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Zarpar

🇧🇷O_Afogado
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Synopsis
"Quando o próprio mundo está condenado, quem ousaria sonhar com um final feliz?" Em um mundo mergulhado no caos, onde o céu amaldiçoou os mares e espalhou a corrupção como uma praga, criaturas monstruosas e itens corrompidos ameaçam o equilíbrio da humanidade. Aqueles que ousam usar esses itens obtêm poderes sobrenaturais ao custo de sua própria sanidade e forma. Um jovem fruto de uma concepção profana almeja fazer o impossível e pra isso, vai precisar reunir outros com sonhos tão grandes quanto o seu.
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Chapter 1 - Capítulo 1 - Caindo no Abismo

"Quando o próprio mundo está condenado, quem ousaria sonhar com um final feliz?"

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A umidez do local junto da mortalha de escuridão trouxeram consigo colônias de pequenos seres mal categorizados. Alguns chamam de plantas, outros de animais, mas são como algo diferente. Nem um, nem outro, apenas fungos.

O carmesim espesso pinga lentamente nas formações que se assemelham a um chapéu exagerado, gotas e mais gotas caem de feridas recentes de um corpo jovem. Diversos buracos circulares similares a bolas de gude enfeitam o peito, garganta, braços e barriga de tal figura, o leve assovio do vento pode ser ouvido vindo de sua boca, que, apesar de tal situação, ainda persiste.

Seus olhos são pretos como piche e boa parte de seu brilho já se foi, seus cabelos são longos e seguem a cor de seus olhos. Sua pele está mais pálida do que deveria. Suas roupas são bem surradas e sua expressão é recheada de insatisfação e indisposição.

Sua mente, desesperada para não desaparecer por completo, se prende a uma série de pensamentos. Cada pedaço de si parece tomar forma dentro do reino de sua mente, formas brancas leitosas se juntam formando imagens vívidas. 

O jovem tenta esticar suas mãos para tocá-las, mas seu corpo não o responde, oque o responde é a sua mente. Momentos de sua vida que nem o mesmo se lembrava são postos em exibição, momentos de inveja, felicidade, rancor e até amor são mostrados, mas rapidamente são acizentados e por fim, se transformam em um pó negro que some junto de suas memórias de tais momentos.

Conforme mais e mais somem, a indisposição do jovem segue o exemplo, mas no lugar dela, um olhar de loucura toma o seu rosto e é possível ouvir o balbuciar incoerente de tal homem moribundo. Maior parte das palavras se mostram incompreensíveis, mas uma frase pode ser entendida — Hei de tornar-me os olhos de tal abismo que superara minha mente e esmagara meu corpo... — Infelizmente, somente tal pedaço é entendível.

Com aquelas colônias de testemunhas, tal ser moribundo termina suas balbucias e junto disso, um estranho símbolo toma forma em sua mente. Formado por curvas suaves como as mãos de uma dama protegida, círculos se entrelaçam e no fim, a forma de um único olho pode ser notada de tal símbolo. As pupilas de tal olho são de um carmesim similar ao sangue do jovem e ao se completar, uma reação ocorre.

Uma queimação sem igual se espalha pelo corpo do jovem, as menores partes de si gritam em aborrecimento, protestam, pois estão sendo absorvidos, absorvidos para tornarem parte de algo muito maior. Algo que um mero corpo humano não se compara.

Um brilho roxo manifestara de sua pele pálida, brilho esse que se infiltra na pele. Ao ter seu corpo invadido, uma dor lacerante substitui a queimação de outrora e em algum momento do processo, a consciência do jovem é perdida.

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É dito que, aqueles que sonham tem um lugar reservado nas estrelas e que desde que tentassem, conseguiriam atingir oque desejam. Uma pena que o destino sempre se mostra bem cruel com aqueles que sonham mais do que podem.

Diversos espíritos jovens, cheios de vontades e sonhos se revelam reunidos na frente de uma pequena embarcação despretensiosa. Uma figura encapuzada com as feições cobertas reside na frente do barco, com seus braços cruzados, o final de um discurso pode ser ouvido sendo proclamado por uma voz rouca — Dito isso, que o banho de sangue comece.

Todos aqueles jovens de diferentes aparências, portes físicos, histórias e personalidades agem ao mesmo tempo, quando tais frases são proferidas. Todos avançam em conjunto em uma figura de estatura mediana. Seu cabelo é preto e se estica para além de seus ombros, sua pele possuí um leve tom arroxeado por toda e seus olhos são de um carmesim profundo.

Em questão de poucos instantes, partes de corpos seriam espalhadas ao redor do píer, como se servissem de decoração. Uma flor formada por cadáveres toma forma abaixo dos pés do jovem que possui um olhar sem expressão neste instante.

A figura encapuzada dá uma risada seca e acena para que o vencedor o siga para o barco, após algum tempo, tal embarcação se perderia no infinito azul do horizonte. Patrulheiros surgiriam para checar a bagunça sangrenta formada e em não muito tempo seriam achados acontecimentos similares, que seriam mais tarde proclamados como tendo sido feitos por um grupo chamado de "O Sindicato".

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Um tempo desconhecido depois, o mesmo jovem de olhos carmesins seria encontrado machucado enquanto embarca em outro navio, um navio gigantesco com uma bandeira de uma caveira feita a partir de pétalas de flores e escritos em numerais romanos, teria o número "4".

Não é claro quanto demoraria, mas tal jovem estaria repousando em algum quarto de tal embarcação gigantesca. O quarto em si se mostra sendo bem simples, mas espaçoso. Sua figura pequena traz até mesmo um sentimento de fraqueza ao se comparar.

