Sentado no teto da última cabine na parte de trás do Suspiro de Valíria Rafael estava olhando para o cronômetro da perdição que estava nos segundos finais. Quase toda a tripulação e passageiros saíram para atender ao chamado do Capitão. Sentados ao lado de Rafael estava Omar e Zhang e perto deles no convés estavam as figuras mais importantes do navio. Todos na primeira fila para observar o que aconteceria. Mais atrás os novos passageiros que ainda não sabiam de nada não entendiam o que iriam observar. Logo alguns tripulantes falastrões começaram a falar que um dos donos do navio era o Sábio Vermelho. Isso foi suficiente para muitas conversas acaloradas começarem e isso incluía o desastre que estava prestes a acontecer.
Mais ao fundo estava um homem de olhos verdes olhando para uma garota de cabeça baixa com os mesmos olhos.
"Pai eu apenas estava seguindo as ordens da mamãe, o Senhor sabe que não ousamos desobedecê-la."
O homem olhando para a garota era Esmer que havia acabado de descobrir que sua filha Zaya também era uma das tripulantes do navio.
—Tudo bem, mas saiba que você deu muita sorte que ninguém ainda investigou usando magia até agora… Mais cedo ou mais tarde vão descobrir que foi sua mãe que fez aquele atentado. Você está segura no navio já que tenho algo que pode bloquear esse tipo de poder, mas sua mãe está por conta própria…
Esmer é interrompido por seu mordomo que se aproximou no meio do seu sermão.
"Senhor eu ouvi o que está acontecendo, esse navio… Um dos donos é a pessoa que espalhou os boatos o tal do Sábio Vermelho, além disso ele disse que o desastre vai acontecer agora por isso chamou as pessoas para saírem para o convés!"
As sobrancelhas de Esmer se ergueram em surpresa antes de seus olhos se voltarem na direção de Valíria, mas só conseguir enxergar grandes quantidade de névoa. Ele então vê Rafael orientando o Capitão antes de ele mudar as velas para receber um vento forte vindo de trás. Mesmo sem entender muito de navio ele não vê nenhum sinal de mudança no vento para tal ordem.
Isso também chama a atenção de todos a bordo.
[BIP}
5
4
3
2
1
[A perdição de Váliria começou]
Rafael continuou observando o sistema enquanto os segundos finais passavam no cronômetro, ele olhou na direção da névoa. Já passou 30 segundos desde a contagem final e nenhum sinal foi visto, 1 minuto se passou e nada aconteceu. Somente depois de quase 3-4 minutos que um som terrível de explosão foi ouvido, o som foi tão alto que todos sentiram seus ouvidos doerem.
Enquanto todos ainda estavam assustados dentro do navio com o terrível som alto, mais 10 minutos se passou. A neblina começou a sumir como se fosse empurrada por algo, em seguida todos sentiram um vento fraco que logo se tornou um vento bem forte vindo de trás, as velas do Suspiro de Valíria se esticaram rapidamente e o navio avançou em rápida velocidade. Todos cobriram o rosto com o vento forte e tentaram se segurar em algum lugar.
Não foi possível ver o continente valiriano de onde estamos, mesmo do ponto mais alto do navio. Mas todos puderam ver uma luz brilhar na cor do fogo na direção de sua terra natal, para que todos pudessem ver de tão longe é de se assustar o quão alto as chamas e as rochas foram arremessadas no céu.
Rafael usou sua luneta, para tentar ver um pouco mais, mas tudo o que viu ainda é a mesma luz vermelha só que numa escala maior. Todos que observaram as a luzes vermelha no horizonte começaram a sussurrar. Eles ainda estão incrédulos e não querem aceitar.
Rafael se vira na direção de todos e fala:
—Estamos muito longe para ver mais detalhes da perdição, talvez isso seja algo bom, o que eu vi na minha visão não é algo que vocês vão querer na lembrança de vocês.
Eu então olho para os 18 passageiros que compraram passagens na área da tripulação e que estão com os olhos cheio de lágrimas, algumas mulheres já estão chorando alto sem se segurarem, vejo então alguns membros da tripulação confortá-los dizendo que ainda pode haver alguns sobreviventes sortudos.
"Suspiros"
"Choros"
Eu me viro para Henry e falo para ajustar a rota para Asshai.
