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Chapter 2 - CAPÍTULO 2- APENAS NEGÓCIOS

Adrian ainda estava deitado quando tentava recobrar os sentidos, inicialmente não conseguia distinguir se estava acordado ou se ainda estava desmaiado. Aos poucos ele foi se levantando. Quando voltou a si por completo, viu que suas roupas e seus lençóis estavam ensanguentados e encharcados de suor. 

"Cruz credo, isso é meu?" — Pensou ao se deparar com tanta imundície. — "Acho melhor limpar antes que a Alice veja." 

Rapidamente Adrian pegou suas roupas de cama, dirigiu-se ao banheiro e jogou-as na lavadora automática antiga que possuíam. Enquanto seus lençóis eram limpos pela areia de limpeza da máquina, Adrian se olhou no espelho. Para sua surpresa, seu rosto estava mais avermelhado. 

Inicialmente pensou ser apenas por causa do sangue que escorreu enquanto desacordado, mas ao tentar se lavar, percebeu que a coloração rubra se dava pela sua pele. Como se estivesse se cicatrizando de uma queimadura. 

— Ué? 

Adrian, depois de ver seu rosto, também notou que suas mãos também estavam com essa pigmentação. Arregaçando as mangas de sua camisa, viu que seus braços também se encontravam dessa mesma forma. 

Quando tirou as suas vestes, notou que seu corpo estava completamente diferente. 

Onde antes havia um torso franzino e ombros caídos, seu corpo agora possuía um forte peitoral, com o abdômen ressaltado e bem definido. Seus bíceps tinham duplicado de tamanho, e aparentemente suas veias estavam bem expostas. 

— Isso que eu não faço muito exercício. Mas de onde saiu tantos músculos? 

Quando ouviu um BIP, olhou diretamente para a máquina que indicava que suas roupas estavam prontas. 

Após vestir suas roupas e arrumar sua cama, Adrian foi se encontrar com sua irmã que estava na cozinha preparando o café da manhã. 

— Oi mana, tudo bem? 

— Pelo jeito melhorou… 

—Ah sim, e até demais. 

Adrian abraçou sua irmã e se sentaram. 

— A senhora Jings mandou um recado, disse que se quisesse pão fresco ela iria mandar pra cá. 

— Sim… 

— Adrian, você está bem? 

— Estou, por quê? 

— Você está meio… avermelhado. 

— Ah, é que eu tomei um banho muito quente — disse com um sorriso amarelo no rosto. — Enfim, olha a hora, preciso ir. Obrigado pela atenção. 

Ele estava saindo com pressa, até que sua irmã o pegou pelo braço e sorriu. 

— Adrian, se cuide. 

Ele nada disse, mas sorriu de volta e depois saiu. 

Quando chegou ao desmanche, foi recebido por Ed e Randall. Que recém começaram a desmanchar um carro. 

— Onde está o carro-forte? 

— O chefe Wendell disse que tinha outros planos para aquele carro. Não se preocupe, ele realmente se surpreendeu, e de uma maneira positiva dessa vez. 

Algumas horas trabalhando, Adrian e Ed estavam focados em como desmanchar a suspensão do carro, quando de repente o comunicador toca. 

—...positivo, não se preocupe irei resolver isso pessoalmente. 

Randall chegou para os dois funcionários e disse calmamente que iria se livrar de uns infortúnios que haviam ocorrido. Ele também os entregou uma chave de carro e disse que teriam de entregar esse carro para uma negociação da gangue. Era para um comprador novo, provavelmente fecharia um bom negócio. Era para eles pegar um cartão de créditos e voltar para o desmanche. 

Esses cartões eram muito usados nas negociações clandestinas, geralmente eles não exigiam impostos e poderiam transferir uma boa quantia de créditos. Em negociações maiores era preciso mais cartões. 

— Que horas nos encontramos com os compradores? 

— Três horas da tarde, sem demora. 

Assim, Randall saiu do galpão, embarcou em um carro preto e seguiu em direção ao seu suposto compromisso. 

