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Chapter 6 - CAPÍTULO 6 - UM ESTRANHO DOUTOR BERNARD

Uma escuridão perpétua e um silêncio absoluto era tudo o que se podia ver, ouvir e sentir. Logo, um feixe de luz fraco aparenta ser a salvação.

— Consegue me ouvir? — Era uma voz rouca e alta, seria esse um sinal?

— O que aconteceu?

— Bem, eu diria que você testemunhou um grande feito meu jovem. Sobreviver a uma explosão daquelas não é uma tarefa tão fácil.

— Onde…estou? — disse Adrian recuperando a consciência.

— Fique calmo, a Guarda não achará você. Está em um lugar seguro.

Quando voltou a si por completo, Adrian percebeu que estava deitado numa cama em uma espécie de laboratório improvisado.Havia vários aparelhos, fios amontoados, parafusos espalhados por todo o lado. Diversas lâmpadas no teto pouco brilhantes iluminavam o lugar.

— Sente-se melhor?

Ao olhar para o lado, havia um homem de cabelos grisalhos, com barba e óculos. Seu jaleco branco estava um pouco manchado de óleo de alguma possível máquina. Era aparentemente um cientista ou inventor.

— Quem é você?

— Me chamo Bernard.

Adrian ficou um pouco apreensivo pela presença daquele sujeito, mas logo ele retomou:

— Fique tranquilo rapaz, não lhe farei mal algum. Se está nervoso pelos seus amigos, eles conseguiram fugir e se safar.

— Como sabe disso?

— Estava atrás de você por um tempo, Adrian...

Ele se inclinou e lembrou daquele carro não tripulado que quebrou há alguns dias.

— Foi você que...?

— Sim, o carro que você destruiu era meu, mas isso não tem importância no momento.

O cientista se aproximou do garoto, arrumou seu óculos suado e sujo de graxa e perguntou:

— Você sabe como sobreviveu àquela explosão?

— Não...

— Mas talvez já tenha notado que estava mais forte e mais resistente, não é? Senão não teria quebrado o meu carro daquela forma.

— Bem...Eu...Aliás, o que você quer comigo?

— Meu garoto, não sei se você está entendendo, mas estou aqui para ajudá-lo. Não quero que o governo lhe encontre.

— E por que?

— Porque você Adrian...é a chave para destruí-lo!

Adrian olhou para suas mãos, depois seu corpo. Realmente, havia alguns arranhões e quase não sentia dor.

— Eu...Virei um robô?

— Melhor que isso, você tem um poder maior que qualquer arma inventada. Tanto quanto qualquer robô que um dia pisou na cidade.

— Mas se não virei um robô, então o que diabos aconteceu comigo?

— Isso Adrian, é uma longa história...Mas irei lhe contar agora.

"Era mais um dia de trabalho na sede de tecnologia e desenvolvimento de Cyber-Hill. Eu, meu amigo Dr. Carl e meu colega Dr. Phill, estávamos em linha de pesquisa com biogenética, quando de repente descobrimos um tipo de composto que por incrível que pareça, altera e reconstitui as células do corpo, transformando o corpo de quem o ingeriu em um ser superior, com força de 20 pessoas e uma vitalidade surreal. E para melhorar, as células se regeneração, resultando em curas para diversas doenças. Primeiramente pensamos nos doentes da doença do sangue cinza, já que seria um excelente e nobre propósito. Chamamos esse composto de Salvatorium.Porém, nossa alegria durou pouco... O prefeito Anvil havia descoberto nossa tecnologia, e pediu para que aplicassem esse composto nos soldados da Guarda. Nós obviamente recusamos, pois nosso propósito era salvar vidas, e não feri-las. Anvil, tomado por raiva, mandou exterminar nossa equipe. Meus colegas, meus amigos...todos". Bernard parou de falar um breve instante. Ele estava com os olhos lacrimejando quando de repente retomou:

"Todos menos um...Meu colega Phill dizendo saber a fórmula do composto, decidiu se aliar a Anvil. Antes de nós eliminar eu fugi, e meu amigo Dr. Carlos, conseguiu roubar o composto e combinamos de esconder isso e todos os vestígios em um único lugar: no ferro-velho de Cyber-Hill. E aí, Adrian... foi onde você apareceu".

Adrian suspirou profundamente, não conseguia acreditar que tal coisa poderia ter acontecido com ele.

— O que houve com o Dr. Carl?

— Ele? Não o vejo desde aquele fatídico dia em que Anvil começou a perseguição...Infelizmente não tenho mais esperanças que esteja vivo.

Adrian encarou o cientista de forma condolente, e em uma tentativa de ato de compaixão, falou:

— Vocês deveriam ser bons amigos, não?

— Sim... Mas chega de papo sobre mim — disse tentando esconder seu choro — Adrian, você precisa se esconder aqui, não é seguro perambular Cyber-Hill no momento.

— E por que não? Já fui membro de gangue, já tentaram me matar mais de uma vez. Eu preciso voltar pela minha irmã Alice... Ela deve estar pensando que eu morri contra a Guarda.

