o que mais ela esconde.
Descoberta Triste:
Depois de um tempo, a verdade começa a aparecer em uma das conversas mais sérias que eles já tiveram. Durante um intervalo entre risadas e provocações, Lucas faz uma pergunta que sempre o incomodou, mas ele nunca teve coragem de perguntar antes.
Lucas: "Kaori... nunca vi você falar da sua mãe. Ela... mora em outra cidade?"
Kaori fica em silêncio por um momento, seu sorriso usual desaparecendo. Ela abaixa a cabeça, mexendo nas unhas nervosamente.
Kaori: "Ela morreu quando eu tinha seis anos."
Lucas fica em choque. Ele não esperava essa resposta e imediatamente sente um aperto no peito. Kaori nunca parecia carregar um fardo desse tipo, sempre tão animada e cheia de vida. Mas agora, a expressão no rosto dela mostra uma vulnerabilidade que ele nunca viu.
Lucas: "Desculpa, eu não sabia... Eu... não queria te deixar desconfortável."
Kaori respira fundo e dá de ombros, tentando agir como se não fosse grande coisa, mas Lucas vê que esse é um tópico sensível.
Kaori: "Tá tudo bem. Faz muito tempo. Mas, sabe... desde então, meu pai nunca mais foi o mesmo. Ele trabalha muito e quando está em casa... bom, ele bebe pra tentar esquecer."
Lucas sente uma onda de empatia e, ao mesmo tempo, tristeza. De repente, tudo começa a fazer mais sentido – as roupas chamativas, o comportamento expansivo de Kaori, a forma como ela evita falar da vida pessoal. Ela criou essa fachada de garota descolada para esconder a dor e a solidão que sente.
Lucas: "Eu não fazia ideia, Kaori. Você nunca mostrou esse lado... Eu só te via como a garota que sempre estava sorrindo e se divertindo."Kaori: "Sorrir é mais fácil do que lidar com a verdade, sabe? E eu não queria que ninguém sentisse pena de mim. Isso seria pior."
Diálogo de Conforto e Comédia:
Lucas, sem jeito, tenta mudar o clima, mas ao mesmo tempo, quer mostrar que está lá para ela.
Lucas: "Olha... se você quiser falar sobre isso, ou sei lá, se precisar de um ombro... bem, o meu está aqui. Mesmo que não seja muito grande."
Kaori olha para ele e solta uma risada.
Kaori: (sorrindo) "Você não tem ombro nem pra segurar uma mochila direito, nerd. Mas obrigada, Lucas."
Eles riem juntos, mas há uma suavidade no ar agora. Lucas percebe que, por trás da aparência confiante e extrovertida, Kaori é mais complexa e vulnerável do que ele imaginava. Ele começa a ver que ela precisa de alguém para estar ao lado dela, não só como amigo, mas como alguém que a entende de verdade.
Crescimento do Relacionamento:
Com o passar das semanas, a dinâmica entre os dois continua a mudar. Lucas passa a se importar genuinamente com Kaori, sempre a incentivando a ser honesta consigo mesma. Eles ainda têm suas típicas brigas e diálogos engraçados, mas Lucas se torna um ponto de apoio para Kaori, que começa a baixar suas defesas aos poucos.
Em uma cena em que Kaori está exausta depois de um dia difícil na escola, Lucas a encontra deitada no banco do pátio, olhando para o céu.Lucas: "Cansada de manter a pose de diva?"Kaori: (sorrindo) "Se soubesse como é difícil manter o cabelo desse jeito, teria mais respeito."
Eles continuam a rir, mas Lucas percebe que Kaori está se abrindo mais para ele, permitindo que ele veja além da imagem que ela tenta projetar.
O trabalho escolar finalmente é entregue, e a apresentação vai bem, mas agora a relação entre Lucas e Kaori não gira mais em torno do projeto. Eles se encontram por vontade própria, saindo para conversar e compartilhar momentos, mas Lucas ainda sente que Kaori tem muito a resolver com seu pai e sua vida pessoal.
Em uma das saídas, enquanto estão em uma lanchonete, Kaori olha para Lucas de uma maneira diferente, como se estivesse avaliando algo que só agora começou a perceber.
Kaori: "Sabe... você é bem diferente do que eu pensava, nerd. E isso... isso não é tão ruim quanto eu imaginava."
Lucas fica vermelho, tentando disfarçar.
Lucas: "E você também não é só uma garota de cabelo tingido. Mas vou fingir que ainda sou mais esperto."
Os dois riem, mas a conexão é real, e ambos sabem que, apesar de todos os obstáculos, algo mais está nascendo entre eles.
Esse desenvolvimento adiciona profundidade à relação deles, mantendo o tom leve com os diálogos engraçados, mas ao mesmo tempo explorando as camadas mais emocionais e difíceis
da vida de Kaori. Isso os ajuda a se aproximarem de forma autêntica, enquanto lidam com seus próprios desafios pessoais.
Após várias semanas de encontros e trabalho juntos, Lucas sente que Kaori está cada vez mais presente em sua vida de uma forma que ele jamais imaginou. Suas brigas, as provocações e até os momentos sérios os aproximaram de uma forma que Lucas começa a achar quase impossível de entender.
Certo dia, Lucas decide tomar coragem e convida Kaori para ir à sua casa. Ele nunca havia feito isso antes, e apesar da timidez, algo em Kaori o faz querer mostrar a ela um lado de sua vida mais pessoal, assim como ela havia feito quando o levou para conhecer sua casa.
Chegando na Casa de Lucas
Kaori aceita o convite, intrigada e curiosa. Quando chega, a diferença entre suas vidas fica ainda mais evidente: a casa de Lucas é organizada, silenciosa, com livros empilhados de forma meticulosa nas prateleiras. Tudo parece tão... calmo, o oposto do caos que ela está acostumada.
Kaori: (sorrindo) "Claro que sua casa seria assim. Parece até que estou em uma biblioteca!"Lucas: (rindo nervosamente) "Eu sei, é bem diferente da sua, né? Mas, hum... pode se sentir à vontade."
Eles se sentam no sofá da sala, e Lucas coloca um filme de ficção científica, o que faz Kaori rir.
Kaori: "Claro que ia ser um filme nerd. Não esperava menos."Lucas: "Ei, é um clássico! Mas se você não gostar, podemos assistir outra coisa."
Kaori, no entanto, se acomoda e fica ao lado dele, mexendo no cabelo de forma despreocupada. O filme é só um pano de fundo para o que está acontecendo entre eles. A tensão está no ar, mas dessa vez não é de irritação, é algo novo que ambos podem sentir, mas não conseguem definir.
A Conversa Começa
Enquanto o filme rola, eles conversam sobre a escola, os amigos e até as brigas que tiveram no passado. Kaori solta um suspiro e olha para Lucas, de forma mais séria.
Kaori: "Você mudou minha vida, sabia?"
Lucas, surpreso com o tom, vira-se para ela, sem saber o que dizer de imediato.
Lucas: "Mud... mudei? Como assim?"
Kaori faz uma pausa, olhando nos olhos dele. Ela parece hesitar, mas decide se abrir.
Kaori: "Antes de você, eu nunca tinha deixado ninguém ver quem eu realmente sou. Sempre fui a garota que todo mundo esperava que eu fosse. Popular, confiante, superficial..., Mas com você... sei lá, Lucas, eu sinto que posso ser eu mesma. Não preciso fingir nada."
Lucas sente o coração acelerar. As palavras dela o atingem de forma inesperada. Ele nunca tinha pensado que poderia ter esse tipo de impacto em alguém, especialmente em Kaori, que sempre parecia tão forte e independente.
Lucas: "Eu... não sei o que dizer. Eu também nunca achei que alguém como você fosse me notar de verdade. Você é tão... diferente de mim. Mas acho que é isso que me faz gostar tanto de passar tempo com você."
Kaori sorri, mas dessa vez o sorriso é suave, sem as provocações típicas. Ela olha para Lucas, e algo nos olhos dela muda.
A Confissão
Sem aviso, Kaori se inclina para mais perto, o rosto a poucos centímetros do dele.
Kaori: (baixinho) "Lucas, eu gosto de você. Não sei por que demorei tanto pra perceber, mas... eu gosto de você de verdade."
Antes que Lucas pudesse reagir, Kaori o surpreende com um beijo. Não é um beijo qualquer – é um beijo apaixonado, de língua, que pega Lucas completamente desprevenido. Ele sente o calor subir pelo corpo, o coração batendo forte no peito, enquanto os lábios de Kaori encontram os seus com intensidade.
Lucas, atordoado, por um momento não sabe o que fazer. Mas então, algo dentro dele desperta, e ele retribui o beijo com a mesma paixão, fechando os olhos e permitindo-se mergulhar naquele momento inesperado. O beijo dura alguns segundos que parecem uma eternidade, até que os dois se afastam lentamente, ambos ofegantes.
Lucas Atordoado
Lucas fica em choque. Seus óculos estão um pouco tortos, e ele tenta ajeitá-los com as mãos trêmulas, ainda processando o que acabou de acontecer.
Lucas: "Eu... Kaori... você... isso foi..."
Kaori ri, divertida, mas também visivelmente nervosa.
Kaori: (corando) "Foi bom? Porque... foi a minha forma de dizer que quero você como mais que um amigo, sabe?"
Lucas fica vermelho, ainda sem palavras, mas dentro dele, ele sabe exatamente o que quer. Ele nunca tinha imaginado que algo assim pudesse acontecer, e agora, diante dessa nova realidade, ele decide deixar o medo de lado.
