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Chapter 10 - Humilhação

As pernas de Tuss estavam faltando, então sem a cadeira de rodas, sua condição única se tornaria ainda mais aparente, o que explicava por que ele hesitava em deitar na cama quando Yuri estava por perto.

Ele tinha se esforçado muito, mentido para si mesmo e para os outros, lutando para manter uma fachada de ser normal. Mas agora, tudo tinha desmoronado. Ele estava visivelmente deficiente, uma dura realidade exposta—

Na frente de todos, Tuss, o indivíduo excepcionalmente talentoso da Academia Militar Nº 1, era jogado de um lado para o outro como um frágil passarinho.

Tuss nunca tinha experimentado um sentimento tão profundo de humilhação, tão intenso que o fazia pensar em morte.

No momento, ele estava encostado em Yuri, a cabeça apoiada no ombro dela, o rosto a uma pequena distância do dela. Ela não estava olhando para ele, assim como nenhuma outra pessoa. Isso lhe dava um pequeno consolo.

Ele podia ouvir a batida do coração dela, sentir sua respiração fazendo cócegas em seu ouvido—

Ele nunca tinha estado tão perto de alguém assim, nem mesmo de seu melhor amigo. Surpreendentemente, ele não achava isso repugnante; na verdade, encontrava um estranho conforto nisso.

Conforme Tuss começava a se perder em seus pensamentos, Yuri observava atentamente os piratas, vendo o que eles estavam fazendo. Quando todos os passageiros foram reunidos, um pirata grande e forte disse, "Alfas e Betas, venham para frente."

Ninguém na multidão se mexeu.

"Estou dando a vocês a chance de vir por vontade própria. Se fizerem isso, serei legal. Mas se eu tiver que ir ao encontro de vocês, bem, não serei tão legal—" A ameaça do pirata pairava no ar, criando um senso de medo.

"Sou um alfa, Tier D," um dos Alfas se levantou.

"Sou um beta, Tier C."

"Sou um alfa, Tier C."

"....."

Um a um, as pessoas começaram a se levantar.

Yuri virou-se para Tuss, "Devemos nos levantar?"

Mordendo o lábio, Tuss respondeu, "Fique aqui. Eu lido com isso."

"Meu marido é um alfa," disse Yuri, levantando a mão, ignorando a objeção de Tuss.

"Apenas um aleijado. Fique aí," o grande pirata zombou, olhando para Tuss. Ele não tinha respeito por esses jovens bonitos, que eram ainda mais belos que as mulheres.

O rosto de Tuss se tornou sério, os lábios suaves pressionados em uma linha reta. Yuri tocou delicadamente suas costas e sussurrou em seu ouvido, "Pelo menos, não precisamos nos separar."

As palavras dela pareciam aliviar a frustração de Tuss.

Enquanto os alfas e betas eram levados, um jovem passageiro rechonchudo começou a gritar, "Não me levem! Minha família é rica. Diga-me quanto você quer, meu pai pagará."

O rosto dele estava coberto de lágrimas e muco. O homem que tinha agarrado sua gola agora segurava a parte de trás de sua camisa, dizendo firmemente, "Fique quieto. Não precisamos de dinheiro. Precisamos de pessoas."

"Por que vocês precisam de pessoas?" o passageiro rechonchudo perguntou com medo, "Para vender órgãos? Eu tenho doença cardíaca, problemas renais, e minhas córneas são artificiais—"

"Quietos," o pirata ordenou, batendo na parte de trás do pescoço do homem rechonchudo.

Os alfas e betas foram separados e trancados, enquanto os Ômegas foram movidos para áreas grandes como a academia e a sala de jantar.

"Eles mudaram de direção," Tuss apontou, olhando pela janela, com as sobrancelhas franzidas.

"Como você pode dizer?" Yuri perguntou, confusa. Lá fora estava o vasto universo, que para ela parecia igual em toda parte.

Tuss olhou para ela e perguntou, "Você realmente entrou na Academia Militar Nº 1 por conta própria?"

Yuri congelou, depois não disse nada. Foi a antiga dona do seu corpo quem havia passado no exame, não ela.

