Chereads / Não Há Amor na Zona da Morte (BL) / Chapter 27 - Capítulo 26. Onde Perguntas são Feitas

Chapter 27 - Capítulo 26. Onde Perguntas são Feitas

```

Encontrar um espaço 'interno' no meio da natureza era uma raridade, e os dois pesquisadores estavam bastante abalados com o perigo inesperado, por isso acabaram ficando naquela caverna por alguns dias.

Do ponto de vista da pesquisa, também era uma coisa boa testar por quanto tempo o dispositivo conseguia operar sem parar. E em vez de continuarem andando sem parar como fizeram no segundo dia, era melhor para os pesquisadores distraírem suas mentes compilando dados e conduzindo experimentos. Haviam muitas vegetações transformadas que poderiam preencher suas agendas por anos. Sem mencionar os remanescentes do Espectro de Terra e Madeira que nunca tinham visto antes.

Era outra coisa estranha que Zein nunca tinha considerado; uma base dentro da Zona da Morte. Uma base tão boa que até podiam tomar banho. Ele tinha a sensação de que, mais do que a ideia de fazer experimentos, os pesquisadores se animavam mais com a ideia de poder finalmente banhar seus corpos em água fresca e purificada.

Depois de se livrarem dos dois Espectros, a caverna se tornou o lugar mais seguro. Mas Bassena passou muito tempo perto do buraco feito pelo Espectro da Madeira. Ele tinha enviado seus 'filhos' para seguir o rastro, mas ele terminava com um canal subterrâneo de água.

"Esse Espectro... eles se formam quando uma grande quantidade de miasma se mistura com energia elemental densa?" ele perguntou a Ron enquanto olhavam para o buraco. Os três atacantes—mais Zein—estavam ao redor do pequeno abismo.

"Sim," o batedor estreitou os olhos para espiar a escuridão abaixo. "Nós encontramos eles de vez em quando quando a atividade do miasma está no auge. Mas aquele que rondava a periferia da selva não era tão grande ou tão forte."

"Eles normalmente não usam disfarce também..."

"Bem, talvez os da área mais profunda sejam de rank mais alto?"

"Isso é óbvio, mas..." Bassena se agachou para tocar nos remanescentes de vinhas ardentes. "Eles eram fortes desde o início ou ficavam fortes conforme o tempo passava?"

"Tem alguma importância saber disso?" Zein inclinou a cabeça.

Bassena pegou uma das vinhas pretas. Estava queimada, mas a parte mais interna da videira ainda estava resistente. "Inicialmente, pensei que o Espectro fosse um elemental corrompido," ele descascou a parte queimada da videira. "Mas eles não tinham núcleos e tinham forma diferente dos elementais corrompidos na masmorra."

Zein inclinou a cabeça ainda mais. Aquilo não respondia à pergunta dele, não é? Mas Bassena ainda não tinha terminado sua explicação, então ele ouviu mais. "Um elemental se forma quando uma grande quantidade de magia atributo se condensa em um. E eles se corrompem se tocarem no miasma 'depois' de terem se formado como elementais."

"Hmm... então o Espectro é o que acontece quando o miasma toca a área onde a magia atributo densa se reúne 'antes' de se transformarem em Elementais?"

"Sim, provavelmente," Bassena assoprou a cinza restante da videira e cortou a parte que continha apenas a madeira rígida. "Mas é estranho, não é?" ele virou a cabeça para olhar para Zein, um sorriso profundo marcado em seu rosto. "Em primeiro lugar, mana elemental não deveria estar presente em um lugar rico em miasma, já que se erodem mutuamente."

"Hmm?!" Ron arregalou os olhos quando finalmente percebeu o que o esper mais jovem estava tentando dizer.

"Se há um lugar que é rico em mana elemental dentro de um lugar contaminado como este, o miasma instantaneamente o devoraria, o que provavelmente daria origem ao Espectro regular que você encontrou na borda da selva," colocando a videira dentro de um recipiente rotulado para pesquisa, Bassena continuou com um brilho em seus olhos. "Não é algo realmente digno de ser pensado se o Espectro apenas ficasse forte gradualmente, mas se eles são fortes desde o início..."

"Isso significa que há um lugar aqui com mana elemental suficientemente rica que persistiu até que o miasma tomasse conta..." Ron murmurou silenciosamente. Mas eles estavam em uma caverna, então todos podiam ouvi-lo.

"E onde há mana elemental," Bassena estreitou os olhos em direção ao pequeno abismo—para ser mais exato, para o canal subterrâneo de água—e murmurou; "haverá vida."

* * *

Havia uma atmosfera diferente durante o jantar da segunda noite lá, especialmente entre os executivos e os pesquisadores. Ron e Zein entenderam rapidamente que isso poderia ter algo a ver com o que Bassena disse durante sua investigação.

Uma vida dentro da Zona da Morte.