Lucas: "Eu... eu também gosto de você, Kaori. Eu sempre gostei, mesmo quando brigávamos o tempo todo. Mas... nunca pensei que você poderia... sentir o mesmo."
Kaori, ainda sorrindo, se aproxima mais uma vez, dessa vez deitando a cabeça no ombro dele.
Kaori: "Eu sinto. E se você me quiser, quero que sejamos mais que amigos. Quero ser sua namorada, nerd."
Aceitando o Amor
Lucas, ainda um pouco atordoado, respira fundo e sorri. Ele estende a mão para Kaori, segurando a dela com carinho.
Lucas: "Então, acho que... eu aceito ser seu namorado, Kaori."
Kaori, com um brilho nos olhos, dá um sorriso genuíno e aperta a mão dele.
Kaori: "E eu aceito ser sua namorada, nerdinho."
Eles ficam ali, juntos no sofá, de mãos dadas, enquanto o filme continua rolando ao fundo, completamente esquecidos da ficção científica e imersos em um novo capítulo de suas vidas.
A partir desse momento, tudo muda. Embora ainda haja desafios pela frente – como lidar com os amigos e a escola – Lucas e Kaori agora estão prontos para enfrentar o mundo juntos, sabendo que, apesar de todas as suas diferenças, encontraram algo especial um no outro.
Esse momento marca uma grande virada na história, com o primeiro beijo sendo um passo essencial para o relacionamento deles. Os diálogos sinceros e a surpresa do beijo trazem emoção, e o toque de comédia mantém a leveza da narrativa, mesmo nos momentos de tensão romântica.
Capítulo 2: Uma Surpresa em Família
Kaori ainda estava com a cabeça recostada no ombro de Lucas, curtindo aquele momento de paz entre os dois, quando a porta da casa se abriu com um rangido suave. A figura de uma mulher apareceu no hall de entrada, carregando algumas sacolas de compras. Era a mãe de Lucas, dona Neide, sempre pontual com suas rotinas. Ela parou por um instante ao ver os dois jovens no sofá, de mãos dadas.
Lucas e Kaori congelaram. O rosto de Lucas ficou pálido e ele engoliu em seco. Não era como se ele estivesse fazendo algo errado, mas nunca havia tido a experiência de apresentar uma garota – muito menos uma namorada – para sua mãe. Especialmente alguém como Kaori.
Dona Neide franziu o cenho por um momento, tentando entender a cena à sua frente. De repente, ela percebeu o que estava acontecendo. Os olhos dela se arregalaram, e um silêncio constrangedor pairou no ar.
Lucas, tentando quebrar o gelo, se levantou rapidamente, puxando Kaori junto com ele.
Lucas: "Mãe... essa é Kaori. Minha... minha namorada."
O tempo pareceu parar. A palavra "namorada" ainda ecoava na sala, e dona Neide piscou algumas vezes, como se processasse aquela informação de forma lenta. Ela olhou de Lucas para Kaori, e de volta para Lucas, sem saber o que dizer. O choque de ver seu filho tímido, nerd, que nunca falava sobre meninas, agora apresentando uma namorada era grande demais para processar em apenas alguns segundos.
Kaori, sempre confiante e provocadora, sentiu pela primeira vez em muito tempo uma pontada de nervosismo. Ela abriu um pequeno sorriso, tentando parecer despreocupada, mas claramente um pouco desconfortável com o silêncio prolongado.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, dona Neide soltou um suspiro leve e abriu um grande sorriso.
Dona Neide: "Lucas... você tem uma namorada? Eu... não sei nem o que dizer!"
Ela colocou as sacolas no chão e caminhou até os dois, ainda com o sorriso estampado no rosto. Em vez de qualquer tipo de repreensão ou comentário estranho, ela estendeu a mão para Kaori.
Dona Neide: "Kaori, certo? É um prazer te conhecer. Eu sou a Neide, a mãe do Lucas."
Kaori, aliviada, apertou a mão dela, esboçando um sorriso mais natural agora.
Kaori: "Sim, sou Kaori. O prazer é meu, dona Neide."Dona Neide: "Ah, nada de dona. Pode me chamar só de Neide. Lucas nunca me contou que estava namorando, mas imagino que ele tenha suas razões."
Ela olhou para Lucas com um sorriso de canto, um olhar de cumplicidade e carinho. Lucas, ainda sem jeito, deu um meio sorriso em resposta, feliz por sua mãe ter reagido tão bem à situação.
Lucas: "É... tudo aconteceu meio rápido."Dona Neide: "Rápido ou não, fico feliz por você, filho. E Kaori, espero que esteja cuidando bem do meu menino. Ele é meio desastrado, mas tem um bom coração."
Kaori riu, relaxando um pouco mais.
Kaori: "Pode deixar, estou de olho nele."
A conversa continuou de forma descontraída por mais alguns minutos. Dona Neide, sempre amável, fez perguntas simples sobre Kaori: onde ela morava, seus gostos, como tinha sido a escola. A garota respondeu com sinceridade, mas sem entrar muito em detalhes sobre sua vida pessoal complicada.
A Conexão com Kaori
Enquanto a tarde avançava, Kaori e Lucas passaram mais algum tempo juntos, até que Kaori precisou ir embora. Lucas a acompanhou até a porta, os dois ainda com sorrisos bobos no rosto, claramente em um estado de recém-enamorados.
Antes de ir, Kaori deu um beijo suave na bochecha de Lucas, o que fez com que ele corasse imediatamente.
Kaori: "Te vejo amanhã, nerdinho."
Lucas sorriu, ainda atordoado com tudo o que tinha acontecido naquele dia.
Lucas: "Até amanhã, Kaori."
Quando Kaori se foi, Lucas fechou a porta e encostou as costas nela, soltando um longo suspiro de alívio. Sua vida havia mudado tanto em tão pouco tempo, e ele não sabia como lidar com aquilo, mas a felicidade era inegável.
Uma Conversa com a Mãe
Dona Neide, que havia observado tudo de longe, agora se aproximou de Lucas, ainda com um sorriso gentil no rosto.
Dona Neide: "Então... você realmente está namorando a Kaori."
Lucas coçou a nuca, sem jeito.
Lucas: "É, eu... eu nem sei como isso aconteceu direito. Foi tudo tão rápido."
Dona Neide colocou a mão no ombro do filho e sorriu com ternura.
Dona Neide: "Às vezes, as coisas mais importantes acontecem assim, de repente. Estou muito feliz por você, Lucas. Mas também quero que tome cuidado. Relacionamentos podem ser complicados, especialmente quando somos jovens."
Lucas assentiu. Ele sabia que sua mãe tinha razão, e estava disposto a fazer tudo da maneira certa com Kaori. Apesar de tudo o que havia descoberto sobre ela – sua vida difícil, os problemas com o pai – Lucas sentia que queria estar ao lado dela, independente dos desafios.
Lucas: "Eu sei, mãe. Mas... eu realmente gosto dela. Quero estar com ela, mesmo que não seja fácil."
Dona Neide, com uma expressão mais séria, acenou lentamente.
Dona Neide: "Isso é o que importa, filho. Se você gosta dela e quer ficar ao lado dela, faça isso. Mas lembre-se de sempre ser sincero com ela e consigo mesmo. Não importa o quão difícil seja, a verdade e o respeito são essenciais."
Lucas sorriu, sentindo-se mais seguro com as palavras da mãe. Ele sabia que poderia contar com ela, não importando o que acontecesse.
Lucas: "Obrigado, mãe. Vou me lembrar disso."
Dona Neide o abraçou, apertando-o com carinho.
Dona Neide: "Agora, que tal me ajudar com essas sacolas? Vou fazer algo especial para o jantar para celebrar esse seu novo relacionamento."
Lucas riu e foi ajudar a mãe, sentindo que, apesar de todas as mudanças, havia uma coisa que nunca mudaria: o apoio e o amor incondicional de sua mãe.
Esse capítulo apresenta a aceitação calorosa de dona Neide ao namoro de Lucas e Kaori, com um tom leve e familiar. A dinâmica entre mãe e filho se destaca, assim como o nervosismo natural de Lucas ao introduzir sua nova namorada em casa.
Capítulo 3: Uma Revelação para o Pai
O dia na casa dos Almeida seguia tranquilo após a primeira grande revelação: Lucas agora tinha uma namorada, e essa era uma novidade que sua mãe, dona Neide, lidou com naturalidade. Kaori havia ido embora pouco depois da aprovação calorosa de Neide, mas Lucas ainda estava tentando processar tudo o que havia acontecido. No entanto, havia uma pessoa a mais na família que precisava ser informada dessa mudança: o pai de Lucas, senhor Ronaldo.
Ronaldo trabalhava em uma empresa de TI e sempre chegava em casa no início da noite, depois de um dia agitado e cheio de reuniões. Ele era um homem bem-humorado, sempre com uma piada pronta, mas às vezes podia pegar um pouco pesado com suas brincadeiras. Apesar de amar muito o filho, não perdia a oportunidade de provocar, especialmente quando o assunto era namoro. Afinal, Lucas sempre fora visto como o nerd da família, alguém mais interessado em games e estudos do que em relacionamentos.
