1
Ping Bong!
O sinal tocou, anunciando o final das aulas do dia.
Junto disso, o por do sol anunciava o final da tarde.
Era uma terça-feira comum, ou seja, um início nada animante de semana para o jovem Tsuki.
Ele estava saindo da escola, que era um grande prédio branco de três andares. Olhando daquela distância, ele parecia ter cerca de 20 salas por andar.
O garoto de cabelos negros e olhos escuros não tinha nenhum diferencial entre os garotos da mesma idade. Suas roupas, costumes e expressão era tão comum quanto o da maioria. Nisso, ele facilmente poderia se perder em meio a multidão de alunos que também saiam da escola naquele mesmo momento.
— Ah! — Tsuki reclamou enquanto se inclinava para olhar o céu, porém, suas palavras não tinham uma forma exata.
Ele estava desanimado enquanto pensava sobre a longa semana que ainda viria pela frente.
— História Japonesa é divertida, contanto que você tenha menos de seis horas diárias disso.
— Você reclama demais Yokohama-san.
— Já disse para não dizer isso com esse tom de desgosto, Andres.
Em passos curtos, o garoto Andres apressou seu andar para que finalmente alcançasse novamente o mesmo espaço em que Tsuki estava.
Enquanto tinha se concentrado em reclamar do seu dia, Tsuki acelerou seus passos sem perceber que deixava seu amigo para trás.
Aquilo era algo comum na rotina de conversas entre eles após a escola, sendo um costume para Andres correr para alcançar seu amigo. Dessa forma, era difícil o perder em meio a multidão mesmo que ele fosse comum como qualquer outro garoto de sua idade.
— Inclusive, como foi sua aula hoje?
Diminuindo o ritmo de seus longos passos, o garoto de cabelo escuro lançou sua pergunta enquanto observava diretamente os olhos castanhos de seu melhor amigo.
— Ah, história Japonesa é legal contanto que dure menos de seis horas, mais que isso é péssimo.
Sorrindo, o garoto de cabelo loiro longo e olhos claros encarou e contagiou Tsuki com seu sorriso.
Os dois riram juntos enquanto tentavam recuperar o ritmo de seus passos que tinha se diminuído ao decorrer da conversa.
— Você nunca decepciona, Andres. Sinto sua falta no dia a dia.
— A distância nos separou um pouco, mas ainda podemos conversar nessas oportunidades.
— Nem vem com essa, você quase nunca fica para o clube.
— Eu trabalho, Yo-san
O clima dos sorrisos parecia cessar de acordo com o peso das palavras de Tsuki. Andres por sua vez, percebia todas as palavras ditas e usava seu jeito leve para manter os sorrisos.
Andres sabia que os sorrisos de Tsuki o ajudariam a lidar com sua solidão. Sabendo tudo isso, ele não podia deixar de ajudar seu melhor amigo.
Eles tinham um grande laço de amizade que se manteve mesmo em turmas diferentes na escola naquele ano. Os esforços que tinham para manter contato frequente impediam que a chama da amizade entre eles sumisse.
— Tudo bem. Aqui é o final. Te vejo amanhã?
Inesperadamente, o garoto de cabelo escuro esboçou uma despedida na frente do túnel que separava o caminho dos dois.
— Não temos a opção de faltar, então sim, te vejo amanhã.
Chegando ao túnel que levava em direção ao lado sul da cidade, Tsuki e Andres se despediram com sorrisos de alegria.
A conversa chegou ao fim antes do momento em que ele esperava, porém, não tinha nenhuma tristeza em seu coração por saber que podia ver seu amigo de novo no dia seguinte.
Sua despedida era algo similar a uma promessa que desejava cumprir para Andres e desejava que seu amigo fizesse o mesmo.
Acenando para Tsuki, Andres se apressou e entrou pelo túnel para ir em direção à sua casa, porém…
— Tsuki!
Um grito, seguido do silêncio profundo. Tsuki correu no mesmo instante em que as ondas sonoras graves chegaram em seu tímpano. Ele dobrou a esquina do túnel enquanto corria e, ao atravessá-lo por completo, percebeu que o silêncio se mantinha.
Junto ao silêncio, se manteve a solidão no ambiente em que estava. Não havia ninguém no túnel e nem mesmo na saída pelo outro lado.
— Idiota. Não faça algo tão baixo para me assustar.