Claro, todas essas feras em movimento e vegetação assustadora poderiam ser chamadas de seres vivos. Mas eles nunca se referiam a coisas que foram corrompidas pelo miasma como algo 'vivo'. Essas criaturas eram movidas apenas pelo instinto de destruir, de devorar.

O que eles chamavam de 'vida' era algo mais puro, algo que não estava contaminado. Como uma zona segura; água potável, árvores que dão frutos, seres conscientes que podiam conversar e pensar.

Essa possibilidade era tão absurda quanto poderia ser.

A Zona da Morte é chamada de Zona da Morte não apenas porque entrar ali possivelmente resultaria em morte, mas também porque era impossível para qualquer semelhança de 'vida' persistir diante do avanço do miasma.

Então, se realmente houvesse uma forma de espaço vital aqui, e eles conseguissem encontrá-lo, seria uma grande descoberta.

O que provavelmente era o motivo pelo qual os pesquisadores tinham uma expressão animada em seus rostos.

"Você está pensando em descer?" Zein encontrou Bassena perto do pequeno abismo novamente quando ele acordou no quinto dia. Novamente, eram apenas os dois, já que o esper ficou acordado a noite toda como de costume.

Desta vez, Zein trouxe o café para o esper, com um pagamento do estoque escondido de açúcar de Bassena.

"Mm," o esper murmurou enquanto saboreava o café da manhã. "Se quisermos descobrir essa fonte, precisamos seguir a raiz—de onde as vinhas vieram."

Zein espiou o abismo que quase o fez cair na última vez. Era grande o suficiente para até mesmo Balduz passar segurando dois pesquisadores em cada braço. Mas sem seus óculos, Zein não conseguia ver o quão fundo era.

"Cuidado," uma mão envolveu a cintura de Zein, e só então que o guia percebeu que tinha se inclinado demais em direção ao buraco gigante. "Não é tão fundo, uns dois andares de um prédio, eu acho..."

Zein virou a cabeça para dar ao esper um olhar duvidoso. "Que tipo de prédio você está usando para medição?"

"O da zona verde?" o esper sorriu. "Soa melhor doze metros?"

"Que tipo de casa absurda você mora?"

"Você pode vir à minha casa e verificar você mesmo," Bassena sorriu ironicamente com uma sobrancelha levantada, e os olhos azuis se estreitaram ainda mais. "Vou incluir frutas e doces de cortesia como presente de boas-vindas."

Bassena riu do guia com os olhos semicerrados. Surpreendentemente, Zein não lhe deu uma rejeição rápida como antes. "Vou pensar sobre isso," o guia disse em vez disso antes de se levantar, deixando Bassena atordoado por um minuto inteiro sozinho ao lado do pequeno abismo.

"Sério?" foi só depois de Zein chegar ao centro do acampamento para ajudar Balduz e Sierra a prepararem o café da manhã que Bassena o alcançou e perguntou.

Com uma mão segurando o braço de Zein, havia um entusiasmo nos olhos âmbar cintilantes que parecia estranhamente inocente e deixou Zein bastante atordoado. Honestamente, ele não quis dizer nada quando disse que pensaria sobre isso. Zein apenas descobriu que a ideia de deixar as fronteiras não era tão absurda quanto antes, então ele apenas deu uma resposta seguindo seu pensamento subconsciente.

Ele não esperava que Bassena levasse isso tão a sério.

"...talvez," ele queria dizer que não tinha intenção, mas o olhar no rosto de Bassena, aquele entusiasmo inocente, fez com que ele hesitasse em verbalizar.

Para não mencionar o sorriso—o sorriso obviamente alegre que o esper fez depois de ouvir sua resposta ambígua.

Zein só podia xingar internamente sobre como ele tinha se tornado fraco nesses últimos dias.

"Continue pensando sobre isso, e chegue a algumas boas conclusões," o esper disse com um sorriso fácil e calor dentro dos olhos âmbar.

"Bom para quem?"

Bassena riu baixo, fazendo Balduz e Sierra olharem com olhos arregalados e bocas abertas. "Para mim, espero," o esper sussurrou, e Zein teve que engolir seu suspiro.

Ele não deveria ter dito aquilo. Agora era como se uma porta tivesse sido aberta para Bassena tentar recrutá-lo continuamente.

"Ugh—primeira coisa de manhã..." Han Shin cambaleou para fora de sua tenda, resmungando sobre o sorriso doce no rosto de Bassena.

Mas Bassena estava de tão bom humor que até ignorou a lamúria usual do curandeiro. Ele reuniu todos os outros membros e anunciou o próximo movimento deles, que era descer o buraco feito pelas vinhas.

"Então vamos alcançar a fonte seguindo a rota tomada pelas vinhas?" Ron perguntou com cuidado.

"É bem provável, já que há um rio subterrâneo lá embaixo," Bassena olhou para a caixa contendo a videira na mão de Anise. "Há uma possibilidade de que o Espectro da Madeira resida perto de seu local de nascimento."

"...hein?" Han Shin finalmente se recuperou de seu torpor matinal. "O Espectro da Madeira não está morto?"

"Não, aquele é apenas um ramo," Bassena sorriu ironicamente. "O corpo real é onde vamos agora."