A Chegada de Ronaldo
Lucas estava em seu quarto, organizando algumas anotações para o trabalho que ele e Kaori fariam juntos para a escola. O som da porta da frente se abrindo e o passo pesado de Ronaldo ecoou pela casa, seguido de um "Cheguei!" em voz alta. Lucas suspirou, sabendo que agora chegava o momento da revelação para o pai.
Lá embaixo, Neide foi ao encontro do marido na sala, com um sorriso já preparado no rosto. Ela sabia que a reação de Ronaldo seria, no mínimo, divertida.
Ronaldo: "E aí, meu amor, como foi o dia?"
Ronaldo colocou a maleta de trabalho em cima do sofá e deu um beijo rápido em Neide, já caminhando em direção à cozinha. Ele sempre fazia isso: chegava, deixava as coisas no sofá, ia direto para a geladeira pegar algo para beber e depois se acomodava para conversar.
Neide: "Bem, eu diria que foi um dia cheio de surpresas."
Ronaldo parou de repente, ainda com a mão na geladeira, e olhou para a esposa com curiosidade.
Ronaldo: "Surpresas? O que aconteceu? Nada grave, né?"
Neide sorriu e balançou a cabeça.
Neide: "Nada grave, querido. Mas você vai querer ouvir isso."Ronaldo: "Agora fiquei curioso. Pode falar."Neide: "Lucas está namorando."
O silêncio que seguiu aquela frase foi quase palpável. Ronaldo ficou parado, a expressão completamente congelada por alguns segundos, como se o cérebro dele estivesse processando uma informação completamente nova e inesperada.
Ronaldo: "Espera... O quê?"
Ele fechou a porta da geladeira lentamente e virou-se para Neide, a incredulidade estampada em seu rosto.
Ronaldo: "Nosso filho? O Lucas? Aquele Lucas? O nerd?"
Neide soltou uma gargalhada, vendo a reação do marido. Ela sabia que isso iria acontecer.
Neide: "Sim, aquele Lucas. Ele tem uma namorada agora. Acabou de me apresentar a ela."
Ronaldo ficou olhando para Neide por mais alguns segundos, até que, de repente, ele começou a rir. Não uma risada comum, mas uma gargalhada profunda, daquelas que faziam seus ombros sacudirem.
Ronaldo: "Ah, não! Isso eu preciso ver com meus próprios olhos. Lucas, namorando? Quem diria! O nosso filhão cresceu e já está na ativa! Esse dia chegou mais cedo do que eu pensava."
Ele se virou e começou a subir as escadas, ainda rindo sozinho, deixando Neide para trás. Lucas, que estava no quarto, ouviu a risada do pai se aproximando e sentiu um frio na barriga. Já sabia o que estava por vir.
O Encontro com o Pai
Ronaldo entrou no quarto de Lucas sem bater, como sempre fazia. Ele ainda estava com um sorriso debochado no rosto, e Lucas suspirou, já sabendo o tipo de piadas que viriam.
Ronaldo: "Então, meu jovem Casanova, ouvi dizer que agora você tem uma namorada."
Lucas, sentado à mesa, olhou para o pai por cima do ombro, com um leve sorriso constrangido.
Lucas: "É, pai. Tenho."
Ronaldo puxou uma cadeira e sentou-se ao lado de Lucas, cruzando os braços com um olhar divertido.
Ronaldo: "Conta aí, como foi que você conseguiu essa proeza? Sempre pensei que você estava mais preocupado com suas maratonas de anime do que com meninas. Mas, olha, parece que subestimei você!"
Lucas revirou os olhos, já esperando algo assim.
Lucas: "Não é bem assim, pai. Aconteceu. Ela é da minha sala, e a gente começou a conversar por causa de um trabalho de escola."
Ronaldo deu uns leves tapinha nas costas do filho, ainda rindo.
Ronaldo: "Um trabalho de escola, hein? Rapaz, você tem que me ensinar esses truques, porque eu nunca consegui isso com um trabalho de escola."
Lucas riu, mesmo que envergonhado, mas ele sabia que as provocações eram sempre com um tom leve.
Lucas: "Ela... bom, ela é diferente."
Ronaldo arqueou uma sobrancelha, interessado.
Ronaldo: "Diferente como?"
Lucas hesitou por um momento. Ele ainda estava tentando processar a confissão de Kaori, e agora, diante do pai, parecia ainda mais difícil descrever a garota que tinha mexido tanto com ele em tão pouco tempo.
Lucas: "Ela é uma garota bem... única. Uma 'gairu', sabe? Cheia de atitude, roupas chamativas, cabelo tingido. Totalmente diferente de mim."
Ronaldo sorriu, entendendo onde o filho queria chegar.
Ronaldo: "Ah, uma garota que chama atenção, então? Lucas, você tá de parabéns. Sempre achei que você ia acabar com uma nerd igual você, mas olha só, me surpreendendo novamente."
Lucas balançou a cabeça, rindo.
Lucas: "Pai, não é bem assim. Ela pode parecer toda durona por fora, mas... tem mais coisa por trás disso, sabe?"
Ronaldo parou de rir e olhou para o filho com uma expressão mais séria. Ele sabia que Lucas estava falando sério agora.
Ronaldo: "O que você quer dizer?"
Lucas ficou em silêncio por um momento, como se estivesse organizando os pensamentos antes de falar.
Lucas: "Ela... bom, a mãe dela não está mais por perto, e o pai dela trabalha o tempo todo ou está bêbado. Ela basicamente cuida de si mesma."
Ronaldo, agora mais sério, encostou-se na cadeira e suspirou.
Ronaldo: "Isso é pesado, filho. Parece que ela tem uma vida difícil."
Lucas assentiu, olhando para o chão.
Lucas: "Sim. Por isso eu quero estar lá para ela, sabe? Ela parece forte, mas acho que ela só precisa de alguém que a entenda."
Ronaldo olhou para o filho com uma expressão de orgulho silencioso. Era claro que Lucas tinha crescido mais do que ele imaginava. O rapaz que ele costumava provocar por ser introvertido e nerd agora estava envolvido em algo muito mais profundo do que ele esperava.
Ronaldo: "Lucas, fico feliz por você estar se envolvendo com alguém de quem gosta. Mas também vou te dar um conselho: as coisas podem ficar difíceis, especialmente com o que você me contou sobre a família dela. Se você realmente quer estar ao lado dela, tem que ser forte. Não é só diversão e risadinhas."
Lucas assentiu.
Lucas: "Eu sei, pai. Estou disposto a tentar."
Ronaldo deu um leve soco no braço de Lucas, como fazia quando queria mostrar apoio.
Ronaldo: "Bom, se precisar de ajuda, seu velho pai está aqui. E claro, pode contar com sua mãe também, ela está adorando essa história."
Um Jantar em Família
Depois da conversa, os dois desceram para a sala, onde Neide estava terminando de preparar o jantar. Ronaldo ainda estava fazendo piadas leves sobre o "novo status" de Lucas, mas o clima era descontraído e familiar.
Ronaldo: "Agora, Lucas, você sabe que vai ter que trazer essa Kaori aqui em casa mais vezes, né? Quero conhecer essa garota que conquistou meu filho."
Lucas riu, enquanto ajudava a mãe a colocar a mesa.
Lucas: "Ela vai aparecer por aqui, não se preocupe."
Enquanto a família se sentava à mesa, Lucas sentiu um conforto crescente. Ele sabia que, apesar das provocações, tinha o apoio de seus pais. A situação com Kaori ainda era nova e complicada, mas pelo menos ele sabia que em casa teria um porto seguro onde sempre poderia voltar.
A noite continuou entre risadas e histórias, e mesmo que o assunto de namoro fosse o tema principal das piadas de Ronaldo, havia uma sensação clara de aceitação e apoio na família Almeida.
Capítulo 4: A Grande Revelação de Kaori
O sol já brilhava forte na manhã seguinte quando Kaori chegou à escola. Ela caminhava pelos corredores com a habitual confiança, o cabelo tingido e os acessórios chamativos destacando-se entre os estudantes mais discretos. No entanto, havia algo diferente nela naquele dia. O brilho em seus olhos e o leve sorriso que escapava de seus lábios sempre que pensava no que havia acontecido na noite anterior denunciavam seu estado de espírito.
Kaori, que sempre fora conhecida por sua atitude rebelde e durona, estava sentindo algo que até então lhe era desconhecido: o calor suave da felicidade, provocado por algo tão simples e ao mesmo tempo tão inesperado — o fato de agora ter um namorado.
Enquanto atravessava o pátio da escola, ela avistou suas duas melhores amigas, Yuki e Haruka, sentadas em um dos bancos ao lado do jardim, como de costume. Elas já a esperavam para o início das aulas, e Kaori sabia que aquele era o momento perfeito para contar a grande novidade. Yuki era uma garota de cabelo curto e óculos, sempre com uma expressão calma e inteligente. Já Haruka era o oposto: extrovertida, com um riso fácil e energético, e sempre a primeira a fazer uma piada.
Kaori se aproximou com um sorriso malicioso no rosto, e as duas amigas imediatamente perceberam que algo estava diferente.
— Haruka: "Ei, você está com uma cara diferente hoje. O que aconteceu? Conseguiu ganhar aquele par de sapatos novos que você tanto queria?"
Kaori riu e balançou a cabeça.
— Kaori: "Nada disso. Tem algo bem maior acontecendo."
Yuki levantou uma sobrancelha, curiosa, e Haruka se inclinou para frente, animada.
— Yuki: "Algo maior? Do que você está falando?"
