Enquanto do outro lado da cidade.
— Já temos os resultados falsos. Por que preciso de outro exame? — Annabelle resmungou enquanto Sophia a arrastava para o hospital, abandonando sua encenação de mancar agora que estavam fora de olhares suspeitos.
— Vincent insistiu em te levar para outro hospital para uma recuperação rápida. Pedi para ele vir aqui, então apenas coopere com o médico, — respondeu Sophia, empurrando Annabelle para o departamento ortopédico. A atuação de Annabelle tinha sido tão perfeita que Vincent realmente começou a gostar dela. Enquanto isso era exatamente o motivo pelo qual Sophia tinha contratado essa vigarista — para roubar Vincent de Evelyn — a preocupação dele por essa golpista barata estava começando a irritá-la.
— Olá, doutor, — cumprimentou Annabelle ao entrarem no consultório. O médico parecia surpreso, mas suspirou pesadamente. Com um sorriso forçado, ele se levantou e se curvou para Sophia.
— Vincent Blake chegará logo. Mantenha sua atuação, — avisou Sophia enquanto Annabelle se sentava preguiçosamente na cadeira diante da mesa dele. O médico assentiu, e Sophia se desculpou ao seu telefone tocar alto.
— Olá, William, — ela fingiu, saindo da sala. Uma vez fora, seu tom mudou para irritação. — Onde você está? — exigiu, examinando o corredor. Um homem de jaleco branco e máscara acenou com o telefone para ela. Ela rapidamente olhou em volta antes de segui-lo para outro andar.
Ao alcançarem um laboratório vazio com o corredor completamente vazio, Sophia cautelosamente examinou os arredores antes de entrar na sala. Assim que o homem tirou a máscara, ela o esbofeteou com força.
— Você está louco? — gritou Sophia, sua usual gentileza se transformando na maníaca que verdadeiramente era. O homem atordoado a encarou, segurando sua bochecha ardente, que estava marcada por uma enorme cicatriz.
— Já te disse várias vezes que matá-la não é a solução! Por mais que aquele homem inútil odeie sua filha, ele ainda tem um ponto fraco por ela, e precisamos ter cuidado! — continuou Sophia, referindo-se a William. Embora ela tivesse garantido que William abominasse Evelyn pela morte de sua esposa ao longo dos anos, ela não conseguia se livrar completamente dela. Foi por isso que ela contratou Annabelle e encenou esse ato falso de herdeira como naqueles dramas.
— Relaxe! — o homem com cicatriz rebateu por entre dentes cerrados. — Eu estava apenas tentando assustá-la, já que ela parecia ter esquecido.
— Mas meu filho estava com ela! — ela gritou, lembrando como Elias tinha lhe informado do ataque quando ela ligou para confirmar se a notícia do casamento tinha chegado a Evelyn. — E se ele tivesse se machucado por causa do seu ataque de raiva descuidado?
O homem permaneceu em silêncio, culpado por suas ações. Sophia soltou um suspiro exasperado. Por que ela tinha parceiros tão problemáticos? Ela encarou o homem e pensou em Annabelle. Eles nunca a ouviam!
— Você sabe o quanto ele adora ela, Rick! E se ele tivesse levado aquele tiro tentando salvá-la? Você poderia ter salvado ele?
— Pelo amor de Deus, pare de gritar! — Rick finalmente estourou, sua frustração transbordando. — Ele também é meu filho, Sophia! Eu nunca pensaria em machucá-lo.
Os olhos de Sophia se arregalaram, e ela tentou fazê-lo silenciar, embora ninguém estivesse por perto. — Eu te disse para nunca falar isso em voz alta! — ela resmungou, sua frustração atingindo o ápice.
— Ah, qual é! Quanto tempo mais preciso ficar longe dele? — Rick continuou, ignorando o aviso de Sophia. — Você sabe o quanto me irrita sempre que aquele bastardo do William chama ele de filho na frente de todos?
Annabelle, que tinha seguido Sophia sorrateiramente, soltou um gás de choque. Ela estava desconfiada quando Sophia entrou repentinamente na sala, afirmando que seu amado queria vê-la logo após encerrar a ligação com ele. Uma risada escapou de seus lábios, mas ela os apertou, divertida com essa nova reviravolta na trama.