Quando chegou perto do horário, Adrian e Ed dirigiram até o local da negociação. Era uma fábrica abandonada no norte de Cyber-Hill. A fábrica que antes era conhecida por produzir calçados encontrava-se largada ao relento com seus grandes galões rachados e vidros quebradiços. 

— Estão demorando… 

— Me pergunto se o Randall não mandou a gente numa fria. 

— Espero que não. Ei, ouviu isso? 

Quando notaram, um som de motor estava roncando perto deles, provavelmente era um dos pouquíssimos carros luxuosos que ainda funcionava a motor a combustão, pois a maioria dos veículos no momento eram elétricos de baterias descartáveis. 

Era um carro preto envernizado com um ótimo acabamento aerodinâmico. Possuía um aerofólio traseiro muito bonito e tinha as rodas cromadas e reluzentes. Nas portas havia a imagem de um dragão de um lado e do outro um brasão de armas escrito "Deathill". 

A Deathill era a gangue rival da Metal-Wolf, ambas estavam crescendo e disputando território, mas quem estava liderando a competição ainda eram os rivais. A negociação que fariam seria como um acordo de não agressão a Metal-Wolf. 

— Olha o que temos aqui — disse uma voz saindo dentro do carro preto — dois pequenos lobos que saíram da toca — A janela abaixou e Adrian e Ed puderam ver um homem de barba curta, com pouco cabelo e com uma vestimenta muito extravagante. 

— Muito bem, onde está o carro que pedimos? 

— E onde está o cartão? — disse Adrian 

— Hum…sabe, admiro quem tem peito me enfrentar garoto — Ele deu uma olhada ao redor e depois perguntou — Onde está o Randall? 

— Por aí. Realizando seus afazeres. 

— Você não é do tipo que faz negociação, né meu rapaz? 

Adrian ficou calado. Ed estava apenas observando um pouco amedrontado. Nenhum deles esteve numa negociação antes, sem dúvida era muita responsabilidade para eles. 

— Enfim, mostre-me o carro e te entrego o cartão. Assim todos saem sem problemas e mantemos o pacto. 

— Pacto? — perguntou Ed 

— Então vocês não sabem? Bem provavelmente seus superiores não gostam muito de vocês. 

Ele fez um sinal enquanto saía do carro. Ele e mais 3 homens ficaram frente a frente com Adrian e Ed. O homem com quem estavam conversando com eles era mais baixo que o aparente. Não era muito musculoso e tinha um braço biônico de metal. 

— Então, onde está o carro? 

— Está no galpão da fábrica lá atrás — disse Ed já assustado com os homens ao seu redor — Podem nos dar o cartão agora? 

— Hum, acho que não. Homens, planos B. 

Dois dos homens agarraram os rapazes pelas costas, segurando-os com firmeza. 

— O que significa isso? — gritou Adrian 

— Relaxem, são apenas negócios… Além do mais a Deathill não tolera ser parceira de ninguém — ele se virou para os seus homens e disse — Vou indo na frente, depois nos encontramos. 

Assim, o homem de roupas extravagantes e mais um de seus seguranças dirigiu-se ao galpão onde estava a encomenda. 

— E agora, o que fazemos com eles? — Um dos seguranças perguntou para o outro. 

— O básico — o outro homem lançou Ed contra a parede da fábrica e sacou a pistola — Mas antes que tal uma brincadeira? 

Ed, chorando assustado, murmurava implorando por sua vida, enquanto Adrian tentava se soltar do forte segurança que o obrigava assistir aquela terrível cena. O homem com um sorriso psicopata encarava o pobre garoto. Ele levantou a arma e POW. 

Ed, gritando, começou a sentir muita dor no ombro. A bala havia pego de raspão sobre seu corpo.

— DESGRAÇADO! — gritou Adrian ainda tentando se libertar daquele homem. 

— Opa, eu errei...— disse com um tom sarcástico. —Agora eu acerto. 