Kaori hesitou por um segundo, aproveitando o suspense que havia criado. Sabia que suas amigas não esperavam essa revelação, então decidiu aproveitar um pouco mais o momento.
— Kaori: "Bom, eu queria contar pra vocês... que agora eu estou namorando."
As palavras de Kaori causaram um impacto imediato. Haruka ficou boquiaberta por alguns segundos antes de soltar uma gargalhada alta.
— Haruka: "Você? Namorando? Tá de brincadeira, né? Quem é o corajoso?"
Yuki, por outro lado, ficou mais séria, claramente tentando processar a informação. Ela sabia que Kaori não falava de sentimentos tão abertamente, então essa novidade realmente a pegou de surpresa.
— Yuki: "Isso é sério? Quem é o rapaz?"
Kaori mordeu o lábio inferior, tentando conter o sorriso antes de responder.
— Kaori: "Lucas."
As duas amigas pararam de repente. O nome de Lucas ecoou no ar, e ambas ficaram em silêncio por um momento, olhando para Kaori com expressões que variavam entre a incredulidade e a curiosidade.
— Haruka: "Espera... Lucas? O Lucas nerd? O mesmo Lucas que você vivia implicando?"
Kaori deu de ombros, cruzando os braços e tentando parecer mais casual do que realmente se sentia.
— Kaori: "Sim, esse Lucas. Aconteceu, tá? Nós começamos a conversar por causa daquele trabalho de escola, e... bom, as coisas aconteceram."
Haruka ainda parecia processar a ideia, mas não conseguiu segurar a gargalhada que veio logo em seguida.
— Haruka: "Ah, essa eu tenho que ver! Você, com o Lucas nerd? Meu Deus, o mundo está mesmo de cabeça para baixo!"
Yuki, por outro lado, estava claramente mais pensativa. Ela olhou para Kaori com um olhar mais profundo, como se estivesse tentando entender o que realmente se passava na cabeça da amiga.
— Yuki: "E você está feliz com isso?"
Kaori fez uma pausa. A pergunta de Yuki a pegou de surpresa. Apesar de toda a provocação e brincadeiras, Yuki sempre fora a mais sensata e reflexiva do grupo. E agora, olhando para ela, Kaori sentiu que podia ser honesta.
— Kaori: "Sim, estou. Eu sei que parece estranho, mas ele me faz sentir... bem. Diferente de tudo o que eu já senti antes."
Yuki assentiu lentamente, com um leve sorriso no rosto.
— Yuki: "Isso é o que importa, então."
Haruka, que já havia se acalmado após o ataque de risos, se aproximou de Kaori e a envolveu em um abraço forte e carinhoso.
— Haruka: "Ah, Kaori, eu só espero que esse nerd cuide bem de você. Se ele fizer alguma besteira, eu e Yuki vamos cuidar disso, não se preocupe."
Kaori riu, embora soubesse que as palavras de Haruka tinham um fundo de verdade. As duas amigas sempre foram protetoras, e agora que ela estava namorando, elas com certeza estariam de olho.
— Kaori: "Ele é legal, não se preocupem. Mas obrigada, meninas."
As três riram juntas, e o clima leve logo voltou. Apesar de toda a provocação, Kaori sabia que podia contar com suas amigas. Elas sempre estiveram lá para ela, e agora, com essa nova fase em sua vida, não seria diferente.
O Primeiro Dia de Namoro na Escola
O sinal tocou, anunciando o início das aulas, e as três garotas começaram a caminhar para suas respectivas salas. Kaori sentia um misto de ansiedade e excitação. Ela e Lucas não haviam combinado nada específico para aquele dia, mas sabia que agora, como namorados, as coisas seriam diferentes. Seu coração batia um pouco mais rápido só de pensar em vê-lo.
Quando Kaori entrou na sala, Lucas já estava sentado em sua mesa, como de costume, arrumando seus cadernos e materiais com precisão nerd. Ele levantou os olhos assim que ela entrou e, ao vê-la, um sorriso tímido surgiu em seus lábios. Aquele sorriso simples fez o coração de Kaori disparar.
Ela caminhou até ele, sentando-se ao seu lado como sempre fazia, mas desta vez o clima entre eles era diferente. Havia uma nova energia, algo não dito, mas sentido por ambos.
— Kaori: "Bom dia."
— Lucas: "Bom dia."
O olhar que eles trocaram foi breve, mas carregado de significados. Kaori percebeu que Lucas estava tentando se acostumar com essa nova dinâmica, assim como ela. Afinal, eram amigos que tinham passado a se ver de uma forma completamente diferente.
As aulas começaram, mas Kaori não conseguia se concentrar totalmente. De vez em quando, ela se pegava olhando para Lucas de soslaio, observando seus gestos cuidadosos enquanto escrevia no caderno. Havia algo quase fascinante na maneira como ele parecia tão focado, tão disciplinado em tudo o que fazia.
Em um momento, Lucas percebeu que estava sendo observado e olhou para Kaori. O rubor leve em suas bochechas o denunciou, e Kaori sorriu de volta, achando aquela timidez adorável.
O dia na escola passou lentamente, com ambos se acostumando à ideia de estarem juntos, embora ainda mantivessem certa discrição. Nenhum dos dois queria chamar muita atenção, pelo menos por enquanto. Kaori sabia que suas amigas já estavam planejando algum tipo de encontro ou evento para conhecer melhor Lucas, mas isso poderia esperar.
Uma Nova Rotina
Após a aula, Kaori e Lucas caminharam juntos até a saída da escola, algo que já estavam acostumados a fazer, mas que agora tinha um significado diferente. O vento fresco da tarde soprava levemente, e os dois caminharam lado a lado em silêncio, mas um silêncio confortável.
— Lucas: "Você contou para as suas amigas?"
Kaori assentiu, com um sorriso brincalhão nos lábios.
— Kaori: "Contei. E elas riram, claro. Haruka quase não acreditou. Mas elas estão felizes por mim."
Lucas sorriu, olhando para o chão enquanto caminhavam.
— Lucas: "Acho que vou ter que me acostumar com isso."
— Kaori: "Com o quê?"
— Lucas: "Com você sendo o centro das atenções. Eu... nunca estive nesse tipo de situação antes."
Kaori parou e se virou para ele, cruzando os braços.
— Kaori: "Escuta aqui, nerd. Você é meu namorado agora. Então vai ter que se acostumar com um pouco mais de agitação na sua vida."
Lucas riu, sentindo-se mais relaxado com o jeito direto dela.
— Lucas: "Tá, tá. Eu vou me acostumar."
Kaori sorriu, pegou a mão de Lucas com delicadeza e continuou caminhando, com ele a acompanhando. Embora fossem tão diferentes em personalidade e estilo, havia algo neles que se complementava de uma maneira única.
Era o começo de uma nova rotina, uma nova fase. E, mesmo que ambos soubessem que desafios viriam, também sabiam que estavam prontos para enfrentá-los juntos.
O CONVITE PARA O KARAOKÊ
Na tarde seguinte, após a escola, Kaori estava reunida com suas duas melhores amigas, Yuki e Haruka, em um café perto do colégio. As três conversavam animadamente, como de costume, sobre coisas triviais do dia a dia — de moda a fofocas da escola — quando Haruka, sempre a mais energética e cheia de ideias, bateu com entusiasmo as mãos na mesa.
— Haruka: "Gente, eu tive uma ideia brilhante!"
Yuki, que estava mexendo em seu chá gelado, arqueou uma sobrancelha e olhou para Kaori, esperando que ela respondesse.
— Kaori: "Lá vem..."
— Haruka: "Vamos ao karaokê! Mas não só nós. Que tal levarmos nossos namorados também? Vai ser divertido!"
Yuki olhou para Haruka, surpresa.
— Yuki: "Karaokê? Faz tempo que não vamos lá. Mas namorados?"
Kaori piscou, um pouco pega de surpresa pela ideia. Ela ainda não havia saído com Lucas para um evento tão social assim, e, embora gostasse da ideia de fazer algo diferente, não tinha certeza se Lucas, o introvertido que sempre preferia ficar em casa, toparia uma ida ao karaokê com suas amigas barulhentas e suas respectivas companhias.
— Kaori: "Não sei se Lucas vai querer ir. Ele não é muito fã dessas coisas."
— Haruka: "Ah, qual é, Kaori! Ele vai gostar. Eu quero ver esse lado nerd dele se soltando um pouco. A gente precisa ver se ele sabe cantar!"
Yuki deu um leve sorriso.
— Yuki: "Vai ser divertido, Kaori. Você pode mostrar para ele como você brilha no karaokê."
Kaori bufou, mas não pôde evitar sorrir. Suas amigas sabiam exatamente como convencê-la.
— Kaori: "Tá bom, eu vou falar com ele. Mas vocês têm que garantir que os namorados de vocês não fiquem de fora, hein."
Haruka fez um sinal de positivo com ambas as mãos, claramente animada com a perspectiva de uma noite de karaokê.
— Haruka: "Deixa comigo! Eu falo com o Ryo e ele vai topar na hora. E Yuki, o Kei também não vai recusar, né?"
Yuki apenas deu de ombros.
— Yuki: "Ele não canta muito bem, mas... acho que vai topar só para passar um tempo com a gente."
Com o plano decidido, as três amigas terminaram o café e se despediram. Kaori, agora mais relaxada, pegou seu telefone e mandou uma mensagem para Lucas.
Kaori: Ei, está ocupado agora? Tenho um convite para você.
