A paisagem havia sido totalmente devastada por armas quânticas avançadas e canhões de partículas. Yuri e seus amigos não eram os únicos que haviam ido à área de mineração, a entrada estava fervilhando com outros que tinham a mesma ideia.
Quando Yuri, Tuss e Zeek chegaram lá, o lugar já estava lotado.
"Vamos para o elevador," Yuri dirigiu.
Uma voz atrás deles zombou, "Por que tentar? Vocês três, um casal com deficiência e um velho, deveriam se afastar e deixar os outros tentarem sobreviver," enquanto ele puxava a camisa de Tuss.
A expressão de Tuss escureceu, seus lábios se tornando uma linha fina.
Zeek ficou pálido. Ele tentou entrar no elevador, mas o cara o segurou, quase fazendo-o cair.
Yuri perdeu a calma. "Tire as mãos dele. Se você está tão pronto para bater as botas, faça isso em outro lugar," ela rosnou, entregando um chute rápido que enviou o cara tropeçando.
"Zeek, Tuss, entrem," Yuri instruiu, se colocando entre o elevador e seus amigos. Seus olhos brilhavam com uma intensidade feroz que mantinha os outros à distância.
O cara que ela havia chutado se levantou, seu rosto torcido de fúria. Ele avançou em Yuri, lançando um soco em sua direção.
Yuri apenas sorriu de maneira insinuante. Com um giro rápido de sua perna, ela o derrubou mais uma vez.
Enganá-lo uma vez poderia ser considerado surpresa, mas duas vezes? O homem não era fraco; era apenas que Yuri, a garota de um braço só, não era para ser subestimada.
Os três conseguiram entrar no elevador, que rapidamente desceu para as profundezas. A área de mineração subterrânea estava bem iluminada, tão clara quanto ao meio-dia.
O elevador pousou após uma queda de várias dezenas de metros.
"Por ali," Yuri dirigiu, apontando, seguindo seu instinto.
Sem questionar, Zeek seguiu. Tuss lançou um olhar confuso a Yuri, perguntando-se por que não estavam indo para sua área habitual de trabalho. Além disso, o chute forte de Yuri agora o deixava curioso.
A maioria não perceberia, mas Tuss sentiu uma intensidade arrepiante vinda de Yuri. Ele só tinha sentido essa ferocidade em soldados experientes. Mas Yuri tinha apenas dezoito anos, o que era bastante desconcertante.
Tuss até começou a questionar se essa era a mesma Yuri que ele conhecia da Família Cheng.
A razão pela qual Yuri escolheu essa direção era que ela havia sentido a presença de metal "gênesis".
Nos últimos dias, os piratas os vigiavam como falcões, suas vidas dominadas por trabalho constante. Um passo em falso e uma arma quântica de um pirata poderia reduzi-los a pó. Então, ela nunca teve a chance de reunir o poder do gênesis.
Mas agora, ela viu uma oportunidade.
"Aqui estamos," Yuri anunciou, correndo em direção ao maior depósito de gênesis.
Ela pressionou suas costas contra a parede rochosa, e seu Enova, tão fina quanto um fio de cabelo, deixou seu corpo para mergulhar no rico depósito de gênesis.
Zeek gentilmente colocou Tuss no chão e virou-se para ver Yuri encostada na parede. Confundindo sua ação por cansaço, ele ofereceu, "Você pode se sentar, se quiser. Nós não estamos mais limpos que o chão."
"Você está certo," Yuri riu, e prontamente se sentou. Nesse momento, seu Enova já havia se alimentado e retornado ao seu corpo.
Seu corpo, esgotado por dias de estresse, saboreou um momento de alívio. No entanto, se ela quisesse proteger a si mesma e seus amigos, seu Enova Nível Um não seria suficiente. Ela precisava avançar seu nível de Enova o mais rápido possível.
Yuri se levantou, dizendo, "Não sei quando o caos lá em cima vai acabar. Vou dar uma olhada por aí."
"Fique segura," Zeek respondeu, assumindo que seu entusiasmo era apenas curiosidade jovial.
Tuss a observou partir, perdido em seus pensamentos.
"Não se preocupe, tenho certeza de que a Sra. Hiro não nos abandonará," Zeek tentou confortar Tuss.
Tuss franziu a testa. "Não é isso que me preocupa."
Yuri nunca havia visto uma Chave Azul, mas ela tinha certeza de que o poder "gênesis" dentro dela era o mais puro que ela já havia absorvido.
Seu interesse pela Chave Azul estava crescendo a cada minuto.