Respirando ofegante, Tsuki deixou que seus olhos se enchessem de água. Sua expressão ainda estava assustada. Por mais que tentasse relaxar e aceitar a ideia que Andres estava apenas brincando, aquilo não fazia tanto sentido em sua cabeça.
"Como ele pôde correr tão rápido para o outro lado"
Ele era rápido demais ou Tsuki era lento demais? Essa foi a pergunta que pairou sobre a mente confusa do garoto que ainda buscava se convencer das próprias palavras e conclusões.
— Acho que não posso me preocupar tanto assim com ele. Se ele ainda estivesse aqui diria que eu me preocupo demais com tudo.
Aproveitando da imagem que tinha de seu amigo em sua mente, Tsuki resgatou o ideal principal da sua personalidade e o usou para chegar a uma conclusão que o permitisse relaxar sua mente e seguir seu caminho.
Seus novos pensamentos ainda não eram o essencial e nem mesmo havia adiantado para que pudesse deixar os pensamentos profundos de preocupação de lado. Aquilo apenas tinha funcionado como uma forma de escape para que pudesse mudar sua expressão em lembrança de Andres.
Tsuki sorriu, antes que finalmente voltasse a andar em direção à sua casa. Seu sorriso era a forma que havia encontrado de pensar em Andres da forma exata como ele desejaria ser lembrado.
★ ★ ★ R E : Z E R O ★ ★ ★
Chegando em sua casa, Tsuki tirou sua mochila das costas e a lançou no guarda sapatos que estava em frente a porta de entrada.
Não era uma casa grande para uma família completa, porém, era suficiente para que Tsuki pudesse viver sozinho com sua mãe. A casa tinha dois quartos, uma pequena sala de refeições e a entrada, que era o maior e mais arrumado cômodo da casa.
— Cheguei, mãe.
Ao chegar, a prioridade que ele teve em relação a sua casa foi falar com sua mãe.
— Mãe?
Assim como no primeiro chamado, o silêncio permaneceu para sua segunda tentativa.
As ondas de som produzidas pela voz mediana de Tsuki não tiveram um destino específico e se perderam ao encontrar as paredes de madeira refinadas ao final da casa.
— Acho que ela não está.
Percebendo estar sozinho em casa, relaxou sua preocupação e deixou que sua casa se tornasse o conforto que faltava ter para limpar sua mente em relação a Andres.
— Agora que estou sozinho, posso comer macarrão e deitar na poltrona livremente.
Sorrindo de forma empolgada, Tsuki transformou seus desejos de criança em uma satisfação tardia de sua vida adulta. Essa era a forma que ele buscava esquecer um pouco da situação que tinha ouvido, porém…
"Tsuki!"
O grito ecoou mais uma vez em sua mente enquanto andava pela cozinha em busca do macarrão.
Ouvir aquilo outra vez o fez querer desistir e parar. Sua preocupação o tomou de novo e dessa vez, ele não tinha nenhuma desculpa que pudesse dizer para se convencer da possibilidade de relaxar naquele momento.
— Preciso mandar mensagem para o Andres.
Era mais simples do que ele pensou, naquele momento Andres já estaria em casa. Caso ele respondesse, não haveria mais nenhum mistério, apenas uma chateação sincera de Tsuki em relação a sua pegadinha de mal gosto.
Apressando suas mãos, empunhou o celular mal podendo o deixar estabilizado em seus dedos. Digitando de forma rápida e descontrolada, enviou a mensagem de preocupação para Andres ignorando os erros de ortografia que percebeu em seu texto.
–Aquilo não importava por agora.
Pensando que tudo estava simplesmente resolvido após uma mensagem simples, Tsuki seguiu a vida normalmente da forma que tinha planejado antes.
Aproveitando o tempo de intervalo entre sua mensagem e a resposta, Tsuki cozinhou o macarrão e o comeu de forma relaxada na poltrona assim como desejava.
— Acho que já está ficando tarde.
Desde que ele havia chegado, cerca de duas horas tinham se passado. Era muito tempo, considerando que o sol já estava se pondo no momento em que estava saindo da escola.
— O Andres não me mandou nenhuma mensagem e nem mesmo recebeu as que eu mandei perguntando sobre a situação dele.