— Ela é uma vadia esperta, — murmurou Annabelle, continuando a espionar. Não apenas Sophia estava tentando se livrar de Evelyn, mas ela também estava tramando para fazer com que Elias assumisse a Empresa Wright, que nem mesmo era filho de William.
— Só mais algumas semanas, Rick, — sussurrou Sophia, se aproximando. — Assim que Evelyn estiver casada com aquele idiota, terei mais controle sobre William.
Quando Maverick não parecia satisfeito, ela se aproximou ainda mais e acariciou a cicatriz irregular em sua bochecha direita. — Só espere até o décimo oitavo aniversário do nosso filho.
— Oh, merda! — Annabelle xingou baixinho quando Sophia de repente beijou o homem robusto. Enquanto eles começavam a se envolver intensamente, ela tirou o celular e começou a gravar com um sorriso de satisfação.
———
— Por que você está sorrindo? — Sophia perguntou enquanto entravam na mansão Wright. A autoconfiança incomum de Annabelle trouxe uma carranca ao seu rosto. Mas antes que ela pudesse perguntar mais, seus olhos se voltaram para Elias causando estragos na sala de estar.
Elias sentiu a entrada delas e, frustrado, destruiu mais um vaso. — Onde está seu marido? — ele olhou furioso para sua mãe, fazendo Sophia suspirar instantaneamente.
— Acalme-se primeiro, — ela disse, se aproximando, apenas para ser afastada pelo adolescente gigante.
— Eu sei que você não gosta dela, mas como você pode ficar quieta, mãe? — Elias continuou, sua voz uma mistura de raiva e decepção. — Não me diga que foi você quem sugeriu toda essa bagunça. — Ele continuou, agora cético enquanto sua mãe agia de forma bastante maternal perto de Annabelle.
— Não, Elias, — mentiu Sophia, sua expressão mudando para uma de mágoa. — Você pensa tão mal de mim? — ela acrescentou, lágrimas escorrendo naturalmente por suas bochechas.
Embora Elias estivesse um pouco comovido, ele ainda não acreditava completamente nela. — Então por que diabos você não o impediu?! — ele olhou furioso, seus olhos cheios de raiva.
— Eu tentei, mas você conhece seu pai, Eli, — respondeu Sophia, quase fazendo Annabelle rir. Sim, ela se esforçou para convencer William sobre esse casamento ontem à noite. Se aproximando mais, Sophia continuou, — Nenhuma filha merece tal punição severa por pequenos erros. E eu prometo nunca deixar esse casamento acontecer. Confie em mim, por favor!
Elias soltou um bufar e largou o vaso em suas mãos. Sophia suspirou e se aproximou, ajudando-o a sentar no sofá. Ela gentilmente deu tapinhas em suas costas enquanto sinalizava para uma das empregadas fazer seu trabalho.
A empregada correu para a cozinha e rapidamente retornou com um copo de suco. Annabelle, cansada de gravar, brilhou de alegria e pegou o copo da bandeja. — Obrigada!
Mas antes que pudesse dar um gole, Sophia arrancou o copo com uma expressão horrorizada. Ela encarou Annabelle, que franzia a testa pelo desrespeito, antes de retornar ao filho.
— Aqui, beba isso. Você deve estar com fome, — disse Sophia, entregando o copo a Elias. Seu sorriso caloroso e a malícia em seus olhos divertiram Annabelle. Ela se recostou no sofá e cruzou os braços, imaginando que novo reviravolta sua nobre mãe tinha trazido para esse drama.
Não me diga que você dopou a bebida dele! E assim como Annabelle adivinhou, o rosto de Elias se contorceu enquanto ele terminava a bebida. — O quê— Antes que pudesse falar, ele lentamente sucumbiu ao sono devido às pílulas em alta dose.
Annabelle soltou um grito alto, sem palavras, enquanto Sophia acariciava carinhosamente as costas de Elias enquanto ordenava que a equipe preparasse o carro. Enquanto os seguranças corriam para cumprir sua missão, Sophia sorriu triunfante. Agora Evelyn estava totalmente sozinha, e ninguém poderia ajudá-la a sair dessa armadilha.
Mal sabia ela que alguém que ela não poderia imaginar em seus sonhos mais loucos já havia intervido para ajudar Evelyn. E o que mais? Evelyn havia concordado com isso!