Chapter 3 - César

Adeline levou um momento antes de se virar e bater com a testa em um peito sólido.

Ela levantou a cabeça, deparando-se imediatamente com o homem, que agora estava em pé diante dela, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco. Ele a encarava com olhos verdes como a floresta que quase pareciam queimar.

"O quê?" ela perguntou, olhando para o carro. "Foi um acidente, e não foi realmente minha culpa."

"Oh?" foi tudo que o homem respondeu.

Ela observou seu rosto se contrair friamente e, sabendo que só causaria problemas discutir com ele, rapidamente sorriu para ele, acenando com as mãos.

"Olha, eu vou te pagar," ela disse. "Eu vou pagar pelos danos, só que não agora. Eu realmente tenho um compromisso, então pegue meu número com ele." Um sorriso de desculpas estava em seu rosto enquanto ela apontava para Sokolov antes de passar apressadamente por ele para atravessar a rua.

Mas o homem agarrou sua mão, puxando-a de volta.

Adeline estava confusa, sem entender o que estava acontecendo. Seu coração começou a bater em seus ouvidos, perplexa com a maneira como ele a encarava intensamente, como se a conhecesse.

Eles nunca se encontraram antes. O rosto dele não era familiar e ela tinha certeza de que não o conhecia.

"E-eu disse que vou te pagar," ela gaguejou com uma careta, tentando recuperar sua mão. "Eu realmente tenho um compromisso. Me solte."

Mas ele, no entanto, a puxou para mais perto, inclinando-se e encostando o nariz perto de seu pescoço. Uma, duas vezes, ele cheirou, seus olhos mudando para um súbito tom de ouro. Foi rápido, mas ele recuou com uma expressão suavizada, soltando-a para baixar o olhar sobre ela.

Adeline o encarava, com o rosto contraído e os olhos arregalados em choque. Ela estava sem palavras.

O que diabos... O que acabou de acontecer?

Acabou de ser farejada por um estranho? Por alguém que ela nunca viu antes?

Seus passos imediatos para trás foram cautelosos e antes que o homem que tinha separado os lábios pudesse dizer uma palavra, Adeline fugiu na sua velocidade máxima, atravessando a rua e chamando um táxi que se aproximava.

Ele virou-se, os olhos estreitados observando-a atentamente. Seu olhar não vacilou mesmo depois que o táxi que ela havia embarcado partiu, e só quando eles estavam completamente fora de vista é que ele desviou o olhar.

"Nikolai." Ele finalmente falou, sua voz profunda e rouca.

O motorista rapidamente parou sua discussão com Sokolov e se apressou em se aproximar do jovem homem. "Supremo Alfa?"

O jovem homem de cerca de trinta anos imediatamente rosnou para ele. "Não te disse para não me chamar assim quando estamos fora?"

O coração de Nikolai saltou até a garganta em medo, e ele baixou a cabeça em um pedido de desculpas. "S-senhor César."

"Pare um táxi," disse o homem, César, com o total desinteresse na situação e jogou seu isqueiro no bolso do casaco.

Nikolai concordou e levou alguns momentos antes de parar um táxi que se aproximava sem passageiros. Ele abriu a porta para ele e deu um passo para o lado para lhe dar espaço.

César sentou-se e baixou a cabeça para olhar o relógio da marca Petek Phillippe em seu pulso. Ele franziu a testa ao ver o horário e recostou-se no assento, jogando a cabeça para trás em irritação.

Acomodando-se ao lado do motorista, Nikolai prendeu o cinto de segurança e virou a cabeça para olhá-lo. "Senhor, por favor, perdoe-"

"Você não acha que aquela mulher parece familiar?" ele perguntou de repente, com os olhos preguiçosamente fechados. "Acho que já a vi em algum lugar antes. Talvez em uma foto ou algo assim."

"Quem?" Nikolai piscou, confuso e perdido.

César imediatamente lhe lançou um olhar severo, que o fez recuar um pouco e rir de forma constrangida.

"Você quer dizer a mulher que saiu do carro? Sim, ela parecia familiar," disse ele.

"Onde já a vimos antes?" César perguntou, curioso.

Nikolai acariciou o queixo, ponderando pensativamente com um rosto vincado. "Não tenho certeza, mas acho que a vi com Dimitri. Se me lembro bem, ela é a esposa legal dele."

"Dimitri?" César ergueu uma sobrancelha desagradável para ele. "Que Dimitri? Com certeza não pode ser o sucessor de Petrov."

"Dimitri Andreevich Petrov." Nikolai concordou, parecendo ter uma lembrança completa. "Não a reconheci à primeira vista, considerando que só a vi de perto uma vez, mas tenho certeza que é ela."

César voltou seu olhar para a janela, observando os prédios à beira da estrada. Uma expressão pensativa emergiu em seu rosto, e seus lábios lentamente se inclinaram em um sorriso súbito e indecifrável.

Os olhos escureceram, algo incompreensível ardia neles. "Entendo."

"Interessante…"