— PARE! — Adrian gritou alto, mas isso não adiantava, Ed olhou para cima e viu o segurança apontando a pistola para sua cabeça. 

— SEUS MALDITOS! 

Adrian, em um rápido instante conseguiu se libertar do homem que lhe prendia. E com uma velocidade tremenda desferiu um golpe avassalador no homem prestes a atirar. 

O soco atingiu-lhe o estômago e arremessou contra a parede onde estavam, o impacto foi tão grande que conseguiu que o corpo de infeliz atravessou a forte parede de metal, fazendo com que caísse a metros de distância, quebrando seus ínfimos ossos. 

Os punhos de Adrian soltavam uma estranha fumaça azul. Suas mãos acirradas estavam coradas e quentes, parecia que estavam prestes a pegar fogo. Seus olhos brilhavam e demonstravam um furor imenso sobre os homens que estava enfrentando. 

— Mas que diabos? — Disse o outro homem que antes segurava Adrian. 

Ele sacou sua arma e tentou disparar contra os rapazes, mas Adrian, em fúria tremenda, correu na direção do segurança e em um lapso de segundo, golpeou-o na cabeça. 

O soco de Adrian foi tão intenso que o bastardo foi jogado há pelo menos dez metros de distância de onde estava. Quando caiu, ele atingiu um dos barris de óleo vazios que estavam jogados ao redor da fábrica. O impacto foi tão forte, que sua cabeça atravessou a lata daquilo. 

Depois dos golpes, nenhum dos dois se levantou mais. 

— Ed, ED você tá bem? Droga! — Ed, caído no chão, estava sentindo muita dor e estava perdendo bastante sangue — Não se preocupe, vou chamar ajuda! 

Não demorou muito até o socorro da gangue Metal-Wolf chegar. Logo, se encontraram com Randall e logo em seguida o próprio líder novamente. 

— Adrian, o que aconteceu? Como vocês terminaram assim? Por que diabos o Ed levou um tiro? Que desgraça vocês fizeram agora? — disse Randall. 

— Nenhuma, estávamos com o carro e eles vieram, então de repente eles decidiram ficar com o carro e com o dinheiro. Por isso quase mataram eu e o Ed. 

— Que besteira! Que me diz que caga...— 

— Randall, chega! — gritou Wendell o Alpha — Adrian, me diga o que aconteceu lá. 

Ele contou somente a parte de que atiraram em Ed, e falou que depois os homens decidiram ir embora. 

Ele chegou perto de Adrian, encarando-o nos olhos com um aspecto firme. Seu rosto pálido estava sério e pouco expressivo. 

— Adrian se acalme e me diga: o que você está me dizendo é verdade? 

— Absoluta — Eles ficaram quietos por um instante. 

— Sabe que se estiver mentindo, pode não ser hoje, ou amanhã, mas se mentir para mim...Não terei pena de você! — e depois se retirou. 

Adrian olhou para seus punhos, aparentemente normalizados, e lembrou-se do que havia ocorrido. 

— De onde saiu tanta força? 

Depois de alguns dias, Ed saiu da clínica da gangue, onde ele e outros membros da gangue que se feriam nas missões eram tratados. Claro que não era uma estrutura muito bem organizada e limpa, mas era o que tinha de acessível, já que somente pessoas de alta renda tinham condições de bancar um hospital particular naquela cidade. 

Ao reencontrá-lo novamente no desmanche, Adrian perguntou se ele lembrava do que ocorreu. 

— Só me lembro da dor, e dos gritos. Minha cabeça estava bem confusa naquela hora sabe? — Ele suspirou e afrouxou um dos parafusos de uma peça da bateria. 

— Não se lembra de mais nada? 

— Não. 

— Ok, só pra saber... — Então os dois voltaram ao trabalho. 

Adrian ainda se indagava como tinha feito aquelas ações tão rápidas sem ao menos perceber. Era como se tivesse se tornado uma máquina mortífera.