Expondo uma sincera preocupação em sua expressão, Tsuki observou o redor da casa e complementou:
— Minha mãe também não está aqui até agora. Esse lugar está solitário demais.
Por mais da realização dos desejos de criança, ele não se sentiu completo apenas por aquilo. Faltava algo que só podia ser completo após duas mensagens novas chegarem ao seu celular.
Foi nessa esperança que ele se agarrou. Ele esperava que tanto sua mãe como Andres pudessem mandar mensagem a qualquer momento.
Relaxado na poltrona enquanto supervisionava o celular de forma ansiosa, Tsuki se cansou conforme repetia seu movimento de curvar as costas para ver a tela do celular.
O forte brilho branco gerado pela claridade da tela era o que mais consumia seus olhos e, a cada repetição, o fazia cansar mais ainda sua retina.
Não demorou muito para que ele caísse no sono durante uma de suas repetições de movimento. O cansaço que ele sentiu sobressaiu sua preocupação e solidão, o fazendo dormir com sua expressão de preocupação no rosto.
— …
— Tsuki!
Abrindo os olhos de forma assustada, Tsuki pulou da poltrona enquanto levantava seu celular com sua mão direita. Seu primeiro reflexo ao acordar foi o de supervisionar as mensagens assim como tinha feito antes de cair em seu sono.
Sendo ofuscado diretamente pelo forte brilho branco que veio de repente, demorou para se decepcionar com o que viu.
— Que droga, não tem nada!
As mensagens que ele esperava ainda não tinham chegado. Ele tinha dormido por mais de oito horas, tinha seu rosto marcado por arranhões do sofá, porém, as mensagens não haviam nem mesmo chegado para visualização de sua mãe e para Andres.
— Droga Andres, onde você se meteu?!
Levantando bruscamente da forma que estava, tomou o caminho da porta de casa em busca de procurar por Andres e por sua mãe.
— Droga mãe, o que você está fazendo?!
2
Correndo pela cidade, Tsuki cruzou a esquina enquanto deslizava sobre a calçada lisa e molhada. Mantendo por pouco o equilíbrio de seu corpo para que não caísse, manteve também sua velocidade para continuar em seu caminho.
Seu rosto trasbordava sua preocupação. Seus olhos distantes e reclusos demonstravam medo intenso. Seu sorriso de canto era demonstração natural de sua esperança que o forçava a manter forças para buscar algo que ele não sabia como acharia.
Ele não tinha idéia alguma de por onde começar ou algum lugar provavel que qualquer um dos dois pudesse estar. Ele praticamente estava correndo enquanto torcia para trilhar o mesmo caminho de Andres ou que sua mãe trilhava.
— Nenhuma praça, bar, tenda ou algo do tipo, nada faria sentido para tanto tempo.
Pensando sobre o paradeiro de ambos ao mesmo tempo, Tsuki misturou lugares adultos com lugares que tinham a personalidade de Andres.
Seus passos rápidos e sem rumo já estavam se tornando extremamente confusos e estavam o levando para locais que somente havia floresta.
— O que estou fazendo?
Parando em frente as árvores do parque, pensou sobre cada ação que tinha tomado até aquele momento. Correr pela cidade sem um rumo tinha sido apenas uma perda de tempo e sanidade. Nada poderia recuperar o semblante tranquilo no rosto dele pelo resto daquele dia.
Mesmo que encontrasse Andres em meio ao caminho aleatório no qual caminhava, não seria suficiente para voltar a estar tranquilo e sem a tensão que sentia em todo seu corpo.
Seu estresse era físico e mental, seus ossos sentiam fraqueza e seus músculos se contraiam por vontade própria. Sua mente não parava de pensar e até mesmo os bons pensamentos de esperança se tornaram confusos a ponto de tirar a sanidade dele.
— Ah, a escola.
Tendo finalmente diminuído o ritmo de seus pensamentos, Tsuki percebeu que havia faltava a escola para sair em busca de Andres.
— Talvez eu possa encontrá-lo lá.
Mesmo que se tornasse mal visto aos olhos dos responsáveis da escola, Tsuki não deixaria aquela chance passar apenas por orgulho. Mesmo que atrasado, ele decidiu que chegaria até a escola.
— Essa é a minha esperança!
Tomando atitude e decidindo profundamente em seu coração, sorriu.
Seus passos se apressaram novamente e aos poucos ele tornou a caminhar de forma rápida em direção a escola.
