Adeline Ivanovna Petrov, uma bela morena de 26 anos e esposa do único filho do presidente da Moscow Merlot, saiu do BMW estacionado na calçada. O som agudo dos seus saltos chamou a atenção da segurança da empresa enquanto ela subia os poucos degraus, adentrando pela porta aberta.
Ela caminhou graciosamente pelo saguão lotado, repleto de funcionários trabalhando, em direção a um elevador de porta de vidro e subiu para o segundo andar. O elevador emitiu um som ao abrir, e ela pisou no piso de mármore, ajustando o terno azul marinho que vestia.
Chegando diante de um grande escritório com uma porta de madeira branca e marrom, ela parou, estendendo a mão para bater.
—"Quem é?" Uma voz de homem irritada soou de dentro do escritório.
—"Adeline," ela respondeu com uma respiração profunda.
—"Entre," a voz permitiu.
Adeline entrou e fechou a porta tão silenciosamente quanto pôde atrás de si.
À mesa sentava-se um jovem na casa dos vinte e poucos anos, com olhos cinzas penetrantes e cachos escuros e curtos. Ele era ninguém menos que o único filho do senhor Petrov, chefe do Grupo Máfia Petrov e presidente da empresa Moscow Merlot, uma companhia que lidava precisamente com vinhos requintados e famosos entre marcas populares.
—"Bom dia, Dimitri," Adeline cumprimentou com olhos cor de mel que sorriam secamente junto com os seus lábios vermelhos e volumosos. Seu cabelo escuro estava preso em um rabo de cavalo, brilhantemente balançando atrás dela.
O homem, Dimitri, girava a caneta-tinteiro cara entre os dedos e recostava-se em sua cadeira de escritório preta. —"O que você está fazendo na empresa tão cedo pela manhã?" Seu rosto estava franzido em um cenho.
—"Eu tenho algo que eu gostaria de falar com você," Adeline se compôs, o sorriso forçado em seu rosto desaparecendo instantaneamente.
—"E o que seria?" Dimitri levantou uma sobrancelha e dispensou os dois guardas-costas que estavam diante de sua mesa com um gesto da mão.
Adeline tirou seu telefone do bolso do peito do terno e jogou-o em cima da mesa dele. —"O que é essa mensagem?"
Ele baixou os olhos para o telefone.
'Estou abrindo nosso casamento'
Seus lábios se curvaram em um sorriso diante da mensagem que ele havia enviado a ela na noite anterior, e ele se encostou na cadeira de escritório com os braços cruzados.
—"E então? Isso é um problema para você?" ele perguntou, sorrindo provocadoramente para ela.
Adeline movia o olhar de um lado para o outro e o encarava com a testa franzida.—"Dimitri, você percebe o que está tentando fazer?"
—"Eu percebo." Dimitri deu de ombros, despreocupado. —"A melhor decisão que vou tomar, na verdade. Você não tem nenhum problema com isso, não é?"
—"O quê?" Ela sorriu para ele, perplexa e incrédula. —"Claro que eu tenho um problema com isso."
—"Você acha que eu passei aqueles dois miseráveis anos forçados da minha vida com você só para você poder abrir nosso casamento?" ela perguntou.
Dimitri rodou os ombros, abrindo inocentemente os braços. —"Obviamente." Ele riu e levantou-se da cadeira. —"Adeline, eu não me importo com você ou com o que você quer, nunca me importei. Você deveria saber disso até agora, quer dizer, você não é burra."
—"Olhe para você." Ele apontou para ela, saindo de sua mesa para se aproximar dela. Seu corpo se inclinou um pouco para que seus lábios pudessem descansar perto do ouvido dela, e ele sussurrou, —"Eu nunca te quis. Foi forçado pelo meu pai como você disse, e miserável pra você e pra mim."
—"E você sabe de uma coisa? Você deveria ser grata por eu ter tomado essa decisão. Não é egoísta de forma alguma, porque você está livre para fazer o que quiser com esse casamento aberto. Eu posso te odiar, mas você pelo menos concorda que estou sendo considerado aqui, não concorda?" Uma risada ressoou em sua garganta, e ele recuou para olhar para o rosto dela.
Mas Adeline não dizia uma palavra, e isso o fez franzir a testa.
—"Diga alguma coisa, Adeline!" Ele a olhava com olhos fulminantes.
—"Eu deveria dizer alguma coisa?" Adeline fechou os olhos e respirou fundo com as mãos tremendo e fechadas em punhos. Continuar a conversa só daria a ele mais chances de humilhá-la, então ela se virou, querendo sair.
Dimitri, no entanto, segurou o braço dela, puxando-a de volta. Ele a agarrou bruscamente pelo queixo e a forçou a olhar em seus olhos. —"Onde você pensa que está indo? Eu disse que terminamos de conversar? Eu pedi que você dissesse alguma coisa, então-"
—"Solte. Suas. Mãos. De. Mim, Dimitri," ela interrompeu, enfatizando com uma voz fria. Seus lábios tremiam e seus olhos estavam vazios de emoção.
Mas Dimitri não estava disposto a fazer isso. Em vez disso, ele sorriu antes de passar para uma risada alta e contínua.—"Olhe para o seu rosto, tão patético. Eu fui tão duro com você?" ele perguntou, querendo provocar uma reação violenta dela.
Adeline exalou trêmula e segurou o pulso dele, forçando sua mão a soltá-la. Ela perguntou, —"Você nunca se satisfaz, não é?"
—"Eu? Patética?" Um suspiro profundo fugiu de sua boca e ela fechou as mãos em punhos. —"Você sabe de uma coisa? Eu não me importo. Faça o que você quiser e vá para o inferno!"
Ela arrancou o braço dele, assim como o telefone, e virou-se para sair correndo do escritório.
—"Lá vamos nós de novo!" Dimitri explodiu em risadas, zombando dela.—"Sempre reclamando e se fazendo de vítima. Você deveria ser muito grata por ser um entretenimento pra mim, apesar de quão inútil você é."
Adeline parou na porta, mordendo o lábio inferior e arrancando a pele ao som das palavras dele. O gosto de sangue era áspero em sua língua. Mas ela não reagiu e abriu a porta para sair.
Porém,
—"Antes de você ir, você deveria saber que vamos interromper o tratamento da sua mãe," Dimitri disse, tirando um charuto e um isqueiro do bolso.—"Meu pai disse que ela é um desperdício de espaço e que estaria melhor-"
—"O quê?" Adeline lentamente virou-se para olhar para ele com os olhos dilatados.
—"Você me ouviu. O tratamento dela vai ser interrompido." Ele lançou a ela um olhar irritado, repetindo suas palavras.—"Você percebe o quanto ela é um estorvo? É um milagre meu pai ter permitido que ela ficasse por isso-"
Adeline estava diante dele num piscar de olhos, com as mãos trêmulas agarrando-o pela gola da jaqueta do terno e puxando-o para baixo até sua altura. Seus olhos estavam arregalados como os de um pires e ela estava visivelmente tremendo.
—"Dimitri, você vai interromper o quê?" Havia medo em sua voz.