Pelas ruas de Konoha.
Sekiro caminhava devagar, quase sem perceber as pessoas e o ambiente ao seu redor. A aldeia estava movimentada, com crianças correndo entre os adultos e vendedores chamando clientes para suas barracas, mas nada parecia capaz de tirá-lo de seus próprios pensamentos. Ele estava profundamente imerso, perdido entre memórias, preocupações e planos.
"Um pouco mais de três meses até o Exame Chunin", refletiu, sentindo uma mistura de ansiedade e determinação crescer dentro de si.
Para Sekiro, o exame não era apenas um teste de força ou uma oportunidade de mostrar suas habilidades.
Havia algo muito mais grave em jogo: Orochimaru. Ele sabia que o vilão atacaria Konoha no final do exame, um evento que colocaria a vida de muitos em risco.
Saber disso trazia uma responsabilidade esmagadora. Sekiro tinha apenas alguns meses para se preparar, mas será que esse tempo seria suficiente para enfrentar alguém como Orochimaru?
Orochimaru não era qualquer oponente. Mesmo entre os shinobi mais experientes, ele era uma lenda, alguém que carregava um conhecimento profundo em ninjutsu, além de uma crueldade e engenhosidade que tornavam seu estilo de combate traiçoeiro.
Diferente de muitos inimigos que Sekiro enfrentou, Orochimaru raramente se envolvia em lutas corpo a corpo, preferindo manipular seus oponentes com táticas sombrias e ataques à distância.
Mas isso não significava que ele fosse fraco fisicamente. Sekiro se lembrava de um confronto épico:
Orochimaru sobrevivera a um golpe direto de Naruto no modo de quatro caudas, algo que nenhum outro ninja comum conseguiria suportar. E, mesmo após o ataque, ele foi capaz de retaliar com um golpe de igual impacto, mostrando o quão perigoso era enfrentar alguém daquele nível.
"Ele pode não lutar com os punhos, mas isso não significa que ele não saiba." pensou Sekiro. Orochimaru era versátil e imprevisível, o tipo de inimigo que não deixava brechas.
Seu repertório de jutsus era vasto, com técnicas venenosas e invocações de cobras que tornavam qualquer luta contra ele um jogo mortal. Sekiro sabia que não poderia subestimar o arsenal de Orochimaru, pois cada técnica poderia ser uma armadilha que lhe custaria a vida.
Além disso, Sekiro ainda estava longe de dominar totalmente a Respiração do Sol, uma técnica poderosa, mas extremamente complexa.
Ele havia avançado bastante, mas alcançar o nível 3 era um desafio monumental. O treinamento era exaustivo, e mesmo após horas de prática diária, Sekiro sentia que o progresso era lento demais. Ele sabia que, nesse ritmo, não teria o nível de poder necessário para enfrentar Orochimaru quando o momento chegasse.
"Se eu não me esforçar mais, todos vão estar em risco." murmurou para si mesmo, sentindo a pressão pesar em seus ombros.
Determinou-se, então, a intensificar seu treinamento. Ele precisaria encontrar uma nova abordagem.
'Respiração do Sol... embora seja uma técnica de respiração, também é uma técnica de espada. Talvez, se eu treinar segurando uma espada, eu possa progredir mais rápido. Mas, para isso, primeiro preciso de uma espada."
Sekiro parou onde estava, respirando fundo, enquanto sua mente processava essa ideia. Olhou ao redor, perdido em pensamentos, até que notou uma loja de armas à sua direita. Parecia pequena, mas algo sobre ela o atraía, como se ele tivesse sido guiado até ali.
'Protagonismo.' Pensou, com um leve sorriso no rosto. Sem perceber, ele havia caminhado direto ao seu destino.
Quando abriu a porta e entrou, um sino soou, ecoando suavemente pelo espaço e trazendo consigo o aroma familiar de metal polido e madeira envelhecida.
Prateleiras organizadas exibiam armas ninjas de vários tipos, algumas com lâminas simples, outras curvadas, outras com correntes, várias kunais de vários estilos, shurikens de tamanhos variados.
"Já vai!" exclamou uma voz feminina vinda do fundo da loja. Havia algo naquela voz que lhe parecia estranhamente familiar.
Enquanto aguardava, Sekiro passou os olhos pelas espadas à sua frente, analisando elas atentamente.
De repente, uma garota surgiu de trás do balcão, e seus olhos se arregalaram assim que avistaram Sekiro.
"Seja bem-vindo! Precisa de alguma ajuda— Sekiro?!"
Sekiro levantou o olhar, surpreso ao reconhecer o rosto da jovem. Aquela expressão de espanto, misturada com um sorriso hesitante, era inconfundível.
"Tenten?" ele reagiu, claramente surpreso. Ele jamais esperava vê-la ali, atrás do balcão de uma loja de armas.