***
Na mansão dos Brown pouco depois do mordomo voltar, eles estavam tendo uma discussão sobre o que Lorde Ronny tinha dito quando um barulho enorme seguido por um tremor tão forte fez todos caírem no chão, parecia que a casa inteira virou de lado. Muitos se machucaram com o tremor e sangue saia de seus ouvidos, quando se levantaram e foram para fora olhar a origem do barulho e tremor perceberam que metade da mansão desapareceu numa cratera gigantesca. A cratera continuava crescendo engolindo o resto do terreno da mansão, o céu estava escurecendo como se a noite tivesse chegado no meio do dia, com o medo de serem engolidos pela cratera os irmãos Brown foram os primeiros a fugir, arrancando os cavalos da carruagem usada pelo mordomo hoje cedo eles subiram e começaram a cavalgar para longe do buraco negro sem fundo que ameaçava engolir tudo.
Enquanto isso, os funcionários correram para o estábulo que sobreviveu do lado contrário da mansão e também começaram a fugir montando em cavalos. Foi então que o pior aconteceu. Pedaços de rochas enormes pegando fogo começou a cair do céu, os irmãos Brown apenas corriam na direção do porto sem nem mesmo perceberem que seu pai obeso não estava ao lado deles, dentro da mansão o Gordo Brown ainda tentava se levantar sozinho com muito esforço antes que o resto da metade da mansão afundasse no abismo negro sem fundo junto com seu antigo dono.
A maioria dos empregados cavalgavam em altas velocidades e logo começaram a ver as costas dos irmãos que fugiram primeiro, de repente uma das rochas explodiu no chão perto do irmão mais velho fazendo-o cair de seu cavalo, seu irmão mais novo o ignorou e continuou cavalgando quando algo enorme caiu do céu esmagando ele em uma polpa sangrenta junto com seu cavalo, as pessoas que vinham atrás viram que o que esmagou o irmão mais novo dos Browns foi um dragão gigantesco que teve sua cabeça esmagada por uma rocha voadora, ele caiu do céu como uma haste de tungstênio. Todos pararam seus cavalos e mudaram de rota após o dragão bloquear o caminho, o mordomo gentil deixou o irmão mais velho ferido montar atrás do seu cavalo, e continuaram sua fuga desesperada.
Mas logo foram bloqueados novamente por um riacho que nem deveria existir naquele lugar, assim que um dos empregados tentou atravessar o rio sentiu algo errado antes de pular do cavalo e voltar para a margem gritando, quando os demais olharam para ele e seu cavalo viram bolhas enormes resultado das queimaduras sofridas com a alta temperatura da água.
Pensando que finalmente era o fim deles, outro dragão caiu do céu, esse era ainda maior e tinha um cavaleiro morto grudado nas celas das costas. O dragão não tinha mais metade da cabeça, mas seu corpo longo e calda criaram uma ponte temporária que permitiam passar pelo rio escaldante. Durante a travessia mais uma pessoa caiu na água e agora só restavam 3 funcionários e o mordomo que ainda carregava o Brown ferido. Mas a esperança finalmente brilhou quando puderam ver o mar depois de atravessar a ponte draconiana.
Isso foi um completo milagre! Já que o mar que deveria estar bem longe se mostrou na frente deles quase no meio do território do distrito norte. Mas o velho mordomo soube na hora que a ilha inteira estava sendo engolida pelo mar, logo ele foi na direção de um grupo de pessoas tentando desencalhar um navio de pescadores de médio porte na esperança de usarem ele para escapar do inferno ao seus arredores, mas antes que pudessem chegar perto, outro tremor aconteceu, dessa vez derrubando todos de seus cavalos.
Quando a tontura da queda do cavalo passou, o velho mordomo viu seu braço quebrado em um ângulo estranho. Mas a adrenalina não deixou ele sentir dor, ele se levantou e continuou indo na direção do barco, nesse momento só havia uma empregada correndo ao seu lado, quando olhou para trás viu que a fonte do tremor que derrubou todos eles dos cavalos era um fluxo de lava vermelha que agora tinha derretido aqueles que não se levantaram rápido suficiente.