Lucas respondeu em poucos minutos.
Lucas: Não, o que foi?
Kaori: Haruka, Yuki e os namorados delas estão planejando uma ida ao karaokê amanhã à noite. Quer vir também?
Houve uma pausa antes de Lucas responder, e Kaori imaginou que ele estivesse ponderando sobre a ideia. Quando a resposta chegou, ela sorriu.
Lucas: Karaokê? Bom, eu nunca fui... mas acho que posso tentar. Vamos nessa.
Kaori sentiu uma onda de animação tomar conta dela. Ela sabia que convencer Lucas a ir ao karaokê poderia ser um pouco desafiador, mas ver que ele estava disposto a tentar algo novo a deixou feliz. Ela respondeu rapidamente.
Kaori: Ótimo! Vai ser divertido, prometo.
Lucas respondeu com um emoji de sorriso, e Kaori guardou o celular, ansiosa para o dia seguinte.
No dia seguinte, logo após o fim das aulas, Kaori estava de pé na frente do portão da escola esperando Lucas. Ela olhava de um lado para o outro, distraída, até que finalmente o avistou saindo do prédio com sua mochila nos ombros, o cabelo ligeiramente bagunçado. Quando ele a viu, sorriu timidamente e se aproximou.
— Lucas: "Oi. Pronta para a noite no karaokê?"
Kaori deu um sorriso travesso.
— Kaori: "Mais do que pronta. E você? Preparado para cantar na frente de todo mundo?"
Lucas deu uma risadinha nervosa, coçando a nuca.
— Lucas: "Bom, não vou mentir, nunca fui muito bom com isso. Mas vou tentar."
Kaori riu e segurou sua mão.
— Kaori: "Só relaxa e se diverte. Vamos nos encontrar com as meninas e os namorados delas daqui a pouco."
Os dois começaram a caminhar até o ponto de encontro combinado. Era uma área mais central da cidade, onde os jovens costumavam se reunir para eventos sociais. O karaokê onde iriam tinha uma reputação divertida e descontraída, com várias salas privativas, o que significava que poderiam cantar sem medo de estranhos observarem.
Quando chegaram ao local combinado, encontraram Haruka e Yuki já esperando com seus respectivos namorados. Haruka estava, como sempre, cheia de energia, enquanto Yuki parecia tranquila ao lado de Kei, que era um rapaz de poucas palavras. Já o namorado de Haruka, Ryo, era tão energético quanto ela, sempre fazendo piadas e mantendo o clima leve.
— Haruka: "Aí está o casal do momento!"
Kaori revirou os olhos, mas não pôde evitar sorrir enquanto se aproximava do grupo com Lucas ao seu lado.
— Kaori: "Vocês estão prontos para arrasar?"
Haruka deu um soco no ar, claramente animada.
— Haruka: "Nascemos prontos!"
Yuki sorriu, mais discreta, e Kei acenou levemente para Lucas, reconhecendo-o de longe como o garoto quieto das aulas. Os dois trocaram cumprimentos rápidos, enquanto o grupo se dirigia para a entrada do karaokê.
Assim que entraram, Haruka correu para a recepção e reservou uma das salas privativas. Era uma sala espaçosa, com sofás confortáveis e uma grande tela para as letras das músicas. O grupo se acomodou, e Haruka, claro, foi a primeira a pegar o controle para escolher a música.
— Haruka: "Ok, pessoal, vamos começar com algo animado!"
Ela escolheu uma música pop japonesa agitada, e logo as luzes da sala piscavam ao ritmo da batida. Haruka e Ryo começaram a cantar e dançar juntos, enquanto o resto do grupo ria e batia palmas.
Kaori olhou para Lucas, que parecia um pouco nervoso, mas sorria ao ver a alegria de todos.
— Kaori: "Tá vendo? Não é tão ruim assim."
Lucas sorriu de volta.
— Lucas: "Ainda não é minha vez."
Depois que Haruka e Ryo terminaram, foi a vez de Yuki e Kei. Eles escolheram uma balada mais lenta e romântica, e cantaram com um certo nervosismo, mas ficaram bem sincronizados. Quando terminaram, Haruka já estava pronta para provocar.
— Haruka: "Viu, Lucas? Tá todo mundo se soltando. Você é o próximo!"
Kaori riu, cutucando Lucas de leve.
— Kaori: "Vai lá, nerd. Mostra pra gente o que você tem."
Lucas suspirou, mas pegou o microfone e olhou para a tela, tentando escolher uma música. Ele acabou optando por uma música clássica de rock, que não exigia muita técnica vocal. Quando a música começou, ele respirou fundo e começou a cantar, sua voz levemente hesitante, mas surpreendentemente afinada.
Para a surpresa de todos, Lucas não era tão ruim assim. Kaori assistiu com um sorriso largo no rosto, orgulhosa de ver seu namorado se soltando.
Quando ele terminou, todos aplaudiram e Haruka, claro, foi a primeira a provocar.
— Haruka: "Nada mal, nerd! Quem diria?"
Lucas riu, um pouco envergonhado, mas feliz por ter superado o desafio.
A noite no karaokê seguiu com muitas risadas, música e momentos descontraídos. Kaori se sentia mais próxima de Lucas do que nunca, e ver suas amigas e namorados se divertindo juntos só tornava tudo mais especial.
Era apenas o começo de uma nova fase para ela, uma fase cheia de diversão, desafios e, acima de tudo, novas descobertas.
ZUANDO COM O CASAL
Enquanto a noite no karaokê continuava, com músicas e risadas preenchendo o ambiente, Haruka, sempre a mais atrevida e energética do grupo, parecia estar tramando algo. Ela observava Lucas com um olhar travesso, quase como se estivesse aguardando o momento perfeito para colocar alguma ideia maluca em ação.
Kaori estava ocupada conversando com Yuki sobre qual música escolheriam em seguida, quando Haruka se levantou de repente, pegando o microfone e interrompendo a conversa com sua voz cheia de energia.
— Haruka: "Ei, galera, parem tudo por um minuto!"
Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para Haruka, curiosos. Lucas, sentado ao lado de Kaori, ficou levemente intrigado. Ele sabia que Haruka gostava de ser o centro das atenções, mas não tinha ideia do que ela estava planejando agora.
— Haruka: "Lucas, vem cá rapidinho. Tenho uma pergunta pra você."
Lucas arqueou uma sobrancelha, um pouco desconfiado, mas se levantou. Ele olhou para Kaori de relance, como se estivesse pedindo permissão silenciosa, e ela apenas deu de ombros, sorrindo de leve, sem saber também o que esperar.
Haruka colocou Lucas bem no meio da sala, com todos os olhos fixos neles. Ela então começou a caminhar ao redor dele, em círculos, com uma expressão pensativa, antes de parar na frente dele com um sorriso cheio de malícia.
— Haruka: "Lucas, desde que a gente se conheceu, eu notei que você tem algo especial. Sabe, eu sempre pensei que você fosse meio nerd, mas, depois de te ver cantando hoje... bem, acho que posso ter subestimado você."
Lucas piscou algumas vezes, claramente sem entender aonde isso estava indo.
— Lucas: "Hã... obrigado, eu acho?"
— Haruka: "Mas, sabe... eu tenho que admitir uma coisa."
Ela deu um passo mais perto de Lucas, e a sala ficou em silêncio. Kaori olhou para a amiga com os olhos estreitos, começando a suspeitar que algo estava por vir, mas sem saber ao certo o que.
Haruka deu um longo suspiro dramático, colocou a mão no coração e, com a voz mais séria possível, anunciou:
— Haruka: "Lucas, você quer namorar comigo?"
O tempo pareceu congelar na sala. Lucas ficou completamente atônito, seu rosto se transformando de confuso para incrédulo em segundos. Ele abriu a boca, mas nenhum som saiu de imediato. Não sabia como reagir. Por um lado, achava que Haruka só poderia estar brincando, mas a intensidade na expressão dela fazia parecer o contrário.
Kaori, por sua vez, arregalou os olhos e franziu a testa. Seu coração deu um pulo, mas antes que pudesse falar algo, Haruka deu um passo mais à frente, como se esperasse seriamente uma resposta.
— Haruka: "Então, o que me diz, Lucas? Eu poderia ser uma ótima namorada, não acha?"
Lucas, ainda meio em choque, olhou rapidamente para Kaori, que parecia estar processando tudo aquilo com um olhar incrédulo.
— Lucas: "E-eu... espera, o quê? Isso é sério?"
O silêncio pairou por mais um momento, até que Haruka, incapaz de se conter por mais tempo, explodiu em gargalhadas. Ela recuou, se dobrando de tanto rir, enquanto Lucas e Kaori a observavam, atordoados. Todos os outros na sala, incluindo Yuki e Kei, começaram a rir também, percebendo que aquilo não passava de uma brincadeira.
— Haruka (tentando recuperar o fôlego entre risadas): "Ah, Lucas... você deveria ter visto sua cara! Achou mesmo que eu ia pedir você em namoro? Só queria ver como você e Kaori iam reagir!"
Kaori, percebendo a pegadinha, deu um suspiro de alívio, mas logo cruzou os braços, com um olhar repreensivo, embora houvesse um leve sorriso em seu rosto.
— Kaori: "Haruka, você é impossível!"
Lucas, agora também percebendo que tudo não passava de uma piada, respirou fundo e colocou as mãos nos bolsos, ainda um pouco sem graça, mas começando a relaxar.
