Era inverno. Estava nevando. E era solitário.
Era o tipo de solidão que me fazia querer ir embora em vez de participar. Enquanto outras pessoas se entregavam às festividades de inverno, o setor estava praticamente deserto.
Eu podia ouvir o som das celebrações dos outros quartos e da estação das enfermeiras. Era como se a política de silêncio estivesse sendo descartada naquele momento. Mas graças a isso, tive a chance de passar despercebido pelas enfermeiras que reclamavam, preferindo ir para casa ficar com suas famílias a estar com um monte de estranhos doentes.
Ponta de pés até as escadas, subi para os telhados. Até hoje, após minha própria morte, ainda não tinha ideia de onde tirei forças para subir todos aqueles degraus.
Talvez aquele momento de solidão tenha me deixado um pouco deprimido, e senti como se não tivesse nada a perder. Não conseguia mais lembrar se cheguei lá devidamente, ou se foi rastejando, ofegando e lamentando tudo.