A cama de tal lugar, apesar de desconfortável, era limpa. Seu armário era pequeno, mas de uma qualidade considerável. Um pequeno móvel reside ao lado de sua cama e possuiria sua gaveta aberta, com uma pequena pulseira feita de linha repousando em seu centro.

Reminiscência enche seus olhos enquanto observa tal pulseira e uma sensação de conforto enche seu peito. Ao esticar sua mão para pegá-la, três batidas na porta o assustam, fazendo-o rapidamente virar seus olhos para a mesma.

Do outro lado, uma voz jovem recheada de descontentamento pode ser ouvida — Anthony, seu preguiçoso! Sai daí logo, vamos pegar as tarefas, vem — Mas um tom brincalhão pode ser notado no meio de tal frase, independentemente da figura por trás, não quer o mal de nosso jovem.

Anthony abre um leve sorriso em seu rosto inexpressivo, rapidamente pega a pulseira e enquanto a coloca, se aproxima da porta e a abre em um movimento ágil, apesar de sua leve dificuldade.

O ranger da porta traz consigo a luz de fora e o ambiente se revela para o mesmo. Um corredor longo e sinuoso, recheado de portas de ambos os lados, como se fosse um hotel de baixo orçamento. Nomes são vistos escritos em um pedaço de papel que fora posicionado ao lado de cada porta, mas o detalhe mais importante em tal lugar é que um jovem alto reside na frente de sua porta.

Sua figura se mostra cerca de 10cm mais alta que Anthony, seus cabelos são curtos e de uma tonalidade loira, seus olhos são azuis como o mar na manhã. Seu corpo é bem construído, mas não possui muitos músculos a mostra, sua pele é bronzeada, batizada pelo sol do alto mar.

Um sorriso alegre adorna o rosto de tal jovem e ele alegremente diz — Você parece estar de bom humor — A presença do mesmo exala uma calmaria que não se esperaria.

O rosto de Anthony se mostra inexpressivo em sua maioria, mas o canto de sua boca está levemente curvado para cima. O mesmo começa a falar bem pacientemente — Tive uma memória boa, já você, parece ter tido a manhã do século, não é, Joe?

Joe revela uma expressão de timidez, leva seu rosto para o lado levemente e diz — Hehe, digamos que encontrei algo divertido — Após isso, ele se recobra de algo e exclama — Verdade! Temos que ir pegar nossas tarefas do dia, estamos no turno da noite, então dá pra vagar por aí até lá

Anthony pensa por alguns instantes e acena com a cabeça. Ambos começariam a caminhar pelos corredores sinuosos da embarcação, em busca de uma sala em específico nos andares superiores. A visão de uma longa escadaria de madeira se revela e a cada passo na mesma, os materiais que a formam gemem em protesto, como se já tivesse passado de seu tempo.

Enfim, se encontram no deque superior e enquanto vagam em busca de um quarto com uma placa dizendo "Cabine do Terceiro Imediato", tendo intuito de encontrar o mesmo. Anthony vira seu rosto para Joe e pergunta com um toque de curiosidade em seu tom, apesar de seu rosto não expressar nada — Aqui, fiquei sabendo ontem que o Mark passou mal. Sabe algo sobre?

Tal pergunta parece ter animado Joe, que alegremente diz — Sim! Eu sei um pouco sobre. Aparentemente, ou pescaram um peixe com um fio de corrupção a mais do que o normal ou o corpo do Mark em si é frágil, porque a área onde estamos tem uma concentração um pouco maior do que o resto, mas não deve ser algo que precisamos nos preocupar.

Anthony cogita algumas coisas, mas termina acenando com a cabeça. Após algum tempo, se encontram na frente de uma porta com escritas em algum líquido vermelho-escuro, ainda com cheiro de álcool. As palavras "Cabine do Terceiro Imediato" trazem uma solenidade que contrasta bastante com o forte cheiro de álcool.

Joe tem sua expressão agravada e estica sua mão para bater na porta. Neste mesmo instante, o mundo para Anthony parece desacelerar. Um pressentimento ruim atinge sua mente como se fosse uma chuva pesada, suas pupilas se dilatam, seus pelos do corpo são arrepiados com um frio na espinha e sua postura se aproxima do chão, junto de seu centro de gravidade.

Rapidamente, se põe a olhar para os lados e notara um vulto grande saindo agilmente de uma porta pequena a cerca de 40 metros de distância. Tal velocidade não combina com o tamanho do vulto e o da porta. Isso se mostra sendo uma dica para algo que somente ao pensar, faz o próprio Anthony sentir medo no fundo do seu ser. Uma ideia tão profana, tão grotesca que seria capaz de atormentar qualquer humano comum.

Percebendo-se notado, o vulto vira-se para o outro lado e avança na direção da escuridão. Anthony joga Joe para a direção oposta e antes de correr, o avisa — Eu vi um vulto suspeito e ele fugiu quando me viu. Se eu não voltar em cinco minutos, avisa o velho Jack que é para preparar oque eu pedi e que venha rápido.

Joe se mostra confuso, mas antes que possa dizer algo, é deixado para trás. O mero impulso de Anthony no navio é o bastante para fazer a madeira gemer alto em protesto, quase sendo destruída no processo.

Vendo seu amigo avançar para a escuridão sem sinal algum de um possível resultado faz um gosto amargo surgir na boca de Joe, que lamenta não ter trago suas armas.