Por um momento, os dois ficaram apenas se encarando, como se o tempo tivesse congelado ao redor deles. Nenhum sabia ao certo o que dizer, e o silêncio parecia uma barreira intransponível, carregado de sentimentos não ditos e memórias antigas. O que havia começado como uma simples visita à loja havia se transformado em um reencontro inesperado.
Foi então que Tenten começou a corar intensamente. Ela olhou para as roupas que usava, uma camiseta simples e um avental levemente sujo de pó de ferro, e depois olhou de relance para Sekiro. Sem dizer mais nada, virou-se rapidamente e correu para os fundos.
"Eu volto logo!" gritou Tenten, claramente envergonhada, antes de desaparecer por uma porta atrás do balcão.
Sekiro ficou parado, atordoado, sem reação. O que havia acontecido? Ele não conseguia entender o motivo daquela pressa repentina. Sua mente ainda processava a ideia de ter reencontrado Tenten, alguém que não via há tempos.
Enquanto ele tentava assimilar o que acabara de acontecer, o som de passos leves se aproximou. Uma figura mais velha apareceu atrás do balcão, uma mulher de semblante sereno e cabelos presos em um coque elegante, com olhos que brilhavam com uma mistura de curiosidade e simpatia.
"Boa tarde... você, por acaso, não seria Sekiro, seria?" perguntou a mulher, sorrindo gentilmente.
"Sou," respondeu Sekiro, fazendo uma breve reverência em respeito.
"É um prazer finalmente conhecer o amigo da minha filha," ela continuou, com um olhar caloroso. "Eu sou Tenko, a mãe de Tenten. Pode me chamar de tia."
"Prazer," disse Sekiro, curvando-se mais uma vez. Ele reconhecia aquela presença acolhedora, que lhe transmitia uma sensação de familiaridade e tranquilidade. Era fácil perceber de onde Tenten havia herdado sua gentileza.
Tenko deu uma risada leve. "Veio visitá-la? Sabe, é a primeira vez que um amigo dela aparece por aqui. Tenho certeza de que ela ficará muito feliz."
Sekiro coçou a nuca, meio sem jeito. "Foi coincidência, na verdade... eu estava procurando uma espada."
"Ah, entendo," disse Tenko, com uma expressão intrigada. "Então, você é bem quieto, exatamente como ela descreveu." Seu sorriso se alargou, como se ela estivesse gostando de conhecê-lo melhor. "Venha, vou te apresentar ao meu marido. Ele é o artesão responsável por todas as armas da loja."
Com um gesto gentil, tia Tenko guiou Sekiro por uma porta que levava aos fundos da loja. Assim que passaram, o som do ambiente mudou. O silêncio acolhedor da loja foi substituído pelo eco abafado de marteladas ao longe, criando uma sensação de reverência e concentração.
A forja ocupava quase todo o espaço, iluminada por brasas quentes e exalando um cheiro metálico que era ao mesmo tempo reconfortante e imponente. No centro da sala, um homem robusto trabalhava em uma lâmina, seu rosto suado refletindo a luz alaranjada das chamas. Ele parecia tão concentrado que nem percebera a entrada deles, e Sekiro hesitou em avançar, observando o vigor e a precisão com que ele moldava o metal.
Depois de um tempo, Takao colocou a lâmina para esfriar em um recipiente com água, liberando uma nuvem de vapor. Só então ele levantou o olhar, percebendo a presença dos visitantes.
"Oi, querida. Desculpe, estava concentrado." Ele falou com um tom baixo e cansado, mas com uma leve suavidade em sua voz, claramente aliviado ao ver sua esposa.
"Tudo bem," respondeu tia Tenko, sorrindo com ternura. "Quero que conheça o amigo da Tenten. O nome dele é Sekiro," disse ela, empurrando Sekiro um pouco para frente.
Sekiro, com uma leve reverência, respondeu: "Prazer."
Takao ergueu uma sobrancelha, analisando o jovem com um olhar crítico e avaliador, como se quisesse descobrir todos os segredos do garoto com um único olhar. "Hum, então você é o garoto de quem minha filha tanto fala... até que você tem bons modos." Apesar das palavras neutras, sua voz carregava uma certa aspereza, um aviso sutil que Sekiro não pôde ignorar.
Tenko percebeu o tom frio e, ainda sorrindo, deu um leve toque no ombro do marido. "Querido...", ela disse com doçura, mas seus olhos brilhavam com uma advertência silenciosa. Takao engoliu em seco, sentindo o peso de seu próprio erro.
"De qualquer forma," ele continuou, tentando parecer mais amigável
"Meu nome é Takao... Argh, mas pode me chamar de tio, se quiser." As palavras saíram com certa dificuldade, como se ele não estivesse muito feliz em se forçar a tanta hospitalidade.
