Pouco tempo depois das nove horas da manhã, Bryce chegou à empresa.
Estava confiante e entusiasmado.
— Bom dia, dona Dorothy!
— Bom dia, senhor Grant!
— O pessoal da diretoria já chegou? — perguntou o CEO para a secretária .
— Sim, senhor. Estão na sala de reuniões, à sua espera.
— Ótimo estarei no meu escritório por vinte minutos. Após isso seguirei para encontrá-los.
— Está bem, senhor Grant. Estou indo à sala de reuniões para informá-los.
Bryce passou cerca de quinze minutos examinando alguns papéis em sua sala. Quando de repente sua secretária entrou e acabou o interrompendo.
O CEO olhou com olhar de desagrado para a funcionária e ficou esperando que ela falasse.
— Senhor Grant. Estou vindo informá-lo que haverá mudanças na reunião com o representante estrangeiro.
— Mudanças? Como assim, mudanças? — perguntou o CEO contrariado.
— É o que eu disse, senhor Grant. O representante da companhia internacional, exigiu que a reunião aconteça apenas entre os dois.
— Desde quando a senhora me viu abaixando a cabeça para as exigências dos negociantes, dona Dorothy? —, disse Bryce questionando a funcionária.
— Senhor Grant, eu apenas estou…—
A mulher tentou falar mas foi interrompida.
— Sabe o quê mais, dona Dorothy… Farei uma exceção. Deixarei tal questão de lado e vou atender o que o "nobre" representante solicita.
— De acordo senhor, Grant. Sendo assim, chamarei o representante internacional, agora mesmo.
A secretária saiu e foi cumprir a sua função imediatamente. Entretanto, minutos se passaram e a mulher não retornou.
Tal fato deixou Bryce bastante irritado.
"O sujeito vem de outro continente à companhia alheia e ainda quer impor regras? Não, isso está passando dos limites", o CEO pensou consigo mesmo.
Prestes a se levantar e ir ele mesmo ver o que estava acontecendo, o homem ouviu um burburinho ao longe e achou melhor continuar sentado diante da sua mesa.
Nesse entremeio, o CEO tentou pegar uma caneta. Foi quando a porta se abriu e a silhueta de uma mulher despontou na entrada do escritório.
Primeiramente o homem enxergou um salto alto preto elegante, logo depois uma saia com um terninho alinhado. E por último um rosto com traços harmoniosos, por detrás de uma maquiagem discreta e bem feita.
Bryce pensou se tratar de alguma outra secretária da empresa, mas logo viu que estava enganado.
— Bom dia, senhor Grant… Sou a Riley Millman, representante da companhia Millman. Muito prazer em conhecê-lo.
Enquanto falava, a mulher estendeu a mão para o bilionário.
Bryce ficou por alguns instantes sem reação, porém, para não parecer intimidado, estendeu o braço e apertou a mão da executiva com firmeza.
Após cumprimentar a mulher, Bryce ficou intrigado.
O CEO não esperava que o representante do grupo hoteleiro estrangeiro fosse uma mulher, e nem muito menos que fosse uma mulher jovem e bonita.
Mas voltando ao seu comportamento de homem de negócios habitual, Bryce pediu para que a executiva se acomodasse.
Ela sentou-se frente a frente com o bilionário. Daí os dois começaram a conversar, formalmente, sobre os respectivos grupos que comandavam. Das vantagens e atrativos que cada grupo possuía.
Pelo rumo da conversa da executiva, o bilionário percebeu logo que a mesma não se encontrava, ali, interessada na venda da companhia que representava, mas sim na compra do grupo que ele estava à frente.
— Senhor Grant. Acho que falamos bastante sobre os negócios que comandados —, disse a CEO em certo momento.
— E para não perdermos mais tempo. Apresento a seguinte proposta pela compra do seu grupo…
— Então quer dizer que veio até aqui com a intenção de apresentar uma proposta de compra pelas minhas empresas? — perguntou o bilionário com sarcasmo.