```

* * *

Com o bilhete amigável de Bassena, eles desceram ao abismo onde tudo parecia escurecer ainda mais, mesmo com a habilidade de visão noturna do esper.

Não era muito diferente por lá, contudo. Ainda seguiam a caminhada ao lado do rio, com a mesma formação de antes. Só que aqui não havia árvores, e sua visão era preenchida por paredes de terra e pedregulhos. Ao invés de árvores, ocasionalmente encontravam raízes grossas penduradas no teto.

Uma vez que estavam debaixo da Terra, havia menos criaturas que precisavam ser cuidadas. Infelizmente, foram recebidos pelos arqui-inimigos de Han Shin — o monstro semelhante a uma minhoca.

Eles estavam na maioria das vezes enterrados no chão, e subitamente irrompiam à superfície assim que sentiam inimigos por perto. Assim como o [filho das trevas] da Bassena não conseguia lidar com criaturas subaquáticas, também não conseguia eliminar aquelas escondidas sob a terra.

Então, tiveram que prosseguir com os gritos e guinchos de Han Shin pelo caminho. Depois do terceiro encontro súbito, o curandeiro havia se colado permanentemente a Zein, agarrando o guia tão forte que Bassena nem escondeu o desprazer em seu rosto.

A atenção de Zein, contudo, estava no corpo d'água em vez das bestas repugnantes. Talvez porque ele sempre visualizasse o núcleo de mana como corpos d'água, ele era sensível ao estado da água.

Enquanto os outros espers estavam ocupados despachando as bestas e os pesquisadores, incluindo Han Shin, estavam ocupados gritando de nojo, Zein ficou à margem do rio e espiou para dentro. Ele fazia isso toda vez, e após a quarta observação, concluiu que havia algo diferente com a água.

Enquanto ele contemplava isso, uma mão pequena bateu em seu ombro. "Você notou também?" a pesquisadora Anise perguntou com seu usual tom plano e suave.

"Que a água tá mais clara?"

Anise assentiu. "Usamos o sensor mais cedo, e a água nesse ponto está definitivamente menos corrosiva."

"Mas o solo é o mesmo..."

"Sim," ela olhou para o rio subterrâneo, seguindo a direção de onde fluía. "Mas a água está fluindo, ao contrário do solo. Então há uma possibilidade de que a fonte de água seja de fato menos poluída, ou até..."

Ela não continuou, mas Zein entendeu o suficiente.

Havia uma possibilidade de que a conjectura deles sobre uma forma de 'vida' estivesse prestes a ser comprovada como verdadeira.

"Mas... Senhor Zein, como você notou isso? Nem mesmo os espers perceberam sem o sensor..."

Anise olhou para Zein com genuína curiosidade. Ela havia notado como o guia sempre observava a água todas as vezes que o grupo parava para lutar. Mesmo que sua expressão não pudesse ser vista por causa da máscara e dos óculos de proteção cobrindo seu rosto, estava claro pelo gesto do homem que ele estava fazendo uma observação atenta.

Não era que os espers não pudessem sentir os diferentes níveis de miasma. Mas com um rio, as mudanças aconteciam gradualmente, a um nível que não podia ser facilmente sentido. Conforme caminhavam através dessas mudanças, tornava-se mais difícil notar algo diferente. Assim como é difícil perceber o crescimento de uma pessoa quando a encontramos diariamente.

Então, como exatamente Zein podia notar a mudança sem nenhum aparelho?

"Eu apenas... sinto," Zein pressionou os lábios. Até ele sentia que sua resposta era fraca. Mas era a verdade — o próprio Zein não seria capaz de oferecer nenhuma resposta concreta.

Ele apenas sentia — percebia — isso.

