Caminhando pelo ambiente escuro, Uriel procurava desesperadamente por algum ser "vivo" que pudesse lhe fornecer informações sobre aquele lugar amaldiçoado. O inferno era um mistério para os seres humanos; o que se sabia era que demônios torturavam as almas que ali chegavam, corrompendo-as até que perdessem o que restava de sua humanidade, renascendo como novos demônios. A personalidade de cada alma condenada influenciava no pecado que ela representaria ao renascer como demônio.
Isso fazia sentido; afinal, os sete pecados eram emoções humanas intensificadas que davam origem aos próprios demônios. O Inferno era governado por sete demônios supremos, cada um representando um pecado capital. Eles dividiam a maior parte do Inferno em sete territórios, com cada um governando uma parte. Uriel ainda não sabia, mas ele se viu no território do pecado da Inveja, a Imperatriz das Serpentes, Emily.
Uriel andou cautelosamente pelo vasto e sinistro terreno diante dele. Cada passo parecia afundá-lo mais no desconhecido enquanto ele ansiosamente procurava por algum sinal de vida — ou algo que pudesse ao menos lhe dar respostas.
Conforme Uriel avançava, o ar ao redor dele parecia vibrar com uma energia sinistra. O céu, se é que se podia chamar assim, era uma vastidão de sombras turvas e avermelhadas, sem sol ou lua para guiar os passos de qualquer ser perdido. Tudo no Inferno emanava um peso opressivo, como se o próprio lugar estivesse vivo, observando cada movimento, esperando o momento certo para extrair aqueles que não pertenciam ali.
Não importava o quanto a incerteza do desconhecido pesasse em seu peito, Uriel não tinha escolha a não ser continuar. Sua missão era clara, e o fracasso não era uma opção. As histórias sobre o domínio da Inveja circulavam entre os poucos que ousavam mencionar o nome de Emily.
Eles disseram que seus reinos eram tão vastos quanto o oceano e tão traiçoeiros quanto a própria emoção que ela representava. Ninguém sabia ao certo o que ele encontraria lá, pois o território da Inveja era conhecido por se moldar aos desejos e inseguranças mais profundos das almas perdidas dentro dele.
Uriel se sentiu desconfortável. Não por causa do ambiente em si, mas por causa da sensação de que algo dentro dele estava mudando. Um sentimento crescente de inquietação floresceu em sua mente, como se vozes sussurrassem em sua cabeça, alimentando uma angústia que ele não conseguia compreender completamente.
De repente, uma figura se materializou diante dele, emergindo das sombras como um fantasma. Uma mulher, com pele pálida como a lua, olhos verdes intensos e cabelos longos que fluíam como uma corrente escura. Ela o observou silenciosamente, com um sorriso enigmático nos lábios. Uriel sabia, sem precisar de palavras, que estava em uma situação perigosa.
— Olha o que temos aqui, uma pequena alma corrompida. Você está perdido, garotinho? — A voz da mulher era suave, mas carregava uma malícia que fez os músculos de Uriel ficarem tensos.
Ele se manteve firme, tentando não demonstrar o turbilhão de emoções que começava a crescer dentro dele. Ele sabia que qualquer fraqueza poderia ser usada contra ele.
— Eu sou Uriel, e busco respostas — ele respondeu, tentando manter a voz firme.
A mulher deu um passo para mais perto, seus olhos brilhando de diversão.
— Respostas? Ha ha ha... Bem, talvez você as encontre em breve... — ela disse, caminhando lentamente em direção a Uriel.
— O que quer dizer com isso? — Uriel perguntou, já entrando em posição de combate.
No instante seguinte, Uriel sentiu-se completamente paralisado. Não conseguia manipular sua aura para se defender. Estava inteiramente à mercê daquela mulher.
Enquanto Uriel permanecia imobilizado, a misteriosa mulher se aproximou dele lentamente, tão perto que ele conseguia sentir sua respiração. Então, ela sussurrou lenta e sedutoramente em seu ouvido:
— Bem-vindo ao Inferno, garotinho.
Assim que ouviu isso, Uriel perdeu completamente a consciência.