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Chapter 11 - Todos São Lemmings

"Lobos malditos."

A voz estava tão baixa que Damien tinha certeza de que ele não era suposto ouvi-la. Mas seu lobo parecia estar em posição de sentido, absorvendo tudo.

E... ele estava realmente abanando o rabo? E como ela sabia sobre lobos?

Damien sacudiu a cabeça, tentando se livrar da imagem do seu lobo praticamente selvagem abanando o rabo como um maldito cachorro, enquanto a garçonete se aproximava dele.

Era a mesma mulher que os havia atendido na última vez, e ela fez uma pausa ao perceber exatamente quem ele era.

"Estamos esperando pelos outros três?" ela perguntou, inclinando a cabeça para o lado como se fosse estranho ele estar sozinho.

"Não, só eu," respondeu Damien. Ele tentou farejar a garçonete discretamente, mas como antes, ela não cheirava a nada. Nem mesmo a loção para as mãos ou shampoo. Para um humano, isso era estranho. Normalmente eles tentam cheirar como comida o tempo todo, mas tudo acaba cheirando artificial.

"Quer o mesmo da última vez?" ela perguntou, com a caneta pairando sobre o bloco de anotações em sua mão.

"Ei! Garçonete!" gritou um dos outros clientes.

Colocando um sorriso forçado, a garçonete se desculpou.

"Posso ajudar?" ela perguntou amavelmente, mas Damien pôde ouvir seus dentes rangendo de frustração.

Aquela mesa ele podia cheirar.

"Minha namorada não pediu isso," disse com um sorrisinho o jovem lobo, e Damien só pôde balançar a cabeça.

"Você está certo, ela não pediu," respondeu a garçonete. "Você que pediu por ela. Posso dar uma sugestão? Ou saiba o que sua namorada gostaria de comer ou deixe que ela peça por si mesma. Tenho certeza de que ela é capaz de falar, já que ela conversa com você."

Girando e murmurando baixo, a garçonete voltou para a mesa de Damien. "Desculpe por isso. As crianças de hoje estão piores que lemingues. Um faz algo e acha que é legal, e então o resto segue. Nem se dão ao trabalho de mudar as palavras," reclamou a garçonete.

O lobo de Damien não gostou da ideia de que filhotes da sua matilha estavam tornando a vida dessa mulher mais difícil, e um rosnado reverberou em seu peito.

Silêncio se abateu sobre o restaurante enquanto os lobos olhavam ao redor para ver quem havia feito aquele som. Percebendo que foi Damien, os filhotes olharam para baixo, para suas mesas, e começaram a comer, sem querer fazer contato visual.

Até os coelhos fizeram o mesmo.

E desde quando lobos namoram presas?

"Crianças de hoje? Você parece ter a mesma idade que eles," riu Damien, examinando a garçonete de cima a baixo. Ela não deveria ter um crachá ou algo assim?

"Só porque tenho a mesma idade que eles não significa que eu não seja muito mais velha intelectualmente," sorriu a garota, e Damien não pôde evitar querer sorrir de volta.

'Companheira,' sussurrou uma voz em sua cabeça. 'Não posso ter certeza sem o cheiro... mas ela é nossa companheira.'

Damien se endireitou e olhou para a pequena mulher diante dele, olhou de verdade para ela.

Ela era belíssima, com cabelos castanhos claros e cacheados caindo pelos ombros, e seus olhos eram verdes como a grama pela qual seu lobo gostava de correr. Mas ele era facilmente o dobro do tamanho dela; ela provavelmente odiava isso.

'Tudo isso é melhor para protegê-la,' resmungou seu lobo de volta. 'Precisamos do cheiro dela.'

"Desculpe por isso," sorriu Damien, forçando-se a relaxar. Ele não podia assustá-la. Ela parecia humana, e sem o cheiro para saber se ela era uma transmorfa ou não, ele tinha que errar pelo lado da cautela e assumir que ela era humana. "Conheço os pais deles; vou ter uma conversinha com eles."

A garçonete assentiu com a cabeça, sua caneta ainda pronta sobre o bloco de anotações.

"Eu sou Damien," continuou ele, como se não fosse o bastardo carrancudo que era.

"Adaline," respondeu a garçonete.

"Certo," murmurou Damien. Ele se lembrava do nome da última vez que estiveram todos lá, mas não tinha realmente registrado até agora. "Prazer em conhecer você."

Adaline abaixou o bloco de anotações e sorriu para ele. "O prazer é meu. Será ainda melhor quando eu não tiver que lidar com a mesma lenga-lenga das crianças."

"Vou resolver isso," prometeu ele, o sorriso no seu rosto se alargando. Parecia... bom fazer algo que ela o pediu.

"Agora, o que você quer comer? Dois steaks de 32 oz, mal passados?" ela perguntou, o sorriso em seu rosto parecendo um pouco mais natural.

"Qual é a melhor coisa aqui?" replicou Damien, sem responder à pergunta dela. Ele era um lobo; steak em um restaurante era sempre a escolha padrão. Mas algo lhe dizia que ele teria que se acostumar a comer aqui o tempo todo se seu lobo tivesse algo a dizer sobre isso.

"Para mim ou para você?" rebateu Adaline, com um sorrisinho no rosto. "Porque minha coisa favorita é um crepe de manteiga de amendoim e banana com bacon ao lado. Mas não consigo te imaginar comendo algo tão doce."

Damien admitiria que não parecia a melhor coisa que ele já tinha comido. Lobos e manteiga de amendoim normalmente não combinam bem. Mas se isso era o que sua... possível companheira... gostava, então ele queria experimentar.

Ao menos tinha bacon.

"Vou experimentar isso."

Ele estava tão sintonizado com cada parte dela que o fato dela saber sobre lobos saiu de sua mente.

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Que diabos aquele lobo estava fazendo?

Eu não conseguia pensar em um motivo pelo qual ele estaria aqui, muito menos querendo comer um crepe de manteiga de amendoim e banana. Ele estava aqui com o Alfa da matilha Silverblood antes. Isso o colocava no alto da hierarquia.

Alto o suficiente para que dinheiro não fosse um problema.

Então, por que ele estava comendo aqui?

'Cheira bem,' veio um chiado dentro da minha cabeça. 'Eu queria entrar no bolso dele e tirar uma soneca.'

Bem, se isso não era um endosso, eu não sabia o que era. Minha ratinha detestava pessoas mais do que eu.

Ok, então ódio era a palavra errada. Ela tinha terror de tudo que se mexia, então a vontade de passar o tempo no bolso dele era algo completamente novo.

'Acha que ele teria um cobertorzinho lá dentro?' Eu pude ver o que ela estava imaginando: um pequeno cobertor felpudo do tamanho de um lenço dentro do bolso do casaco de Damien.

'Eu duvido,' eu ri enquanto olhava sem ver a tela do computador à minha frente.

'Ah,' ela respondeu, claramente não feliz com aquela resposta. Eu podia sentir ela murchando por dentro quando a ideia de tirar uma soneca no bolso dele desapareceu.

'Tenho certeza de que poderíamos levar um,' suspirei, sem querer estourar sua bolha. Eu estava bastante certa de que não havia maneira do lobo estar disposto a carregar uma ratinha no bolso, mas coisas mais estranhas já aconteceram.

Como lobos e coelhos namorando.