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Era surreal.
Derek olhou para a horda de pessoas raivosas esperando por eles na estrada, e por um único segundo selvagem ele pensou que elas não eram reais. Talvez depois de todos os problemas com seu sono, sua mente finalmente tivesse cedido.
Mas então Emily se inclinou para frente e agarrou o motorista pelo ombro.
"Dirija! Tire-nos daqui agora!" Disse ela, com sua voz normalmente calma agora frenética, seus olhos arregalados.
"Abaixo o Haven!"
"Abaixo o Haven!"
"Abaixo o Haven!"
"Abaixo o Haven!"
À medida que a multidão se aproximava, seus cantos raivosos ecoavam. Fazia sentido Emily querer tirá-los do perigo. Mas olhando para os trabalhadores, uma sensação de calma envolveu Derek.
"Não, não vá a lugar algum. Eu quero falar com eles," Os dois olhares de choque que imediatamente se voltaram para ele teriam sido cômicos se Derek não estivesse se sentindo tão aterrorizado quanto eles pareciam.
Ele desfez o cinto de segurança e ia abrir a porta quando uma mão pequena e suave repousou sobre a dele.
"Derek, pare, você não tem nada a provar. Podemos voltar em outro dia," Derek olhou em seus olhos verdes e arregalados e quase se sentiu tentado a parar, mas balançou a cabeça.
"Se eu fugir agora, será tarde demais. Quanto mais isso se arrastar, maiores são as chances de que essas pessoas não estarão mais dispostas a ouvir," Ele encontrou o olhar dela com o seu, silenciosamente deixando-a saber que tinha se decidido. A pressão da mão dela sobre o dorso da sua mão apertou, lágrimas não derramadas em seus olhos.
"Derek, aquilo é uma multidão. Na mentalidade de multidão, eles não ouvem a razão. Eles veem você e atacarão. Eu trabalhei em um hospital, vi os ferimentos que um grupo raivoso pode infligir. Você não quer fazer isso... confie em mim,"
Ela estava certa, as chances das coisas darem errado eram bem altas, mas Derek não era um covarde. O que ele precisava era de um jeito de chamar a atenção deles por apenas alguns segundos. Mas como?
"Com licença..." A nova voz interrompeu o concurso de olhares deles, e ambos se viraram para o motorista.
"O quê?" Eles disseram em uníssono, fazendo o pobre homem pular.
"Eles estão quase aqui," O motorista disse, apontando um dedo enluvado para a multidão. Ele estava certo, eles realmente estavam muito perto.
Pensando rápido, Derek virou-se novamente para o motorista.
"Você tem uma arma de sinalização?" O homem assentiu.
"Ótimo, me dê," O homem recuperou-a e entregou a ele.
"Se algo acontecer comigo, não fique esperando. Leve-a em segurança," Com isso ele abriu a porta.
"Derek o que você está-" Ele já estava fora antes que Emily terminasse de falar.
A multidão, vendo movimento, ficou mais energizada. Seus cantos ensurdecedores, e Derek jurou que isso fez o chão sob seus pés tremer.
Ao invés de recuar, ele endireitou os ombros e caminhou para frente, seu aperto na arma de sinalização se intensificando. Ele estava quase perto o suficiente para ver os rostos individuais quando sentiu uma presença ao seu lado.
Ele se virou, e lá estava Emily, seus cabelos esvoaçando ao vento, seu queixo erguido teimosamente enquanto ela encarava a multidão.
"Eu disse para você ficar no carro," Ele disse, parte da sua calma desaparecendo.
"Você não manda em mim," Ela lhe disse, e apesar de tudo, Derek teve que lutar para não sorrir. Ela mal chegava ao peito dele e parecia que o vento poderia quebrá-la ao meio, mas ela era tão obstinada.
"Eu sou o seu chefe," Derek disse, mas então teve que se concentrar. Alguém acabara de jogar um graveto e ele teve que desviar.
Tomando isso como seu sinal, ele ergueu o braço e disparou a arma de sinalização.
A luz captou a atenção de todos, a multidão ficou silenciosa, e Derek aproveitou a chance.
"Boa noite senhoras e senhores. Entendo que todos vocês receberam uma mensagem muito preocupante que ameaça o futuro de vocês no Grupo Haven. Estou aqui para dizer que, a mensagem não é nem um pouco verdadeira," Gritar estava machucando sua garganta, mas se ele não transmitisse seu ponto de vista, mais do que apenas sua garganta estaria doendo.
Houve uma pausa, em que Derek soube que havia centenas de olhos incrédulos focados nele. Onde ele esperava que dezenas de pessoas se manifestassem, apenas uma voz podia ser ouvida.
"Como podemos confiar em você? Você vai dizer qualquer coisa que a alta gestão mandou você dizer, e então quando você voltar para a cidade, nos encontraremos desempregados," A multidão se afastou e uma mulher mais velha avançou. Mesmo com os faróis do carro a iluminando, era difícil distinguir mais sobre os seus traços.
"E você é?" Derek perguntou.
"O nome é Brenda, e você ainda não me deu um motivo pelo qual devemos confiar na sua palavra," Derek gostou imediatamente de Brenda, direta ao assunto e não se distraía facilmente.
"Que tal confiarem na palavra do seu CEO. Este é Derek Haven, CEO das Empresas Haven, e eu sou Emily Molson, sua Assistente Pessoal," Emily terminou de falar e desta vez houve a algazarra que Derek estava esperando desde o início.
"Ela está mentindo!"
"Por que o CEO viria aqui?!"
As perguntas continuaram até que alguém teve a brilhante ideia de se aproximar e brilhar uma luz em seu rosto. Isso fez todo mundo ficar quieto.
"É realmente ele," Alguém disse.
"Você realmente veio para conversar e não demitir todo mundo," Desta vez foi Brenda quem perguntou.
"Sim, sim, eu vim," E assim, de repente, Derek foi levado em direção à fábrica, com Emily caminhando ao lado dele. Ele teria preferido voltar para o carro, mas tinha a sensação de que isso não teria sido bem recebido. Então andar foi.
Depois de uma noite absolutamente sem sono, focando a cento e dez por cento, sem descanso de forma alguma, e nem mesmo tendo a chance de nadar. Derek esperava ainda outro noite sem sono, e de ter que manter sua mente focada ao invés de permitir que ela esfriasse um pouco.
Qualquer pouco de sono que ele estava conseguindo no passado não era suficiente para sustentar tal esforço. Derek esperava ao menos conseguir passar pelas conversas com os trabalhadores da planta sem que sua mente e corpo o traissem.
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