— Lucas: "Sério, Haruka? Você quase me matou de susto."
Haruka finalmente se recompôs e deu de ombros com um sorriso travesso.
— Haruka: "Ah, foi só uma brincadeira. Mas hey, Kaori, você deveria ter visto o ciúme nos seus olhos! Eu sabia que ia conseguir tirar vocês dois do sério."
Kaori balançou a cabeça, tentando não rir, mas era difícil ficar brava com Haruka por muito tempo. Ela conhecia a amiga há anos e sabia que essas pegadinhas faziam parte de sua personalidade brincalhona.
— Kaori: "Você tem sorte de eu te conhecer bem, senão... teria ficado muito irritada."
Haruka deu uma piscadela para Kaori e depois se voltou para Lucas, que agora sorria de leve.
— Haruka: "Relaxa, Lucas, eu estava só testando o quanto você realmente gosta da nossa querida Kaori. E pela sua reação, você passou no teste!"
Yuki, que tinha ficado quieta até então, finalmente interveio, rindo de leve.
— Yuki: "Haruka, você sempre vai longe demais com suas piadas."
— Kei: "Eu só queria dizer que isso foi um pouco cruel, mas... engraçado."
Haruka, satisfeita com sua brincadeira, voltou a se sentar no sofá ao lado de Ryo, que também estava rindo da situação. O clima na sala logo voltou a ficar descontraído, e Kaori, após respirar fundo, sorriu para Lucas.
— Kaori: "Você tá bem? Não ficou muito assustado, né?"
Lucas, agora relaxado, sorriu de volta para ela.
— Lucas: "Bem... confesso que fiquei um pouco perdido no começo, mas... estou bem agora. Só achei que estava num universo alternativo por um momento."
Kaori riu e se aproximou dele, segurando sua mão.
— Kaori: "Não se preocupe, você não vai se livrar de mim tão fácil. Eu sou sua namorada, e a Haruka... bem, ela só gosta de brincar com a gente."
— Lucas: "Estou começando a perceber isso."
Eles se sentaram novamente, e logo a noite voltou a ser cheia de música e diversão. Apesar da brincadeira de Haruka, Lucas estava mais à vontade. Ele tinha passado por um "teste" não planejado, e, no fim, tudo parecia mais leve, e o relacionamento com Kaori estava mais forte do que nunca.
PEDIDO DA MÃO DE KAORI
Na volta para casa, depois de uma noite cheia de risadas e a pegadinha de Haruka, Lucas e Kaori caminharam em silêncio por alguns minutos. A cidade estava tranquila, com poucas pessoas nas ruas, e o vento noturno balançava suavemente os cabelos de Kaori. O clima estava calmo, mas havia algo na mente de Lucas, algo que ele queria dizer, mas ainda não sabia como abordar. Após refletir por alguns instantes, ele parou de caminhar e, com uma expressão mais séria no rosto, chamou Kaori.
— Lucas: "Kaori, eu... preciso conversar com você sobre algo."
Kaori parou e olhou para ele, um pouco confusa pelo tom da voz dele. Ela estava acostumada com o jeito brincalhão de Lucas, e vê-lo tão sério a deixou apreensiva.
— Kaori: "O que foi? Você está com uma cara estranha... aconteceu alguma coisa?"
Lucas respirou fundo e coçou a nuca, um pouco nervoso.
— Lucas: "É sobre a gente. Sobre nosso relacionamento."
O coração de Kaori acelerou. Ela não sabia o que esperar dessa conversa, e seu nervosismo aumentou ainda mais.
— Kaori: "Você está me assustando, Lucas... fala logo."
Ele olhou para ela com firmeza, mas havia ternura em seus olhos.
— Lucas: "Eu quero pedir a sua mão ao seu pai, Kaori."
O mundo de Kaori parou por um instante. Ela arregalou os olhos, completamente surpresa. Essa era a última coisa que ela esperava ouvir naquela noite. O pedido de Lucas parecia tão repentino e sério, algo que ela não tinha preparado emocionalmente para lidar.
— Kaori: "O... o quê? Pedir minha mão? Mas... Lucas, você sabe como meu pai é. Ele mal está em casa, vive bêbado... isso não é uma boa ideia."
Kaori deu um passo para trás, cruzando os braços em uma postura defensiva. A ideia de Lucas querer formalizar as coisas com seu pai era desconcertante. Para ela, seu pai, o senhor Sato, não era alguém em quem podia confiar ou depender. Ele estava quase sempre ausente, e quando estava presente, seu comportamento deixava muito a desejar. A última coisa que ela queria era envolver seu pai nesse relacionamento que, para ela, era a única coisa boa em sua vida naquele momento.
Lucas, no entanto, manteve-se firme. Ele sabia que o pai de Kaori era um assunto delicado, mas sentia que era importante dar esse passo, mostrar que ele estava falando sério sobre eles dois.
— Lucas: "Eu sei que não é fácil. Sei que seu pai não é exatamente o exemplo ideal... mas é o certo a se fazer. Eu te amo, Kaori. E quero que seu pai saiba disso. Quero que ele veja que estou disposto a cuidar de você, que eu te levo a sério."
Kaori mordeu o lábio inferior, claramente aflita. A ideia parecia um pesadelo para ela. Não queria que Lucas conhecesse o lado mais sombrio de sua vida familiar, o caos que era sua relação com o pai. Ela tinha medo de que, ao conhecer essa parte dela, Lucas pudesse mudar sua visão sobre ela.
— Kaori: "Mas... Lucas, você não entende. Ele... ele não vai te levar a sério. Nem a mim ele leva! Ele provavelmente vai estar bêbado quando você falar com ele... e eu não quero que você passe por isso."
Lucas deu um passo à frente, segurando suavemente as mãos de Kaori. Ele olhou profundamente nos olhos dela, tentando transmitir segurança e confiança.
— Lucas: "Kaori, eu sei que seu pai tem problemas. Mas isso não muda o que eu sinto por você. Quero mostrar a ele, e a você, que estou aqui para ficar. Quero que ele veja que eu não vou desistir de você, não importa o que aconteça."
Kaori abaixou a cabeça, lutando com as próprias emoções. Ela estava tocada pela determinação de Lucas, mas o medo ainda pesava fortemente em seu coração. A ideia de expor Lucas àquele ambiente, ao seu pai, era aterrorizante.
— Kaori: "Lucas, eu... eu te amo também. Mas... isso não é só sobre a gente. Meu pai... ele não se importa. Ele nunca se importou. Eu não quero que você se machuque, não quero que isso acabe mal."
Lucas apertou levemente as mãos dela, forçando-a a levantar o olhar novamente.
— Lucas: "Eu sei que é difícil, Kaori. Mas eu estou disposto a tentar. Por você. Eu não tenho medo de enfrentar isso. Se o seu pai não se importa agora, eu quero que ele veja que, pelo menos por você, ele precisa começar a se importar."
Kaori sentiu seus olhos ficarem marejados. Era raro alguém, além de suas amigas, se importar tanto com ela, e o fato de Lucas querer enfrentar seu pai era, ao mesmo tempo, assustador e reconfortante. Ela sabia que Lucas estava disposto a tudo para estar com ela, mas o medo de que tudo desse errado ainda a impedia de aceitar a ideia completamente.
— Kaori: "Você tem certeza? Mesmo? Eu... não sei como ele vai reagir. Ele pode te tratar mal. Pode até tentar te expulsar de casa."
— Lucas: "Sim, eu tenho certeza. E se ele tentar me expulsar, eu vou continuar insistindo. Por você."
A sinceridade na voz de Lucas fez o coração de Kaori amolecer. Ele realmente estava comprometido com o relacionamento, mais do que ela imaginava. Lentamente, ela assentiu, embora a apreensão ainda estivesse ali.
— Kaori: "Tá bom... se você quer tanto assim, eu vou aceitar. Mas... por favor, Lucas, só... esteja preparado. Meu pai não é fácil."
Lucas sorriu, puxando-a para um abraço. Ele sabia que o caminho à frente não seria simples, mas estava determinado a passar por isso, por ela. Kaori, ainda insegura, se permitiu relaxar um pouco nos braços dele. Ela sabia que, com Lucas ao seu lado, talvez as coisas pudessem ser diferentes.
— Lucas: "Vou estar preparado. Confia em mim, Kaori. Vai ficar tudo bem."
Enquanto eles se abraçavam no meio da rua, o vento frio da noite passava, e embora o futuro com o pai de Kaori fosse incerto, os dois estavam mais conectados do que nunca.
CONFRONTANDO O PAI DE KAORI
No dia seguinte, Lucas acordou com uma sensação de ansiedade no peito. Ele sabia que o encontro com o pai de Kaori seria desafiador, mas havia prometido a si mesmo que faria isso, por ela e pelo relacionamento dos dois. Kaori, por outro lado, estava inquieta, mal conseguira dormir na noite anterior. Desde o momento em que concordou com o plano de Lucas, ela temia pelo que poderia acontecer.
Quando Lucas chegou à casa de Kaori, o clima já estava pesado. Ela o esperava do lado de fora, com os braços cruzados e um olhar preocupado.
— Kaori: "Lucas... tem certeza de que quer fazer isso? Eu... eu não sei se vai dar certo."
Lucas respirou fundo, segurando as mãos dela com firmeza, tentando passar confiança.
— Lucas: "Sim, Kaori. Eu preciso fazer isso. E eu quero que você saiba que estou ao seu lado, independentemente do que acontecer lá dentro."
