Chapter 7 - Dia do teste

Sentamos nós três juntos no refeitório. Na minha bandeja, tem um prato redondo e fundo com pedaços de queijo cortado em quadrado perfeito e um palito pequeno para espetar o queijo quando for comer, um pote ainda lacrado de iogurte, uma maçã fatiada em quatro pedaços em um pote transparente e lacrado, uma fatia de panqueca e um copo pequeno com pasta de amendoim; para beber escolhe capuccino para dar uma animada. O capuccino está em um copo com o mesmo logo da escola e nas mesmas cores do uniforme – verde e branco. David escolheu o mesmo que eu, só mudou o suco e em vez de torta, ele preferiu bolo de chocolate. James, esse aí, foi um pouco mais além. Em sua bandeja tem dois pedaços de panqueca, da mesma que a minha, um copo de capuccino, uma fatia de bolo, um pote com mamão, banana e maçã, dois pratos com queijo, tapioca branca, diferente da que eu já estou acostumado a comer, um pote de pasta de amendoim e outro de manteiga.

- Você vai comer isso tudo? – pergunta David abismado com a quantidade de alimento que James pegou.

- Vou sim. Ninguém sabe como vai ser a primeira aula hoje, então preciso estar bem nutrido.

Coloco um pedaço de queijo na boca, olho para onde fica os alimentos e vejo que Pietro está se servindo ao lado de dois garotos, um é um pouco mais alto que ele, pele negra, corpo musculoso e atlético, o outro tem cabelos castanhos claros, pele morena, aparentemente da mesma altura do Pietro.

- Pietro e os seus capangas, Simon e Natan – diz James olhando para a mesma direção que eu olhava.

- Aquele negro é de dar medo – diz David ebcarando-o.

- Aquele negro é o Simon. Ele é americano e veio estudar aqui o ano passado, o outro é o Natan.

Olho para a entrada e vejo Ana entrando ao lado de uma outra menina, de cabelos pretos, lisos e com uma franja na testa, pele morena clara. Assim que as duas entram, vejo que alguns garotos olham para elas duas, até David não deixa de reparar nas duas meninas. Ao vê-la sentir um frio na barriga e o coração agitado.

- Essa é a Ana, a garota mais popular da escola e ao seu lado é a esquisita da minha irmã gêmea, Eloá.

Ao ouvir James dizer que é a irmã dele, David e eu olhamos para ele, atônitos.

- Ora! Ora! Se não é o garoto terremoto?! - diz Pietro, aproximando de nós ao lado de seus capangas, como o James disse – Vejo que já fez amiguinhos.

Pietro para em frente da nossa mesa e encara o James, com um olhar sarcástico.

- Então, James, e o playboy do David Baskerville são os seus novos amigos? – pergunta Pietro

Ignoro a provocação do Pietro, porque eu sei que ele só quer me provocar.

- Pietro, é melhor você sai daqui – diz James encarando Pietro com um olhar sério.

- Por que eu lhe obedeceria? – pergunta Pietro com um olhar intimidador para o James.

Olho o David e vejo que ele puxou a sua mão direita e escondeu em baixo da mesa, de repente vejo o Pietro se afastando abruptamente da mesa.

- Tá maluco playboyzinho?! Tá querendo arrumar confusão?

Olho para os pés de Pietro e vejo que a ponta do sapato dele está derretida, mostrando as pontas do dedo coberto por uma meia branca. Pietro segura a bandeja com uma mão e faz chama de fogo surgir na sua mão direita. Nesse momento, James se levanta e cria uma adaga, pontuda e maior que uma faca de cozinha normal. Ana e Eloá também se aproximam, encarando Pietro.

- Deixa pra lá! Bora – Pietro apaga o fogo e acena com a cabeça para Simon e Natan ir com ele.

- Pietro idiota! – resmunga Ana vindo para a nossa mesa – Podemos sentar com vocês?

- Você pode, ela não – diz James olhando de Ana para a sua irmã.

- Você vai beber esse suco? – pergunta Eloá para o David.

- Eu vou.

- Obrigada!

Eloá estica dois dedos, ergue a garrafa de suco do David com a sua telecinese e derrama no uniforme do James.

- Eu ia beber esse suco – murmura David, inconformado com o que Eloá acabou de fazer.

- Oh sua maluca, quer me prejudicar com o professor Julius hoje. Agora tenho que voltar no meu quarto para trocar de roupa.

- Você merece.

Novamente, James discute com a sua irmã em um idioma que eu não entendo. Só sei que deve ser português por conta do som das palavras.

- Que idioma eles estão falando? – pergunto para Ana.

- Português. A mãe deles é brasileira e eles cresceram conversando em português com a mãe e espanhol com o pai, por ele ser mexicano.

