Penelope foi levada sob custódia até o calabouço. Foi lançada pelos guardas em um lugar escuro e nojento, cheio de lama e lodo.
—Haha bom para você, bruxa — disse um dos guardas ao sair.
A mulher se levantou e procurou em volta. Não parecia haver saída, e mesmo se existisse, estava bastante escuro para conseguir enxergar algo.
—Você realmente é uma bruxa? — uma voz fina e cansada disse, fazendo Penelope entrar em guarda. No chão, próximo aos seus pés, estava uma mulher de idade avançada, que carregava um olhar arisco e duvidoso.
—Não, mas já ajudei algumas — Penelope falou. O destino dela era a fogueira, sabia disso. Idependente de desabafar ou não com aquela mulher, a sua hora chegaria.
—Huhu, entendo — riu a senhora olhando fixamente para Penelope —você se parece com alguém que me ajudou muitos anos atrás… acho que era Pérola o nome dela.
—Pérola? Você conheceu minha mãe? — vigor tomou conta da jovem moça, que se aproximou da velha — Pode me contar mais sobre ela? Se eu soubesse um pouco mais sobre minha mãe, sinto que posso morrer em paz.
A senhora manteve o olhar fixo na jovem. Que estranho ver alguém de tão pouca idade aceitar a morte tão fácil!
—Veja bem, eu sou uma bruxa. Pérola me ajudou em um outono, três décadas atrás — A bruxa disse com nostalgia —Ah, eram tão lindos os campos naquela época! As muralhas brutas não atrapalhavam a visão para as montanhas… Mas justamente por conta de amar a vista, perdi a minha bengala quando cai em um pedregulho. Ela saiu rolando e caiu no precipício. Fiquei algumas horas à mercê, até que uma jovem moça apareceu ao meu socorro. Prometi ajudá-la, mas nunca a encontrei. Só descobri o seu nome: Pérola Arqueni. Sua fama se popularizou entre os monstros. Sua cabeça começou a valer dinheiro, então não imaginava que voltaria a ouvir falar sobre ela algum dia.
—Ela… foi incrível — Penelope começou a chorar — Eu queria ter outra chance… para fazer como ela fez… na verdade, para superar minha mãe e conseguir ajudar ainda mais os outros.
—Você… tem o espírito, menina — disse a bruxa com olhos arregalados — irei recompensá-la. Obrigada, Penélope Arqueni. Você conseguiu fazer com que eu pagasse o débito que tinha com a sua mãe.