Era fato que ele estava sem o material necessário, mas ele nem mesmo teve tempo para pensar nisso. O objetivo no qual ele tinha decidido ir para a escola independente das condições era diferente do verdadeiro estudo.
★ ★ ★ R E : Z E R O ★ ★ ★
Já na esquina de sua escola, Tsuki apressou ainda mais seus passos.
Em seu semblante, ele carregava a expressão serena e calma que pairava em seu coração. Era uma consequência da esperança que tinha em encontrar Andres dentro da escola.
O sentimento dele sobre Andres era reconfortante o suficiente para que tornasse os pensamentos de preocupação de Tsuki em relação a sua mãe quase nulos.
Porém, ele ainda tinha pensamentos nela.
"Será que minha mãe está bem?"
— Ah, não posso me preocupar tanto com ela. Ela é adulta e sabe o que está fazendo.
Por mais da situação desagradável em relação a sua mãe, Tsuki confiava totalmente nela e em sua forma de resolver suas pendências. Ela era a representação que ele tinha de um adulto responsável e que sabia lidar com os problemas independente do tamanho deles.
— Além disso…
Tsuki alinhou sua mente para o passado. Lá, ele buscou memórias de outros momentos no qual sua mãe havia se retirado por diversos dias sem nem mesmo dar um aviso sobre.
— Haha, ela saiu por quatro dias e deixou uma criança pequena sozinha em casa.
Mesmo que as memórias não caminhassem para o lado do humor, ele ria delas. Foi a forma que ele encontrou para que pudesse se sentir leve em relação a preocupação que tinha com sua mãe.
Ele não era mais a criança chorona que tinha medo de estar sozinho.
Enquanto pensava e ria, seus passos o levaram até o portão da escola.
Ao vê-lo a poucos metros à frente de seu rosto, Tsuki se livrou dos pensamentos paralelos e se concentrou em atravessar o portão da escola.
— Olha quem apareceu. Achei que tinha virado vagabundo.
— Não exagere tanto, estrelinha.
A voz sarcástica que foi respondida por Tsuki era do homem que controlava o portão. Ele era um homem alto e velho com fortes traços asiáticos. Provavelmente, ele tinha lutado durante alguma das revoluções japonesas recentes. Sua característica principal era a cicatriz de estrela na testa, a qual tinha origem desconhecida pelos alunos.
— Já disse que não gosto de ser chamado dessa forma.
— Tudo bem, tudo bem. Me desculpe.
Curvando a cabeça em forma de cumprimento, o jovem garoto pediu desculpas sinceras para o velho homem.
Por mais dos maus modos gerais de Tsuki, ele prezava pelo respeito aos mais velhos, principalmente aqueles de idade visivelmente avançada.
De cabeça baixa, ele esperava a resposta do Homem para seu pedido, porém, o silêncio foi a única resposta que pairou sobre o ambiente.
Até mesmo os barulhos de respiração tinham cessado, porém…
— Entre, você não é um mau garoto.
O silêncio do ambiente foi disperso pelo forte barulho de ferro do portão que foi aberto pelo homem para que o garoto entrasse na escola.
— Essa é a minha forma de responder à sua educação.
Lisonjeado ao ver o exemplo do jovem que estava a sua frente, o velho sorriu sinceramente. Sua pele flácida se moldou como macinha e o tornou ainda mais fofo que normalmente.
— Seu sorriso é bonito, Vega.
Por mais irônico que fosse, o nome do velho homem também era o nome de uma estrela.
Aproveitando da oportunidade dada por sua educação, Tsuki atravessou para o outro lado do portão, estando dentro da escola.
A conversa leve e rápida tinha tornado o sorriso do garoto ainda mais leve. Os efeitos da sua felicidade genuína tornaram seus olhos menos assustadores, ganhando um pequeno tom claro em meio a escuridão.
"Até que o homem do portão é uma pessoa legal." — Pensou Tsuki, ainda sorrindo.
— Espere para entrar no próximo horário, tudo bem?
— Está bem, senhor Vega. Irei esperar na praça.
Tendo metade de sua missão resolvida, Tsuki se deslocou em direção a praça da escola que é localizada atrás do prédio da Biblioteca ao leste do grande prédio de ensino.