Enquanto Yuri se movia pela mina, todos que a viam ficavam cautelosos. Mas quando notavam sua manga direita vazia, relaxavam e paravam de prestar atenção nela.
Yuri sorriu de maneira condescendente. Parece que havia algumas vantagens em ser uma pessoa com um braço só, afinal.
Após uma hora ou mais, ela tinha percorrido a maior parte da mina, absorvendo todo o poder do gênesis que conseguia encontrar. Seu Enova havia subido de nível com sucesso de um para dois.
O gênesis nesta Chave Azul era puro, mas escasso. Se houvesse mais, ela sentia confiança de que poderia subir de nível novamente.
"Quão grande é esta mina? Quanta Chave Azul eu perdi?" Ela pensou consigo mesma.
A ideia de mineração não parecia mais tão ruim para Yuri. Comparado a avançar seu Enova, os desafios da mineração pareciam insignificantes.
Ela pensou em sua vida passada—lutando contra zumbis; aquilo era muito mais perigoso que a mineração.
"Ela está de volta," Zeek suspirou aliviado quando viu Yuri. "Estávamos prestes a ir procurar por você se não aparecesse logo."
"Desculpe," Yuri pediu desculpas com um sorriso. "A mina é tão grande, eu quase me perdi."
"Você sabe que é enorme, então não fique vagando," Tuss a advertiu silenciosamente.
"Eu estava fazendo reconhecimento," Yuri explicou, sentando ao lado dele. "Não queremos ficar correndo como galinhas assustadas quando for hora de escapar."
Tuss a examinou. "Você parece diferente desde que saiu."
Yuri ergueu uma sobrancelha. "De que forma?"
"Você parece mais... misteriosa," Tuss pensou, mas simplesmente disse, "Ah, talvez eu esteja apenas imaginando coisas."
Yuri: "?"
"Os ruídos da batalha lá em cima cessaram," Zeek observou.
Clang, clang, clang—
O som penetrante de um gongo ecoou por toda a mina.
Não era um apito. Yuri sentiu um calafrio percorrer sua espinha, perguntando-se, "A propriedade da mina mudou?"
Tuss pareceu ter a mesma ideia; sua expressão escureceu.
"Espero que os novos donos da mina nos tratem melhor," Zeek expressou suas preocupações.
Yuri e Tuss trocaram um olhar, sentindo um estranho senso de destino compartilhado.
"Todos os mineiros lá embaixo, prestem atenção! Vocês têm dez minutos para chegar à superfície. Caso contrário, há apenas um destino esperando por vocês—morte," uma voz retumbou pelos alto-falantes da mina.
"Vamos mover," Yuri decidiu. Eles não tinham mechs ou espaçonaves, nem armas, comida ou água. Duas pessoas com deficiências e um homem mais velho não teriam chance em uma luta. Eles estariam melhor simplesmente minerando como lhes fosse ordenado.
Os novos piratas pareciam surpresos que duas pessoas com deficiência pudessem minerar. Quando viram Yuri e Tuss, franziram a testa, questionando, "Vocês dois conseguem mesmo trabalhar?"
"Claro," Yuri respondeu, se erguendo orgulhosa. "Podemos ser deficientes, mas temos garra. Eu consigo manusear uma escavadeira tão bem quanto qualquer um. Meu marido é ainda melhor; ele conserta todas as escavadeiras na mina."
A palavra "marido" fez o rosto de Tuss esquentar, mas seu rosto estava tão sujo com terra que o rubor ficou oculto.
"Mesmo?" o novo pirata questionou, com dúvida em sua voz.
"Se você não confia em mim, fique à vontade para nos assistir enquanto trabalhamos," Yuri rebateu, sua confiança dando peso às suas palavras.
O olhar do pirata vagueou, e ele apontou aleatoriamente sua arma para um homem. "Aquele cara com a perna amputada realmente sabe consertar escavadeiras?"
O homem sendo apontado estava tremendo enquanto respondia, "Sim, ele sabe."
Ouvindo isso, o pirata virou-se para Tuss, que estava mais alto que Zeek. "Se ele é valioso, vamos mantê-lo por enquanto."
Seus abrigos haviam sido reduzidos a cinzas, deixando apenas escombros carbonizados e um buraco profundo de um metro na terra. Os novos piratas não lhes forneceram recursos, apenas permitiram um dia para construir uma área para dormir usando o que pudessem encontrar nas ruínas. Aqueles que não conseguissem teriam que dormir ao ar livre ou na mina.
Yuri observou a paisagem desolada, perguntando-se, "Como vamos encontrar materiais de construção aqui?"
Além de solo e pedras, não havia absolutamente nada ao redor.