— Isso mesmo o que o senhor entendeu, senhor Grant —, a executiva disse.
— Acho que o grupo, o qual a senhora representa, está equivocado — disse Bryce.
— Não estamos não, meu senhor. Você e a sua equipe é que estão. Vocês entraram em contato conosco, mas não deixaram seus interesses claros. Algum tempo depois, foi a nossa vez de entrar em contato com o seu grupo, e apresentamos a proposta de compra para mais de um dos seus diretores.—
— A minha equipe não é tão amadora. Ao ponto de passarem informações desencontradas —, o CEO declarou passando a caneta entre os dedos, um tanto agitado.
— Bem, se a sua equipe não soube analisar e repassar para o senhor, a proposta feita por nós, isso não me diz respeito. Isso é com o senhor e eles. Cumpri o que foi designado para mim. Vindo até aqui e apresentando a proposta de compra.
Enquanto encerrava a conversa, a executiva guardou uma série de papéis em sua pasta. — Cabe a vossa senhoria aceitar ou não… Sendo que a resposta não precisa ser dada de imediato. Reúna-se antes com os seus diretores, cheguem a uma conclusão e me informem. Eu vou ficar na cidade por mais alguns dias.
A mulher estendeu outra vez a mão para o CEO e apertou a mão do homem ligeiramente. Em seguida ela levantou-se, virou de costas e foi embora.
Bryce ficou indignado, pelo mal-entendido cometido pela sua própria equipe.
A vontade que ele teve, em tal momento, foi de se levantar, ir até a sala de reuniões e xingar, até se cansar, a todos.
"Onde já se viu, permitir que um grande CEO do seu gabarito parecer um amador diante de uma executiva estrangeira?", pensou o CEO.
Não aguentando a indignação que sentiu, o bilionário se levantou e foi até a sala onde os seus subordinados se encontravam.
Mas a ação de Bryce ir até a sala de reuniões, ficou apenas na intenção. Isso porque no início do corredor que ligava a recepção do restante dos escritórios, o homem viu que a executiva estrangeira ainda se encontrava na empresa.
A mulher conversava com uma das secretária s.
O CEO, por sua vez, sentiu que não estava preparado para encarar outra vez a tal executiva, naquele momento. Daí ele voltou para o seu escritório.
Trancado em sua sala, longe dos olhos dos outros, Bryce amargou a sensação de sentir-se intimidado. Sensação essa que ele jamais havia experimentado.
O que era para ser um dia fabuloso de negócios, acabou sendo o contrário. Sem contar que a executiva estrangeira definitivamente tirou o destemido CEO Bryce Grant do seu eixo.
— Quem era aquela altiva e decidida mulher de negócios, que ele nunca havia ouvido alguém falar sobre?
— Dona Dorothy, venha a minha, nesse instante! —, interfonou, secamente, o CEO à sua secretária.
— Pois não, senhor? —, falou a secretária , assim que entrou.
— Dona Dorothy… Há pouco tempo atrás, vi que uma das nossas secretárias estava conversando com a executiva estrangeira. Por favor, faça-a vir até aqui. Eu preciso falar com ela.
— Senhor Grant, não foi nada de mais a conversação entre a senhora Millman e a secretária da diretoria. A Hilary me revelou o teor da conversa. A senhora Millman só queria informações sobre bons restaurantes e bons spas na cidade.
— Foi apenas isso mesmo, sobre o que as duas conversaram?
— Apenas sobre isso, senhor. Ah… ela também deixou um cartão pessoal com a Hillary. Se desejar, eu peço o cartão para ela e o entrego.
— Não! Não será preciso — disse o homem já sentindo-se arrependido da sua bisbilhotice.
Enquanto Bryce perdia o seu precioso tempo pensando na executiva, seus subordinados continuavam na sala de reuniões à sua espera.
Enfim, o CEO voltou a pensar sobre a "incompetência" dos seus funcionários e daí ele se dirigiu ao local onde eles ainda se encontravam reunidos.