3
Chegando ao jardim/praça da escola, Tsuki respirou aliviado por seu resultado positivo até aquele momento. Ele estava sentado de forma relaxada em um dos bancos da praça, ao lado da fonte de água.
Seu saldo estava mais para bom, do que para ruim. Seu objetivo ainda não tinha sido alcançado, mas ele estava próximo de finalmente saber o destino de sua mente.
Caso Andres estivesse lá, o estresse seria mantido, porém, descontado em tapas no garoto de cabelo loiro. Caso não estivesse…
— Vai ser péssimo se esse idiota não estiver aqui–
Balançando a cabeça bruscamente, Tsuki mudou a direção de seu olhar e ao se calar de repente, manteve o máximo silêncio. Sua expressão já estava totalmente tomada por adrenalina e seus olhos estavam verificando cada canto daquele lugar.
A atenção dele havia sido tomada por um barulho que vinha da grama. A direção não foi identificada por ele, porém, sua dedução indicava que surgia de trás de suas costas.
— Independente de quem fez isso, é melhor parar antes de ter um problema.
Levantando cuidadosamente, andou em passos lentos em direção a uma grama mais alta que estava alguns metros atrás do banco que havia se sentado.
Foi naquele momento em que Tsuki decidiu abrir sua boca para falar com quem estivesse brincando com ele.
Sua voz ecoou para o outro lado da grama alta e, mesmo após alguns segundos de espera, não obteve nem mesmo um ruído como resposta.
Independente do que estava lá, aquilo ainda não tinha ido embora.
— Isso é loucura, eu sei…
Respirando profundamente, Tsuki andou passos rápidos em direção a grama alta, balançando-a para o lado direito.
— …
Naquele mesmo momento, algo surgiu em direção dele. Aquilo estava indo em sua direção e se aproximava com o objetivo de o ferir.
Em grande reflexo, Tsuki soltou a grama de sua mão e, após impedir o ataque que vinha contra seu corpo, pulou para o lado direito e correu de volta para os bancos onde estava.
Correndo por sua vida, Tsuki revelou sua grande habilidade física. Seus passos em velocidade máxima eram superiores a qualquer pessoa nascida no país do Japão. Ele era mais rápido que qualquer atleta olímpico ainda em atividade, porém, aquilo parecia não ser o suficiente.
Desviando seu olhar assustado para de trás de seu corpo, Tsuki visualizou algo que era praticamente uma luz em formato humano. Aquela luz se mostrava como sendo uma mana azul clara que emanava do corpo de um humano.
Ele era alto e forte, seu corpo parecia não ter definição de músculos, mas sua capacidade física era similar a do garoto Tsuki.
Seu rosto não pôde ser visualizado pelo garoto de cabelo negro, que tornou a correr logo que percebeu o perigo no qual estava.
— Que droga, tudo de ruim no mesmo dia!
Correndo sem desviar o olhar de sua frente, Tsuki viu dois cercados de grade no caminho no qual planejava ir. Uma delas tinha a distância larga o suficiente para seu corpo passar entre elas, porém, a outra era grossa e junta demais para isso.
Sem tempo para pensar, cogitou olhar para trás, mas foi impedido por seu coração, o qual batia forte demais somente com a situação em que já estava.
O fato de não ouvir os passos da forma humana de luz o assustava de forma tenebrosa. Não era uma opção para ele verificar algo que podia ser sua última escolha errada.
— Ah, vou ter que me virar.
Sem deixar que a preocupação tomasse seu corpo, Tsuki correu ainda mais rápido em direção às grades. Na primeira, ele passou por entre elas girando seu corpo em sentido horário. Seguido disso, ele manteve seu giro em horizontal e aproveitou seu movimento para pular por cima da segunda grade.
Ela tinha quase dois metros de altura, porém, não parecia nada demais para Tsuki, que facilmente a atravessou pulando por cima.
Caindo do outro lado de forma brusca, bateu todo o corpo contra o tapete de grama que estava no chão.
— Ai.
Essas foram as simples e sinceras palavras dele antes que seu desespero o fizesse esquecer da dor e voltar a se pôr de pé para correr.
Naquele ponto da adrenalina, ele nem mesmo percebeu que a figura que o perseguia tinha sumido. Assim, ele permaneceu correndo para dentro da escola.
Sua direção foi em busca da sala que costuma ficar em seus horários vagos.
Ele estava indo para a sala de mangás