Evan podia ouvir os distantes gritos de Harold, suas ameaças vazias que antes a aterrorizavam e a deixavam vulnerável. E agora... Tudo parecia tão inútil. Como se ela estivesse com medo do nada.
"Evangeline, você está bem?" Ela piscou e olhou para Damien. Ele estava de pé na frente de um banco. Quando ela assentiu, ele a colocou devagar no banco.
"Você sabia que Harold estava ali, certo?" Ele não respondeu, mas também não negou quando se sentou ao lado dela e olhou de volta para o palácio, onde o homem estava lutando ou já havia sido expulso.
"Eu não gosto de escórias como ele. Ele precisava ver com os próprios olhos que tinha perdido você." As palavras fizeram ela sorrir. Ela havia visto a raiva e as inseguranças escondidas sob aquela raiva.
"Mas ele não vai me divorciar agora." ela tinha um plano, mas agora ele não funcionaria, "eu ia pedir a ele o divórcio em troca da minha herança. Eu ia convencê-lo de que não queria mais fazer parte de seu caso e partir para sempre." Sua voz caiu naquelas palavras quando ela sentiu o olhar dele sobre ela.
Ele a estava olhando, mas ela não virou para encará-lo. Seu olhar a queimava e, por algum motivo, ela se sentiu culpada.
"Evangeline, apenas um tolo te deixaria partir em troca de sua herança. E tenho certeza de que Graystone não é um tolo." O que ele queria dizer? Ele estava apaixonado por sua irmã. Ele só a estava usando para obter posição e poder. Claro, se ela desistisse de sua herança, ele não teria mais uso para ela.
Damien balançou a cabeça como se tivesse lido seus pensamentos.
"Mas agora ele criaria problemas para você, sua graça. Se ele reclamasse contra você, isso seria..." Ela não sabia quais implicações ele enfrentaria. Ela havia ouvido dizer que ele era julgado, não pelo tribunal real, mas ela não sabia o quão verdadeiros eram os rumores.
"Esqueça isso. Você queria ir com ele?" ela se enrijeceu. Ela queria deixar esse lugar? Não! Ela não queria.
"Mas…" ele segurou as mãos dela e as esfregou.
"Eu não quero ouvir se e mas Evangeline. Você queria ir com ele." Evan baixou a cabeça e a sacudiu levemente quando ele apertou suas mãos. "E você tem medo de mim?"
Ela sacudiu a cabeça novamente, desta vez com mais confiança trazendo um sorriso no rosto dele.
"Então... você decidiu sobre nosso casamento?" Aquelas palavras fizeram ela voltar a cabeça rapidamente em sua direção.
"Sua graça..."
"Sua resposta, Evangeline. Você ainda quer se casar comigo, apesar de saber que eu posso ser assustador e que não será um casamento apenas no nome?" Ela era uma tola! Claro que sim... Sentir desespero na voz dele. Ele era o homem mais forte do império e, embora as famílias tivessem medo dele, havia muitas garotas que queriam casar com ele.
Ela assentiu com um olhar envergonhado no rosto.
"Mas meu divórcio..."
"Eu vou cuidar disso." Damien fechou os olhos e segurou as mãos dela firmemente. Ela não sabia o que fazer com aquelas mãos. Com ele, suas ações. Ela sabia que deveria fazer algo, mas o quê?
Se Else estivesse em seu lugar, ela saberia o que fazer com tais emoções. Então, ela se sentou reta até ele abrir os olhos e soltar suas mãos.
"Você gosta de jardins, Evangeline?" Ela olhou para as flores brilhantes. Ela gostava delas? Eram apenas flores usadas para decoração. O que havia para gostar ou não gostar nelas. Mas essa resposta seria correta?
"Haha! Evangeline, essa não foi uma pergunta tática que você precisa pensar tanto." ele balançou a cabeça quando Evan engoliu. Ele riu. Mas não parecia zombeteiro.
"Eu não tenho muito interesse em flores. Eu só estava me sentindo sufocado dentro do quarto e queria tomar um ar fresco." ele assentiu, sorriu como se quisesse tranquilizá-la de que suas respostas eram bem-vindas. Ela olhou para ele e se sentiu confiante.
"Eu gosto de música. O som do violino ou do piano me libera e eu gosto de pintar. As cores vivas que me permitem desenhar qualquer sonho e por um instante acreditar que são realidade me dão inspiração." Damien sorriu para seus olhos relaxados. Desde que ela havia sido trazida, ela estava andando como se pisasse em ovos.
O médico tinha lhe informado que ela havia sido forçada. Havia hematomas em sua pele, antigos e novos, e marcas em seus joelhos. Deve ter sido com uma bengala ou couro. Ela havia sido espancada. Uma garota frágil como ela estava ferida. Os pensamentos o perturbavam.
Ele não sabia nada sobre ela há alguns dias. Ele estaria mentindo se dissesse que não entreteve a ideia de que ela estava brincando com ele. Ela estava usando-o para alcançar algo, mas agora olhando para ela, ele se lembrou do gato que tinha levado para casa quando era criança.
O gato encharcado estava tão assustado no início, mas aos poucos se aqueceu e bebeu todo o leite do copo dele também.
Ela está na fase de aquecimento. Em breve, ela seria como seu gato, desimpedido e ousado.
"Vou pedir para Gloria, a chefe das empregadas, preparar materiais de pintura no seu quarto. Se precisar de mais alguma coisa, pode informá-la. Ela é uma mulher meticulosa." ela assentiu desta vez com um sorriso.
"Sua graça." Gerald estava parado no canto. Ele não se aproximou deles, mas seu rosto tinha um olhar urgente quando Evan se enrijeceu novamente.
"Está tudo bem. Que tal você apreciar a paisagem por um tempo e eu peço um chá para você." Ela assentiu, aliviada que ele arrumou uma desculpa em vez de culpá-la. Mas mesmo sabendo disso, ela sabia que teria que trazer mais do que uma criança para obter ajuda dele. Ela tinha que se provar útil.