Sekiro notou a tensão, mas permaneceu quieto, agradecendo com um aceno respeitoso. Ainda assim, não podia deixar de notar a expressão desconfiada do homem, como se ele enxergasse Sekiro como um intruso em seu pequeno reino.
"Querido, Sekiro disse que está procurando por uma espada. Seria muito gentil da sua parte se você o ajudasse... não é?" Tia Tenko disse, seu tom doce contrastando com a aura imperativa e ameaçadora que ela emanava.
"Sim, senhora." Takao respondeu em submissão, deixando claro, quem manda nessa casa.
"Cough, venha, garoto. Eu vou te apresentar a alguns de meus trabalhos." O tom de Takao agora era mais convidativo, mas havia uma rigidez em sua postura que não passava despercebida.
"Não precisa... não vou comprar." Sekiro respondeu, com claro desinteresse em sua voz.
"O que? Pode explicar o motivo?" Takao perguntou, seu tom firme e inquisitivo.
"Baixa qualidade." Sekiro disse, com uma sinceridade que pegou Takao de surpresa. As palavras, aparentemente simples, reverberaram na loja como um soco no estômago.
A expressão de Takao mudou instantaneamente. A tensão subiu, e o ambiente ficou carregado de uma energia pesada.
"Baixa qualidade... baixa qualidade! Você entra na minha loja, fala mal dos meus produtos e ainda está atrás da saia da minha filha! Escute aqui, seu—" Ele estava prestes a deixar suas emoções à flor da pele, mas foi interrompido.
"Pai! Cala a boca!" De repente, TenTen apareceu, voando como um foguete e desferindo uma voadora no pai.
O choque da interrupção trouxe um silêncio repentino, e a tensão, que antes parecia prestes a explodir, foi substituída por um momento de incredulidade.
"O que você pensa que está dizendo?" TenTen questionou, sua voz carregada de indignação, mas a vergonha a fazia gaguejar. Os olhos dela brilhavam com uma mistura de frustração e preocupação, claramente incomodada com o que o pai disse.
"Mas princesa, ele—" Takao começou, tentando se defender, mas a determinação da filha não lhe deu espaço para continuar.
"Cala a boca!" Ela gritou para o pai, a expressão intensa em seu rosto. Em seguida, virou-se rapidamente para Sekiro, a urgência em sua voz revelando o quão importante era para ela.
"Não é o que você pensa! Nada do que ele disse é verdade... quer dizer, não que eu seja contra! Quero dizer— Ahh! Que vergonha!" As palavras saíam em uma velocidade que mal permitiam que ela pensasse direito.
Enquanto isso, Sekiro estava perdido em suas lembranças, a imagem de TenTen dando uma voadora violenta no pai despertando um eco do passado que ele preferia esquecer.
Ele se lembrava de um ogro gigante com olhos vermelhos, correndo em sua direção e lhe dando uma voadora.
O impacto daquela lembrança o atingiu como um soco no estômago, trazendo à tona o trauma de um momento em que foi jogado para fora da montanha, caindo centenas de metros até se espatifar no chão, morto, revivido e traumatizado.
O peso daquela memória o manteve em silêncio, e ele decidiu esquecer disso mais uma vez, pelo bem de sua saúde mental.
Mas Sekiro não seria tão rude a ponto de compartilhar uma lembrança tão sombria com TenTen, especialmente quando ela estava claramente nervosa e tentando manter sua imagem boa nos olhos dele.
"Você fica bonita nesse vestido," ele disse, tentando quebrar o gelo e mudar o clima.
"Ah, sério? Você acha?" TenTen respondeu, o tom de sua voz baixo e envergonhado, revelando que o elogio o afetara profundamente. Os lábios dela se curvaram em um leve sorriso, mesmo que a cor de seu rosto permanecesse avermelhada.
O fato de receber um comentário positivo do garoto que ela realmente gostava a deixou ainda mais nervosa, fazendo com que ela se sentisse como se estivesse flutuando.
"Sim," Sekiro afirmou, um sorriso tímido se formando em seu rosto. Ele notou como o vestido realçava a beleza dela, mas mais do que isso, ele admirava sua coragem.
A razão pela qual TenTen havia saído correndo era que ela não queria que Sekiro a visse descuidada. Ela havia se apressado para tomar um banho rápido, pentear o cabelo e vestir o vestido mais bonito que tinha, na esperança de impressioná-lo. O nervosismo a fazia se sentir um pouco tola, mas o desejo de deixar uma boa impressão superava sua vergonha.
Enquanto isso, os pai de Tenten observavam tudo, com Tenko super feliz com o momento, e Takao se segurando para não matar alguém.
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<2175 palavras>
O nome dos pais da Tenten nunca foram mencionados na obra, então eu pedi por chat dar algumas sugestões.