Ela soltou um suspiro nervoso, mas assentiu, embora o medo continuasse presente em seus olhos. Juntos, entraram na casa. O lugar estava em completo silêncio, exceto pelo som distante da televisão ligada na sala. Quando entraram, o pai de Kaori, o senhor Sato, estava sentado no sofá, com uma garrafa de bebida nas mãos, assistindo algo sem muito interesse. Ele parecia desgastado, as olheiras embaixo dos olhos denunciando as noites mal dormidas, e seu corpo relaxado transmitia uma falta de cuidado consigo mesmo. Era uma visão desoladora.
— Lucas: "Senhor Sato... eu gostaria de falar com o senhor."
Sato nem tirou os olhos da TV. Ele deu um gole na garrafa, balançando a cabeça com desdém.
— Sato: "Ah, o namorado da minha filha... o que você quer, garoto?"
O tom debochado e indiferente já irritava Lucas, mas ele se manteve firme. Ele deu um passo à frente, mantendo a postura séria.
— Lucas: "Eu estou aqui porque quero pedir a mão de Kaori em namoro, oficialmente."
Sato riu alto, quase escarnecendo da seriedade de Lucas. Ele colocou a garrafa na mesa, finalmente olhando para o garoto pela primeira vez, mas com um sorriso cínico nos lábios.
— Sato: "Pedir a mão? Kaori não é problema meu. Se você quer levar ela embora, vai em frente. Não ligo. Ela não me dá dor de cabeça, e sinceramente, prefiro assim."
Kaori, que estava ao lado de Lucas, congelou. As palavras do pai eram como facas atravessando seu coração. Por mais que ela soubesse que ele não era o melhor dos pais, ouvir aquilo diretamente do homem que deveria cuidar dela era devastador. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela abaixou a cabeça, incapaz de esconder a tristeza.
Lucas, por sua vez, sentiu o sangue ferver. Como alguém podia tratar a própria filha daquela maneira? Ele deu um passo adiante, com o olhar cheio de raiva, e sem pensar, as palavras saíram de sua boca.
— Lucas: "Você é um inútil! Um pai fraco, que não tem coragem nem de cuidar da própria filha! Como pode ser tão indiferente?"
O sorriso de Sato desapareceu, substituído por uma expressão de fúria. Ele se levantou do sofá, cambaleando levemente por causa do álcool, e encarou Lucas com um olhar ameaçador.
— Sato: "O que você disse, garoto?"
Lucas não recuou. O desprezo e a indiferença de Sato só o fizeram ficar ainda mais determinado.
— Lucas: "Você ouviu muito bem. Você é fraco, senhor Sato. Se tivesse alguma força, cuidaria da sua filha em vez de passar o dia bêbado. Você se esconde atrás dessa bebida, porque não tem coragem de enfrentar os próprios erros."
Sato avançou um passo, levantando o dedo em direção a Lucas, pronto para retrucar, mas de repente, algo em seu rosto mudou. A raiva foi substituída por uma expressão de dor, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele desabou no sofá, cobrindo o rosto com as mãos.
— Sato: "Você não sabe de nada, garoto... você não faz ideia do que eu passei."
Lucas e Kaori ficaram em silêncio, surpresos pela mudança repentina de comportamento. A voz de Sato estava embargada, como se ele estivesse segurando algo há muito tempo.
— Sato: "A culpa é minha... toda minha... se a mãe de Kaori está morta, é porque eu sou um fracasso."
Kaori ficou pálida, olhando para o pai com os olhos arregalados. Ela sempre soube que a morte de sua mãe havia afetado profundamente seu pai, mas ele nunca falava sobre isso. Era um assunto proibido naquela casa, algo que sempre ficava no silêncio.
— Sato: "Eu... eu não consegui salvá-la. Ela estava doente, e eu não estava lá. Eu deveria ter cuidado dela, mas estava sempre trabalhando, sempre ocupado. Quando percebi, já era tarde demais. Desde então, a culpa me consome... é por isso que eu bebo. Porque é mais fácil do que encarar o fato de que falhei com ela. E com você, Kaori."
As palavras de Sato eram carregadas de dor, e Kaori não conseguia acreditar no que ouvia. Ela sempre achou que o pai simplesmente não se importava, que ele havia escolhido o álcool em vez da família. Mas agora, vendo-o ali, quebrado e vulnerável, ela percebeu que a dor dele era muito maior do que ela podia imaginar.
Lucas, apesar de toda a raiva que sentia pelo homem, também não pôde deixar de sentir uma pontada de empatia. Ele olhou para Kaori, que estava imóvel, chocada e triste, e então voltou sua atenção para Sato.
— Lucas: "Isso não justifica o que você está fazendo. Sua filha ainda está aqui, e você pode ser um pai melhor para ela. Mas você escolhe se esconder atrás da culpa e do álcool."
Sato chorava agora, sem tentar esconder. Ele olhou para Kaori, com os olhos vermelhos de lágrimas e arrependimento.
— Sato: "Eu sinto tanto, Kaori... eu sinto tanto por ter sido um pai tão horrível. Mas... eu não sei como consertar isso. Não sei como voltar a ser o que eu era."
Kaori deu um passo à frente, os olhos ainda brilhando com lágrimas que insistiam em cair. Ela nunca tinha visto seu pai daquele jeito. Pela primeira vez, ele estava admitindo seus erros, reconhecendo o quanto a tinha machucado, e isso mexia profundamente com ela.
— Kaori: "Pai... eu... eu só queria que você estivesse presente. Eu sempre precisei de você... e nunca estava lá. Eu senti tanta falta da mamãe... e de você."
Sato soluçou, cobrindo o rosto com as mãos.
— Sato: "Eu sei... e sinto muito. Só não sei se sou forte o suficiente para mudar isso."
Lucas observava em silêncio, sentindo que, naquele momento, o papel dele era apenas estar ao lado de Kaori, apoiando-a. O silêncio da sala era pesado, mas também havia uma sensação de alívio no ar, como se uma ferida antiga finalmente estivesse começando a ser exposta para que pudesse cicatrizar.
— Kaori: "Eu não sei se você vai mudar, pai. Mas... por favor, tente. Porque, mesmo depois de tudo, eu ainda quero acreditar que você pode ser o pai que eu sempre precisei."
Sato assentiu lentamente, ainda em lágrimas, enquanto Kaori se aproximava dele. Ela hesitou por um momento, mas então se abaixou e o abraçou. Sato chorou ainda mais, apertando a filha nos braços, como se estivesse se segurando à última coisa que restava para ele.
Lucas, vendo aquela cena, sentiu um peso ser tirado de seus ombros. Ele sabia que aquele era apenas o começo, mas, pelo menos, um passo havia sido dado.
Enquanto os soluços do senhor Sato preenchiam o ambiente, Kaori continuava abraçada a ele, sentindo o peso das palavras não ditas e de todos os anos de ausência. Pela primeira vez, ela via o pai se abrir, mostrar suas fraquezas e dores. O homem que sempre fora uma figura distante e fria agora estava em seus braços, desmoronando, deixando cair as máscaras que usara por tanto tempo.
— Sato: "Kaori... eu... me perdoa, filha. Eu falhei com você de tantas maneiras... Eu não mereço seu perdão, mas... se você puder... me dê mais uma chance."
As palavras saíam entrecortadas, carregadas de arrependimento e tristeza. Ele soluçava enquanto apertava Kaori nos braços, como se estivesse tentando compensar todos os abraços que nunca deu, todas as vezes que a afastou sem perceber.
Kaori também não conseguia conter suas lágrimas. O choro silencioso logo se tornou mais intenso, misturado ao choro de seu pai. Eles ficaram ali, abraçados, chorando juntos, como se aquele momento fosse a liberação de anos de dor, de mágoa e de sentimentos reprimidos. Era doloroso, mas ao mesmo tempo, uma cura começava a surgir.
— Kaori: "Pai... eu só queria você de volta. Eu senti tanto a sua falta... tantas vezes eu quis desistir de tentar, mas... eu ainda te amo. Ainda quero que você faça parte da minha vida."
Sato soluçava ainda mais ao ouvir aquelas palavras. Ele, que por tanto tempo acreditou que já havia perdido tudo, sentiu, naquele momento, que ainda havia esperança. Ele não conseguia parar de pedir desculpas, repetindo "me perdoa" como um mantra, enquanto apertava a filha em um abraço desesperado.
— Sato: "Eu prometo... eu vou tentar. Eu não sei como... mas eu vou tentar ser um pai melhor pra você, Kaori. Eu vou parar de beber... eu vou... vou mudar, por você."
Kaori, mesmo com o rosto molhado pelas lágrimas, sorriu entre os soluços. Ela sabia que não seria fácil, mas só o fato de o pai admitir seus erros e querer tentar era um passo gigantesco para a reconciliação deles.
— Kaori: "Eu só quero você, pai. E... não precisa fazer isso sozinho. Eu estarei aqui, sempre."
Lucas, que até então havia ficado em silêncio, observando a cena de reconciliação, sentiu uma mistura de alívio e emoção. Ele sabia que aquela não era sua batalha, mas ver o quanto significava para Kaori o fazia sentir que tudo aquilo valia a pena. Ele deu um pequeno passo à frente, colocando a mão no ombro de Kaori, dando a ela o apoio silencioso de que ela precisava.
Sato olhou para Lucas, seus olhos ainda vermelhos de tanto chorar, mas com uma expressão diferente, uma mistura de gratidão e arrependimento.