O velho só lamentou por um segundo o fim da linhagem dos Brown, antes de chegar no navio que foi desencalhado com a ajuda tremor. Os civis embarcaram e ajudaram ele e a empregada a embarcar também, abrindo rapidamente a pequena vela e até mesmo remando desesperadamente para que saíssem do lugar infernal o mais rápido possível, não se sabia se eles conseguiriam sobreviver.
***
Ronny escolheu voltar para sua terra sem nenhuma consideração pela sua vida, nesse momento tudo o que pensava era em sua família, enquanto fazia Rainha do Sol voar o mais rápido que podia, quanto mais se aproximava de sua terra natal mais aterrorizado ele ficava, sua terra havia se dividido em vários pedaços, alguns pedaços pareciam estar virados ao contrário e outros de lado, alguns lugares que ele conhecia não estavam em lugar nenhum. O pior de tudo é que mesmo agora 1 hora depois do primeiro estrondo da erupção as 14 chamas ainda cuspiam chamas e rochas sem parar.
Ronny tentou chegar perto das pequenas ilhas que sobraram do distrito central duas vezes e quase foi atingido, nesse ponto verificar o local de sua casa era impossível, além disso pedras em chamas caiam do céu constantemente, se ele permanecesse mais um pouco ele poderia realmente acabar morrendo, sem escolha ele resolveu se afastar, mas antes disso viu dois homens no meio de um rio de lava a única coisa que ainda os mantinham vivos era o prédio de 8 andares que agora só restava 4 sem ser engolido pelo mar de lava. Ainda seguindo o código de sempre ajudar da Força de Defesa, ele sentiu que salvar pelo menos essas duas pessoas teria feito sua viagem perigosa valer a pena, ele então fez Rainha do Sol pousar no topo do prédio, e os dois homens se agarraram nas patas dela antes dele levantar voo novamente.
Enquanto se afastavam Ronny não pode deixar de se lembrar dos boatos que no fim das contas era verdadeiro… Ele se arrependeu, se soubesse que era verdade teria tentado salvar sua família, ele tinha duas irmãs mais novas adoráveis e agora não sabia se alguma delas conseguiu escapar, mas antes que Ronny pudesse pensar que estava em segurança os vulcões entraram numa segunda erupção ainda mais forte que a inicial. Foi um erro do senhor de dragões pensar que o que ele viu agora fosse o fim do desastre, ele também estava longe demais para ver como foi o começo, os vulcões cuspiram chamas e rochas tão fortes que pareciam canhões de fragmentação gigantescos atirando na direção do céu, Ronny entrou num mergulho rápido para tentar ganhar velocidade e escapar do alcance das rochas que voaram na velocidade de balas, mas infelizmente ele não conseguiu, e no momento crítico fez uma manobra aérea ousada.
Finalmente saindo do alcance do perigo. A Rainha do Sol sentiu dor na cauda, mas principalmente sentiu a dor de seu cavaleiro, voando o mais rápido que podia ela sacudiu as patas fazendo os homens que por um milagre ainda estavam grudados em suas patas, eles cairiam no mar e ela logo pousou numa pequena ilha nos arredores que tinha muita lama e peixes por todo lado, a ilha foi atingida por um tsunami. Ronny tinha desmaiado e acordou com o baque do pouso e voltou a sentir dor, alguns fragmentos de rochas em chamas atingiu seu lado direito, seu braço direito não estava mais lá, sua perna direita estava apenas ossos e carnes queimadas mal sendo segurada apenas pelo couro de sua sela e ele sentia fortes dores no abdômen também.
Ele respirou fundo aguentando a dor e em um último esforço ele soltou a sela do seu dragão tentando desamarrar ela, ele sabia que não tinha muito tempo de vida, mas seu dragão apesar de ter alguns ferimentos ainda poderia sobreviver. Assim que soltou a cela, ela caiu de cima do dragão junto com seu montador que não tinha mais forças para se segurar.
Respirando profundamente Ronny se esforçou para sentar apoiado numa rocha e olhar para seu dragão uma última vez, Rainda do Sol o olhava de volta com olhos tristes, ele sentia a dor dela por ver ele morrendo, da mesma forma que ela sentia as dores de seus ferimentos e sua vida se esvaindo, esses eram os profundos laços de um dragão e seu cavaleiro. Então respirando pela última vez Ronny fechou os olhos para sempre.