— Adrian, escute o que vou dizer: depois daquele evento, onde você matou e destruiu uma parte da força da Guarda, o governo da cidade ficou obcecado em proteger seus pertences a todo o custo!

— E...?

— O prefeito Anvil ordenou que quem a Guarda identificasse como membro de gangue, ao invés de ser preso...Fosse executado na hora da captura.

— O quê?!

— Isso mesmo, Adrian.

Na cabeça dele apenas poderia pensar em seu amigo Ed. Ele que quase não conseguia se virar sozinho, era praticamente um irmão mais novo de Adrian. Caso fosse capturado, ninguém iria defendê-lo. Depois pensou em sua irmã doente, o que seria dela se Ed fosse capturado? Era a única pessoa que Adrian confiava para cuidar dela.

— Eu tenho um amigo e uma irmã que precisam de mim. Preciso voltar...

— Adrian, eu lhe imploro. Não podemos arriscar que Anvil obtenha o seu poder. Você não está entendendo...

— Você não está entendendo, doutor! — Adrian se virou e levantou da cama — Eu tenho uma irmã com a doença do sangue cinza e somente um amigo digno de confiança para cuidar dela!

Quando se deparou, viu seu corpo com várias cicatrizes que estavam ainda aparentes, seus braços apresentavam queimaduras mal curadas. Suas pernas estavam com vários arranhões. Adrian estava em estado de choque.

— Adrian, como você pode ver, você não é tão invencível assim... O seu organismo não é resistente à altas temperaturas. Principalmente a fogo.

— Mas como sobrevivi?

— Sua capacidade de absorver biogenética que lhe salvou. Se não fosse pelas células tipo TY, mesmo com todo esse poder, já estaria morto e em pedaços.

Adrian voltou a se sentar na cama. Estava muito preocupado com sua irmã e Ed, mas decidiu se acalmar e escutar o que Dr. Bernard tinha a dizer.

— Então, não posso voltar?

— No estado que está, não. Mas... se quiser voltar a ativa após se curar eu lhe permito, porém...

—...Porém?

— A Guarda, no momento em que lhe pegarem, irão descobrir o paradeiro do composto, e aí o prefeito terá o que quer. E digo que nem seus amigos da gangue e nem mesmo sua irmã escaparão de sua fúria.

O que o Dr. Bernard dizia era verdade. Seria muito arriscado sair do esconderijo. Além do mais com certeza ele havia sido dado como morto ele pensava. Definitivamente estava sem saber o que fazer.

— Se quiser, eu posso lhe sugerir uma opção...

— Qual?

— Façamos uma troca, eu lhe protejo e escondo-o da Guarda e para melhorar — Dr. Bernard deu um sorriso e retomou — Eu farei com que você consiga controlar melhor esse seu poder.

— E em troca do que?

— Você, meu amigo, irá nos ajudar a destruir o reinado tirânico de Anvil.

— Como assim?

— Seu poder é a chave para derrubá-lo. Usaremos o feitiço contra o feiticeiro e botarem um fim nesse governo da destruição.

Adrian parou e pensou um pouco. Essa proposta estava muito desagradável, pois o único que sairia ganhando era o cientista que estava tentando barganhar. Por isso ele, com raiva se levantou novamente e ficou cara a cara com Dr. Bernard.

— Essa opção não me parece muito conveniente, definitivamente sei me cuidar sozinho.

— Bem, e se eu melhorar essa proposta?

— Eu duvido que consiga.

— Você disse que a sua irmã tem a doença do sangue cinza, correto?

— Sim, de fato.

— E se eu disser que...há uma cura escondida?

— Está mentindo!

— É verdade! O Dr. Carl havia trabalhado com isso antes de criar o composto Salvatorium. Descobrimos um remédio que pode salvar vidas da doença do sangue cinza. Criamos algumas amostras e testamos, mas elas foram guardadas e esquecidas, pois logo em seguida criamos o químico que está correndo em suas veias.

— Isso... É verdade?

— Sim, o composto está guardado na sede de tecnologia em um cofre.

Ele se aproximou do jovem, pôs a mão em seu ombro, olhou fundo em seus olhos e falou:

— Adrian, meu jovem. Eu prometo que se conseguirmos derrubar Anvil, nós podemos salvar sua irmã.

Adrian suspirou e voltou a se sentar.

— Promete?

— Tem minha palavra.

Ele estendeu a mão para Adrian, que logo em seguida apertou-a de volta. Estava de acordo.

— Ótima escolha, rapaz. Vamos tratar dessas feridas e em seguida, você começará seu treinamento.

— Treinamento?

— Sim, faremos também alguns testes para ver como seu corpo reage ao Salvatorium. Mas isso ficará em outro momento, primeiro vamos descansar e se recuperar.

Quando o Dr. Bernard saiu do recinto, Adrian se deitou confortavelmente em sua cama. Ele olhou para o teto e se perguntou:

— Será que fiz uma boa escolha?

Ele fechou os olhos tentando relaxar, mas em sua cabeça se preocupava muito com Alice e Ed. De qualquer forma, não tinha mais volta, teria de confiar neles custe o que custar.