"Eles não querem dinheiro, apenas pessoas. É provável que nos queiram para mineração," disse Tuss confiante.

"Numa era de tecnologia avançada e máquinas, eles ainda precisam de pessoas para mineração?" Yuri se perguntava em sua mente. Ela estava surpresa, mas não se atrevia a perguntar, com medo de mostrar sua falta de conhecimento.

"Há um mineral único chamado Chave Azul. Pode ser pegajoso ou líquido, muito ativo, e se move. Ele afasta todos os metais e só pode ser coletado manualmente," Tuss explicou.

"Isso é incrível." Os olhos de Yuri brilharam como se estivesse olhando para um tesouro, ela perguntou, "A Chave Azul é um tipo de metal?"

Por um momento, Tuss se perdeu nos olhos brilhantes dela. Ele desviou o olhar, respondendo, "Sim, é um tipo de metal. É muito raro e caro, não se encontra no mercado. É principalmente usado na medicina, frequentemente salvando vidas de doenças graves."

Yuri ficou mais interessada na Chave Azul, "Não é muito precipitado dizer que vamos minerar Chave Azul só porque os piratas não estão pedindo dinheiro?"

"Houve rumores de que depósitos de Chave Azul foram encontrados na Galáxia Caótica," disse Tuss.

Yuri esperou que Tuss continuasse falando, mas ele parou de falar, até fechou os olhos. Era uma pena que seu opticomputador tivesse sido tomado pelos piratas, caso contrário, ela poderia pesquisar pela Galáxia Caótica.

Yuri ainda não estava cansada. Ela olhou para as estrelas por um tempo, depois para Tuss. Quando ela viu o corpo de Tuss começar a deslizar, ela o segurou, colocando a cabeça dele em seu colo.

Esta posição era um pouco íntima, mas Yuri não pensou muito nisso no momento. Ela apenas esperava que o cara teimoso e triste à sua frente pudesse estar um pouco mais confortável.

Ela tinha notado o tremor dele há um tempo, as veias em seu punho apertado sobressaindo, ele devia estar lidando com algum tipo de dor.

Aos poucos, Yuri também fechou os olhos.

Em um estado meio adormecido, ela sentiu como se deixasse seu corpo, entrando em um lugar escuro e gelado. Surpresa, ela pensou, "Achei que eu estava sonhando! Como posso sentir frio?"

"Onde estou?"

Esperando enxergar melhor, ela viu uma visão estranha no segundo seguinte. A escuridão lentamente desapareceu, revelando um mundo deserto, com videiras pretas e retorcidas mortas por toda parte.

Yuri se viu emaranhada nas vinhas secas, o frio invadindo seu corpo. Não era apenas frio, era também doloroso, como ser picada por agulhas.

Isso parecia muito real para ser um sonho.

"O que está acontecendo?" Yuri fechou os olhos, apenas para descobrir que não conseguia deixar esse lugar.

Ela suspirou, lentamente desemaranhando os "galhos mortos" com seu braço restante, pensando em limpar um caminho.

Esses "galhos mortos" aparentemente pesados e duros ficaram incrivelmente macios ao tocarem suas mãos. Yuri brincou com eles por um pouco, sem querer quebrá-los. Ela os alisou e os colocou para o lado.

"Hmm—" Tuss fez um barulho baixo em seu sono, as sobrancelhas franzidas lentamente relaxando. Mas agora Yuri, ao lado dele, era quem estava com as sobrancelhas franzidas. Seu rosto jovem parecia sério e concentrado, como se estivesse ocupada com algo extremamente importante.

Tuss estava dormindo profundamente e calmamente, desfrutando do melhor sono desde que perdeu suas pernas.

Ele olhou em volta, depois para as pernas que usava como travesseiro, e deu um sorriso triste. Ele se perguntou, "Então, será que meu bom sono se deve à academia ou às pernas sob minha cabeça?"

Ele levantou seu corpo, cuidadosamente movendo sua cabeça para longe. Ele tinha dormido a noite toda assim; a perna dela devia estar formigando há muito tempo.

Tuss apertou os lábios, um olhar de irritação em seus olhos. "Talvez," ele pensou, "eu não deveria ter dormido tão profundamente."