"Ah... é porque você é um guia? Suponho que você também seja sensível ao miasma no meio ambiente?"

Na verdade não — Zein queria dizer. Mas ele também não tinha uma explicação melhor, então decidiu simplesmente aceitar isso. "Acredito que sim..." ele murmurou, e ela pareceu aceitar isso como explicação lógica.

Quando a pesquisadora o deixou, no entanto, Zein moveu a mão em direção à sua nuca.

Ele sentiu que havia algo estranho com a água, mas só começou a examiná-la porque sua nuca estava formigando. Para ser preciso, era o estigma que estava ali.

Havia começado a pulsar no momento em que desceram para o subterrâneo, e só ficava mais forte à medida que avançavam, especialmente quando Zein se aproximava da água.

Zein franziu o cenho sob seus óculos, esfregando a marca mais uma vez antes de caminhar em direção ao grupo novamente.

'Nunca agiu assim antes...'

Às vezes pulsava quando Zein atraía uma grande quantidade de corrosão de uma só vez, ou usava uma grande quantidade de energia mágica armazenada lá, como quando ele despedaçou o ocultamento dos Espectros antes.

Mas fora dessas duas ocasiões, nunca ficava tão ativa sem que Zein fizesse nada.

'Havia algo...'

Havia algo no final deste túnel... na fonte da água. Algo que de alguma forma estava relacionado com esta marca em sua nuca.

Relacionado a ele.

"Zein?" Han Shin espiou para ele, já segurando seu braço novamente. "No que você está pensando?"

"... apenas quão longe estamos até chegarmos à fonte," Zein respondeu sinceramente.

"Argh — eu sei, né? Han Shin se lamentou com genuína frustração. "Quero mudar de lugar logo!"

"O que aconteceu com 'passar por cima de tudo em nome do conhecimento' que você disse antes de vir pra cá?" uma voz zombeteira pôde ser ouvida da frente.

"Cala a boca antes que eu te jogue algum ra—aaahht!" o curandeiro gritou novamente quando algo roçou suas pernas. Felizmente, não era mais uma besta verme, mas uma escuridão se contorcendo. "Esse desgraçado — você acha que eu não sei jogar o jogo? Hein?"

Olhando feio para o arqueiro que sorria, Han Shin puxou o braço do guia e inclinou a cabeça para sussurrar no ouvido de Zein. "Você sabia que o Bas tem medo de ratos—"

Zein piscou quando sentiu de repente um par de mãos cobrindo seus ouvidos, puxando-o para longe de Han Shin. "Não o escute!" Bassena sussurrou por trás dele, com um leve tremor em sua voz grave.

"Ha! Tarde dem—o quê?! Por que você está me tirando o meu escudo?!"

Mais uma vez, Zein apenas piscou. Sem ter uma palavra a dizer sobre isso, ele foi teleportado para a frente da formação. Ignorando o curandeiro protestando, Bassena pegou a mão de Zein e continuou a caminhar adiante.

"Ei, você está quebrando a formação, Capitão!"

Bassena virou a mão e respondeu sucintamente. "Este é o lugar mais seguro."

"Argh— Só espera você precisar de assistência médica!" Han Shin resmungou, e de repente Zein se viu sendo arrastado para a vanguarda.

Apesar de também ser verdade que ficar com a pessoa mais forte era o mais seguro.

"É verdade?" Zein olhou para o esper e viu o rosto normalmente calmo e confiante todo enrugado. "Mas... você não é o 'cobra'?"

"Urgh..." Bassena soltou um pequeno gemido, apenas o suficiente para Zein ouvir, e a mão que segurava o pulso do guia apertou levemente.

"Ha... ha ha..." Zein, pela primeira vez desde sempre, soltou uma risada livre. Não algo forçado ou suave, mas o som de um contínuo sino soando.

E assim como naquela vez quando gritava emocionalmente antes, a risada foi suficiente para os outros pararem e olharem surpresos. Era como uma brisa agradável passando pelo ar sufocante; um som tão melodioso que eles sentiam como se estivessem em um coro de templo. E estranhamente teve o mesmo efeito também, como se sentissem a pesadez em seu corpo causada pelo miasma pressionante aliviada por um instante.

E talvez, Ron notasse algo brilhando na nuca do guia, aparecendo na borda de sua jaqueta, embora ele guardasse isso para si.

Infelizmente, a risada teve curta duração. Mas esses poucos segundos de bem-estar foram suficientes para Bassena sentir como se ser traído — literalmente — pelo amigo valesse a pena.

Tudo bem — talvez ele não contasse sobre a covardia do curandeiro para sua noiva. Ainda.