— Sato: "Você... cuidou da minha filha quando eu falhei, não foi?"
Lucas, surpreso com a pergunta direta, apenas assentiu.
— Lucas: "Eu... só fiz o que qualquer um faria. Kaori merece ser feliz, senhor Sato."
Sato suspirou, passando as mãos pelo rosto em uma tentativa de se recompor. Ele ainda parecia perdido, mas algo em sua postura havia mudado. O peso do arrependimento estava ali, mas a determinação de tentar ser melhor também.
— Sato: "Obrigado, garoto. Eu não fui o pai que ela precisava, mas... eu quero tentar ser alguém melhor agora."
O silêncio tomou conta da sala por alguns instantes. Não havia mais palavras a serem ditas naquele momento, apenas a presença dos três, carregada de emoções e significados.
Finalmente, Kaori soltou seu pai, limpando as lágrimas do rosto com as mãos trêmulas, mas um pequeno sorriso ainda brilhava em seus lábios. Ela olhou para Lucas com gratidão nos olhos e, depois, para o pai, que agora parecia mais humano do que nunca.
— Kaori: "Vamos dar um passo de cada vez, pai. Ainda temos tempo para consertar as coisas."
Sato, com a voz ainda trêmula, concordou com a cabeça. Ele ainda se sentia culpado, mas agora sabia que tinha a chance de se redimir, de reconquistar a confiança e o amor da filha.
Kaori deu um passo em direção a Lucas, segurando a mão dele com firmeza, e juntos, os dois deixaram a casa. Do lado de fora, o ar parecia mais leve, como se uma grande nuvem de tensão tivesse finalmente sido dissipada.
— Kaori: "Obrigada por estar comigo, Lucas. Eu... não teria conseguido passar por isso sozinha."
Lucas sorriu, apertando a mão dela com carinho.
— Lucas: "Você não está sozinha, Kaori. E nunca estará. Vamos enfrentar tudo isso juntos, como sempre."
Os dois se abraçaram, sentindo o calor e o conforto um do outro. Era o começo de uma nova fase, tanto para o relacionamento deles quanto para a relação de Kaori com o pai. Haveria muitos desafios pela frente, mas agora, com a reconciliação em andamento, o futuro parecia um pouco mais promissor.
Enquanto caminhavam para longe da casa, Kaori olhou para o céu, ainda emocionada, mas com um novo senso de esperança crescendo em seu peito. Era o primeiro passo de muitos, e ela sabia que, com Lucas ao seu lado, poderia enfrentar qualquer coisa.
Capítulo 5: As Nuvens de um Novo Amanhã
O sol mal começava a despontar no horizonte quando Kaori abriu os olhos. A luz suave da manhã atravessava a janela de seu quarto, iluminando o espaço com um brilho acolhedor. Ela suspirou, sentindo-se esgotada emocionalmente, mas ao mesmo tempo, uma leve sensação de alívio a dominava. A noite anterior havia sido intensa, a reconciliação com seu pai trouxe à tona sentimentos que ela nem sabia que estavam ali, enterrados profundamente.
Ela se espreguiçou, sentindo o peso da noite passada se dissipar aos poucos. Sua mente ainda estava em um turbilhão de emoções, mas pela primeira vez em anos, havia esperança. Pensar que seu pai finalmente admitiu seus erros e prometeu mudar parecia quase surreal. Mas havia algo mais: o suporte inabalável de Lucas.
Kaori sorriu ao se lembrar de como ele esteve ao seu lado durante todo o processo. A presença dele, calma e segura, foi o que a manteve de pé. Ela sabia que ele também estava se sentindo sobrecarregado, mas Lucas nunca demonstrou fraqueza. Ele foi forte por ela, mesmo quando não era sua obrigação.
Após se levantar e se arrumar, Kaori pegou seu celular. Havia uma mensagem de Lucas, enviada pouco antes de ele sair da casa dela na noite anterior.
Lucas: "Espero que você esteja bem. Sei que foi um dia difícil, mas estarei aqui para qualquer coisa. Nos vemos na escola."
Kaori sorriu, respondendo rapidamente.
Kaori: "Estou bem, obrigada por tudo ontem. Vejo você daqui a pouco."
O caminho para a escola naquela manhã parecia diferente. O ar fresco da manhã, as ruas ainda calmas, tudo parecia novo. Era como se as nuvens que sempre pairavam sobre sua cabeça tivessem começado a se dispersar. No entanto, sabia que as coisas não mudariam de uma hora para outra. Havia muito a ser reconstruído com seu pai, e o passado ainda estava presente em suas vidas. Mas só o fato de ele ter dado o primeiro passo já era um alívio.
Ao chegar à escola, Kaori avistou Lucas à distância, conversando com alguns colegas. Ele parecia distraído, mas seus olhos a encontraram no momento em que ela se aproximou. O sorriso que ele deu a ela foi suficiente para derreter qualquer vestígio de tensão que ela ainda sentia.
— Lucas: "Oi, tudo bem?" — perguntou ele, aproximando-se e envolvendo-a em um abraço.
Kaori retribuiu o abraço, sentindo o calor do corpo dele contra o seu. Estar nos braços de Lucas trazia uma sensação de segurança que ela não havia experimentado antes.
— Kaori: "Sim, estou bem. Quer dizer, ainda há muito na minha cabeça, mas... me sinto melhor."
Lucas a soltou suavemente e acariciou seu rosto com delicadeza.
— Lucas: "Isso é o que importa. E lembre-se, você não precisa passar por isso sozinha."
Kaori sorriu, tocando a mão dele.
— Kaori: "Eu sei. E não sei como te agradecer por tudo."
Antes que Lucas pudesse responder, duas figuras familiares surgiram ao lado deles. Haruka e Yuki, as melhores amigas de Kaori, chegaram animadas como sempre.
— Haruka: "Olha só, os pombinhos!" — disse Haruka, com um sorriso malicioso. — "Vocês são tão fofos juntos!"
Yuki, mais contida, apenas riu da empolgação da amiga.
—Yuki: "Bom dia, vocês dois. Como estão?"
Kaori deu uma risada, agradecida pela leveza que suas amigas traziam ao momento. Era exatamente o que ela precisava para esquecer, ao menos por um instante, os problemas familiares.
— Kaori: "Estamos bem. E vocês, o que aprontaram nesse final de semana?"
— Haruka: "Nada demais, mas... que tal a gente fazer algo hoje depois da escola? Eu estava pensando em ir ao karaokê. Faz tanto tempo que não vamos juntas!"
Yuki concordou rapidamente, e Kaori sabia que suas amigas estavam tentando levantar seu astral. Elas sabiam que algo sério havia acontecido, mas em vez de forçar perguntas, estavam propondo distrações leves, e Kaori apreciava isso.
— Kaori: "Karaokê? Hmm, pode ser. O que você acha, Lucas?"
Lucas deu um sorriso divertido.
— Lucas: "Eu sou péssimo cantando, mas se é o que vocês querem fazer, estou dentro."
— Haruka: "Ótimo!" — exclamou ela, dando um leve pulo de alegria. — "Vai ser divertido!"
Enquanto seguiam para a sala de aula, o clima estava visivelmente mais leve. As risadas e conversas animadas de Haruka e Yuki preenchiam o ar, e Kaori sentiu que, por algumas horas, poderia deixar suas preocupações de lado e apenas aproveitar o momento com as pessoas que amava.
Naquela tarde, após as aulas, o grupo se reuniu em frente à escola. O clima de camaradagem era evidente, com todos empolgados para a saída no karaokê. Haruka liderava o caminho, como sempre, cheia de energia e entusiasmo.
— Haruka: "Eu vou ser a primeira a cantar, e vocês vão ver como eu arraso no microfone!"
— Yuki: "Isso se não formos expulsas do lugar por sua cantoria, Haruka."
Todos riram, inclusive Haruka, que era conhecida por sua voz... peculiar.
O karaokê era um lugar pequeno e aconchegante, com luzes neon e cabines privativas. O grupo se acomodou em uma das cabines, e logo Haruka tomou o controle do microfone, sem dar a menor chance para os outros.
— Haruka: "Preparem-se para a melhor performance de suas vidas!"
Ela começou a cantar, e como esperado, sua voz era uma mistura de desafinação e pura energia. Todos riam, especialmente Lucas, que observava Haruka com uma mistura de diversão e alívio por Kaori estar aproveitando.
Depois de algumas músicas e muitas risadas, Yuki se virou para Lucas com um sorriso travesso no rosto.
—Yuki: "E então, Lucas? Quando você vai cantar?"
Lucas levantou as mãos em rendição.
— Lucas: "Eu disse que sou péssimo, mas se for para divertir, eu posso tentar."
Kaori olhou para ele com um olhar encorajador.
— Kaori: "Vai lá, Lucas. Você não pode ser pior que a Haruka."
Haruka, fingindo ofensa, jogou uma almofada em direção a Kaori.
— Haruka: "Ei! Eu sou uma cantora fenomenal, está bem?"
Lucas pegou o microfone com um sorriso e escolheu uma música mais lenta. Sua voz era suave, e enquanto ele cantava, Kaori sentiu seu coração aquecer. Havia algo em Lucas que a fazia sentir-se completa, e naquele momento, ela sabia que não importava o que o futuro trouxesse, ela queria estar ao lado dele.
As nuvens de um novo amanhã pareciam menos sombrias agora.