Chapter 4 - Milionário

Após alguns minutos, Renan finalmente terminou sua partida, e se não fosse pelo cuidado extra que Leon estava tendo, ele já teria começado outra.

"Seu vagabundo, falei que queria falar com você! Vai jogar outra?"

Renan, vendo que estava prestes a começar outra partida, riu sem jeito.

"Foi mal, foi mal, haha. O que você quer falar?"

"Tá, o que eu queria falar é que tô com uma grana preta que consegui jogando. Mas é muito dinheiro mesmo, papo de meio milhão."

Leon conhecia Renan há mais de cinco anos e confiava nele de olhos fechados.

Renan, ao ouvir aquilo, simplesmente não acreditou.

"Tá doido, é? Meio milhão? Tá me zoando."

Sabendo que essa seria a resposta, Leon apenas mostrou o saldo na conta para Renan.

"Olha aqui, carai! Tô falando sério. Não tem como eu gastar esse dinheiro sozinho. Hoje a gente vai encher o cu de cachaça."

Renan se levantou na hora ao ver o celular.

"Oxi, Léo, tá doido? Como você conseguiu esse dinheiro?"

"Tu é burro? Já falei, apostando. E vou conseguir mais. A partir de hoje, você e os moleques não trabalham mais. Vamos curtir de verdade."

"Vou precisar de você, do Marcos, do Renato e do Patryck. Já mandei mensagem no grupo avisando que hoje eu vou bancar o rolê. Todo mundo aqui às 19h, beleza?"

Renan estava mais perdido que cego em tiroteio.

"Mas eu preciso trabalhar, doido."

Leon quase quis esganá-lo naquele momento.

"Acabei de falar que ninguém vai trabalhar mais, seu cabeça de bagre!"

"Tá, beleza, mas quem pode te ajudar com isso é o Marcos. Ele consegue fazer o esquema de compra e venda, já que trabalha com carros. Então, pra lavar essa grana vai ser moleza."

Leon, claro, já sabia disso.

"Renan, não vou precisar lavar nada. Amanhã você vai entender. Hoje só quero uma casa com piscina – já mandei mensagem pelo Face* – e comemorar. E você vai ser responsável por uma barbearia que vou abrir no futuro. Já tenho tudo esquematizado, relaxa."**

Renan não estava entendendo nada.

19:00

Renato foi o primeiro a chegar, estacionando seu Celta.

"Tatuzera!"

Assim ele apelidou Renan.

"Fala, guri!"

Quando veio me cumprimentar, não pude deixar de notar que ele estava cansado.

"E aí, tá na merda, hein? Trampo até agora?"

"Sim, tava de escala."

Sendo da Polícia Militar, a escala às vezes era puxada para ele, e outras vezes ele tinha a semana toda de folga, mas hoje claramente não era o caso.

"Fui o primeiro a chegar?"

Vendo que só estávamos eu e Renan, ele já deduziu.

"Sim, Marcos e Patryck vão demorar. Bora no mercado, hoje a gente vai comemorar numa casa que aluguei por três dias."

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No dia seguinte, ao meio-dia

Garrafas e latinhas estavam espalhadas por todos os lados, uma Saveiro com som baixo tocava ao fundo, e todos estavam apagados nos quartos. A noite foi do jeito que se podia imaginar, com Leon prometendo o mundo para os amigos próximos e algumas outras pessoas que foram convidadas.

Assim que acordou, Leon foi direto até Renato.

"Acorda, v*, acorda, carai!"**

Quase derrubando Renato da cama, o pobre coitado finalmente se levantou.

"Que foi?"

Renato perguntou, ainda meio grogue.

Leon não conseguia esconder o sorriso.

"Bora na lotérica, preciso buscar o prêmio da Mega-Sena. Fiquei milionário."