- Vou contar para a mamãe o que você está fazendo comigo aqui na escola – diz Eloá.

- Quem está fazendo pior é você, que está querendo me prejudicar nas aulas – diz James.

- Bem que o corpo e a aparência de Eloá é bem tropical e bonito igual de uma brasileira – diz David ficando vermelho logo após elogiar Eloá.

- Obrigada! – diz Eloá parando de brigar com o irmão.

Eloá pega uma cadeira sobrando na mesa ao lado e coloca perto de David que fica mais vermelho ainda e abaixa a cabeça envergonhado. Ana puxa a cadeira do meu lado e se senta, me deixando nervoso por está tão perto dela.

- Me desculpa por ter pegado o seu suco. Toma pega o meu – diz Eloá.

- Não obrigado! Eu... Não gosto desse sabor – diz David.

David tinha pegado suco de laranja e Eloá de morango.

Tomamos o café da manhã todos juntos. James e Eloá não paravam de fuzilar um ao outro com um olhar ameaçador. Mesmo nervoso, conversei com a Ana tranquilamente. David ficou calado, parecia que ele estava desconfortável em está sentado perto de Eloá. Sentado em uma mesa no fundo, Pietro me encarava com raiva.

Após terminarmos o café da manhã, nos separamos. David disse que ia para a biblioteca ler alguns livros, James voltou para o quarto para trocar o seu uniforme, Ana e Eloá foram para a aula do professor Julius e eu fui para a sala de teste.

Entro na sala de teste e encontro com uma mulher de cabelos longos e preto, pele branca como a neve, olhos verdes da cor de uma esmeralda. Ela é tão bonita que cheguei a ficar tonto em vê-la.

- Você é o Leonard Davis? – pergunta ela, segurando uma prancheta em sua mão e ajustando a esteira rolante.

- Sou sim.

Reparo a sala de teste e vejo que além da esteira rolante que a mulher está mexendo, tem um saco de pancadas, uma máquina de tomografia e um compartimento quadro, com uma porta fechada.

- Vamos começar? – pergunta ela se afastando da esteira rolante – vista esse colam – Ela me entrega o colam embrulhado em um saco plástico.

- Onde posso me trocar?

- O banheiro é esse aí do seu lado – diz ela apontando para uma porta de madeira ao meu lado que eu não tinha visto.

Entro no banheiro e me troco. Olho para o meu corpo magro vestido aquele colam preto, com linhas verdes incandescente delineando o corpo humano e uma placa branca de metal colado no peito.

Que vergonha! Vou ter que usar isso na frente de uma mulher desconhecida. – penso enquanto olho o meu corpo.

- Já está pronto garoto? – Ela grita do lado de fora.

- Estou. – abro a porta e saio encolhido de tão constrangedor que está sendo vestir aquela roupa.

- Você não é o primeiro em sentir vergonha em usar essa roupa. – diz ela com uma voz fria e me ignorando – Sobe na esteira.

Obedeci ela e subir na esteira. Quando subir, ela apertou algum botão no computador e as luzes da minha roupa ligaram e apareceu três zeros na placa no meu peito.

- Antes que ligue a esteira preciso fazer algumas perguntas.

- Certo.

- Qual é o seu poder?

- Faço a terra tremer ou qualquer coisa que tem ligação com o chão. Também tenho o poder de fogo.

- Com quantos anos o seu poder se despertou?

- Minha mãe disse que desde que nasce eu já fazia a terra tremer caso eu chorasse, o de fogo só tem três dias.

- Não é normal alguém já nascer com o seu poder despertado. – murmura ela mais para se mesma do que para mim.

- Você ainda faz o chão tremer caso suas emoções esteja fora do controle?

- Não. Isso parou quando eu tinha três anos.

- Vou ligar a esteira.

Ela ligou a esteira e eu comecei a correr. Conforme eu corria, ia surgindo números no meu peito, e de minuto em minuto, a mulher aumentava a velocidade da esteira. Ao chegar no volume máximo, eu já estava exausto de tanto correr.

- Agora começa a socar o saco de pancadas com toda a força que você tiver – disse ela desligando a esteira.

Sair da esteira e fui para o saco de pancadas. Depois entrei na cabine de metal, lá ela disse que era para eu usar os meus poderes. Eu não via nada o que acontecia do lado de fora, mas vir quatro câmeras ao redor do teto assim que entrei. Por último ela me colocou na máquina de tomografia. Fiquei lá dentro por cinco minutos, quando sair, a mulher veio até me, parecendo espantada.

- Tudo bem com a senhora? – pergunto para ela, ao mesmo tempo que desço da máquina com a ajuda dela.