Chapter 15 - Epilogo

No fim daquela tarde, eu me encontrava no convés do navio, com o rosto agora liso após a barba recém-feita e o cabelo cortado, ainda que de forma meio desgrenhada. 

O vento suave balançava os fios soltos enquanto eu observava o horizonte. A ilha e a prisão de Tartarus, que por tanto tempo foram meu pesadelo, desapareciam lentamente à distância, engolidas pelo vasto mar. 

A cada milha que o navio avançava, cortando as águas revoltas, a sensação de alívio lentamente se ampliava em meu peito, como uma chama que finalmente voltava a queimar depois de uma nevasca.

Respirei fundo, sentindo o frescor do mar e o gosto salgado no ar. O som das ondas quebrando contra o casco do navio era um sentimento estranho mas não era de tão mal. 

Não sabia ao certo o que o futuro reservava, nem tinha um plano claro do que faria. Mas havia algo que eu tinha certeza: preferiria morrer a voltar para aquele inferno de onde fugi. Esse pensamento me fez apertar os punhos, sentindo a dureza de minhas mãos.

Os homens ao meu redor — mercenários, piratas, contrabandistas ou qualquer rótulo que eles se dessem — não me passavam confiança. 

Seus olhares desconfiados e sorrisos cínicos eram um lembrete constante de que eu estava cercado por indivíduos de índole duvidosa. Porém, naquele momento, isso pouco me importava. 

Eu sabia que minha dívida com eles seria paga, e, quando a hora chegasse, partiria sem olhar para trás, deixando esse mundo sombrio que habitavam.

Enquanto o sol começava a se esconder no horizonte, mergulhando o céu em tons de laranja e vermelho, retirei de dentro do meu manto um pequeno mapa. 

Meus dedos traçaram as linhas rústicas e gastas, desenhadas à mão, o último presente de Nathan. 

Aquele mapa era meu único objetivo atualmente, o caminho para o próximo capítulo da minha vida. No topo, em letras desbotadas, estava escrito "Berço do Leão". Um nome enigmático e até mesmo estranho.

— Hm... será que alguém realmente seria condenado indefinidamente apenas por causa de ouro? — murmurei para mim mesmo, enquanto o vento balançava o mapa em minhas mãos.

O mapa era minha única esperança, a direção que eu seguiria agora. Precisava investigar mais sobre isso, mas por enquanto, o silêncio do entardecer e o balançar tranquilo do navio traziam uma paz que eu não sentia havia muito tempo.

Olhei para o diário em minha outra mão, suas páginas em branco aguardando meus pensamentos. Sentei-me num canto mais afastado, onde o vento não atrapalhasse tanto, e escrevi:

"Bem… aqui estou eu, a bordo de um navio de mercenários, indo de um destino incerto para outro igualmente desconhecido. Pergunto-me o que farei agora. Não sei para onde ir ou o que fazer, agora que finalmente escapei daquela prisão maldita. Parte de mim deseja desaparecer deste mundo, enquanto outra parte... Bem, talvez seja melhor não escrever o que realmente desejo fazer. Estou cansado, irritado e profundamente decepcionado. O mundo é um lugar terrível, e algo precisa ser feito para mudá-lo. Preciso parar de pensar nisso... Sinto que, se continuar, acabarei fazendo alguma loucura."

Fechei o diário após escrever a última linha, esfregando o queixo, agora sem barba, uma sensação estranha depois de tanto tempo sem ver minha própria pele. 

O tempo estava claro e bonito, como se o céu estivesse em paz enquanto eu, por dentro, ainda me debatia com tantas incertezas.

As ondas continuavam a balançar suavemente o navio, e eu, perdido em pensamentos, deixei que o vento levasse embora, por um breve momento, o peso de todas as minhas preocupações. Esse, afinal, não era o fim — era apenas o começo.

Esse é o fim da história introdutória do personagem Varian obrigado a todos que chegaram até aqui e não desistiram no meio do caminho assim que possível trarei a "Verdadeira" História